A Eletrobras trouxe boas notícias no balanço divulgado nesta madrugada, com um lucro líquido de R$ 13,3 bilhões em 2018, significativa melhora ante o prejuízo de R$ 1,72 bilhão registrado no ano anterior. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 19,9 bilhões, mais que o dobro do apresentado no resultado de 2017, quando o Ebitda foi de R$ 6,74 bilhões.
A receita operacional líquida anual foi de R$ 24,97 bilhões, queda de 15% ante o ano anterior, quando a receita foi de R$ 29,44 bilhões. Os analistas previam lucro líquido de R$ 683,4 milhões, segundo a Bloomberg.
Segundo a empresa, o resultado foi beneficiado pela reversão de impairment (baixa contábil pela reavaliação de ativos) e contrato oneroso relativos à Usina Termonuclear de Angra III, que somaram R$ 7,24 bilhões e pela reversão de uma provisão referente à Taxa de Fiscalização de Recursos Hídricos no montante de R$1,18 bilhão.
As vendas de ativos de distribuição também ajudaram, no montante positivo de R$ 2,9 bilhões, devido à reversão de patrimônio líquido negativo. Outro impacto positivo veio da reversão de uma provisão de R$ 715 milhões relativa à reclassificação de risco de contingências das distribuidoras vendidas.
Desinvestimento contribuiu
No relatório, o presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que a privatização das empresas de distribuição e a venda das participações minoritárias em 26 sociedades de propósito específico, no montante de R$ 1,3 bilhão, foram fundamentais para companhia. "Os efeitos desses desinvestimentos vão se refletir na redução dos níveis de alavancagem e melhora do Ebitda a partir de janeiro de 2019", disse.
Em 2018, a Eletrobras concluiu os leilões de privatização de seis distribuidoras localizadas no norte e nordeste do País, sendo que Cepisa, Ceron, Eletroacre, Boa Vista tiveram os contratos de transferência do controle acionário assinados em 2018. A companhia informou que na Companhia Energética de Alagoas (Ceal) isso ocorreu em 18 de março de 2019 e para a Amazonas Energia a previsão é abril de 2019.
Resultado financeiro melhorou
O resultado financeiro líquido também mostrou melhora, passando de uma despesa líquida de R$ 1,736 bilhão em 2017 para uma despesa líquida de R$ 578 milhões em 2018.
Segundo a empresa, isso se explica pela contabilização de um acordo com a Eletropaulo no montante de R$ 1,064 bilhão, que fez crescer a receita de juros, comissões e taxas de R$ 1,7 bilhão para R$ 2,6 bilhões na comparação anual.
No final de 2018, a relação entre dívida líquida e Ebitda da empresa (alavancagem) foi de 3,1 vezes, queda ante o índice de 3,7 vezes registrado em 2017.
Investimentos
A companhia investiu no ano passado R$ 4,6 bilhões, abaixo do previsto, que era R$ 6,2 bilhões. Entre 2019 e 2023, a intenção é investir R$ 30,1 bilhões, dos quais 58,9% serão com recursos próprios.
A energia gerada em 2018 foi de 184.081 GWh, praticamente em linha com o ano anterior (alta de 1,1%).
A Eletrobras deve ser privatizada pelo governo Bolsonaro, e um modelo para a privatização deve ser definido até junho. Existem dois modelos possíveis na mesa: a capitalização e pulverização do controle da companhia ou a transferência de subsidiárias para a Eletropar, com a posterior venda em separado destas empresas. A arrecadação pode chegar a R$ 12,2 bilhões.
E no 4º trimestre?
No quarto trimestre de 2018, o lucro líquido foi de R$ 12,07 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 3,9 bilhões registrado no mesmo período de 2017.
O resultado trimestral também ficou acima do esperado pelos analistas, que previam lucro líquido de R$ 17 milhões para o último trimestre do ano.
Faltaram detalhes
Diferente dos trimestres anteriores, em que a empresa divulgou um informe aos investidores detalhando os resultados trimestrais, até o momento não foi divulgado um documento comentando em detalhe como foi o quarto trimestre. Informações adicionais sobre o resultado devem surgir hoje à tarde, na entrevista coletiva que ocorrerá às 14 horas, no Rio.