Um dos maiores produtores de petróleo do mundo pode ser o primeiro país a ‘extinguir’ os carros a gasolina; o que explica esse fenômeno?
Políticas consistentes de longo prazo são o motivo do sucesso da mobilidade verde neste país de 5,5 milhões de habitantes

Em apenas 14 anos, este país viu os carros elétricos saírem de 1% para 88,9% do total de vendas de automóveis. O que pode parecer até mesmo paradoxal, porque o mesmo país tem reservas significativas de óleo e gás e é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo.
E mais: a tendência dos EVs (carros elétricos, na sigla em inglês) não dá nenhum sinal de desaceleração. Nas primeiras semanas de 2025, um órgão oficial publicou que mais de 96% dos veículos vendidos no país eram elétricos.
Com isso, esta pequena nação de apenas 5,5 milhões de habitantes está no caminho para se tornar o primeiro país do mundo a “extinguir” os carros a gasolina e a diesel e fazer a transição completa para a mobilidade elétrica.
Qual é o país em questão? A Noruega.
Não dá para dizer que foi “do nada”: esta já era uma meta estabelecida pelo governo em 2017.
A expectativa é que, até o final deste ano, os EVs representem entre 95% e 100% das vendas automotivas.
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Há tanta esperança para o atingimento desse marco que os noruegues vão comemorar antecipadamente: segundo a secretária-geral da Associação Norueguesa de Veículos Elétricos (NEVA, na sigla em inglês), Christina Bu, vários políticos e stakeholders da indústrias já estão convidados para uma festa no dia 13 de fevereiro para celebrar o marco.
Em entrevista para a CNBC, a secretária-geral aproveitou para dar uma alfinetada em Donald Trump. “Em tempos como esse, com Trump tirando os Estados Unidos dos acordos climáticos e tudo mais, eu acho que precisamos celebrar essas conquistas.”
- Vale lembrar que, mais uma vez, Donald Trump retirou os EUA do Acordo de Paris e revogou a ordem executiva que determinava que os veículos elétricos deveriam representar 50% das vendas de carros até 2030.
Somente 8,1% dos carros vendidos nos EUA em 2024 eram elétricos, de acordo com dados da Cox Automotive. O número representa um aumento singelo de 0,3 pontos percentuais em relação a 2023.
Já no Reino Unido, a porcentagem sobe para 20%. Ainda no contexto europeu, a Alemanha acabou abruptamente com os subsídios para EVs no final de 2023, a fins de ajuste fiscal.
O que fez a Noruega ‘dar certo’ na mobilidade elétrica?
Segundo o ministro dos transportes da Noruega, Cecilie Knibe Kroglund, o segredo para o sucesso do país escandinavo na transição elétrica foram as políticas consistentes de longo prazo para apoiar a adoção dos carros elétricos pela população.
- Alguns exemplos de incentivos dados aos EVs na Noruega: isenção de IVA, descontos em impostos rodoviários e de estacionamento e acesso a faixas exclusivas de ônibus; o governo também investiu fortemente em infraestrutura de carregamento público, e muitos noruegueses podem carregar os carros em casa.
“Toda a nossa sociedade passou por uma mudança de mentalidade. Não é como se os noruegueses fossem mais ‘verdes’ ou mais propensos a fazer esse tipo de coisa do que os outros. Foram as políticas que fizeram isso e as pessoas entenderam rapidamente e mudaram a visão [sobre os carros elétricos]”, comenta Christina Bu, da Associação Norueguesa de Veículos Elétricos.
Para Kroglund, essas mudanças marcam um “novo normal” para o país escandinavo.
"O transporte é uma parte importante da resposta para soluções amigáveis ao clima. Portanto, precisamos garantir que parte do sucesso que tivemos com carros possa ser utilizado em outras áreas do setor de transporte”, comentou em entrevista à CNBC.
Por esse motivo, as políticas devem continuar firmes: ainda em 2025, a Noruega quer fazer uma transição completa para ônibus elétricos, e 75% dos veículos pesados devem ser movidos por energias renováveis até 2030.
Em suma, o “segredo” está mais em impulsionar o uso dos EVs do que em proibir os veículos movidos a combustão.
Esta atitude vai contra as políticas adotadas pela União Europeia, que pretende proibir a venda de carros a diesel e a gasolina em 2035.
Nesse contexto, é também importante lembrar que o bloco econômico está em um embate judicial com várias montadoras – incluindo Tesla, BYD e BMW – sobre as tarifas de carros elétricos produzidos na China e importados para o continente europeu. Leia mais sobre isso aqui.
* Com informações da CNBC.
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