STF suspende investigação sobre movimentações financeiras de Queiroz
Ex-motorista do senador eleito, Queiroz é investigado por transações atípicas

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta quinta-feira, 17, as investigações sobre as transações atípicas de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Fux atendeu a um pedido da defesa de Flávio, que justificou que o filho do presidente Jair Bolsonaro ganhará foro privilegiado ao assumir o cargo de senador. O ponto ganhou relevância depois que o Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informações sobre movimentações do político, incluindo-o no processo.
Segundo a sentença de Fux, o pedido do MP-RJ visava o acesso a todas as comunicações de transações suspeitas que podem ter sido realizadas por Flávio Bolsonaro no período entre 2007 a dezembro de 2018.
"O Reclamante assinala que, em 14/12/2018, depois de confirmada sua eleição para o cargo de Senador da República, o órgão ministerial local requereu ao Coaf informações sobre dados sigilosos de sua titularidade, abrangendo o período de abril de 2007 até a data da implementação da diligência, a pretexto de instruir referido procedimento investigativo", afirmou Fux.
Em sua decisão, o ministro do STF também disse que cabe ao relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, decidir sobre a situação específica da apuração e a investigação agora deve aguardar uma decisão dele. Vale lembrar que Supremo só retomará suas atividades em 1º de fevereiro.
Histórico das investigações
Em dezembro do ano passado, o Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou 22 procedimentos para apurar as movimentações atípicas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) envolvendo servidores e políticos. As investigações estavam sendo conduzidas pela promotoria fluminense, já que Flávio e os outros 21 políticos atuavam na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Leia Também
O relatório do Coaf, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi enviado ao Ministério Público Federal do Rio no âmbito da Operação Furna da Onça, que em novembro prendeu dez deputados estaduais suspeitos de receberem propina. Ao todo, 75 servidores são citados no documento, mas nem todos seguem o mesmo padrão de movimentação financeira. Queiroz e Flávio Bolsonaro não foram alvo da operação.
Aliados e oposição reagem
A decisão do ministro Fux pegou mal na classe política e foi duramente criticada por parlamentares de vários partidos. Membros do PT, do Psol e do Movimento Brasil Livre (MBL) fizeram postagens em suas redes sociais contra a medida.
Presidente nacional do PT, a senadora e deputada federal eleita Gleisi Hoffmann (PR) mostrou indignação com a decisão anunciada no começo da tarde desta quinta-feira, 17. "Muito grave a notícia de que o Supremo suspendeu a investigação sobre o caso. Os pesos e medidas são muito diferentes. Para Lula, basta convicção, para os Bolsonaros nem documento público é considerado", afirmou a petista.
Kim Kataguiri, uma dos principais líderes do MBL, escreveu que o pedido "cheira muito mal". "Entrar com pedido para ser investigado em foro especial é, no mínimo, suspeito", afirmou o deputado federal eleito do DEM-SP.
O senador Humberto Costa (PT-PE) questionou se a situação vai terminar sem resolução. "Até hoje, MP sequer conseguiu ouvi-los. Vai acabar tudo em pizza?", escreveu em seu Twitter.
O ex-presidenciável Guilherme Boulos (Psol) ironizou a declaração do deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) feita ano passado de que, para fechar o Supremo Tribunal Federal, bastaria um soldado e um cabo. "STF acaba de suspender a investigação de Queiroz a pedido de Flávio Bolsonaro. O cabo e o soldado já entraram no STF", disse.
*Com Estadão Conteúdo.
STF autoriza partilha de dados
Até agora, cinco ministros já votaram a favor da tese que a Receita não pode ser privada de encaminhar ao MP informações detalhadas importantes para investigações
Senadores propõem PEC que libera envio de dados ao MP sem aval judicial
Medida é uma reação à decisão do presidente da Corte de paralisar investigações que utilizaram informações do antigo Coaf, da Receita e do Banco Central
Governo publica seis nomeações para diretoria de UIF, o antigo Coaf
Todas as nomeações são para cargos lotados na Diretoria de Inteligência Financeira do órgão, que agora está na estrutura do Banco Central
Relator diz que nome do Coaf será mantido e haverá indicação apenas de servidores
Deputado Reinhold Stephanes Junior iniciou a leitura de seu relatório sobre a Medida Provisória nº 893, que trata do “novo Coaf”
Lava Jato entra na mira do Supremo
Até novembro, o STF deve analisar o mérito de ações que discutem a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, um dos pilares da Lava Jato.
Maia diz que trabalhará para aprovar MP do Coaf na Câmara
Presidente da Câmara defendeu mudança não abre brechas para a nomeação de políticos para o órgão de controle
Após governo mandar Coaf para o BC, Ricardo Liáo é nomeado novo presidente do órgão
Indicação é vista como uma forma de garantir certa continuidade na administração do Coaf
Medida Provisória oficializa mudança do Coaf para o Banco Central
Segundo porta-voz, Coaf será uma “unidade de inteligência financeira” que não perderá o caráter colaborativo com outros órgãos e manterá o perfil de combate à corrupção.
Em podcast, Maia diz que decisão do governo de transferir Coaf para BC é boa
Presidente da Câmara afirmou também que a Casa irá discutir a proposta de autonomia do Banco Central
Bolsonaro diz que deseja transferir Coaf para o BC
O órgão pode ter um quadro efetivo e até mudar de nome; presidente diz que quer “tirar o Coaf do jogo político”
Bolsonaro diz que deu ‘carta branca’ para Guedes fazer mudanças no Coaf
O presidente Jair Bolsonaro conversou com jornalistas neste domingo (4) e, entre outros pontos, sinalizou que Paulo Guedes possui autonomia para conduzir o Coaf
Decisão de Toffoli sobre Coaf pode barrar Brasil na OCDE
Há duas semanas, Toffoli suspendeu provisoriamente todos os processos no País em que houve compartilhamento de dados fiscais e bancários com investigadores sem autorização judicial prévia
Decisão de Toffoli afeta projeto antilavagem
Ministro proibiu o compartilhamento de informações de órgãos de controle sem aval de Justiça; decisão coloca em risco um projeto do Ministério da Justiça que existe desde 2007
Procuradores trocaram mensagens sobre Flávio Bolsonaro, diz The Intercept
Dallagnol manifestou dúvidas sobre qual poderia ser a postura do ex-juiz Sérgio Moro em relação à investigação que envolve o senador, que é filho do presidente
A pedido de Flávio Bolsonaro, Toffoli suspende inquéritos com dados do Coaf
Ministro tomou a decisão em um processo em que se discute a possibilidade ou não de os dados bancários e fiscais do contribuinte serem compartilhados sem a intermediação do Poder Judiciário
Bolsonaro sanciona lei dos ministérios e edita nova MP; Coaf fica na Economia
Pela primeira MP de Bolsonaro, tanto Coaf quanto registro sindical ficariam sob a coordenação do Ministério da Justiça, de Sergio Moro
Bolsonaro destaca confiança de investidores na economia e diz que tende a vetar bagagem gratuita em voos
Presidente lista investimentos recentemente anunciados e reforça importância da reforma da Previdência. Também fala que não perdemos nada com Coaf no Ministério da Economia
Bolsonaro confirma que irá sancionar a transferência do Coaf ao Ministério da Economia
Qualquer alteração no texto, que precisava ser aprovada pelo Congresso até a próxima segunda-feira, colocaria em risco o calendário e obrigaria o presidente a recriar sete ministérios
Vinte e nove senadores registram voto a favor de Coaf com Moro
Entre os parlamentares que insistiram em registrar seu posicionamento apesar de a votação do destino do Coaf ter sido simbólica, estão seis senadores do Podemos, seis do PSD e três do PSDB
Governo aprova MP do Coaf e Sergio Moro perdeu, mas ganhou
Prevaleceu o cálculo político e governo viu que misturar política com redes sociais e a voz das ruas pode ser algo perigoso para seus próprios planos