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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Primeiros passos

Quer investir em ações? Saiba por onde começar

Saiba quais são os primeiros passos para começar a operar na bolsa por conta própria

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
20 de setembro de 2019
7:56 - atualizado às 13:48
Montagem com fliperama e frase press start
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Para quem já investe, notícias e análises sobre finanças, economia e investimentos ajudam a tomar decisões melhores sobre o que fazer com o dinheiro. Mas para quem está apenas dando os primeiros passos nesse universo, esse tipo de conteúdo pode levantar mais perguntas do que respostas.

Um assunto que suscita muitas dúvidas aqui no Seu Dinheiro é o investimento em ações. Não raro recebemos a seguinte questão dos nossos leitores: está tudo muito bom, tudo muito bem, mas… como começar a investir em ações, afinal?

Às vezes é mais fácil saber quais as ações preferidas dos analistas das corretoras de valores ou como foi o desempenho da bolsa hoje do que descobrir quais são os primeiros passos para quem quer entrar nesse mundo.

Se você quiser dar um passo atrás, nesta matéria eu explico o que são ações e quais as vantagens e riscos deste investimento.

Pré-requisitos: investir em ações é para mim?

Ao contrário do que muita gente pensa, o investimento em ações não é só para quem tem muito dinheiro. O investimento em si é bastante acessível. Com algumas centenas ou poucos milhares de reais já é possível comprar ações na bolsa ou cotas de um fundo de renda variável.

A falta de conhecimento também não é um obstáculo intransponível. É claro que, para operar por conta própria, você vai precisar ter algum conhecimento para avaliar os negócios das empresas ou o gráfico dos preços das ações, de acordo com o método de análise que você optar por seguir.

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Mas tudo vai depender da sua disposição para aprender. Fato é que você não precisa ser um especialista para investir por conta própria.

Seja como for, se você não se sentir à vontade para escolher as ações e comprá-las diretamente, sempre pode optar por um fundo de investimento em ações, que conta com gestão profissional.

Para investir em ações, você só precisa realmente de duas coisas: um CPF válido e o perfil certo. E qual seria o perfil certo? Sempre convém lembrar que o investimento em ações está sujeito a altos e baixos frequentes e pode levar o investidor à perda do principal investido.

Então, em primeiro lugar, o investidor precisa estar consciente dessa volatilidade e à vontade com a possibilidade de ver eventuais retornos negativos de curto prazo na sua carteira.

Em segundo lugar, o investimento em ações é mais indicado para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria, ou que não estejam condicionados a uma data específica.

Assim, recomenda-se que, antes de começar a investir em ações, o investidor já tenha um bom colchão de segurança destinado a cobrir suas emergências e objetivos de curto e médio prazo, com data certa para acontecer.

A reserva de emergência deve ficar investida em aplicações de renda fixa conservadora que possam ser resgatadas a qualquer momento.

Isso evita que o investidor precise mexer nos seus investimentos de ações em um momento inoportuno e acabe amargando perdas que poderiam ter sido evitadas caso ele tivesse uma reserva de emergência.

Primeiro passo: abrir uma conta numa corretora de valores

A primeira coisa que você precisa fazer para começar a investir em ações é abrir uma conta numa corretora de valores devidamente credenciada junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que ofereça a modalidade de investimento direto em ações.

As corretoras são instituições financeiras que atuam como intermediárias na compra e venda de ativos na bolsa de valores.

As ações que você compra, contudo, ficam custodiadas na própria bolsa, no seu nome. Ou seja, elas não ficam na corretora.

Assim, se a corretora de valores quebrar, por exemplo, o seu investimento está a salvo. Basta transferir a custódia das ações para outra corretora para continuar operando.

Saiba mais sobre os riscos das corretoras de valores, o que fazer para mitigá-los e como proceder se a sua corretora quebrar.

O processo de abertura de conta em corretora hoje em dia geralmente é bastante simples. Você consegue fazer tudo pela internet. Basta preencher um cadastro, fazer o seu teste de perfil de investidor, responder a algumas perguntas sobre renda e patrimônio e enviar alguns documentos digitalizados, como RG e comprovante de residência.

Você também precisará definir uma senha e, em muitos casos, também uma assinatura eletrônica para completar as transações. A aprovação do cadastro pode levar de algumas horas a alguns dias.

