Ivan Sant’Anna: Trumponomics e o impacto de um erro colossal
Tal como sempre acontece, o mercado percebeu imediatamente o tamanho da sandice e reagiu na mesma proporção
É evidente que o presidente Donald Trump, na última quarta-feira, dia 2 de abril, cometeu um erro colossal. Tal como sempre acontece, o mercado percebeu imediatamente o tamanho da sandice e reagiu na mesma proporção.
O índice S&P 500, por exemplo, já devolveu quase dois anos de ganhos.
Para que se possa entender melhor o panorama econômico atual, vou retroagir os fatos até os anos pós-Segunda Guerra, incluindo a primeira metade da década de 1950.
Estados Unidos: de donos do parque a consumidores
Naquela época, com a Alemanha, o Japão, e mesmo a Grã-Bretanha, ainda em trabalho de reconstrução, o parque industrial do planeta se concentrava nos Estados Unidos.
A China era ainda uma nação agrícola – agricultura de subsistência, bem entendido – que mal produzia o suficiente para alimentar sua enorme população. A Índia, um enorme favelão.
Aqui no Brasil, tudo que a gente comprava de bens de consumo durável vinha dos Estados Unidos.
Leia Também
Geladeiras, rádios, vitrolas, televisões, aspiradores de pó, máquinas de lavar roupa Made in USA.
Automóveis, nem se fala. Nas ruas do Rio e São Paulo, assim como nas grandes cidades de todo o mundo, trafegavam reluzentes Cadillacs “rabo de peixe”, Oldsmobiles, Buicks, Fords, Lincolns, Dodges, Chryslers, Studebakers, todos eles de seis ou oito cilindros.
Quem não podia pagar caro por um carro, adquiria um modelo inglês. Austins, Morris, Hillmans, de porte pequeno e médio e apenas quatro cilindros.
Pois bem, o tempo foi passando. Alemanha e Japão se recuperaram. A característica da indústria germânica era produzir bens de alta qualidade, tais como carros Mercedes Benz e máquinas fotográficas Leica.
Já os japoneses partiram para a produção de artigos baratos, característica essa que seria herdada pela China e, mais tarde, por Malásia, Filipinas e outros países asiáticos.
É evidente que o superávit comercial dos Estados Unidos foi diminuindo até que se transformou em déficit.
Reagan x Trump
O primeiro presidente norte-americano a se preocupar com isso foi Jimmy Carter (1924/2024). Em sua campanha eleitoral, um dos seus motes era:
“Os americanos têm dois carros na garagem. Um deles, fabricado em Detroit, está parado por causa do preço da gasolina. O outro, japonês, é o que a família usa.”
Carter não conseguiu se reeleger por causa, entre outras, da maneira como lidou com a crise dos reféns da embaixada americana em Teerã. Foi derrotado pelo ex-governador da Califórnia Ronald Reagan (1911-2004) por esmagadora vantagem no Colégio Eleitoral: 489 a 49.
Em seu discurso inaugural, Reagan disse tudo que Donald Trump hoje demoniza. Falou que abriria o comércio a todas as nações e que as empresas americanas que não soubessem enfrentar a concorrência que saíssem do mercado.
Sua política econômica deu tão certo que até virou substantivo: Reaganomics. Mais tarde, surgiu na Grã-Bretanha o Thatcherism, alusivo à versão inglesa de igual liberalismo, aplicada por Margaret Thatcher (1925-2013).
Em 1984, os eleitores americanos deram à reeleição de Ronald Reagan um tom ainda mais acachapante: 525 a 13 contra Walter Mondale. Reagan só perdeu em Minnesota (estado natal de seu adversário) e em Washington DC.
Enquanto isso, o déficit da balança comercial americana continuou se elevando. Mas os demais países compensavam seus superávits aplicando suas reservas em títulos do Tesouro americano.
Desse modo, o déficit comercial dos Estados Unidos era compensado por seu superávit financeiro, equilibrando a balança de pagamentos, que é o que importa no final.
O que Trump deveria fazer
É evidente que alguns países e/ou blocos são extremamente protecionistas.
O Japão, por exemplo, abre cotas para importação de arroz, mas rejeita os produtos que lá chegam por “razões sanitárias”.
Não adianta os Estados Unidos desvalorizarem o dólar para serem competitivos com a China porque estes atrelam o yuan à moeda americana.
Nesses casos, nada como uma boa conversa tête-à-tête com o competidor:
“Vocês tratem de comprar Boeings ao invés de Airbuses ou eu estabeleço uma cota para os seus automóveis.”
“Importem mais soja e milho dos Estados Unidos. Caso contrário, vamos sobretaxar seus laptops, tablets e smartphones.”
É assim que as coisas funcionam. Se surgem dúvidas, os litigantes apelam à OMC (Organização Mundial do Comércio).
O que não pode, e isso que me faz perder toda a confiança na administração Donald Trump, é criar uma fórmula idêntica para todos os países de modo a zerar o déficit comercial norte-americano.
Rolex “made in USA”? Nem pensar...
O curioso é que o “gênio” que desenvolveu aquela equação que todo mundo viu na TV não levou em conta a particularidade de cada caso.
Lesoto, por exemplo, uma nação paupérrima do sudeste africano, foi taxada em 50%. Isso porque não compra nada dos Estados Unidos e vende para os americanos quase toda sua produção de diamantes.
Acontece, mister Trump advisor, que diamantes são produtos que agregam à riqueza do país. Produtos eternos, por sinal, como demonstrava James Bond.
Não adianta os mineradores do Lesoto transferirem suas minas para o Arizona ou o Novo México. Porque nesses dois estados americanos não existem diamantes.
Vejamos o caso de outro país, agora uma nação ultradesenvolvida. Estou me referindo à Suíça. Não há a menor hipótese de a Rolex ou a Patek Philippe se mudarem para a América.
Dois países ficaram de fora do pacotão. Refiro-me, obviamente, ao Canadá e ao México. É que para eles as taxas aduaneiras já haviam sido fixadas em 20%. A não ser, é claro, que as indústrias automotivas que têm plantas lá as levem para os EUA.
Alguém, em sã consciência, acha que empresas como a General Motors, a Ford, a Chrysler e a Toyota vão desmontar suas linhas de montagem mexicanas e canadenses e transferi-las para Detroit ou qualquer polo americano?
Lógico que não. Eles sabem que o mandato de Donald Trump durará no máximo três anos e dez meses. Isso se os republicanos não perderem sua maioria no Senado e na Câmara dos Representantes nas midterm elections do ano que vem, caso em que Trump se tornará uma espécie de rei da Inglaterra.
A fórmula do Trumponomics
Quando Trump e seus matemáticos elaboraram a fórmula das alíquotas para expô-la no Jardim das Rosas da Casa Branca, levaram em conta um número que julgaram importantíssimo.
Refiro-me ao superávit comercial que cada país tem com os Estados Unidos.
Só que, de repente, um deles descobriu:
“Ih, caramba, o Brasil, a Austrália e a Grã-Bretanha têm déficit conosco. A persistir essa fórmula, vamos ter de criar uma taxação negativa para esses três países.”
“Não tem problema”, disse outro, nesse meu diálogo imaginário. “A gente cria uma taxa mínima de dez por cento.”
Em meu juízo, foi mais ou menos assim que a nação mais rica do mundo criou a Trumponomics, uma teoria econômica feita nas coxas, com o perdão da má palavra.
ASSISTA TAMBÉM: TRUMP ATACA: O que você PRECISA SABER sobre a GUERRA DE TARIFAS e como PROTEGER seus INVESTIMENTOS
Israel diz ter matado líder militar do Hezbollah em ataque a Beirute, no Líbano
Este foi o primeiro ataque israelense ao território do Líbano desde junho; Hezbollah fala em “escalada de ataques”
Final da Copa Sul-Americana 2025: veja horário e onde assistir a Atlético-MG x Lanús
Atlético-MG x Lanús decidem a Sul-Americana 2025 neste sábado, em Assunção; veja como chegam os finalistas e onde assistir
Ata do Fed revela que muitos dirigentes queriam manter juros inalterados até o fim do ano e alerta para risco nas ações de tecnologia
Dirigentes divergiram na última reunião sobre a necessidade de novos cortes nas taxas de juros, citando inflação elevada
O novo menor país da história a disputar uma Copa tem o tamanho de Curitiba e não tem nenhum jogador nascido em seu território
Com apenas 158 mil habitantes e 444 km², Curaçao se torna o menor país a disputar uma Copa — e o primeiro a chegar ao Mundial sem nenhum jogador nativo
O carro que definiu uma geração está de volta — e você não vai reconhecê-lo
O carro que dominou o país na passagem dos anos 1980 para os 1990 volta repaginado e pronto para disputar um novo mercado
Brasil x Tunísia: veja onde assistir ao amistoso e saiba o horário da partida
Confira onde e quando assistir ao amistoso entre Brasil x Tunísia, que faz parte da preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026
Antes de Atlético-MG x Lanús, estádio da final da Copa Sul-Americana 2025 virou palco de uma guerra por um território que também é do Brasil
Antes de receber Atlético-MG x Lanús na final da Copa Sul-Americana 2025, o Defensores del Chaco foi cenário de guerra, confronto territorial e reconstrução histórica
Casa Branca vê baixo risco de derrota sobre tarifas na Suprema Corte, diz Bessent
A decisão, aguardada para as próximas semanas, pode afetar cerca de US$ 200 bilhões em receitas alfandegárias já cobradas
EUA quer concluir acordo sobre terras raras com a China até o Dia de Ação de Graças, diz secretário do Tesouro
No mês passado, os EUA concordaram em não impor tarifas de 100% sobre as importações chinesas até fechar um novo acordo
Menos Apple (AAPL34), mais Google (GOGL34): Berkshire Hathaway vira a mão em sua aposta nas big techs
Essa foi a última apresentação do portfólio antes do fim da gestão de 60 anos de Warren Buffett como diretor executivo
EUA recuam em tarifas: Trump assina isenção para café, carne e frutas tropicais
A medida visa conter a pressão dos preços dos alimentos nos EUA e deve ser positiva para as exportações brasileiras
Ao som de música tema de Rocky, badalado robô humanoide russo vai a ‘nocaute’ logo na estreia; assista ao tombo
A queda do robô AIDOL, da Rússia, durante uma apresentação em uma feira de tecnologia gerou repercussão. A empresa responsável explicou o incidente e compartilhou a recuperação do humanoide
Sinais? Nave? Mistério? O que realmente sabemos sobre o cometa 3I/Atlas
Enquanto estudos confirmam que o 3i/Atlas apresenta processos naturais, rumores sobre “sinais” e origem alienígena proliferam nas redes sociais
A maior paralisação da história dos EUA acabou, mas quem vai pagar essa conta bilionária?
O PIB norte-americano deve sofrer uma perda de pelo menos um ponto percentual no quarto trimestre de 2025, mas os efeitos do shutdown também batem nos juros e nos mercados
Revolução ou bolha? A verdade sobre a febre da inteligência artificial
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, e Enzo Pacheco, analista da Empiricus, falam no podcast Touros e Ursos sobre o risco de bolha e a avaliação das empresas ligadas à IA
SoftBank embolsa US$ 5,8 bilhões com venda das ações da Nvidia — bolha nas ações de IA ou realização de lucros?
O conglomerado japonês aposta forte na tecnologia e já tem plano para o dinheiro que entrou em caixa
‘Fim do mundo’ por IA já assusta os donos de big techs? Mark Zuckerberg, Elon Musk e Jeff Bezos se dividem entre bunkers e planos interplanetários
Preparação para o “apocalipse” inclui bunkers luxuosos, ilhas privadas e mudança para Marte – e a “vilã” pode ser a própria criação dos donos das big techs
O adeus do oráculo: Warren Buffett revela em carta de despedida o destino final de sua fortuna bilionária
Essa, no entanto, não é a última carta do megainvestidor de 95 anos — ele continuará se comunicando com o mercado por meio de uma mensagem anual de Ação de Graças
Trump diz que irá investigar se empresas elevaram preço da carne bovina no país – JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3) estão entre os alvos
Casa Branca diz que JBS, Cargill, Tyson Foods e National Beef, controlada pela MBRF, são alvos da investigação. São as quatro maiores empresas frigoríficas do país
Este bilionário largou a escola com 15 anos, começou a empreender aos 16 e está prestes a liderar a Nasa
Aliado de Elon Musk e no radar de Donald Trump, Jared Isaacman é empresário e foi o primeiro civil a realizar uma caminhada espacial