Nos últimos dias diferentes pesquisas mostraram queda na aprovação do governo Jair Bolsonaro nos seus primeiros 100 dias. Quadro que também se repete em uma amostra selecionada de 104 investidores institucionais e ouvida pela XP Investimentos entre os dias 3 e 5 de abril.
O percentual de ótimo e bom dado por gestores, economistas e consultores agora em abril caiu para 28%, contra 70% em fevereiro e 86% em janeiro deste ano. A avaliação regular teve alta de 27% para 48% entre fevereiro e abril e percentual de ruim/péssimo avançou de 3% em fevereiro para 24% agora.
Esse ente, "o mercado" mostra forte aprovação à agenda econômica liberal comandada por Paulo Guedes, mas como o restante da sociedade continua receoso sobre o ritmo de implementação dessas medidas, já que o governo ainda não encontrou uma forma efetiva de se relacionar com o Congresso.
Além disso, outras medidas relevantes, como uma reforma tributária parecem continuar condicionadas ao andamento da medida número um, a reforma da Previdência. Enquanto das agenda não andam, as expectativas positivas falham em virar dados econômicos efetivamente melhores e as projeções de crescimento continuam recuando para baixo dos 2% em 2019.
Já a expectativa com relação ao restante do mandato se mantém positiva para 60%, contra 86% de fevereiro e janeiro. Para 28% a gestão será regular (12% em fevereiro) e para 13% será ruim/péssimo ante 2% em fevereiro.
A avaliação com relação ao Congresso também teve piora. O percentual de ruim/péssimo saltou de 21% em fevereiro para 40% agora em abril. Em dezembro, estava em 63%. A avaliação ótimo/bom caiu pela metade, de 30% para 15%. Ruim e péssimo também dobrou, de 21% para 40%, sempre considerando fevereiro com abril.
Reforma da Previdência
Segundo a XP, continua forte a confiança na aprovação da reforma da Previdência, já que 80% disseram acreditar que a reforma será aprovada em 2019, mesmo percentual do levantamento de fevereiro.
O que mudou foi o momento de aprovação. Para 61% dos agentes de mercado a reforma será votada no plenário da Câmara apenas após o recesso de julho, enquanto 38% esperam que o texto seja votado em junho ou julho. No levantamento anterior, 60% esperavam a votação ocorresse entre maio e julho.
Mas isso não quer dizer que os investidores não estejam preocupados com o tema, já que 45% se dizem “muito preocupados” caso fossem obrigados a ter ativos brasileiros pelos próximos 12 meses. Esse percentual era de 41% em fevereiro e de 48% em janeiro.
Já a provação final (Câmara e Senado) é esperada por 66% dos respondentes apenas para o quarto trimestre de 2019, enquanto 26% esperam que a aprovação se dê já no terceiro trimestre. Em fevereiro, 48% esperavam para o terceiro trimestre e 47% para o quarto trimestre.
A economia esperada com a reforma se manteve em R$ 700 bilhões em 10 anos, ante a proposta do governo de R$ 1,165 trilhão.
Bolsa e câmbio
Esse grau de diluição da reforma é que vai influir no comportamento do Ibovespa e do dólar. Se uma reforma com impacto de 50% da proposta inicial for aprovada, a bolsa pode subir 8%, para 105 mil pontos, e o câmbio se apreciaria 3%, para R$ 3,75.
No cenário de aprovação da reforma como enviada pelo governo, a bolsa poderia subir 24%, para 120 mil, e o câmbio poderia apreciar 10%, para R$ 3,50.
Em um cenário sem reforma, a bolsa cairia 23%, para 75 mil, e o câmbio subiria 16%, para R$ 4,50.
O percentual de investidores que espera queda da Selic ainda em 2019 se mantém em 30%. Com relação à agenda de privatizações do governo, o mercado mantém a avaliação de que R$ 300 bilhões serão obtidos em quatro anos.
Abrindo o perfil da amostra, temos 66% de gestores de recursos, 24% de bancos ou instituições financeiras privadas e 10% de “outros”. Dos participantes, 86% estão no Brasil e o restante em outras localidades. A XP ressalta que o levantamento não reflete a opinião da casa.