Cinco passos para a real educação financeira
O mercado financeiro pertence aos praticantes: as pessoas aprendem e se educam a partir da prática; o conhecimento precisa emanar da prática para a teoria. E não o contrário.

“O primeiro passo para uma regeneração, econômica ou outra, é criarmos um estado de espírito de confiança – mais, de certeza, nessa regeneração. Não se diga que os factos provam o contrário. Os factos provam o que quer o raciocinador. Nem, propriamente, existem factos, mas apenas impressões nossas, a que damos, por conveniência, aquele nome. Mas haja ou não factos, o que é certo é que não existe ciência social – ou, pelo menos, não existe ainda. E como assim é, tanto podemos crer que nos regenaremos, como crer o contrário. Se temos, pois, a liberdade de escolha, por que não escolher a atitude mental que nos é mais favorável em vez daquela que nos é menos?”
Isso é Fernando Pessoa, em “Teoria e Prática do Comércio”. Sem heterônimos, o poeta era um gênio da Economia. Os interessados podem se aprofundar no assunto em “A Economia em Pessoa: Ensaios Empresariais do Poeta”, organizado pelo também genial Gustavo Franco.
Para uma verdadeira transformação, o primeiro passo é escolher a atitude mental correta. No mundo real, porém, não restrito ao platonismo das ideias, importam mesmo os resultados efetivos e esses, de novo segundo Pessoa, dependem de três coisas:
i. saber trabalhar (que é mais que o trabalho);
ii.descobrir oportunidades (que é mais do que aproveitar as existentes); e
iii.criar relações tanto na vida material quanto na vida mental.
Leia Também
O resto, recorrendo ainda ao mesmo autor, é sorte – “como herdar do tio brasileiro ou não estar onde caiu a granada.”
Muita resistência, um pouco de sorte
Lembrei de Charles Bukowski: “As pessoas que resolviam as coisas, em geral, tinham muita persistência e um pouco de sorte. Se a gente persistisse bastante, a sorte normalmente chegava. Mas a maioria das pessoas não podia esperar a sorte; por isso, desistia”.
Acho um bom guia teórico e prático para nos orientar e educar para o mundo dos investimentos – e para a vida como um todo, pra ser sincero.
A lacuna na educação financeira no Brasil ainda é preocupante.
Temos youtubers que não entendem nada de investimentos falando sobre o assunto (nunca ganharam dinheiro de verdade com isso, enquanto vendem sua imagem de bons comunicadores para gerar cadastros nas corretoras; uma vez lá, o investidor que se vire), bancos e corretoras fingindo ensinar para simplesmente empurrar produtos munidos de conflito de interesses, imprensa em terra arrasada e instituições isentas sem capacidade de comunicação com o varejo.
Às vezes, me pergunto por que a educação financeira fracassou no Brasil. Certamente, há vários pontos. Identifico três principais. Existem outros, claro. Mas destaco um trio. O primeiro é de cunho macro. Toda a Educação fracassou no Brasil. Ora, se a educação financeira é um subconjunto da Educação, seria muito difícil a primeira carregar características tão diferentes da segunda. Uma está contida na outra.
O segundo fator é que se adota uma linguagem institucional para se falar com o varejo. Communication breakdown, como diria Led Zeppelin. É como se um índio viesse falar comigo. Não vou entender nada. E, do alto de meu ensimesmamento, ainda pensarei: “Caramba, como é que pode ter mais índio do que investidor em Bolsa neste país?”.
Será que não está na hora de uma autorreflexão pelo regulador, pela B3, por bancos e corretoras sobre a demarcação das terras da comunicação financeira no Brasil? Podíamos todos nos juntar numa campanha em prol do fim do desmatamento financeiro da poupança.
Educação financeira
O mercado financeiro pertence aos praticantes. Por isso, acreditamos que as pessoas aprendem e se educam a partir da prática. Ninguém aprende a jogar futebol ou a andar de bicicleta lendo livro de engenharia mecânica. Você aprende a jogar futebol jogando futebol. Você aprende a cozinhar cozinhando. Você aprende a investir investindo. Ninguém se educa, de fato, em investimentos com professor universitário nem com youtuber que nunca ganhou dinheiro em Bolsa.
O conhecimento precisa emanar da prática para a teoria. E não o contrário. Em não sendo o caso, caímos na metáfora de Pablo Triana em “Lecturing birds on flying”. A partir de nosso conhecimento em aerodinâmica, queremos ensinar os pássaros a voar.
Um cidadão comum, sob a devida orientação, começa a investir. Vai “learn by doing”, passo a passo, sentindo na pele que é possível. Curiosamente, como vantagem à introdução do suposto leigo, há algo muito democrático no mercado: a partir de indicações isentas e feitas em escala, ele pode investir tão bem quanto um profissional; a ação XYZ sobe igualzinho para ele e para o Stuhlberger.
Se preferir, pode encurtar o caminho e investir pragmaticamente como um profissional, a partir de fundos de investimento hoje disponíveis ao varejo – mais sobre isso abaixo.
No momento em que o investidor percebe a tangível e efetiva maior rentabilidade de sua carteira frente à poupança ou a outros instrumentos igualmente populares, ele automaticamente se engaja. Saímos do platonismo do “será que eu consigo” para a material constatação de que “estou mesmo ganhando dinheiro”. Acabou a conversinha. Então, pronto, ele automaticamente se engajou com a educação financeira. Etimologicamente, “educação” é guiar para fora – e “guiar", claro, implica direcionamento para uma ação concreta, e não apenas para contemplação platônica das ideias.
Para a real educação financeira, precisamos adentrar o espectro da prática, portanto, da material realização de uma ação voltada às finanças. A educação se liga a situações presenciadas e a experiências vividas – ou seja, a educação financeira implica viver, experimentar e presenciar o mundo das finanças.
Não há outro caminho. Se queremos que nossos leitores sejam educados financeiramente (e aqui falamos do mais alto grau de educação, alinhado ao dos profissionais), precisamos que eles pratiquem, que invistam e lucrem com isso.
Recuperando o início de Fernando Pessoa, o primeiro passo é adotar um estado de espírito de confiança. Depois, no mundo real, importam mesmo os resultados efetivos.
Os passos
Se você quer resultados efetivos para educar-se na prática, aqui vão cinco passos para seu PhD. Todos eles tratam-no como um adulto, e não como aluno do maternal II. São passos para você ganhar dinheiro como gente grande:
1- Abra uma conta na Ágora Corretora e invista no fundo Nimitz da SPX. Nada a favor da Ágora especificamente. Nem conheço muito pra ser sincero. A questão aqui é que é o único lugar onde esse fundo está aberto para o investidor de varejo. Você precisa aproveitar isso. É possível que alguém tente dissuadi-lo no meio do caminho, porque o fundo não teve bom retorno em 2018. Não dê ouvidos. Primeiro: há retornos à média no desempenho dos fundos. Google it. Mas vai muito além, claro. A SPX é a melhor gestora brasileira, seu gestor é um dos maiores gênios do mercado de capitais brasileiro e é sua única chance hoje de pegar um atalho para investir em nível profissional world-class, hall of fame.
Em tempo: a mais recente carta da SPX é uma aula de hombridade, honestidade intelectual e humildade. Não há heróis – e juro que isso não é um quarteto fantástico de “Hs” da Marvel. “Eu errei. E ponto.” Sem tergiversar, sem desculpinha, sem conversa do tipo “estava certo, mas acabei capitulando antes da hora”. Os gênios também erram. Reconhecer isso é o primeiro passo para retomar a rota. Aproveite enquanto o Nimitz ainda não decolou. Cavalo selado não passa duas vezes.
2- Se você guarda sua reserva de emergência na poupança (ou em qualquer outro lugar), migre para o fundo DI do BTG. É igualmente seguro e líquido, mas rende mais do que qualquer outro porque é mais barato. Trata-se apenas de uma decisão racional. Não há razão objetiva para sua reserva de emergência estar em nenhum outro lugar.
3- Entenda que ações são, sim, investimentos de risco. Mas só uma pessoa não corre riscos na vida: aquela que não faz nada. Ter uma posição grande em ações pode ser arrojado demais para você, claro. Não ter posição alguma pode ser ainda mais arriscado. Você vai se atolar de títulos da dívida pública brasileira, num país em que a trajetória fiscal é simplesmente explosiva? Não seria melhor se proteger da inflação ou de, num cenário extremo, um eventual calote em ativos reais, tais como ações, que são pedaços de empresas? Se você ainda não começou em renda variável, vá pequeno, coloque o pé na água, só a pontinha. Monte uma posição pequena. Esqueça a dica quente do momento. Compre BOVV11 e SMAL11.
4- Balanceie seu portfólio de imóveis com fundos imobiliários. É muito mais líquido, fácil, acessível, rápido e diversificado. Fora que não dá encheção de saco. Se você não tem imóveis, é ainda mais importante ter uns FIIs na carteira. Forma bacana de ter renda imobiliária.
5- Diversifique. E faça isso da forma mais ampla possível, envolvendo moedas. Tenha dólar na carteira e outras divisas fortes. Também diversifique de si mesmo. Em outras palavras, tenha investimentos diferentes daqueles que representem suas ideias e convicções. Você pode estar errado. Mantenha sempre proteções aos investimentos de risco. Moeda forte, terras, ouro, puts são instrumentos clássicos.
Adeus, investimentos ruins
Percorra o programa de cinco passos e livre-se do vício dos investimentos ruins. Investidores anônimos também amam e não devem sofrer preconceitos dos ditos sóbrios do mercado de capitais brasileiro. Tendo passado por 1 a 5, sente na mão, desligue o computador e volte daqui cinco anos. A especulação financeira (aqui no sentido de tentativas de adivinhação do comportamento do mercado no curto prazo) é uma daquelas ideias que parecem boas, mas são ruins.
Pessoas que sabem, mas não sabem o bastante vão querer convencê-lo do canto da sereia do day trade, do swing trade do sei-lá-mais-o-quê trade. Má educação não é apenas um belo filme de produção do Almodóvar – é algo para termos sempre em mente no Brasil.
Mercados
Mercados iniciam a quinta-feira próximos à estabilidade. De novo, aguardam sinalizações mais concretas sobre a reforma da Previdência no Brasil, enquanto monitoram aumento das tensões sobre a novela chamada guerra comercial entre EUA e China. Resultados trimestrais abaixo do esperado na Europa também estão no radar, bem como os desdobramentos de outra novela, o Brexit.
Agenda norte-americana traz atividade na região da Filadélfia e pedidos de auxílio-desemprego. Zona do Euro revela inflação ao consumidor. Por aqui, saem IBC-Br e IPC-Fipe.
Ibovespa Futuro cai 0,2 por cento, dólar e juros futuros estão perto do zero a zero.
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
Foco em educação: Potencia Ventures faz aporte de R$ 1,5 milhão na UpMat
Potencia Ventures investe R$ 1,5 milhão na startup UpMat Educacional, que promove olimpíadas de conhecimento no país.
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos
Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora
Contradições na bolsa: Ibovespa busca reação em dia de indicadores de atividade no Brasil e nos EUA
Investidores também reagem ao andamento da temporada de balanços, com destaque para o resultado da Casas Bahia
“As ações da nossa carteira têm capacidade para até triplicar de valor”, diz gestor de fundo que rende mais que o dobro do Ibovespa desde 2008
Cenário de juros em alta, risco fiscal e incerteza geopolítica parece pouco convidativo, mas representa oportunidade para o investidor paciente, diz Pedro Rudge, da Leblon Equities
Sem exceções: Ibovespa reage à guerra comercial de Trump em dia de dados de inflação no Brasil e nos EUA
Analistas projetam aceleração do IPCA no Brasil e desaceleração da inflação ao consumidor norte-americano em fevereiro
PGBL ou VGBL? Veja quanto dinheiro você ‘deixa na mesa’ ao escolher o tipo de plano de previdência errado
Investir em PGBL não é para todo mundo, mas para quem tem essa oportunidade, o aporte errado em VGBL pode custar caro; confira a simulação