🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Eduardo Campos

Eduardo Campos

Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.

Seu dinheiro no Domingo

A batata dos bancos está assando

Limite de taxa de juro no cheque especial inaugura nova etapa na relação entre BC e grandes bancos. Cartão de crédito também está na mira

Eduardo Campos
Eduardo Campos
1 de dezembro de 2019
5:12 - atualizado às 19:58
Montagem com fachada de agências dos bancos Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil
Fachada de agências dos bancos Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil - Imagem: Montagem Andrei Morais / Estadão Conteúdo / Shutterstock

O Banco Central (BC) surpreendeu na semana passada ao propor um teto para a taxa de juro do cheque especial. Há razões econômicas e políticas embasando a medida. Mas antes de explicar esses pontos, podemos olhar a questão como uma mudança de paradigma, uma nova fase na relação entre regulador e regulados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Faz alguns anos que o BC vem falando que para a redução do custo do crédito o que importa é a concorrência e não o número de bancos. Os estudos do BC meio que contradizem o senso comum de que a culpa é da concentração, já que temos 5 bancões com 85% do mercado.

Atuando na linha do diagnóstico, de que o problema está na concorrência, o BC já tomou diversas iniciativas para facilitar a entrada e atuação de novos agentes, como as fintechs, deixou a regulação proporcional ao tamanho das instituições, tem estimulado a redução na assimetria de informação (cadastro positivo e open banking) e buscado atender à demanda da população por pagamentos mais rápidos, seguros e menos burocráticos (pagamentos instantâneos).

Todas iniciativas estão em andamento e ganhando escala. Mas ao optar por intervir diretamente no cheque especial, o BC deixa claro que será cada vez mais atuante em corrigir distorções e falhas de mercado, isto é, quando a livre concorrência não faz seu papel. Mesmo que essa atuação renda algumas críticas. A batata dos bancos está assando.

Consumidor e investidor

Como somos todos consumidores de serviços bancários, podemos encarar essa movimentação em busca de maior competição e novos atores financeiros de forma positiva. No geral, devemos ser menos esfolados quando precisamos dos bancos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas o leitor, além de consumidor pode ser detentor de ações dos bancos, que sempre foram excelentes pagadores de dividendos e legítimas máquinas de gerar dinheiro não importando o cenário econômico. Temos quatro bancos brasileiros como os mais rentáveis do mundo.

Leia Também

Aqui a discussão fica um pouco mais complexa e não há consenso dentro do mercado sobre o que o futuro reserva. Há quem acredite que os bancões sentirão o “bafo na nuca” das fintechs e amargarão queda de lucros. Há quem defenda que eles já estão se adaptando, o que é fato, e que têm vantagens como incumbentes sobre os novos entrantes. Falei um pouco sobre esse duelo aqui.

Se o leitor permite um pitaco, creio que o resultado será um “ganha-ganha” para clientes de bancões e fintechs, mas o que vai definir quem sobrevive será a próxima crise, e elas são inevitáveis.

A razão política

Voltando ao tema do cheque especial, há um vetor político na decisão do BC. Ou ele atuava de forma mais incisiva, ou o Senado iria empurrar alguma regulação sobre taxas de juros, tema abordado por diversos projetos de lei que tramitam no Congresso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Posso dizer que a batata do BC também estava assando no Congresso, pois acompanho as audiências periódicas que presidente, indicados e diretores fazem no Senado e na Câmara.

Sempre há uma enorme grita dos congressistas sobre os absurdos do juro do cheque especial e cartão de crédito. É algo natural, faz parte do jogo. No entanto, em uma audiência sobre indicação de diretor, o tom subiu muito no plenário, com senadores ameaçando não votar mais nomeações para cargos no BC, se não houvesse alguma providência com relação às taxas de juros cobradas do consumidor final. Também fizeram críticas sobre a possibilidade de conceder autonomia formal à autarquia.

O leitor pode achar que isso era coisa apenas da oposição para desgastar o governo, mas a rebelião foi liderada por senadores que normalmente são favoráveis às pautas do governo.

O barulho foi tamanho, que pouco depois dessas ameaças, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, organizou almoços e encontros com senadores para acalmar os ânimos. A articulação política do BC sempre foi muito boa e se saiu bem mais uma vez.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O tom nas demais audiência voltou à normalidade e sinal de que a relação foi distensionada é que foi o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), quem deu a notícia da mudança do cheque especial no plenário no Senado, antes mesmo de o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciar os votos formalmente, na quarta-feira.

Aqui pode-se pensar que o BC errou ao intervir no mercado se dobrando à pressão política. O que não é o caso, como veremos. Mas sendo franco e direto com o leitor, é muito melhor que a iniciativa tenha partido do BC. Sabemos como projetos de lei e PECs começam e nunca como terminam. Sem falar que o potencial de estrago de uma medida totalmente política sobre um assunto que tem importantes nuances técnicas é inimaginável.

