De São Paulo ao Rio: 8 wine bars que realmente valem a visita
Com propostas e rótulos que vão além do tradicional, wine bars conquistam o público e democratizam o consumo de vinho no Brasil

Um (não tão) novo tipo de estabelecimento vem mudando a paisagem gastronômica e a forma como se bebe vinho no Brasil. Os wine bars não são novidade, mas agora surgem e ressurgem com novas propostas e approaches. É o exemplo do Virtuoso, no Rio de Janeiro, onde as taças são servidas apenas com os chamados vinhos de baixa intervenção. Ou do Miya Wine Bar, em São Paulo, que conquista com suas degustações temáticas, incluindo um giro pelos inusitados vinhos laranjas.
A redescoberta vai além do hype ou de um mero modelo de negócio: é uma resposta direta a mudanças no comportamento do consumidor, catalisadas por um período de introspecção global. A pandemia, com seus longos meses de confinamento, não apenas alterou rotinas, mas também despertou novas curiosidades. O mercado gastronômico se reinventa, criando tendências que, em função das redes sociais, chegam rapidamente ao Brasil.
- LEIA TAMBÉM: O Lifestyle do Seu Dinheiro quer te trazer novidades sobre gastronomia, viagens e estilo de vida; não fique de fora e receba também

“Mais pessoas passaram a se interessar por vinho, especialmente durante e após a pandemia, quando o consumo em casa cresceu. À medida que esse interesse se aprofunda, vem a busca por mais conhecimento, qualidade e novas experiências”, observa Rodrigo Malizia, CEO do wine bar Cellar Cave.
Isaac Azar, proprietário do La Cave Du Roy, concorda: “O mundo pós-pandemia passou a vivenciar a busca pelo diferente, para satisfazer os anseios de um público cada vez mais antenado às tendências mundiais, graças, sobretudo, às redes sociais”.
Do lado de cá do balcão
Esse novo consumidor não quer apenas repetir os clássicos – ele quer explorar, experimentar e entender o que está bebendo, e fazer isso em um ambiente onde se sinta à vontade.
“O wine bar entra como resposta a essa demanda: ele oferece acesso, variedade por taça, informalidade no serviço e, ao mesmo tempo, curadoria. Ele acompanha e estimula essa evolução do paladar e do comportamento”, resume Malizia.
Leia Também
A seguir, exploramos o novo boom dos wine bars e indicamos 8 endereços em São Paulo e no Rio de Janeiro que realmente valem a visita.
A anatomia do wine bar
Mas que, afinal, define um wine bar e o distingue de um espaço tradicional com uma boa carta de vinhos? A resposta está na inversão de papéis, que coloca o vinho como protagonista. Como define Isaac Azar, “o wine bar tem em sua essência o vinho como pièce de résistance. Ou seja, tudo gira em torno do vinho, que de pano de fundo passa a ser protagonista do estabelecimento”.
Essa filosofia tem implicações diretas no conceito, mas também na operação do negócio. Em um wine bar autêntico, o menu de comidas é pensado para servir ao vinho, e não o contrário.
“Se você for a um wine bar porque gostou de um prato específico, então o wine bar pode estar fugindo da sua essência”, adverte Azar, traçando um paralelo esclarecedor: “Ir a um wine bar para comer e não beber é como ir a um boteco só para comer petiscos”.

Rodrigo Malizia expande essa definição para além do cardápio, englobando toda a atmosfera do local.
“Diferente de um bar tradicional, onde predominam os drinques e cervejas, ou de um restaurante, onde o vinho apenas acompanha a comida, no wine bar o vinho é o centro da experiência — e isso se reflete na curadoria, na forma como o serviço é feito e até na arquitetura do espaço. Ele convida à descoberta, ao bate-papo com o sommelier, à taça do dia, à trilha sonora que toca ao fundo”, detalha.
O novo rosto do consumidor
Longe do estereótipo do enófilo, o público que hoje lota os wine bars no Brasil é heterogêneo. A imagem do especialista deu lugar a uma audiência diversificada, unida não pelo conhecimento, mas por um atributo muito mais democrático: a curiosidade.
“É um público muito diverso, mas o que une essas pessoas é o desejo de descobrir. Temos desde quem já entende bastante de vinho até quem está começando a se interessar agora, e todos são bem-vindos. A experiência do wine bar é justamente essa: um lugar onde você pode aprender sem pressão, experimentar sem medo de errar, e simplesmente curtir”, explica Rodrigo Malizia.
Ao mesmo tempo, à medida que o mercado amadurece, ele começa a se segmentar para atender a nichos específicos.
"Seguindo à tendência mundial, os wine bars no Brasil já estão buscando públicos específicos em suas propostas. Ou seja, já há no Brasil wine bars para os enófilos da mesma forma que existe para aqueles que buscam vinhos mais baratos, sem terem conhecimento aprofundado ou interesse aguçado pelo mundo do vinho”, aponta Isaac Azar.
Por outro lado, presença crescente do vinho no cotidiano do brasileiro, que um dia relacionou a bebida apenas à datas especiais, é mais um ponto em discussão.
“Com isso, cresce também o interesse por conhecer de onde ele vem, quem produz, como é feito. Há um movimento claro em direção ao consumo mais consciente – menos quantidade, mais qualidade. As pessoas estão mais abertas a provar novos estilos, explorar regiões menos óbvias e valorizar pequenos produtores”, completa Malizia.

Democratização na taça
Talvez o maior legado do movimento dos wine bars seja a sua capacidade de democratizar o acesso ao vinho.
“Os wine bars quebram a formalidade que por muito tempo afastou as pessoas do vinho. Ao permitir o consumo por taça, com uma boa variedade e equipe preparada para conversar, eles tornam o vinho mais acessível – tanto no preço quanto na experiência”, diz Rodrigo Malizia. “Cabe aos responsáveis dos estabelecimentos assumir um papel instrutivo para cativar o público de maneira orgânica”.
No fim, como resume Malizia, "democratizar não é simplificar, é incluir". E, ao incluir mais gente na conversa, os wine bars estão não apenas servindo taças, mas cultivando uma nova geração de amantes do vinho.
Curadoria com propósito
Se os wine bars são o palco, quais vinhos estão sob os holofotes? A resposta revela outra mudança de paradigma: a curadoria está se afastando dos rótulos famosos e das grandes marcas para focar em vinhos que contam uma história, que expressam um lugar.
"O que percebemos é um interesse crescente por vinhos autênticos – de produtores menores, com identidade forte e uma história por trás", relata Rodrigo Malizia. Ele observa que vinhos de menor intervenção, como os orgânicos e naturais, ganham espaço, mas não como uma mera tendência, e sim como parte dessa busca por caráter. "A busca não é por rótulos da moda, mas por vinhos bons de beber, com caráter e propósito", resume.
Como afirma Isaac Azar, “a seleção deve fazer parte do conceito escolhido para o negócio, de acordo com o tipo de público pretendido. Simples assim”.
Wine bars em São Paulo e no Rio
De um rodízio de vinhos em Pinheiros a endereços que com seleção 100% brasileira, reunimos 8 wine bars em São Paulo e no Rio de Janeiro que valem a visita.
São Paulo
Miya Wine Bar
O projeto do chef Flávio Miyamura funciona integrado a uma loja da importadora Grand Cru, o que se reflete diretamente na diversidade de sua carta de vinhos. O cliente pode escolher rótulos da prateleira para consumir nas mesas, mas também explorar as opções em taça, que podem incluir desde um rosé francês como o Estandon Brise Maritime até um tinto argentino como o Cobos Felino Malbec.

O diferencial está nas degustações temáticas, chamadas de Wine Flights, que permitem provar curadorias de diferentes uvas e regiões. Endereço: R. Padre Carvalho, 55 - Pinheiros
Bardega
Considerado o primeiro wine bar do Brasil, o Bardega opera com um sistema focado na autonomia do cliente. As paredes são preenchidas com máquinas Enomatic que conservam cerca de 100 rótulos e permitem que cada um se sirva em doses de 30ml, 60ml ou 120ml.

A seleção é ampla e rotativa, podendo apresentar desde um clássico Barolo italiano, como o Paolo Scavino Cannubi, a um rosé espanhol, como o Sonrojo Garnacha, dando liberdade total para a exploração de vinhos de diferentes partes do mundo. Endereço: R. Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 218 - Itaim Bibi
Bocca Nera
Se o Bardega é o primeiro wine bar do Brasil, o Bocca Nera carrega o título de primeiro rodízio de vinhos do país. Por um valor fixo, o cliente tem acesso a cerca de 15 rótulos que mudam com frequência, incluindo espumantes, brancos, rosés, tintos e vinhos de sobremesa.

A ideia é provar diferentes vinhos sem compromisso e sem uma ordem definida, com seleção de rótulos em constante mudança, o que faz com que a experiência seja sempre uma surpresa. Endereço: R. Mourato Coelho, 1160 - Pinheiros
Enoteca Nacional
A Enoteca Nacional tem como missão apresentar a diversidade do vinho brasileiro. O espaço na Bela Vista trabalha exclusivamente com rótulos nacionais, com foco em pequenos e médios produtores.

A seleção passeia pelo país, oferecendo desde um espumante gaúcho como o Hermann Lírica Crua, por exemplo, até um tinto do Vale do São Francisco, como o Rio Sol Alicante Bouschet, provando a qualidade e a variedade do terroir brasileiro. Endereço: R. Prof. Sebastião Soares de Faria, 32 - Bela Vista
Rio de Janeiro
Virtuoso
Comandado por um casal de baianos em Ipanema, o Virtuoso é dedicado aos vinhos naturais e de baixa intervenção. O ambiente une vinho, comida e música, com uma seleção de mais de 50 rótulos que muda constantemente, sempre com foco em produtores que seguem uma filosofia natural.

A carta é dinâmica, mas pode incluir vinhos de produtores de referência na cena, como os franceses da Les Terres Promises. Endereço: R. Gomes Carneiro, 130, Loja B - Ipanema
Libô
Em um casarão no Botafogo, o Libô se dedica exclusivamente a vinhos de produção sustentável, sejam eles orgânicos, biodinâmicos ou naturais. A carta, com cerca de trinta rótulos, reflete essa filosofia, oferecendo opções que fogem do convencional.

Entre as taças, portanto, é possível encontrar vinhos como o rosé argentino Mikron, feito com as uvas Malbec e Aglianico, ou um branco austríaco como o Rosza, do produtor Koppitsch. Endereço: Rua Conde de Irajá, 90 - Botafogo
Casa Tão Longe, Tão Perto
O wine bar, que nasceu em São Paulo, levou ao Rio o conceito até então inédito na cidade carioca de vinhos servidos em torneiras. A proposta da casa é sustentável, mas descomplicada: oferece opções de vinhos brasileiros, todos de pequenos produtores, diretamente dos taps.

A seleção é rotativa, mas frequentemente inclui rótulos de vinícolas como a gaúcha Dom Dionysius ou a catarinense Vivente, permitindo provar vinhos sempre frescos, seja em taça ou enchendo um growler para levar. Endereço: R. Fernandes Guimarães, 93 - Botafogo
Cave Nacional

Com uma adega de mais de 250 rótulos, a casa em Botafogo oferece um bom panorama da vinicultura nacional. O portfólio inclui vinhos de todo o país e de diferentes perfis, desde um tinto da Campanha Gaúcha, como o Almaúnica Super Premium Cabernet Franc, por exemplo, até exemplares de uvas menos comuns no Brasil, como o Peculiare Saperavi. Endereço: R. Dezenove de Fevereiro, 151 - Botafogo
Quanto custa comer a ‘comida de avião estrelada’ da Air France em Paris?
Com menu completo que inclui bebidas, o restaurante temporário da companhia aérea fica no rooftop das Galeries Lafayette e traz pratos assinados por um chef francês dono de 3 estrelas Michelin
Rafael Cagali, chef brasileiro que virou referência em Londres, mira agora em São Paulo e Brighton
De Bethnal Green à Vila Olímpia: chef brasileiro consagrado em Londres, Rafael Cagali, anuncia novos projetos em Brighton e na capital paulista.
Origem, destino: o futuro do restaurante que levou Salvador ao topo da gastronomia brasileira
Fabrício Lemos e Lisiane Arouca transformaram união em identidade e voltaram às raízes baianas com o Origem; hoje entre os melhores do Brasil, eles preparam seus próximos passos
Maido: como é a experiência no melhor restaurante do mundo, em Lima, no Peru
Elevando a cozinha Nikkei, espaço do chef Mitsuharu “Micha” Tsumura foi eleito o melhor do mundo em 2025; aqui, contamos o porquê
Na mesa com Alex Atala: menu comemorativo do D.O.M. entra nas últimas (e melhores) semanas
Com ajuda do concierge exclusivo do Cartão Ultrablue BTG Pactual, conseguimos uma reserva no restaurante estrelado de Alex Atala, que oferece até o fim de agosto seu menu degustação de 25 anos; em conversa com o chef, ele nos guia pelos sabores e bastidores do cardápio
Melhores restaurantes para tomar vinho no mundo: 11 brasileiros entram em ranking de revista especializada
Restaurant Awards da Wine Spectator reconhece restaurantes com boas cartas de vinho e serviço de qualidade
Vinho de Meghan Markle esgota em 1h; confira outras celebridades que também estão brindando ao sucesso
Com lançamento de rosé esgotado, duquesa de Sussex entra para a realeza das celebridades que fazem sucesso entre taças
Dois dos três melhores restaurantes do mundo para tomar vinho estão… nos Estados Unidos? Entenda
Estabelecimentos recebem o Grand Award da Wine Spectator, o prêmio de mais alto prestígio da publicação
Benedita, a cozinha que fez Noronha entrar no mapa das premiações nacionais
No restaurante de Dario Costa, brasa e mar conduzem uma experiência que agora ganha reconhecimento além da ilha
Vinhos para churrasco: 16 rótulos para surpreender além do Malbec e Cabernet Sauvignon
De tintos marcantes a brancos e rosés inesperados, sommeliers indicam vinhos e harmonizações para cada tipo de carne na brasa
Vermute conquista nova geração com produções artesanais e casas especializadas; veja onde provar no Rio e em São Paulo
De coadjuvante a estrela, a bebida ressurge em casas especializadas no Rio e em São Paulo, ganhando produções artesanais com toque brasileiro
Maido, do Peru, é eleito o melhor restaurante do mundo no 50 Best 2025; e tem um brasileiro na lista…
Celebrando aa cozinha Nikkei, espaço do chef Mitsuharu “Micha” Tsumura em Lima driblou favoritos europeus e confirmou favoritismo em cerimônia que aconteceu nesta quinta-feira (19), em Turim, na Itália
50 Best 2025: Espanha, Brasil e as previsões para o ranking dos melhores restaurantes do mundo
Os favoritos, as surpresas e as quedas que mudam o jogo da gastronomia mundial: o que esperar da lista dos melhores restaurantes de 2025
Bangkok no prato: a gastronomia da cidade com a melhor chef do mundo em 2025
Pichaya “Pam” Soontornyanakij, ou simplesmente Chef Pam, a melhor chef mulher do mundo em 2025, nos conduz pela gastronomia e pelos contrastes vibrantes da Tailândia
O renascimento do Martini: 10 bares em São Paulo para revisitar o drink do momento
Ícone da coquetelaria, o Martini aparece repaginado sem abrir mão da aura clássica; entenda a Martineissance e descubra onde provar diferentes versões do drink
Temporada de trufas negras começa e ingrediente vira destaque em cardápios em São Paulo; veja onde comer
Mais frequente desde o fim de maio, trufa negra estivo tem sabor mais suave, mas é tipo mais comum em cardápios, mesmo a um oceano de distância de suas origens europeias; confira onde comer em SP
Café é o novo vinho? Um papo com o único brasileiro entre as melhores cafeterias do mundo
Gabriel Penteado, da premiada Cupping Café, explica as semelhanças e as diferenças entre os wine e os coffee lovers
4 restaurantes brasileiros estão entre os 100 melhores do mundo; veja quais
A lista estendida da 50 Best foi revelada nesta quinta-feira (5); a seleção completa será lançada no dia 19 de junho
A fantástica fábrica de chocolates (turcos): uma noite na segunda maior produtora do mundo
Em meio a um momento de atenção na indústria global de chocolates, uma imersão no luxo doce da Altınmarka, a segunda maior fábrica do segmento do mundo, em Istambul
No Japão, obsessão por prato único virou especialidade — e tem lotado restaurantes
Em redes bilionárias ou na comida de rua, menus de um só prato fazem sucesso (e geram filas) de Tóquio a Fukuoka