Você compraria o seu passado? Ou um portfólio para qualquer maio; ou, ainda, cadê Tereza?
Todos nós sabemos que retornos passados não são garantia de retorno futuro. Um único erro e a gente pode explodir esse negócio — o que, inclusive, me dá um medo avassalador
“Sou um malandro enciumado, machucado
Que espera por você
Juro por Deus se você voltar
Eu vou me regenerar
Jogo fora meu chinelo,
Meu baralho
E a minha navalha
E vou trabalhar.”
Cadê Tereza – Jorge Ben
Eu já fiz tanta, mas tanta bobagem na vida que se a pergunta-título deste texto fosse feita pra mim, responderia com um sonoro “não”. Além das besteiras que eu mesmo fiz, outras coisas ruins simplesmente me aconteceram. Exercícios de voz ativa ou passiva podem render pontos no Enem, mas são indistintos em termos de efeitos práticos na vida.
Para citar só quatro coisinhas mais leves, meu pai morreu prematuramente, não pude cuidar da minha mãe como gostaria quando ela entrou em depressão, tive um filho não planejado (hoje o maior amor da minha vida) e me divorciei menos de dois anos depois de ter me casado.
Sim, você tem toda razão. Minha vida pessoal não é do seu interesse. Sei disso. Ela é bem desinteressante até pra mim mesmo. Imagino pra você. Mas é que talvez, ao menos imageticamente pra mim, isso possa oferecer um paralelo para decisões de investimento, sabe?
Por muito tempo, sofri bastante com esses eventos aí de cima. Deixaram cicatrizes profundas lá dentro. É como se a metáfora de Contardo Calligaris servisse bem para o meu caso: o bioma psíquico é como uma caatinga; quando chove uma primeira vez, formam-se sulcos pelos quais a água escorre. Então, quando volta a chover, todo aquele líquido recai sobre os mesmos sulcos já formados anteriormente. Cada tempestade psíquica desemboca nos mesmos caminhos previamente demarcados por episódios anteriores cujas perfurações foram profundas. Tenho convicção de que, aqui, fomos até o pré-sal — a propósito, entre os erros profissionais, jamais poderei esquecer do Mr. Go Deeper, Márcio Mello, e de sua insuperável capacidade de convencimento sobre a suposta (apenas suposta) iminência de se achar petróleo naquele HRT-170 no Solimões ou mesmo na tal nova fronteira do óleo na Namíbia.
Leia Também
Só 1 em cada 10 praias de São Paulo está imprópria para banho no início do verão; veja onde
Brasil tem hoje a última chance de lançar primeiro foguete comercial
Hoje, lido melhor com as mazelas do passado. Não que esteja tudo zerado. Acho que nunca vai estar. Essas coisas vão e voltam. Abençoados aqueles cujos fluxos de dopamina e serotonina são constantes e equilibrados. A combinação Seroquel mais Depakote ajuda, confesso. Quatro anos de contato com o Cláudio, a versão brasileira de Sándor Ferenczi e sua elasticidade da teoria psicanalítica, certamente dão uma bela contribuição. Também procuro certo refúgio na filosofia, alimento pra alma e pra cabeça — dizem que Nietzsche e Schopenhauer foram curados por Irvin Yalom, mas talvez tenha sido o contrário. Cada vez mais, tento aplicar o Amor Fati na minha vida, aceitando o destino como algo belo seja lá como ele for — ah, isso tem implicações para nossos investimentos também; já chego lá. Às favas com o remorso das coisas ruins do passado ou mesmo das pessoas, incluindo aí aquelas que já cometeram barbaridades contra mim. Quem sabe assim eu possa regenerar-me?
Retornos do passado
Sabe o que é mais interessante? Eu acho que foi esse monte de erro e de bobagem, que cometi ou que me aconteceram, que me deixou mais preparado hoje. É daí que vem minha reserva interna e a força para enfrentar o que vier pela frente. O sucesso é um mau professor. Ou como diria Edmund Burke: “A dificuldade é um instrutor severo, fortalece os medos e apura a nossa capacidade”.
Pra que tudo isso? Pra tentar te convencer a não olhar retornos passados. Eu sei da enorme tendência a se olhar um investimento ou um fundo num ranking e — bingo! — achar que aquilo vai ser replicado à frente. É talvez a coisa mais recorrente feita pelo investidor pessoa física. Mas é também uma das mais estúpidas.
