O mercado sempre oscila entre o cenário perfeito e o desesperador. Saber onde estamos é o segredo para ganhar dinheiro
Se a percepção prevalente no mercado é de que as coisas só podem melhorar, o investidor deve encarar isso com cautela
A inspiração para essa conversa de domingo vem do último “memo” de Howard Marks, que tem como mote as quatro palavras mais temidas no mundo dos investimentos: "Desta vez é diferente".
Já falei de Marks em outras ocasiões, mas para resumir, sua casa de gestão, a Oaktree, tem mais de US$ 120 bilhões sob gestão, e é conhecida pela capacidade de ler os ciclos econômicos e antecipar crises como as de 2000 e 2008. Além de enxergar as grandes oportunidades quando o mundo dos investimentos parece completamente sem esperança.
Nesse último memo, Marks avalia alguns fenômenos que estão acontecendo na economia americana e que parecem trazer a sensação de que teremos crescimento econômico com juro baixo e inflação controlada para sempre, mesmo com uma explosão no endividamento da economia americana.
Vou deixar as avaliações sobre esse tema para depois e tentar fazer a ponte entre o que escreveu Marks com o nosso cenário local.
Por aqui, impera um certo otimismo do mercado, embora os dados econômicos estejam piores a cada dia. Parece haver uma aposta que “desta vez é diferente”, buscando respaldo na ideia de que a mudança de orientação do governo para um modelo liberal vai inaugurar um grande ciclo de riqueza e prosperidade.
Desta vez pode ser mesmo diferente, mas não temos como saber até chegarmos lá.
De fato, lembra Marks, citando outra lenda dos investimentos, John Templeton, em 20% das vezes as pessoas estão certas em dizer “desta vez é diferente” e em alguns segmentos da economia, como tecnologia, o percentual pode ser ainda maior.
O ponto para o qual Marks quer chamar a atenção é que se a percepção prevalente do mercado é de que as coisas só podem melhorar, o investidor deve encarar isso com cautela.
No mercado não existe meio termo: as percepções são de cenário “perfeito” ou “desesperador”.
Segundo Marks, quando o “desta vez é diferente” predomina no mercado, o pêndulo está no “perfeito” e quando ele mudar para “desesperador”, e isso é inevitável, o resultado será sofrimento para o investidor. Sofrimento aqui não só financeiro, mas físico também. Perder dinheiro doí de verdade.
“Os melhores investimentos são feitos, geralmente, em tempos de medo e desespero. Isso é quase impossível de acontecer quando os investidores estão alegremente ignorando as limitações do passado com a frase 'desta vez é diferente'”.
A ideia que Marks tenta sempre transmitir é de que a história não se repete, mas rima (máxima atribuída a Mark Twain). Assim, é importante que o investidor se mantenha ligado aos acontecimentos do presente, que podem modelar o futuro. “Mas é essencial que o investidor não esqueça, por completo, as lições do passado.”
Para fechar, deixo aqui algo que Marks avalia como indispensável para qualquer um que quer ter sucesso nos investimentos: os três estágios de um Bull Market (mercado touro, ou mercado de alta).
- No primeiro estágio, apenas umas poucas pessoas começam a acreditar que as coisas vão melhorar
- No segundo estágio, a maioria dos investidores se dão conta de que as melhoras já estão acontecendo
- No terceiro estágio, todo mundo chega à conclusão de que as coisas só podem melhorar e para sempre
Bom, não preciso nem dizer em qual estágio está a melhor oportunidade de ganhar dinheiro.
‘Você pode fracassar com seu dinheiro’: 4 coisas que podem destruir sua vida financeira e na Bolsa
Ninguém tem o caminho para o sucesso, mas dar alguns passos para longe do fracasso é sempre bom
Bancos dos EUA querem resolver o problema de custódia de stablecoins e buscam criar a sua própria criptomoeda; entenda
Com isso, o usuário pode se beneficiar da segurança da blockchain e ainda ter o respaldo legal de um banco americano para negociar criptomoedas
“Esses 4 milhões de pessoas na Bolsa vieram para ficar”, diz Gustavo Cerbasi
Com 16 livros publicados e 1,5 milhão de seguidores no Instagram, o ex-professor universitário encara com cautela a fama, e rejeita alguns rótulos
Investidores tendem a comprar ações que estão recebendo muita atenção da mídia, diz Terrance Odean, especialista em finanças comportamentais
O professor de Berkeley foi um dos convidados do evento de aniversário de 12 anos da Empiricus, onde fez uma palestra sobre o comportamento dos investidores pessoa física
Mario Sergio Cortella dá lições filosóficas de como lidar com o dinheiro
O filósofo e professor foi convidado do podcast Mesa Pra Quatro e contou sobre a sua trajetória, relação com o dinheiro e investimentos
48% dos brasileiros não controlam o próprio orçamento, mostra pesquisa CNDL/SPC
Segundo o levantamento, a frequência de análise de orçamento é inadequada mesmo entre a maioria dos 52% de brasileiros que utilizam alguma forma de controle de suas finanças
Trocar paixão por objetivo pode ser a chave para uma carreira bem sucedida, diz estudo
Em artigo publicado na revista Harvard Business Review, pesquisador diz que a felicidade é um péssimo guia de carreira
De usuário do Nubank ao de bancão: 5 dicas para cuidar do seu dinheiro online
Comportamento online também reflete a maneira como você lida com o próprio dinheiro; aqui vão cinco dicas para você não colocar o seu dinheiro em risco
7 coisas comuns e muito caras que você consome e que não fazem seu dinheiro valer a pena
Pensando em investimentos, cada consumo mal feito pode ser uma chance perdida de ampliar seus lucros
Como as emoções interferem nas suas decisões financeiras – e o que fazer para controlá-las
Saiba o que a ciência já descobriu sobre a influência do nosso lado mais irracional nos processos de tomada de decisões financeiras e o que fazer para driblá-la
Leia Também
-
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem com balanços antes do PIB dos EUA e dados de inflação; Ibovespa acompanha reforma tributária no Congresso e resultados da Vale (VALE3)
-
Novo Ozempic? “Cópia” da caneta emagrecedora será distribuída no Brasil por small cap que já disparou 225% — Ambev sofrerá?
-
Exame bem feito: Fleury (FLRY3) acerta o diagnóstico com aquisição milionária e ações sobem 4%