‘O Itaú quebrou!’ — mas se o Itaú quebrar, acabou o Brasil
O tempo passou, o meu caçula cresceu. O Itaú também. E 32 anos depois daquela noite “do barulho”, em 2016 o Itaú tornou-se o maior banco privado do Brasil

“O Itaú quebrou, o Itaú quebrou!” Gelei ao entrar em casa, tarde da noite, e ouvir o meu caçula, Julio, desesperado, colado à janela da sala. O garoto, de 4 anos (se tanto), repetia a frase que, para mim, era uma sentença de morte: precisaria voltar correndo para a Redação, encarar uma madrugada de apuração urgente que deixaria, quase certamente, a desejar. Enquanto o Parris, meu filho mais velho, distraía o pequeno, eu tentava manter a calma e organizar as ideias. Naquele momento, lamentei profundamente ser a editora de finanças da Gazeta Mercantil — função que aceitei desempenhar porque só assim poderia ganhar um pouco mais e bancar as despesas de casa... Espero que você não tenha tido essa experiência, mas quem já terminou um casamento sabe o quanto evitamos pedir qualquer coisa ao “ex”. Era o meu caso.
Mas não havia tempo para lamúria, arrependimento ou remorso. À caça da agenda com os telefones dos executivos do “bancão” — o Itaú era o segundo maior do país em meados de 1980 — me perguntava como teria acontecido tamanha desgraça. Pior, como nós, na Redação, não ficamos sabendo! Cabeças iriam rolar... inclusive a minha. Pensando em conter o prejuízo, me ocorreu perguntar ao caçula como ele ficara sabendo da “quebra” do Itaú. Ele era muito pequeno. Foi a TV, imaginei, mas a resposta me deixou furiosa e com a cara no chão. “Apagou! Não funciona mais”, decretou o Julio, apontando para o relógio do Itaú, um ícone da Avenida Paulista.
Jurei que nunca mais daria ouvidos a uma criança tagarela — muito menos à noite.
O tempo passou, o meu caçula cresceu. O Itaú também. E 32 anos depois daquela noite “do barulho”, em 2016 o Itaú tornou-se o maior banco privado do Brasil. A fusão com o Unibanco, em 2008, ajudou a empurrar a instituição ao topo, e o relógio instalado no Conjunto Nacional, na Paulista, segue sob o patrocínio da instituição há 44 anos. Assim como o Itaú, o relógio diz muito sobre a economia brasileira. Em 1962, o “relógio do Itaú” foi instalado originalmente pela Willys Overland e com ela ficou até 1967, quando a companhia e o relógio passaram para os domínios da Ford Motor Co. Em 1975, o Itaú adquiriu o espaço publicitário da montadora que, neste 2019, anunciou o fechamento da fábrica no ABC paulista e uma redução brutal das operações no Brasil.
Empresas maduras
O Itaú é um dos maiores pagadores de dividendos do mercado brasileiro. E, por essa razão, faz parte da série Vacas Leiteiras, da Empiricus. “O Itaú é uma das poucas empresas brasileiras que consegue gerar tanto valor para os acionistas por tanto tempo”, explica Sergio Oba, editor da série que reúne uma elite de 10 ações pagadoras de dividendos e 4 “Bezerras” — empresas ainda em maturação.
“As Vacas Leiteiras são uma elite de empresas consolidadas e com um longo histórico de remuneração aos acionistas, sendo a distribuição de dividendos sua prioridade. As empresas maduras são resilientes. Já fizeram investimentos consistentes. Os dividendos são, na prática, o retorno desses investimentos compartilhados com aqueles que apostaram em sua expansão”, diz Oba, que compara o Itaú a um elefante que se movimenta como um leopardo. “É um banco comercial, talvez o único do mundo que também tem o melhor banco de investimento. E que opera com o olhar no futuro. Não à toa, comprou a XP.”
Leia Também
O meu colega aqui na Empiricus, David Cardoso é editor-assistente de Sergio Oba na série Vacas Leiteiras e explica que as Bezerras são empresas em fase de maturação. Ainda não estão consolidadas. Portanto, têm espaço para crescimento. E isso pode significar necessidade de aumentar seu endividamento para ampliar o negócio, ainda que por meio de aquisição de outras companhias. A prioridade das Bezerras não é pagar dividendos, mas amadurecer, avançar, na sua atividade. No tempo, sua expansão será relevante para os investidores de renda.