O sujeito assiste ao William Bonner falando do recorde do Ibovespa e, então, para não ficar de fora da festa, decide comprar ações, algo que nunca fez na vida. Meu, essa é a pior hora pra você entrar na renda variável. Se está em recorde, é porque já subiu um tanto e, agora, as ações já não estão mais tão baratas quanto estavam. A regra elementar de finanças é: compre barato e venda caro. Parece trivial e idiota, mas é simplesmente ignorado na prática.
O cara olha um ranking de fundos e decide investir no topo do pódio. Provavelmente, o gestor do topo foi aquele que se alavancou e concentrou demais. Ele simplesmente deu sorte, após ter sido irresponsável. A história não narra o que poderia ter sido, apenas o que foi. E você, se for olhar retorno somente, jamais vai perceber o risco incorrido para se obter aquele resultado. O problema é que, por definição, a sorte não é sistemática. Cedo ou tarde, ela vai punir a irresponsabilidade.
Novas teses
Vale um pouco do argumento anterior também. Se determinado fundo liderou o ranking passado, é porque ao menos parte de suas teses de investimento já funcionou. Agora, ele precisará de novas teses vencedoras, pois as antigas foram concretizadas. Não é fácil ter novas teses toda hora. A verdade é que se você tiver duas ou três boas ideias num ano, e não fizer bobagem no resto do tempo (valorize a inação; a tentação de sempre ter que tomar uma nova decisão e mexer nas suas posições é enorme, e é também um excelente caminho para fazer coisa errada), está ótimo.
Há pouco mais de quatro anos, criamos aqui o que batizei de Carteira Empiricus . A ideia era oferecer ao assinante um portfólio sugerido completo, com tudo que ele precisava para ter uma sólida construção patrimonial, preservando nossa filosofia de diversificação, devido balanceamento e, claro, proteções contra catástrofes inesperadas. Algo feito para dar bom retorno, mas sem jamais colocar o patrimônio do leitor exposto a riscos desnecessários. Estava ali a proporção entendida como ideal entre ações, renda fixa, câmbio e fundos imobiliários; ou seja, nosso asset allocation favorito. E quais ativos certos comprar em cada classe.
Eu tinha um desejo íntimo, obviamente platônico e pretensioso, de replicar, ao menos em termos filosóficos, aquilo que Ray Dalio, o maior gestor do mundo, chama de “All Weather Portfolio” (um portfólio para qualquer tipo de tempo/clima), uma carteira diversificada entre classes de ativos proposta por Dalio e popularizada por Tony Robbins no livro “Money Master the Game: 7 Simple Steps to Financial Freedom”.
A proposta de Ray Dalio, obviamente escrita para um contexto de países desenvolvidos, num fundo com escala global, apontava para uma carteira com 40 por cento em títulos de renda fixa de longo prazo, 15 por cento em títulos de renda fixa de médio prazo, 30 por cento em ações, 7,5 por cento em ouro e 7,5 por cento em outras commodities.
Em termos mais pragmáticos, a ideia era ganhar dinheiro em qualquer cenário. Bull market, bear market, volatilidade, estabilidade, inflação, recessão. Não interessava. O portfólio precisaria resistir e, se possível, dar grana mesmo nas horas mais difíceis.
Realidade
Esse era rigorosamente o mesmo objetivo da Carteira Empiricus. E, claro, era (ainda é e, tenho certeza, sempre será) difícil pra caramba de se atingir. Naquele momento, se me perguntassem o que eu projetaria para os próximos quatro anos e pouco, eu não esperaria algo semelhante ao que aconteceu.
Aliás, se o fizesse, certamente seria tomado por exagerado. O problema é que a realidade insiste em não ser nada serena, moderada ou comedida. Ela é mais estranha do que a ficção. Sempre surpreende nossos pensamentos lineares e pouco criativos tecidos ex-ante. A realidade não caberia na instrução 598 da CVM. Ainda mais neste Brasil dos impeachments, dos Joesleys, dos caminhoneiros, dos podres poderes, dos sons e dons geniais, dos tins e bens e tais.
Desde sua criação, a Carteira Empiricus rende 144 por cento, o que representa aproximadamente 210 por cento do CDI. Seria, em linhas gerais, equivalente a multiplicar seu capital por quase 2,5 vezes em quatro anos e dois meses. Isso sob perfil de risco bem controlado — o portfólio é bastante diversificado, não goza de alavancagem e nunca sofreu um drawdown mensal superior a 2 por cento; e olha que pegamos tiro, porrada e bomba no meio do caminho. O book de ações subiu nada menos do que 272 por cento nesse período.
O ano de 2015, por exemplo, foi bastante difícil para os mercados brasileiros, inclusive com pontuações mínimas locais para a Bolsa; e lá estava a Carteira bem acima do CDI. Nem precisa ir muito longe: neste duríssimo mês de maio, o portfólio indicado sobe quase 1 por cento, bem à frente do benchmark mais uma vez.
