O DeepSeek é o fim das big techs? O que muda para gigantes como Nvidia, Meta e OpenAI com a China no jogo da inteligência artificial
No episódio do Touros e Ursos, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre as repercussões causadas pela IA chinesa no mundo da tecnologia

Em um evento semelhante ao que o iPhone fez com o BlackBerry nos smartphones, um player “inesperado” no ramo da inteligência artificial (IA) causou alvoroço e preocupação entre as grandes empresas de tecnologia, especialmente as norte-americanas, nas últimas duas semanas.
O DeepSeek fez gigantes como Nvidia e Microsoft amargarem perdas intensas na bolsa de Nova York, na casa do trilhão de dólares.
Não só elas, mas também outras empresas de segmentos ligados indiretamente à IA – como o de energia e o de infraestrutura – também sofreram com a queda das ações.
Embora muitas já tenham se recuperado do baque inicial, a IA chinesa deixou uma pulga atrás da orelha dos investidores, que começaram a se questionar se este seria o fim das big techs.
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A vantagem competitiva das big techs
Por apresentar resultados semelhantes – e até melhores, em alguns casos – aos do ChatGPT, com menos custo e demanda energética, o DeepSeek também pôs em xeque uma questão fundamental em relação à IA.
É tão importante assim ter chips de altíssima capacidade e data centers gigantescos para fazer a tecnologia rodar?
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Para o CIO da Empiricus Gestão, João Piccioni, é importante pensar no número de usuários e na demanda pela tecnologia.
Para a IA chinesa, é mais fácil gastar menos atendendo um milhão de clientes, por exemplo, do que seria para a Meta, que precisa acomodar cerca de 3,3 bilhões de usuários.
“O ponto é que a gente não está colocando na conta o volume de uso que a gente vai precisar quando o mercado realmente começar a usar a tecnologia. A IA vai fazer mais parte da nossa vida do que a gente está achando”, diz.
Nesse sentido, a maior vantagem competitiva das big techs está no poder computacional que elas têm para atender a um grande número de pessoas.
“Definitivamente não é o fim das big techs”, afirma Piccioni.
Assista ao episódio completo clicando no player abaixo ou procure por “Touros e Ursos” na sua plataforma de áudio de preferência:
Andando sobre o ombro de gigantes
Para Piccioni, o DeepSeek colocou os concorrentes em uma “sinuca de bico”, mas ele não foi totalmente transformador.
Isso porque, apesar de fazer uma seleção de dados mais inteligente e demandar menos energia para um processamento mais veloz, ele se apoiou em tecnologias já existentes.
Portanto, os desenvolvedores chineses economizaram os milhões de dólares em treinamentos que empresas como OpenAI e Meta tiveram que usar para treinar seus respectivos modelos.
Em um processo chamado “distillation” (cuja tradução não é muito exata para o português), os novos modelos de linguagem aprendem com os passados.
“Não dá para falar que o DeepSeek não se apropriou desse aprendizado passado. É natural, é o que se espera de um processo evolutivo”, comenta o gestor.
As tendências para a tecnologia
Falando do que se pode esperar para o futuro da IA e da tecnologia no geral, o CIO da Empiricus Gestão vê um aumento da demanda por unidades de processamento (GPU) para atender os serviços de computação em nuvem e a chegada de novos players.
As empresas que estão desenvolvendo ferramentas de inteligência artificial devem se posicionar em diferentes áreas e segmentos.
Seja como for, ele acredita que o modelo ideal de IA é um que seja open source, ou seja, com código aberto – tal como o Llama da Meta e o próprio DeepSeek –, já que esse tipo de programação facilita a implementação em empresas e o uso dos desenvolvedores.
Nesse contexto, o mais ameaçado é o ChatGPT, que tem código fechado e precisa repensar o modelo de negócios para se manter relevante em uma indústria que vê novos players surgindo a cada segundo.
O desafio agora é não se tornar o “Blackberry da IA”.
É hora de cair fora do setor de tecnologia?
Seguindo à risca a máxima do mercado de “comprar ao som dos canhões e vender ao som dos violinos”, o CIO da Empiricus Gestão revelou que aproveitou a queda das techs para tomar mais risco e aumentar a parcela de ações em algumas carteiras.
“O evento da Nvidia abriu tantas oportunidades em outras ações que não dava para ficar de fora”, comenta.
Ele citou o aumento da exposição no setor de infraestrutura, em energia e em semicondutores, com destaque para a TSM e para a Micron Technology.
Piccioni também reforça que não vê nenhum sinal de bolha no ramo da inteligência artificial e assume estar otimista.
“Citando Howard Marks, quando você não tem nada inteligente a se fazer, o mais inteligente é não fazer nada. Querer encontrar uma bolha nesse segmento que está super otimista me parece querer ser inteligente demais nesse momento”, diz.
Na segunda parte do episódio, o convidado e os apresentadores Vinícius Pinheiro e Julia Wiltgen elegeram os touros (destaques positivos) e ursos (destaques negativos) da semana.
Entre os ursos, a Apple e a Microsoft, por conta dos balanços um pouco decepcionantes do quarto trimestre de 2024; o Canadá e o México, por conta das taxações de Donald Trump; e os fundos imobiliários, que estão sofrendo com o cenário macro.
Do lado dos touros, Mark Zuckerberg, pelo bom balanço da Meta; o dólar; e os novos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre.
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