Aliás, Eduardo Braga também já deu a senha sobre o próximo mercado que será alvo de regulação mais ativa: juro do cartão de crédito, que como o cheque especial já foi alvo de tentativas frustradas de mudança.

Embase técnico

Em praticamente todas as suas apresentações, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, dedicava um tempo a falar do cheque especial e dizer que estudava alterações no produto, bem em linha com o que foi feito: um limite de taxa acompanhado de cobrança de tarifa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar de não ser muito relevante no estoque de crédito, coisa de 2%, as taxas do cheque especial sempre foram destaque negativo. O assunto estava em estudo dentro do banco há mais de cinco meses e o BC já havia detectado que produto era muito regressivo, mais caro justamente para quem mais usa e mais precisa.

Isso decorre na disponibilização de limites para quem não usa, enquanto quem usa, tem menos limite e tem de pagar pelo limite não utilizado dos demais. Segundo o BC, os limites concedidos no cheque especial somam R$ 350 bilhões, enquanto o volume de operações está em R$ 26 bilhões.

Para solucionar essa questão, foi autorizada a cobrança de tarifa sobre o limite que exceder R$ 500. Assim, o banco remunera o capital que está separado, esteja o cliente usando ou não o cheque especial. Já de quem porventura use seu limite, a tarifa será descontada do valor devido como juro, pois o banco já está remunerando esse capital.

Agora, a questão do teto de taxa de juro decorre de outro fator também observado pelo BC. O produto é inelástico ao preço. Não importa qual seja o juro, o tomador dessa linha segue no produto. A ideia é forçar mesmo o banco a repassar a queda de custo do novo modelo. Há algum tipo de limite para taxa em 76 países, como EUA, Portugal, França, Reino Unido, Espanha e Canadá.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Parte dessa inelasticidade decorre do perfil do usuário de cheque especial, que é de baixa renda (44% até dois salários) e baixa escolaridade (46% ensino médio). A dúvida levantada pelo próprio BC em estudo é se esses usuários percebem os custos envolvidos na conveniência de ter esse limite pré-aprovado. Deixo aqui o link com os estudos que o BC utilizou para embasar a medida.

O BC rasgou o "manual liberal"? De forma alguma. Quando um mercado é ou está disfuncional é dever do regulador fazer alguma coisa. Juros de 300% a 700% ao ano, ao longo de anos e anos é "indício" mais que suficiente de que algo não está funcionando bem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EFEITOS MASTER

Fundos de pensão que investiram em títulos do Banco Master entram na mira da Justiça em meio a irregularidades nos investimentos

4 de dezembro de 2025 - 16:04

Investigações apontam para aplicações financeiras fora dos protocolos adequados nos casos dos fundos Amazonprev, Rioprevidência e Maceió Previdência

CIDADE DE 65 MIL HABITANTES

Time sensação do Campeonato Brasileiro, Mirassol arrecada o equivalente a um terço do orçamento municipal

4 de dezembro de 2025 - 15:15

Sensação do Brasileirão, o Mirassol arrecadou cerca de um terço do orçamento municipal e levou a pequena cidade paulista ao cenário internacional com a vaga na Libertadores

INFLUÊNCIA

Joesley Batista viajou para a Venezuela para pedir renúncia de Maduro: qual o interesse da JBS e da J&F no país?

4 de dezembro de 2025 - 10:39

Joesley Batista tem relações com o presidente Donald Trump e pediu pelo fim das tarifas sobre a carne. A JBS também tem negócios nos Estados Unidos

SEM RECLAMAÇÕES

Lotomania e Super Sete aproveitam bola dividida na Lotofácil e pagam os maiores prêmios da noite nas loterias da Caixa

4 de dezembro de 2025 - 7:53

Lotofácil manteve a fama de loteria “menos difícil” da Caixa, mas cedeu os holofotes a outras modalidades sorteadas na noite de quarta-feira (3).

VAI PISAR NO FREIO?

Alerta Selic: o que pode impedir o BC de cortar os juros, segundo Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual

3 de dezembro de 2025 - 19:35

A projeção do banco é que a Selic encerre 2025 em 15% e que os cortes comecem de forma gradual em janeiro, alcançando 12% ao final de 2026

INVESTIMENTOS EM 2026

Ibovespa a 300 mil pontos? ASA vê a bolsa brasileira nas alturas, mas há uma âncora à vista

3 de dezembro de 2025 - 17:31

Em um cenário dúbio para 2026, os executivos da instituição financeira avaliam o melhor investimento para surfar um possível rali e ainda conseguir se proteger em um ambiente negativo

MAIS VENDIDOS

Segundo carro elétrico mais vendido do Brasil atinge marca histórica de vendas no mundo 

3 de dezembro de 2025 - 15:09

Hatch elétrico chinês atinge marca histórica em apenas quatro anos e reforça a estratégia global da BYD no mercado de veículos eletrificados

JÁ VIU A SUA?

Retrospectiva Spotify 2025: Bad Bunny lidera o mundo e dupla sertaneja domina o Brasil (de novo); veja como acessar o seu Wrapped

3 de dezembro de 2025 - 14:04

Plataforma divulga artistas, álbuns e músicas mais ouvidos do ano e libera função Wrapped para todos os usuários

BILIONÁRIA SELF-MADE

De bailarina a bilionária mais jovem do mundo: a trajetória da brasileira que construiu uma fortuna aos 29 anos sem ser herdeira

3 de dezembro de 2025 - 12:04

A ascensão de Luana Lopes Lara à frente da Kalshi mostra como a ex-bailarina transformou formação técnica e visão de mercado em uma fortuna bilionária

LUXO

Daniel Vorcaro — da ostentação imobiliária à prisão: o caso da mansão de R$ 460 milhões em Miami

3 de dezembro de 2025 - 9:29

A mansão de R$ 460 milhões comprada por Daniel Vorcaro em Miami virou símbolo da ascensão e queda do dono do Banco Master, hoje investigado por fraudes

MÁQUINA DE MILIONÁRIOS

Lotofácil 3552 faz os primeiros milionários de dezembro nas loterias da Caixa; Mega-Sena e Timemania encalham

3 de dezembro de 2025 - 7:06

A Lotofácil não foi a única loteria a ter ganhadores na faixa principal na noite de terça-feira (2). A Dia de Sorte saiu para um bolão na região Sul do Brasil.

CRIMES FINANCEIROS

Banco Master: Ministério Público quer Daniel Vorcaro de volta à prisão e TRF-1 marca julgamento do empresário

2 de dezembro de 2025 - 18:45

Uma decisão de sábado soltou Vorcaro e outros quatro presos na investigação do Banco Master

ASTROS NO PREGÃO

Qual signo manda na B3? Câncer investe mais, Libra investe melhor — e a astrologia invade o pregão

2 de dezembro de 2025 - 15:28

Levantamento da B3 revela que cancerianos são os que mais investem em ações, mas quem domina o valor investido são os librianos

MECANISMO CONTRA GOLPISTAS

BC Protege+: Como funciona a nova ferramenta do Banco Central que impede a abertura de contas não autorizadas

2 de dezembro de 2025 - 14:49

Nova ferramenta do Banco Central permite bloquear a abertura de contas em nome do usuário e promete reduzir fraudes com identidades falsas no sistema financeiro

ECONOMIA DE ATÉ 80%

CNH sem autoescola: com proposta aprovada, quanto vai custar para tirar a habilitação

2 de dezembro de 2025 - 11:19

Com a proposta da CNH sem autoescola aprovada, o custo para tirar a habilitação pode cair até 80% em todo o país

EXAUSTÃO MENTAL

A palavra do ano no dicionário Oxford que diz muito sobre os dias de hoje

2 de dezembro de 2025 - 10:38

Eleita Palavra do Ano pela Oxford, a expressão “rage bait” revela como a internet passou a usar a raiva como estratégia de engajamento e manipulação emocional

PARADA PARA MANUTENÇÃO

Não tem para ninguém: Lotofácil, Quina e demais loterias da Caixa entram em dezembro sem ganhadores

2 de dezembro de 2025 - 7:06

Depois de acumular no primeiro sorteio do mês, a Lotofácil pode pagar nesta terça-feira (2) o segundo maior prêmio da rodada das loterias da Caixa — ou o maior, se ela sair sem que ninguém acerte a Timemania

FORA DO CONSENSO

Tema de 2026 será corte de juros — e Galapagos vê a Selic a 10,5% no fim do próximo ano

1 de dezembro de 2025 - 19:11

No Boletim Focus desta semana, a mediana de projeções dos economistas aponta para uma Selic de 10,5% apenas no final de 2027

TECNOLOGIA NOS METRÔS

Metrô de São Paulo começa a aceitar pagamento com cartão de crédito e débito direto na catraca; veja como vai funcionar

1 de dezembro de 2025 - 17:00

Passageiros já podem usar cartões de crédito ou débito por aproximação na catraca, mas integração com ônibus continua exclusiva do Bilhete Único

NOVAS REGRAS

CNH sem autoescola: quais são os requisitos para o instrutor autônomo?

1 de dezembro de 2025 - 16:53

Nova resolução do Contran cria o instrutor autônomo e detalha os requisitos para atuar na formação de condutores no modelo da CNH sem autoescola

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar