🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

SD ENTREVISTA

Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê

Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China

Ricardo Gozzi
1 de maio de 2025
6:54 - atualizado às 9:25
Michael Every, estrategista global do Rabobank.
Michael Every, estrategista global do Rabobank. - Imagem: Divulgação

Todo mundo, em alguma medida, se considera especial. É duro ouvir o contrário. Seja no amor — ou na guerra comercial deflagrada por Donald Trump contra o mundo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Está enganado quem acredita que, buscando uma posição intermediária, vai poder se beneficiar duplamente da disputa geopolítica entre Estados Unidos e China. A avaliação é de Michael Every, estrategista global do Rabobank.

Mas não é só isso. Quem tentar esse caminho será pressionado a adotar uma posição. E isso inclui o Brasil.

“Ouço a mesma coisa em todos os países com os quais trabalho”, disse Every ao Seu Dinheiro.

“Em todos os lugares onde tenho clientes, eles dizem: ‘somos nós que temos condições de alcançar um meio-termo’. E eu digo: ‘Não, não, você não é especial e não tem como alcançar um meio-termo’.”

E a amostragem de Every é grande. Fundado na Holanda há mais de 120 anos, o Rabobank está presente em 35 países, onde opera quase 120 bilhões de euros (R$ 775 bilhões) em contratos de empréstimos aos setores de alimentação e agropecuária.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para o estrategista é um erro a direção de uma empresa ou o governo de um país acreditar que, diante do aprofundamento da guerra comercial, será possível lucrar vendendo para os Estados Unidos e para a China.

Leia Também

Mesmo a contragosto, será necessário escolher um lado nessa disputa.

Convencido de que os sucessivos déficits comerciais são o principal obstáculo entre os EUA e uma “era de ouro” da economia norte-americana, Trump força um reequilíbrio na tentativa de tornar o saldo norte-americano superavitário.

No primeiro segmento da entrevista, publicado ontem, Every qualificou a guerra comercial como uma tentativa dos Estados Unidos de mudar as regras de um jogo ainda em andamento para não sofrer uma derrota definitiva.

Segundo o estrategista do Rabobank, é preciso entender que Trump tem uma visão de mundo mercantilista.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Ele é um empresário. Empresários são, por natureza, mercantilistas. É uma questão de concorrência. Você vende menos, eles vendem mais, você está perdendo. Todo empresário pensa assim. E é assim que Trump vê o comércio internacional”, afirma ele.

Acontece que Trump não é o único mercantilista no pedaço.

“Todos falam sobre a ordem mundial baseada em regras, inclusive na China, mas ninguém fala que todo o sistema econômico é baseado em participação de mercado, não em lucratividade. Porque quando você controla 80% de um mercado, você controla esse mercado, o acesso aos bens”, afirma Every.

“A China está claramente nos beneficiando com bens baratos e, ao mesmo tempo, controlando toda a cadeia de suprimentos para que, no futuro, possa definir os termos que quiser”, disse ele.

Não à toa, o principal foco da guerra comercial de Trump é a China.

O problema é que a decisão tomada pela Casa Branca praticamente anula qualquer possível margem de manobra para quem tem relações comerciais tanto com Washington quanto com Pequim.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É possível adiar, empurrar com a barriga, mas não escapar. A própria China já advertiu seus aliados para que pensem duas vezes antes de fechar com os EUA.

Nesse sentido, o Brasil encontra-se em uma encruzilhada bastante delicada, especialmente no que se refere ao agro.

Em meio à sobretaxação acompanhada de retaliações, EUA e China chegaram a tarifas que, de lado a lado, superam os 100%. Em alguns casos, passam dos 200%.

Na prática, os dois países vivem um momento de embargo comercial de facto, enfatiza Every.

À primeira vista, parece um bom negócio para o Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nas últimas semanas, sem acesso ao mercado norte-americano, os chineses aumentaram substancialmente, por exemplo, a compra de soja brasileira.

De um lado, os agricultores norte-americanos se ressentem por pagarem parte importante da conta da guerra comercial de Trump.

De outro, os chineses precisam do grão. “A China não pode se dar ao luxo de permitir uma escassez de alimentos, e os Estados Unidos sabem disso”, afirma Every.

Segundo ele, dificultar o acesso de Pequim a energia e alimentos é uma maneira de pressionar a China a partir de uma perspectiva política real a um custo baixíssimo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nessa hipótese, diz Every, bastaria pagar uma indenização aos agricultores norte-americanos.

“Você compra a safra deles, guarda em um armazém, e a China não assina um cheque. Fácil”, afirma.

Mas e quanto ao Brasil?

Na hipótese de o Brasil querer continuar vendendo soja para a China, os EUA têm meios eficazes de dissuasão.

Em um extremo benevolente apontado por Every, Washington pode comprar a safra dos produtores brasileiros, estocar os produtos e financiar o desenvolvimento de indústrias capazes de produzir bens demandados pelos norte-americanos. Com a contrapartida de também comprar produtos dos EUA, claro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No outro extremo, Every lembra que Trump acaba de resgatar a Doutrina Monroe, uma política do século 19 por meio da qual todo o continente americano é considerado um “quintal dos Estados Unidos” por Washington.

“Você nem precisa fazer nada com a China. Basta para os Estados Unidos colocar um submarino ou estacionar um porta-aviões na costa do Brasil e dizer: ‘Não tente navegar para a China'. Nada acontece. O que você vai fazer? Tentar romper um bloqueio?”, especula Every.

O estrategista do Rabobank deixou claro que se trata de uma hipótese extrema, mas chamou a atenção para o fato de a América Latina estar longe o bastante da China para que a potência asiática possa projetar sua influência em uma situação assim.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
COISA DE FICÇÃO

Roubo no Louvre: bandidos levam joias em plena luz do dia, em assalto digno das aventuras de Arsène Lupin; veja o que foi levado

19 de outubro de 2025 - 12:45

Ladrões invadiram a Galeria de Apolo, no primeiro andar, e levaram nove peças; uma delas, a coroa da imperatriz Eugénie, foi encontrada danificada do lado de fora do museu

RETOMADA DO CONFLITO

Israel acusa Hamas de violar cessar-fogo e volta a bombardear Gaza

19 de outubro de 2025 - 10:40

Forças israelenses alegam que grupo terrorista atacou seus militares na área de Rafah, o que os militantes negam

UMA NOVA PANDEMIA VEM AÍ?

Variante da gripe detectada na China preocupa cientistas; conheça o vírus influenza D (IDV)

17 de outubro de 2025 - 14:44

Pesquisadores identificam “taxas alarmantes” de exposição ao vírus em humanos; origem é animal, mas estudo indica possível transmissão aérea entre pessoas

MOVIMENTO TECTÔNICO

O sertão vai virar mar: como é a vida no país que vai ser cortado por um novo oceano em formação

16 de outubro de 2025 - 14:49

Um novo oceano pode surgir na África, começando na Etiópia e avançando por países como Quênia, Tanzânia, Moçambique e África do Sul até transformar parte do continente em uma imensa ilha

Economia em alta

Ritmo chinês: conheça o país da América do Sul que vai crescer 4 vezes mais que o Brasil em 2025

15 de outubro de 2025 - 19:14

Enquanto o Brasil tenta acelerar o PIB, um vizinho do continente deve registrar expansão digna da China — quatro vezes maior que a economia brasileira

CULTO À PERSONALIDADE

Polêmica até no ‘cara ou coroa’: Como é a moeda de 1 dólar com a qual o Tesouro dos EUA quer homenagear Donald Trump

15 de outubro de 2025 - 12:47

Uma moeda, dois lados: de um, a independência americana; do outro, o rosto de Donald Trump.

IAs em guerra (de narrativas)

Inteligência artificial tem lado? As visões das IAs de EUA, China e UE para encerrar a guerra Rússia-Ucrânia

15 de outubro de 2025 - 9:21

DeepSeek, Mistral e ChatGPT respondem às mesmas perguntas sobre guerra e paz — e mostram que até a inteligência artificial pode ter lado

OPERAÇÃO NARCO BET

Por trás do luxo, esquema de R$ 630 milhões misturava apostas, criptomoedas e narcotráfico

14 de outubro de 2025 - 13:16

A Operação Narco Bet revelou como funcionava o esquema em que o dinheiro do crime circulava por plataformas digitais

PAZ NO ORIENTE MÉDIO

Juntos conseguimos o que muitos achavam que era impossível, diz Trump sobre fim da guerra em Gaza

13 de outubro de 2025 - 19:25

Em discurso nesta segunda-feira (13), o presidente norte-americano afirmou que, com a paz, inicia-se a reconstrução em Gaza, mas ponderou que “essa será a parte mais fácil”

PARALISAÇÃO

Essa cidade votou em peso em Donald Trump em 2024 — e agora é uma das que mais sofrem com o ‘shutdown’

13 de outubro de 2025 - 10:59

Shutdown expõe contradições em cidade que depende de empregos federais — e que ajudou a eleger Trump em 2024

ACORDO DE PAZ

A guerra em Gaza acabou, diz Trump. Entenda o que está por trás da negociação que pôs fim ao conflito de dois anos

13 de outubro de 2025 - 9:46

Após dois anos de conflito, Trump sela cessar-fogo entre Israel e Hamas e tenta consolidar legado diplomático no Oriente Médio

OLÉ

Argentina sai na frente do Brasil e anuncia projeto de data centers com a OpenAI, dona do ChatGPT

12 de outubro de 2025 - 17:46

Projeto da OpenAI em parceria com a argentina Sur Energy prevê investimentos de até US$ 25 bilhões na região da Patagônia

VAI COMEÇAR TUDO DE NOVO?

China reage à ameaça de tarifa de 100% de Trump: “Não queremos uma guerra tarifária, mas não temos medo de uma”

12 de outubro de 2025 - 12:13

A troca de acusações ameaça atrapalhar um possível encontro entre Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping e acabar com a trégua de uma guerra comercial 

VIAGEM À ITÁLIA

Lula tem encontro marcado com o papa Leão 14 nesta segunda-feira (13)

12 de outubro de 2025 - 10:45

Esta será a quarta vez que Lula se encontra com um papa desde o início de sua trajetória política

AMEAÇOU E CUMPRIU

Trump anuncia nova tarifa de 100% sobre importações da China, por postura ‘hostil’ e ‘sem precedentes’ do país asiático

10 de outubro de 2025 - 18:34

Ameaças de tarifas e críticas à China feitas por Trump na tarde desta sexta já haviam azedado os mercados em Wall Street

NA MESA COM OS EUA

Ministro brasileiro conversa com Marco Rubio e diz que delegação vai aos EUA negociar tarifaço

9 de outubro de 2025 - 16:34

Presidente Lula afirma que a conversa entre os dois inicia uma nova fase da relação comercial do Brasil com o país norte-americano

NA MADRUGADA DE NATAL

Como era o avião da Embraer (EMBR3) que Putin admite ter abatido no Cazaquistão

9 de outubro de 2025 - 16:30

Entenda o modelo de avião da Embraer (EMBR3) abatido pela Rússia no Cazaquistão, que deixou 38 mortos e gerou repercussão internacional

PAZ (IM)PERMANENTE?

Enfim, o cessar-fogo: Hamas declara fim da guerra com Israel sob garantias internacionais

9 de outubro de 2025 - 16:28

Em um discurso nesta quinta-feira (9), o chefe do Hamas afirmou que o grupo chegou a um acordo que visa a encerrar a guerra

NO AGUARDO

EUA: Fed diz que riscos para emprego justificam corte de juros, mas cautela com inflação continua a afetar opinião dos diretores

8 de outubro de 2025 - 19:00

Taxa de desemprego nos EUA atingiu o maior patamar em quase quatro anos, enquanto a inflação se afasta da meta de 2%

NA TRAVE

Quem são os brasileiros que chegaram mais perto do Prêmio Nobel até hoje

5 de outubro de 2025 - 10:15

Brasil segue sem um Nobel oficial, mas já teve um filho de estrangeiros nascido no Rio, um físico injustiçado e a primeira vencedora do “Nobel da Agricultura”

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar