Marisa Monte: entrevistamos o maestro André Bachur, que acompanha a cantora em nova turnê
Após apresentar-se com cantora em 2024, Bachur segue turnê na regência de orquestra em ‘Phonica – Marisa Monte e Orquestra Ao Vivo’, que começa este fim de semana em Belo Horizonte
Antes de ser maestro, André Bachur foi ouvinte. Cresceu em uma casa em que Marisa Monte fazia parte da trilha sonora diária. Hoje, se vê diante da missão de reger a obra da cantora em formato sinfônico. “É curioso, porque estou na posição de maestro, mas também de fã. Isso cria uma emoção dupla”, confessa. É dessa mistura de técnica e afeto que nasce o espetáculo Phonica – Marisa Monte & Orquestra Ao Vivo, que estreia neste fim de semana em Belo Horizonte, com patrocínio da Shell.
Entre novembro e dezembro deste ano, Marisa Monte faz sua primeira turnê com banda e uma orquestra sinfônica com 55 músicos selecionados especialmente para a ocasião com regência do maestro André Bachur. Em parceria com a T4F, serão 10 shows em seis cidades, começando pela capital mineira e passando por Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e São Paulo até chegar a Porto Alegre, em dezembro.
- CONFIRA: Você sabe o que está em alta? Cadastre-se para receber as newsletters do Lifestyle do Seu Dinheiro, antenada em comportamento e consumo
Bachur sabe que o papel do maestro, nesse caso, vai além da batuta. É sobre transformar o impacto intimista da canção em experiência orquestral, sem perder sua essência.
“Quando você tenta lembrar a primeira vez que ouviu Marisa, não sabe dizer. Parece que sempre esteve ali. Então existe um respeito muito grande com esse repertório. Ao mesmo tempo, é preciso trazer frescor, dar uma nova camada a essas músicas tão conhecidas.”

Pluralidade sob a batuta
Regente e instrumentista paulistano, André Bachur é um dos nomes em ascensão da nova geração de maestros brasileiros. Sua formação musical começou no violino, mas se expandiu para instrumentos como piano, bandolim, violão tenor e guitarra baiana.
“O bandolim foi uma guinada na minha vida. Ele me aproximou da música brasileira, me levou a grupos de choro e me deu uma visão de mundo musical que hoje levo também para a regência”, conta.
Leia Também
Essa versatilidade abriu portas para que transitasse do barroco ao choro, da música de concerto à canção popular. Bachur já esteve à frente de grupos como a Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP), Orquestra do Theatro São Pedro (ORTHESP), Orquestra Moderna, Ensemble Brasil e a Orquestra do Festival de Prados (MG).
“Não consigo pensar em música como caixinhas separadas. O que me interessa é o diálogo. É ver como o barroco pode conversar com a canção popular, como um arranjo contemporâneo pode iluminar um clássico”, resume, como se deixasse revelar parte dos planos para a turnê Phonica.
Marisa no detalhe: ensaios que viram aprendizado
O maestro já esteve ao lado de Marisa em três ocasiões, todas em 2024, com a Orquestra Sinfônica da USP. Agora, no entanto, o desafio é outro.
“Uma coisa é um concerto pontual, em ambiente acadêmico. Outra é uma turnê com orquestra completa, viajando pelo Brasil. A responsabilidade cresce, mas também cresce a empolgação.”

Ele destaca a forma minuciosa da cantora trabalhar. “Marisa é extremamente detalhista. Cada ensaio traz pequenas observações que fazem toda a diferença. Ela tem um ouvido minucioso e consegue perceber nuances muito sutis. É um aprendizado constante estar ao lado dela.”
Mas não se trata apenas de rigor: “Ela é muito aberta ao diálogo. Escuta sugestões, pergunta o que achamos. Existe um respeito grande pela orquestra e pelo maestro, e isso faz toda a diferença”.
Trata-se, sobretudo, de um envolvimento pessoal de Bachur, que o músico faz questão de detalhar em cada resposta. “É curioso, porque estou ali concentrado, mas, por dentro, também estou vibrando como fã. É uma emoção dupla. Você rege pensando em técnica, mas não deixa de sentir.”
De frente com um fã, afinal, resta saber as músicas preferidas de Bachur no repertório de Marisa. Ao que ele cita “Maria de Verdade” e a mais recente “Feliz, Alegre e Forte”. “Depois de conhecê-la pessoalmente, essa canção ficou ainda mais marcante para mim. Ela tem uma energia positiva que é muito dela.”
A regência precisa: sem excessos, só o necessário
Quem já viu Bachur reger nota seu estilo sóbrio. Ele não é de gestos grandiosos, prefere a precisão. “Talvez eu seja um regente mais discreto, mas com gestos efetivos. O movimento excessivo pode até atrapalhar. Para mim, a clareza é o que importa.”

Esse estilo contido, aliás, dialoga com a própria forma de Marisa interpretar. “Ela também não é de excessos. Cada gesto, cada nuance é calculada, mas sem perder naturalidade. Estar ao lado dela reforça a importância do detalhe.”
Alinhamento resolvido com a cantora, coube ao maestro a escolha dos músicos da orquestra da turnê. Bachur tinha liberdade de escolha – mas queria um grupo profissional. “Comecei a selecionar pessoas de diversos lugares, porém também com uma limitação de agenda e logística, que a gente sabe que não consegue todo mundo que quer convidar.”
Entre a precisão e o popular
No norte de sua escolha, porém, tinha em mente a formação de um grupo jovem, que transitasse com facilidade entre o erudito e o popular. E por motivos que vão além do próprio rigor técnico – tem a ver com a turnê e com a prática da estrada.
“Queríamos uma orquestra que vibrasse junto com os nossos arranjos, com essas viagens, com essa turnê toda, e também que tivesse dentro do possível essa flexibilidade entre os dois universos popular e erudito. Por quê? Porque a gente vai preparar tudo em uma semana de ensaios e depois a gente parte para a turnê logo de cara.”
O efeito colateral mais que bem-vindo de unir música popular e orquestra, para o maestro, é que o espetáculo se torna também uma forma de aproximar novos públicos.

“Quando a gente faz um projeto como esse, milhares de pessoas que talvez nunca tivessem contato com a música orquestral passam a ter. Isso tem um valor artístico e social enorme.”
Ele aposta inclusive que muitos sairão dos shows curiosos para revisitar a orquestra em outros contextos. “É uma forma de mostrar que a orquestra não está em um pedestal inalcançável, mas próxima, acessível.”
Novos caminhos: onde técnica encontra sonho
Aos poucos, André Bachur consolida seu nome em uma cena que pede renovação. “Existe uma nova geração de maestros e instrumentistas muito preparados no Brasil. Trabalhar com artistas como Marisa Monte mostra que esse diálogo é possível e necessário.”
No horizonte, ele sonha com projetos que sigam conectando universos. “Tenho vontade de gravar discos em que o bandolim encontre a orquestra, projetos que unam música de concerto e música popular de maneira mais radical. E claro, seguir regendo, aprendendo e construindo pontes. Esse é o meu caminho.”
Phonica – Marisa Monte & Orquestra Ao Vivo
18/10 — Belo Horizonte (Parque Ecológico da Pampulha)
19/10 — Belo Horizonte (Parque Ecológico da Pampulha) (data extra)
31/10 — Rio de Janeiro (Brava Arena Jockey) (data extra)
1/11 — Rio de Janeiro (Brava Arena Jockey)
2/11 — Rio de Janeiro (Brava Arena Jockey)
8/11 — São Paulo (Parque Ibirapuera)
9/11 — São Paulo (Parque Ibirapuera)
15/11 — Curitiba (Pedreira Paulo Leminski)
29/11 — Brasília (Gramado do Eixo Cultural Ibero-Americano)
06/12 — Porto Alegre (Parque Harmonia)
31/1 - Praia Grande/SP (Kartódromo Municipal de Praia Grande)
22/3 - Florianópolis (Maratona Cultural)
Grammy Latino 2025: Liniker é o grande destaque brasileiro na premiação; veja os outros vencedores do Brasil
Hamilton de Holanda Trio, Sorriso Maroto e Chitãozinho & Xororó também receberam prêmios
Obra de Frida Kahlo pode bater o recorde de obra mais cara já vendida, feita por uma mulher ou qualquer artista latino-americano
A pintura é a estrela de um leilão com mais de 100 obras surrealistas que será realizado pela Sotheby’s no dia 20 de novembro
Morre aos 73 anos o cantor, compositor e guitarrista brasileiro Lô Borges; relembre a relevância da sua obra para a MPB
Músico estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desde o dia 17 de outubro; sua passagem encerra uma trajetória de mais de cinco décadas nas quais contribuiu para a revolução da música popular brasileira
O Engraxate que Escalou o Everest, Rosier Alexandre fala de documentário: “Minha história é sobre não desistir”
Documentário “O Engraxate que Escalou o Everest”, que venceu recentemente o prêmio de Melhor Filme no Rio Mountain Festival, resgata a jornada inspiradora de um cearense que superou a pobreza para chegar ao topo do planeta
Nada Maquiavélico: nova edição d’O Príncipe revela o homem por trás do mito
Manual clássico de liderança ganha nova edição acompanhada da correspondência que revela um autor humanizando, a construção do pensamento e até um Maquiavel com “papo de boteco”
Neurocientista Miguel Nicolelis publica sátira iniciada há meio século: “o Brasil era, e continua sendo, um país totalmente surreal”
Com Ré volução no País do Carnaval, livro iniciado na juventude, o neurocientista que colocou a ciência em campo na Copa de 2014 retoma as ironias de um Brasil surrealista
BTG Pactual Hall inaugura dedicado à cultura brasileira: “teatro icônico, renovado e de altíssima qualidade”
Espaço que abrigava antigo Teatro Alfa reabre com os musicais Hair e Vozes Negras na programação: “é nossa oportunidade de ajudar a economia criativa com mais um ponto de contato com a sociedade”, diz André Kliousoff, CMO do BTG Pactual
Nobel, Jabuti e Camões: entenda os ganhadores e indicados da temporada de prêmios literários 2025
Os consensos e dissensos de três premiações e o que elas indicam sobre limites e fronteiras entre mercado editorial e literatura em 2025
Frieze London abre seção que explora a relação cultural histórica entre o Brasil e a África
Chamado ‘Echoes in the Present’, espaço reúne oito galerias com dez artistas brasileiros e africanos
Um túnel secreto sob o Coliseu será aberto para visitação neste mês
A partir de 27 de outubro, visitantes do monumento em Roma poderão ter uma rara visão do local por onde passavam secretamente os imperadores romanos
Coisa de Rico, livro de Michel Alcoforado que promete uma investigação da riqueza no Brasil, vale o burburinho?
Lançado em agosto, Coisa de Rico (Todavia R$ 89,90) narra a trajetória do “antropólogo do luxo” Michel Alcoforado, que se infiltrou entre os mais ricos do país para entender o que, afinal, torna alguém rico no Brasil
Kombi, Gol e Ferrari: veículos históricos serão expostos no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo
Em parceria com o museu CARDE, o evento que acontecerá em novembro traz em uma exposição os modelos icônicos junto a outros veículos que marcaram a história automobilística nacional e internacional
Nelson Motta detalha os “terremotos musicais” do Doce Maravilha 2025, que começa hoje (26) no Rio de Janeiro
Marisa Monte, Ney Matogrosso, BaianaSystem Liniker se apresentam até domingo (28) no Jockey Club do Rio de Janeiro; ao Seu Dinheiro, produtor lendário (e DJ) por trás do festival entrega os bastidores do evento
Bairro brasileiro é eleito o 3º mais cool do planeta; saiba qual é e confira os destaques do ranking
O contraste do passado industrial com a atual vida noturna agitada e pluralidade de estabelecimentos gastronômicos e culturais definem o destino classificado
5 casas de artistas para visitar pelo mundo (uma delas fica no Brasil)
Cinco endereços ao redor do mundo onde a arte e a vida de grandes mestres permanecem vivas
Studio Ghibli: 5 paisagens japonesas que inspiraram cenários de filmes do estúdio de animação
De olho no início do Ghibli Fest, festival de cinema em homenagem ao Studio Ghibli que começa hoje (18), levantamos cinco paisagens reais que ganharam versão animada no traço habilidoso da lendária produtora
Robert Redford morre aos 89 anos: de galã a diretor premiado e voz do cinema independente
Um ícone que atravessou décadas, Robert Redford foi um diretor premiado, ativista e fundou o maior festival de cinema independente do mundo
Dia de rock (e) bebê: como os festivais de música viraram as novas férias em família
Novo relatório do Ticketmaster aponta como festivais de música têm captado o público familiar em busca de aproximação; ao Seu Dinheiro, produtores brasileiros refletem sobre medidas para ampliar oferta a famílias
ArtRio 2025: confira a programação e destaques de um dos principais eventos de arte da América Latina
Acessibilidade e valorização da economia cultural da cidade definem a edição deste ano da ArtRio
National Gallery de Londres recebe doações recordes para construção de nova ala focada em arte do século 20
A National Gallery obteve um valor sem precedentes de 375 milhões de libras para o projeto, que tem inauguração prevista para o início da década de 2030