Ah, sim. Deixe-me logo atender aos céticos: “Esses números são auditados?”. Não, não são. Simplesmente porque não precisam ser. As indicações são todas publicadas antes e a performance, claro, é apurada depois. Está tudo disponível para ser calculado por quem quiser. Você mesmo está convidado a auditar. É só recompor os retornos históricos e conciliá-los com as publicações.
Garantias
Talvez tenha sido apenas sorte. É provável também que, nessa magnitude, não se repita à frente. Todos nós sabemos que retornos passados não são garantia de retorno futuro. Um único erro e a gente pode explodir esse negócio — o que, inclusive, me dá um medo avassalador. Essa vasta possibilidade de escolha do ser humano é tão libertadora e, ao mesmo tempo, tão assustadora e angustiante. Nada é efetivamente necessário e tudo é tão contingencial.
Seja como for, aconteceu. Ponto-final. Ninguém tira isso dos nossos assinantes. Foi feito aqui verdadeiramente absurdo nesse intervalo de tempo. E eu tenho um orgulho danado do que fizemos aqui. Com a devida humildade e todo o respeito que tenho pelos gênios do mercado (e eu realmente tenho, sabendo exatamente qual é meu lugar no mundo), a verdade é que não houve um retorno parecido com esse no intervalo de tempo citado, com o mesmo perfil de risco.
Mas sabe o que é mais curioso dessa história toda? Eu tenho um pedido pra você: que você jogue no lixo esse retorno histórico. O passado não se muda. Importa sempre pra frente. Ao investidor, coloca-se sempre a necessidade de zerar a pedra e perguntar-se: “Eu ainda sou capaz de fazer?”.
Eu não quero que você siga a Carteira Empiricus por conta de seu histórico espetacular. Definitivamente, não. Eu acho que você deve segui-la pela sua filosofia de investimento, pela diversificação ali proposta, pela obstinação, pelo adequado balanceamento e pela obsessiva recorrência das necessárias proteções contidas entre as sugestões. E, claro, pela equipe à sua frente. João Piccioni e Fernando Ferrer (os envolvidos mais diretamente, além de mim): parabéns pelo que vocês fazem e pelo que vocês são. Toda a equipe em volta acaba subsidiando também e, por isso, também precisa ser parabenizada.
No final, tudo é sobre as pessoas, sabe? Só com o apoio delas podemos atravessar qualquer tipo de clima ou de situação que a natureza e os mercados venham a nos apresentar.
Em algumas semanas, anunciaremos uma das mais legais novidades da história da Empiricus. Posso lhe adiantar: ela tem ligação com a Carteira Empiricus e com vantagens formidáveis para seus assinantes. Quando isso acontecer, fique ligado. Vai valer a pena. Tenho certeza. Algo disruptivo, inovador, alinhado ao assinante vem por aí. É a realização de um sonho pra mim.
Mercados
Mercados iniciam a sexta-feira em tom ligeiramente positivo. Apoiam-se em clima mais favorável no exterior, com alguma esperança sobre negociações comerciais entre EUA e China e numa recuperação após o tombo de Wall Street na véspera.
Por aqui, agenda destaca IPCA-15, que marcou inflação de 0,35 por cento, um pouco abaixo da expectativa de alta de 0,41 por cento. Mais um ingrediente em prol da inflação sob controle e dos argumentos pela redução da Selic no segundo semestre.
O otimismo, no entanto, é moderado, dada a expectativa pelas manifestações marcadas para o final de semana por aqui e pela renúncia de Theresa May no Reino Unido, diante de negociações fracassadas sobre o Brexit. Mercados norte-americanos fecham mais cedo por preparativos do Memorial Day, ensejando também alguma cautela.
Ibovespa Futuro sobe 0,3 por cento, dólar e juros futuros caem ligeiramente.