A distribuição recorrente e sustentável de proventos emite sinais de que (possivelmente) as empresas possuem baixa necessidade de capital, têm baixo endividamento e estão consolidadas em seus setores. E essas características garantem qualidade na distribuição dos proventos, descreve David, para lembrar que as Bezerras ainda estão a caminho desse estágio. Não chegaram lá.
A estratégia de dividendos em um ambiente de juros baixos cai como uma “luva” para o investidor, lembra Sergio Oba, que dá um exemplo: “Em um cenário de Selic a 6,5 por cento ou em direção a 5 por cento em algum tempo, um dividend yield [rentabilidade do dividendo de uma empresa em relação ao preço da ação] de 7 ou 8 por cento vale muito. É algo a considerar”.
Hora da Infraestrutura
Na semana passada, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) tomaram decisões com poder de interferir positivamente em determinados segmentos da economia. O STF autorizou a venda de subsidiárias de estatais sem aval do Congresso. A perspectiva de atualização do marco regulatório do saneamento básico avançou, embora tenha expirado na Câmara, em 3 de junho, a Medida Provisória 868 que tratava do tema.
Proposto pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), um projeto de lei no mesmo sentido entrou em regime de urgência para votação e segue para a Câmara. Se alterado na Câmara, retornará ao Senado para voto final antes da sanção presidencial. “Contudo, a perspectiva regulatória, que é estrutural dado o fato que o setor é regulado, é positiva para o futuro próximo”, afirma Oba.
A Sanepar é um bom exemplo de empresa que será beneficiada com as mudanças na área de saneamento básico, cujas características são a inelasticidade da demanda (independente do cenário macroeconômico) e a resiliência (serviço básico e regulado).
A Sanepar é equivalente à Sabesp do Estado do Paraná, cobre 346 municípios da região via concessões, atende 11 milhões de pessoas e responde por 100 por cento da cobertura de água e 68 por cento do tratamento de esgoto.
Do inventário das 346 concessões da Sanepar, 28 vencem em 2020, 60 em 2021 e 2030, e 258 entre 2031 e 2041. As ações da Sanepar eram pouco negociadas, mas ganharam liquidez. E a empresa adotou uma política de distribuição de dividendos, para 50 por cento de distribuição do lucro líquido ou “payout”, o que significa a distribuição obrigatória de 25 por cento (+25 por cento, a depender das condições financeiras).
Mercados
Ontem à tarde, o mercado azedou com as informações sobre as mudanças que o relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), propõe no parecer que será lido na comissão especial da Câmara nesta quinta-feira. A atenção do mercado se volta à apresentação do texto. O relator, em tumultuada entrevista realizada ontem no início da noite, antecipou as alterações. Saem da versão original da reforma, encaminhada pelo governo, o regime de capitalização, os Estados e municípios, o BCP, a aposentadoria rural e deve mudar, ante o texto original, a idade mínima para aposentadoria de professoras. O tempo de contribuição das mulheres também deverá encolher, passando de 20 para 15 anos.
Em decisão importante anunciada ontem à noite, a Petrobras comunicou que os reajustes nos preços do diesel e da gasolina comercializados em suas refinarias não terão mais periodicidade definida, mas a companhia manterá preços competitivos.
Banco Bmg (BMGB4) faz reorganização societária e cria nova área de seguros
Bmg (BMGB4) também anunciou a criação de uma nova holding chamada Bmg Seguradoras, que será subsidiária desta área de seguros
Itaú (ITUB4) entra na disputa das vendas online com shopping virtual; Magazine Luiza está entre os primeiros parceiros
A intenção do Itaú é de que a nova loja virtual funcione como um ecossistema de compras de produtos e serviços
Dividendos e JCP: Banco do Brasil (BBAS3) anuncia pagamento de R$ 781 milhões em proventos; confira prazos
A distribuição do montante será feita em antecipação ao terceiro trimestre de 2022, de acordo com informações do próprio banco
Banco do Brasil (BBAS3) está ‘ridiculamente barato’, diz Sara Delfim, da Dahlia
Analista e sócia-fundadora da Dahlia Capital, Sara Delfim retorna ao Market Makers ao lado de Ciro Aliperti, da SFA Investimentos, para detalhar suas teses de investimento
Se cuida, Nubank: Bradesco compra instituição no México e vai lançar conta digital no país
Com a aquisição, o Bradesco terá licença para atuar como se fosse um banco digital no México. O país é um dos focos de expansão do Nubank
O que o Bradesco viu no negócio de fundos de investimento do Banco Votorantim (BV)?
