Mercado de arte viveu mais um ano de desaceleração, com queda de 12% das vendas, aponta relatório
A indústria vive um período de transformação, que envolve mudanças no comportamento e no perfil dos colecionadores de arte

O mercado de arte viveu o segundo ano consecutivo de queda, num movimento que escancara a fragilidade do setor diante das tensões geopolíticas e das incertezas econômicas. Em 2024, as vendas globais caíram 12%, totalizando US$ 57,5 bilhões (R$ 338,2 bilhões).
Os dados mais recentes do relatório The Art Market, produzido pela Art Basel (uma das feiras de arte mais importantes do mundo), e pelo banco suíço UBS, revelam que a indústria vive um período de transformação, que envolve mudanças no comportamento e no perfil dos colecionadores de arte.
Embora a receita com as vendas tenha caído, o volume de vendas aumentou 3% de um ano para o outro, evidenciando a demanda aquecida por peças de valor mais acessível, ao passo que o segmento mais high end vive um declínio significativo desde 2023.
Em outras palavras: as pessoas estão comprando arte, apesar de tudo, mas não estão dispostas a movimentar cifras tão altas.
Para gastar cinco, seis ou até sete dígitos com uma obra, os compradores agora tomam mais cautela e precisam de mais tempo de consideração.
"O ano de 2024 marcou uma evolução no mercado de arte que, possivelmente, representa um ponto de virada na cultura do colecionismo. Colecionadores de alto poder aquisitivo estão dedicando mais tempo à pesquisa e à reflexão e, quando compram, fazem isso com intenções muito específicas”, explica Christl Novakovic, um dos heads da gestão de riquezas do UBS.
Leia Também
O relatório mostra que o ano de 2014 marcou o pico de vendas no mercado de arte, atingindo a cifra de US$ 68,2 bilhões (R$ 400 bilhões). Desde então, a cada ano, os números estiveram estáveis ou em queda. Em paralelo, a riqueza dos bilionários mais do dobrou no mesmo período de tempo, atingindo US$ 15,6 trilhões (R$ 91,5 trilhões). |
Entre feiras e leilões
Além de expôr informações sobre os valores das transações, o estudo mostrou também outro comportamento da indústria artística: os eventos presenciais ainda são um importante hub de negócios para os colecionadores e negociantes — 31% dos acordos foram fechados pessoalmente.
Apesar da leve recuperação em relação a 2023, é evidente que as feiras ainda não voltaram ao patamar pré-pandêmico, em que eram responsáveis por 42% das vendas no mercado de arte.
- LEIA MAIS: ‘Ninguém pendura CDB na parede’: obras de arte ganham força como investimento; como colecionar?
Após viverem um boom em 2020 e 2021, as vendas on-line têm caído progressivamente. Em 2024, a queda foi de 11%, totalizando US$ 10,5 bilhões (R$ 61,6 bilhões). Ainda assim, o número é significativamente mais alto do que o atingido em 2019.
A pandemia impactou a estratégia comercial dos comerciantes, que hoje privilegiam um esquema híbrido, unindo o físico ao digital, e têm os próprios e-commerces.
Os leilões foram o canal de vendas mais impactado pela desaceleração do segmento high end.
O número de obras de arte vendidas em leilões por mais de US$ 10 milhões (R$ 58,7 milhões) caiu 39%, seguindo uma queda de 27% em 2023. O valor total dessas vendas recuou 45%, registrando a maior retração entre todas as faixas de preço.
Apenas uma obra foi vendida por mais de US$ 100 milhões (R$ 585 milhões) no ano: L’Empire des Lumières (1954), do francês René Magritte. O quadro saiu por US$ 121 milhões (R$ 710 milhões) na Christie’s, em novembro.

Um panorama dos 3 principais mercados de arte do mundo
Com dominância incomparável, os Estados Unidos mantiveram a posição como o maior mercado de arte do mundo, responsável por 43% das vendas globais.
Apesar disso, o país fez menos transações do que em 2023, devido ao clima de incerteza política criado pelas eleições presidenciais e outros fatores que deixaram os colecionadores mais endinheirados com menos “apetite”.
O Reino Unido recuperou a posição de segundo maior mercado. Mas não por ter tido uma performance melhor e sim porque a China teve uma queda de 31% nas vendas, atingindo o menor patamar desde 2009.
Segundo os autores do estudo, a dominância dos EUA e do Reino Unido se justifica não só pela riqueza doméstica e infraestrutura dos países, mas também pelos “ambientes transparentes e regulados para a venda de obras”.
O que esperar do mercado de arte para 2025?
Na visão do UBS e da Art Basel, a expressão que deve definir os rumos da indústria em 2025 é: otimismo cauteloso.
O estudo faz um alerta para a ascensão das medidas protecionistas — em uma clara referência às tarifas comerciais de Donald Trump — e para a incerteza econômica que ainda assombra o mundo da arte.
“Políticas protecionistas têm se mostrado tão prejudiciais aos mercados nacionais de arte quanto às suas próprias economias, com diversos exemplos claros de como restrições severas ao comércio internacional têm limitado o crescimento doméstico”, diz o documento.