Mega da Virada em R$ 1 bilhão: prêmio estimado bate os oito dígitos pela primeira vez
Ninguém levou o prêmio de R$ 62 milhões do último sorteio da Mega Sena neste ano, no concurso 2953, que foi a jogo ontem (20). Prêmio acumulou para Mega da Virada
Enquanto União Europeia ‘enrola’ Mercosul vai atrás do próximos na fila para acordos comercias; veja
Enquanto acordo com a UE segue emperrado, bloco aposta em Emirados Árabes, Ásia e Américas para avançar na agenda comercial
Último sorteio da Mega-Sena: R$ 62 milhões vão a jogo hoje no concurso 2.954. Depois, só a Mega da Virada
O concurso 2.954 da Mega-Sena sorteia na noite deste sábado (20) prêmio estimado de R$ 62 milhões. A partir de amanhã as apostas se concentram na Mega da Virada
Com R$ 1,82 trilhão só para pagar juros da dívida e R$ 61 bilhões para emendas, veja os detalhes do Orçamento para 2026
Texto aprovado pelo Congresso prevê despesas de R$ 6,5 trilhões, meta de superávit e destina quase um terço do orçamento fiscal ao pagamento de juros da dívida pública
Silvio Santos vira nome de rodovia em São Paulo — e o trecho escolhido não foi por acaso
Lei sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas rebatiza trecho da Rodovia Anhanguera, entre São Paulo e Jundiaí, em homenagem ao comunicador e empresário
Banco Central se precipitou com a liquidação do Banco Master? TCU dá 72 horas para o regulador se explicar
O Tribunal de Contas da União requer esclarecimentos do Banco Central sobre a decisão de liquidar o Banco Master; entenda
Inflação da ceia de Natal 2025 surpreende e reforça a importância de pesquisar preços
Estudo da FGV aponta variação quase nula nos itens natalinos em 12 meses; alimentos básicos recuam, proteínas seguem em alta e presentes voltam a encarecer após dois anos de alívio
Prazo para quitar a segunda parcela do décimo terceiro (13º) termina hoje; saiba como calcular
Data limite se encerra nesta sexta-feira (19); empresas que atrasarem podem ser multadas; valor é depositado com descontos de INSS e Imposto de Renda
Loterias da Caixa batem na trave às vésperas da Mega da Virada e prêmios sobem ainda mais
A noite de quinta-feira (18) foi movimentada no Espaço da Sorte, com sorteios da Lotofácil, da Mega-Sena, da Quina, da Timemania e da Dia de Sorte
Bolsa Família: Caixa paga benefício para NIS final 8 nesta sexta (19)
Pagamento segue o calendário de dezembro e beneficiários do Bolsa Família podem movimentar valor pelo Caixa Tem ou sacar nos canais da Caixa
À medida que Banco Central recolhe cédulas clássicas de R$ 2 a R$ 100, as mais raras podem alcançar mais de R$ 5 mil no mercado
Enquanto o Banco Central recolhe as cédulas da primeira família do real, a escassez transforma notas antigas em itens disputados por colecionadores, com preços que já ultrapassam R$ 5 mil
MEI: ultrapassou o limite de faturamento em 2025? Veja o que fazer para se manter regularizado
Microempreendedores individuais podem ter uma receita anual de até R$ 81 mil
Entre o relógio e as malas: o que dizem as novas regras de check-in e check-out em hotéis
Portaria do Ministério do Turismo já está em vigor; norma fixa tempo mínimo de estadia, critérios de limpeza e exige clareza nos horários
Esses números nunca deram as caras na Mega da Virada; veja quais são
Histórico da Mega da Virada revela números que não apareceram em nenhuma edição do concurso especial da Caixa
Bola dividida na Lotofácil termina com 4 novos milionários; Mega-Sena e Timemania disputam quem paga mais
Prêmio principal da Lotofácil será dividido entre 4 apostadores; Timemania e Mega-Sena sorteiam nesta quinta-feira R$ 68 milhões e R$ 58 milhões, respectivamente
Caixa libera Bolsa Família para NIS final 7 nesta quinta-feira (18)
Benefício cai na conta hoje para milhões de famílias; valor pode ser movimentado pelo Caixa Tem sem necessidade de saque
Trabalhadores dos Correios entram em greve em 9 estados; entenda os motivos da paralisação
Após acordos prorrogados e negociações travadas, trabalhadores dos Correios entram em greve; Correios dizem que agências seguem abertas
Final da Copa do Brasil 2025: veja o horário e onde assistir a Corinthians x Vasco
Corinthians x Vasco iniciam nesta quarta-feira (17) a decisão da Copa do Brasil 2025, em duelo que vale uma das maiores premiações do futebol sul-americano
Fim da patente do Ozempic: quando as canetas emagrecedoras vão ficar mais baratas?
Decisão do STJ abre caminho para concorrentes do Ozempic, mas especialistas dizem que a queda de preços das canetas emagrecedoras deve ser gradual
Enel fora de São Paulo? Empresa pode ter ‘carta na manga’ contra as acusações após Ministério pedir fim da concessão; veja
Segundo o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a concessionária não tem mais condições de operar no estado depois de diversas crises, mas processo de encerramento do contrato ainda demora