Bradesco e BV anunciaram parceria para formar uma gestora de investimentos independente com marca própria
Em até um ano e meio, Itaú ‘já terá plena capacidade de competir com as fintechs’, diz Roberto Setubal
Ex-CEO e atual co-presidente do conselho de administração do banco contou sobre o processo de migração dos sistemas para a nuvem e mudança de cultura na instituição, além de lamentar não ter podido adquirir o controle da XP
Nubank (NU; NUBR33): mudança no rendimento da NuConta não provocou perda de clientes
Nova regra de remuneração da conta do Nubank entrou em vigor em julho, mas só deve chegar a 100% dos clientes no final de setembro
Nubank (NUBR33) tem prejuízo acima do esperado no 2º tri, e inadimplência continuou a se deteriorar; veja os destaques do balanço
Prejuízo líquido chegou a quase US$ 30 milhões, ante uma expectativa de US$ 10 milhões; inadimplência veio dentro do esperado, segundo o banco
Santander passa a oferecer serviços de alta renda para todos os clientes, mas não vai cobrar barato
Serviços do Select, segmento de alta renda do banco, estarão disponíveis mesmo para quem não se enquadrar nos critérios de renda e patrimônio mínimos, mediante pagamento de taxa
Banco do Brasil ‘vence’ Bradesco em rentabilidade e ações disparam 53% no ano — estatal ainda pagará R$ 2 bilhões em dividendos e analista alerta: BBAS3 supera Nubank (NUBR33)
Após resultados fortíssimos no segundo trimestre, as ações do Banco Brasil estão em disparada. Descubra se vale a pena comprar os papéis
Qualquer que seja o resultado da eleição, a equipe econômica vai restabelecer a âncora fiscal, diz CEO do BTG Pactual
Durante a Febraban Tech 2022, Roberto Sallouti, do BTG, tentou minimizar a polarização política e disse que “o Brasil é um só”
Banco do Brasil tem lucro de R$ 7,8 bilhões no 2T22 e cumpre promessa de se equiparar a bancos privados em rentabilidade
Lucro do Banco do Brasil aumentou 54,8% em relação ao mesmo período de 2021 e rentabilidade sobre o patrimônio líquido superou a do Bradesco
Nubank recebe autorização para operar como instituição financeira na Colômbia
Expansão na América Latina foi uma das promessas feitas pelo Nubank aos investidores que viraram sócios do banco digital no IPO em Nova York
Bolsonaro pediu para bancos baixarem juros do consignado. E ouviu ‘não’
Durante o Febraban Tech, Octavio de Lazari, do Bradesco, disse que conversa com o presidente Bolsonaro foi ‘tranquila’
Lucro do Itaú (ITUB4) aumenta 17% no segundo trimestre e banco anuncia pagamento de juros sobre capital próprio
O Itaú (ITUB4) também revisou para cima as projeções operacionais (guidance) para este ano
Dividendos: Santander (SANB11) anuncia pagamento bilionário de JCP e data de corte para os proventos é na próxima semana; veja como receber
Terá direito ao pagamento quem estiver na base acionária da companhia ao final do dia 12 deste mês.
Santander (SANB11) emenda programas e vai recomprar mais 37 milhões de ações; o que muda para os acionistas do banco?
Se os papéis forem cancelados, o acionista terá uma fatia maior da empresa, o que pode engordar a conta dos dividendos; veja outro cenário
Sai da frente! Nubank deve ultrapassar Santander em compras no cartão no segundo trimestre
Analistas do Goldman Sachs veem Nubank dobrando sua participação em transações com cartões no Brasil num intervalo inferior a dois anos
R$ 40 bilhões? Valor que os bancos perderam com o Pix é bem menor que o alegado por bolsonaristas
Bolsonaro e apoiadores atribuem assinatura de banqueiros em manifesto pela democracia à queda de receita dos bancos após o Pix