Quanto às expectativas dos agentes do mercado para 2025, os brasileiros se destacam como um dos mais otimistas: 80% dos negociantes preveem que as vendas vão aumentar este ano.
Nos EUA, o percentual foi de 43%; e na China, 50%.
* Com informações do New York Times.
The Town 2025: curador e vice-presidente artístico do festival, Zé Ricardo dá dicas de shows imperdíveis
Até o dia 14, festival brasileiro conecta música nacional a circuito global; ao Seu Dinheiro, o curador do The Town dá a lista com as atrações imperdíveis entre mais de uma centena de shows
Bienal de São Paulo 2025: programação e os destaques da maior mostra de arte contemporânea da América Latina
O Pavilhão Ciccillo Matarazzo será ocupado com mostras de mais de 120 artistas de cerca de cinquenta países, além de experiências multissensoriais e com realidade aumentada
Da rua à editora, como Ponta de Lança prosperou na literatura paulistana (e quais os próximos capítulos)
Para Bruno Eliézer Martins, da Ponta de Lança, vender livros é vender magia; mas a paixão virou um dos epicentros da literatura paulistana; ao Seu Dinheiro, ele adianta os próximos capítulos
Arte ao ar livre: Inhotim e outros 5 museus que transformam a paisagem em galeria
Endereço brasileiro que transformou percepção sobre arte em espaço aberto completa 20 anos de abertura ao público em 2026; aqui, nos debruçamos sobre seis complexos onde o ambiente é a própria obra
Venda de ingressos para show de Marisa Monte abre ao público geral nesta quarta (20); veja como adquirir
Turnê aguardada de Marisa Monte com orquestra sinfônica causou frisson entre fãs em pré-venda nesta segunda-feira (18); veja como garantir o ingresso na venda geral
“Ovos de ouro” da Fabergé vão mudar de dono: joalheria icônica é vendida por R$ 272 milhões
Joalheria emblemática por seus luxuosos ovos ornamentais foi adquirida por firma americana de investimentos após mais de uma década sob controle de mineradora
7 museus internacionais com obras brasileiras para colocar no seu próximo roteiro de viagem
Arte brasileira de diversos períodos históricos pode ser encontrada em museus de renome, da Argentina ao Japão
Biblioteca brasileira está entre as 10 mais bonitas do mundo; saiba qual é e confira o ranking completo
A lista foi feita pela organização 1000 Libraries, que contabilizou os votos de mais de 200 mil pessoas em seu site
FLIP chega a 2025 com aposta em popularidade de Paulo Leminski para driblar críticas e concorrência
Com críticas nas redes e concorrência acirrada d’A Feira do Livro em São Paulo, a tradicional FLIP projeta o poeta curitibano Paulo Leminski no centro do debate contemporâneo
Lollapalooza Brasil anuncia datas da edição 2026 e abre primeiro lote de pré-venda nesta terça-feira (22)
Ainda sem atrações confirmadas, festival anunciou datas e criação de pré-venda exclusiva, que começa ainda hoje
Incêndio destrói o palco do Tomorrowland, marcado para esta sexta-feira; como fica o festival agora?
Ninguém ficou ferido, mas o palco principal do evento foi todo destruído pelas chamas
O que define o valor de uma obra de arte em leilão?
Aloisio Cravo, leiloeiro com mais de 40 anos de experiência, explica os bastidores de um leilão e como funciona a precificação das peças de arte
O Louvre do Brasil? Museu paulistano é patrocinado por joalheria e terá baile de gala com a Chanel
Com parceria de três anos, Pinacoteca vai alinhar iniciativas de conservação e restauro do acervo com os padrões internacionais
5 museus que inauguram ainda em 2025, incluindo o primeiro dedicado a inteligência artificial
Novidades em cidades efervescentes, estes museus têm o potencial de se tornarem os hotspots turísticos da vez
Complexo da Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, vai ganhar ampliação; conheça a Rua da Música
Projeto prevê renovação no Parque Jaime Lerner, que abriga, além da Pedreira, a Ópera de Arame em Curitiba; gastronomia, estúdio de gravação e até uma exposição permanente estão confirmados
Este autor escreveu todos os 5 livros mais vendidos da maior editora do país na Bienal do Rio
Companhia das Letras foi a única editora que teve o top 5 de livros mais vendidos ocupado por um só escritor
Cazuza será grande homenageado no Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira em 2026
Tributo ao rockstar brasileiro acontece nos palcos da premiação em 2026, mas não é a única homenagem rolando ao artista
Greve no Louvre: o que a paralisação de funcionários diz sobre a crise do turismo em massa na Europa?
Nesta segunda-feira (16), os funcionários do espaço decidiram fazer uma greve espontânea, deixando centenas de turistas em uma fila que nunca andava
MASP gratuito no feriado: sucesso de Monet faz o museu paulista expandir visitação
Neste feriado de Corpus Christi, no dia 19 de junho, o museu vai oferecer entrada gratuita durante o dia inteiro
A Feira do Livro ocupa lacuna deixada pela Bienal em São Paulo; veja destaques da programação
Entre os dias 14 a 22 de junho, evento ocupa a praça do Pacaembu e o Museu do Futebol