Mas como escolher uma corretora para investir em ações?

O mercado financeiro brasileiro conta com a participação de dezenas de corretoras de valores independentes ou ligadas a bancos. A escolha não é fácil, mas no caso de quem pretende negociar ações, convém observar os seguintes critérios:

1. Cheque se a corretora tem registro na CVM

A CVM é a entidade reguladora do mercado de capitais, uma espécie de xerife do mercado financeiro. No site da autarquia, você consegue localizar as corretoras pela Razão Social ou CNPJ, geralmente disponíveis no pé do site dessas instituições.

O caminho para chegar a essa ferramenta de busca a partir da home page do site da CVM é Informações de Regulados (menu da esquerda)>Corretoras e Distribuidores.

2. Verifique os custos de transação para a negociação de ações

Compare as taxas de corretagem e custódia das corretoras nas quais você tem interesse. Esses são os custos da negociação de ações que são estabelecidos pelas corretoras de valores.

Muitas corretoras isentam seus clientes de taxa de custódia, que incide mensalmente enquanto o investidor tiver posição em bolsa. De fato convém evitá-la. Algumas corretoras isentam os clientes também da taxa de corretagem.

3. Verifique a reputação da corretora

Procure descobrir o que falam sobre a instituição financeira on-line. Verifique seus canais de comunicação (e-mail, telefones, redes sociais, chat) e sua reputação no Reclame Aqui. Se tiver indicação de alguém conhecido e confiável, tanto melhor.

4. Teste usabilidade, ferramentas e tecnologia em mais de uma corretora

A abertura e manutenção de conta nas corretoras de valores é gratuita, então é interessante abrir conta em mais de uma para testar suas ferramentas, usabilidade e estabilidade tecnológica, tanto no app quanto no site.

Para quem pretende investir em ações, é importante dar uma olhada e testar o home broker, a plataforma on-line de negociação de ações das corretoras de valores.

O home broker permite aos investidores operarem por conta própria, pela internet, sem necessidade de telefonar para a mesa de operações para dar as ordens de compra e venda e acompanhar o mercado.

Outra ferramenta que pode ser interessante para quem investe em ações diretamente - e que algumas corretoras oferecem - é a calculadora de imposto de renda, uma vez que o próprio investidor é o responsável por calcular e pagar o IR sobre os ganhos obtidos nesse mercado.

5. Dê uma olhada nas análises e nos demais produtos oferecidos pela corretora

Se você acha que vai precisar de ajuda para investir, é interessante dar uma olhada no que a corretora oferece em termos de análise de mercado e de ações, bem como conhecer a assessoria prestada.

As corretoras costumam emitir relatórios de análise sobre as ações mais negociadas, mas algumas oferecem cursos, bate-papos com analistas, transmissões ao vivo e outras facilidades para os clientes que gostam de tomar as próprias decisões, mas precisam de alguma consultoria.

Verifique também que outros produtos financeiros as corretoras oferecem. Se você pretende investir em outros tipos de ativos - como renda fixa, Tesouro Direto ou fundos - vale a pena dar uma olhada se a corretora dispõe desses produtos, se eles são interessantes e se vale a pena concentrar todos os seus investimentos na mesma instituição.

Manter todos os investimentos no seu banco principal ou em uma única corretora independente é tentador, mas lembre-se de que nem sempre esse é o melhor negócio. Se for preciso ter conta em mais de uma instituição financeira, faça isso.

Apenas fique atento aos custos de transação, como DOCs e TEDs. Praticamente nenhuma corretora cobra transferências para outras instituições financeiras, mas é possível que o seu banco cobre quando você for transferir para a corretora.

Hoje em dia, com tantas opções de contas digitais sem tarifas, ficou mais fácil driblar esse tipo de cobrança. Então lembre-se de planejar essa parte.

A minha colega Bruna Furlani escreveu uma reportagem sobre como escolher uma corretora e abrir conta, onde ela também conta sobre a experiência dela testando diferentes instituições, além da avaliação que fez delas. Vale a pena a leitura!

Agora é só começar!

Depois de escolher a sua corretora de valores e se familiarizar com as suas ferramentas e análises, é só começar a investir. E, é claro, acompanhar o Seu Dinheiro para tomar as melhores decisões de investimento.

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