🔴 IA CASH: AÇÕES DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA COM MAIOR POTENCIAL JÁ COMEÇARAM A SUBIR-  SAIBA MAIS

Ana Paula Ragazzi

EM REESTRUTURAÇÃO

Do fiasco do etanol de segunda geração à esperança de novo aporte: o que explica a turbulenta trajetória da Raízen (RAIZ4)

Como a gigante de energia foi da promessa do IPO e da aposta do combustível ESG para a disparada da dívida e busca por até R$ 30 bilhões em capital

Ana Paula Ragazzi
19 de agosto de 2025
6:04 - atualizado às 17:46
Imagem: SD com ChatGPT

A Raízen (RAIZ4), que atua na distribuição de combustíveis e na produção de etanol e açúcar, entrou oficialmente para a lista dos IPOs que não deram certo na bolsa brasileira no dia 13 de agosto passado, quando divulgou um prejuízo trimestral de R$ 1,8 bilhão

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A empresa, controlada pela Cosan e pela Shell, cada uma com participação de 44%, chegou à B3 em agosto de 2021 ainda em tempos de pandemia  e levantou R$ 6,9 bilhões para investir quase tudo em plantas de etanol de segunda geração (E2G)

Mas esse negócio claramente não deu certo e essa é a raiz da explicação para o desempenho do negócio e do papel desde a estreia na bolsa até aqui.

A ação da Raízen até subiu um pouco nos primeiros meses, mas, desde março de 2022, negocia abaixo do preço do IPO. Em quatro anos, a desvalorização acumulada é de 85,5%. 

O que aconteceu com o etanol de segunda geração?

O etanol de segunda geração é um biocombustível produzido a partir de resíduos da produção de etanol comum (E1G), como palha e bagaço de cana-de-açúcar ou milho.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao utilizar resíduos que antes iriam para o lixo, o E2G é produzido de forma mais sustentável e eficiente, permitindo maior produção sem elevação da área plantada. Essa foi uma ideia turbinada na pandemia.

Leia Também

“Alguns países têm restrições ou não compram o etanol por conta de preocupações com desmatamento, uso da terra e o impacto na produção de alimentos. Como o E2G é extraído de resíduos, ele acabaria com esse problema”, disse um analista.

“A ideia era reduzir a pegada de carbono e, em tese, atender esses compradores, dispostos a pagar um prêmio pelo produto. Mas o prêmio não se converteu, o custo das plantas foi maior do que o estimado, e o juro subiu”, segundo o analista. Quando a Raízen chegou à bolsa, a Selic estava em 5,25% ao ano. Hoje está em 15%. 

Um gestor disse que, simplesmente, o negócio não se mostrou viável: “A companhia fez investimentos gigantes nessa história, quando o pessoal ESG europeu estava abraçando árvore e pagando prêmio nesse E2G. Aí o Putin invadiu a Ucrânia, o preço da energia na Europa explodiu e o pessoal deixou de bobagem”, afirmou o profissional, que não está entre os entusiastas da pauta ESG nos investimentos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Reestruturação em andamento na Raízen mas ainda falta muito

No final do ano passado, a Raízen trocou seus principais executivos e começou uma reestruturação, amparada em corte de custos e também na venda de ativos.

Os resultados desse processo já vêm aparecendo, inclusive no último trimestre. No entanto, não chegam até a última linha do balanço, porque as despesas financeiras estão “comendo” todo o resultado. 

“A Raízen se endividou muito, fez um monte de projetos ruins, e não viu a concorrência do etanol de milho, que é muito mais barato de produzir. O etanol de segunda geração não deu em nada até agora, e aquele apelo da sustentabilidade ficou para trás. E, agora, a conta não fecha”, disse um gestor. 

No primeiro trimestre de seu ano-safra 2025/2026, de abril a junho, a empresa registrou alta de 56% na dívida líquida, que alcançou R$ 49,2 bilhões. Nesse período, a alavancagem passou de 2,3x para insustentáveis 4,5x.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No release de resultados, a Raízen disse que, para fortalecer a estrutura de capital e acelerar a desalavancagem, está, ao lado de seus acionistas controladores, “avaliando ativamente uma potencial capitalização”.

“As discussões estão em andamento, incluindo a possibilidade de um aporte de capital que poderá envolver os atuais ou novos acionistas, sem definição de termos ou garantia de conclusão da operação”, escreveu a companhia.  

“Esse é o grande ‘X’ da questão. A Raízen precisa resolver o problema da estrutura de capital para que o esforço operacional que já está fazendo se reflita em mais lucro e dividendos no longo prazo”, disse um analista.

Vem aí aumento de capital? Qual o tamanho do cheque

Um aumento de capital na Raízen já era dado certo pelo mercado. O problema é que a controladora Cosan não tem, hoje, condições financeiras de acompanhar a capitalização.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Pensar em dinheiro do controlador aqui é pensar no bolso da Shell. A Cosan só tem a franquia, o relacionamento, o nome para poder ajudar nas negociações”, disse o analista. Assim, a Cosan deverá ter a sua participação na empresa diluída. 

O cheque é grande. Um gestor calcula que a necessidade de capital da Raízen possa ser próxima a R$ 30 bilhões. A empresa vale hoje na bolsa R$ 10,7 bilhões. 

“Com a venda dos ativos, eles devem conseguir uns R$ 15 bilhões, contando os ativos na Argentina, que devem valer R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões, mais algumas outras usinas. Ainda faltariam de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões de novos recursos”, disse esse gestor. 

As notícias de jornal são de que haveria interesse de investidores estratégicos. No sábado, O Globo informou que a Petrobras estuda investir na Raízen, o que “marcaria sua volta ao setor de etanol, estratégia já anunciada por Magda Chambriard”. A petroleira, no entanto, negou a informação na noite desta segunda-feira (18).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Resolvendo a questão do endividamento, o mercado vê potencial para a retomada do negócio. 

“A margem do negócio de distribuição foi consideravelmente melhor do que o esperado pelo mercado. Isso mostra o esforço da administração de cortar custos. As despesas administrativas foram reduzidas em quase 20% desde que anunciaram a reestruturação até agora. Teve muita demissão e redimensionamento da companhia,” disse um analista.

“Ou seja, eles estão tentando fazer o que é possível para melhorar o resultado operacional. Estão ali tentando tirar umas coisas da cartola.”

O que analistas destacam do último balanço

Os analistas do Itaú BBA destacaram resultados melhores do que o esperado, mas com a piora nos indicadores de alavancagem.

Segundo o relatório do banco, a Raízen reportou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 1,9 bilhão, 12% acima das estimativas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O segmento de Etanol, Açúcar e Bioenergia (EAB) apresentou Ebitda 22% acima das projeções desses analistas, impulsionado por melhores preços realizados de açúcar (refletindo os hedges contratados). Além disso, o Ebitda da Mobilidade (distribuição) superou em 22% o estimado.

  • SAIBA MAIS: Receba uma carteira diversificada com recomendações de ativos para buscar ganho de capital apurada pela Empiricus Research; veja como

Os analistas do BTG Pactual, além da melhora operacional, destacaram a limpeza em andamento no balanço patrimonial, com a decisão da empresa de reduzir drasticamente as linhas de financiamento de capital de giro de curto prazo, como financiamento a fornecedores e adiantamentos de clientes, em troca de linhas de dívida de longo prazo (e mais baratas).

No entanto, eles também destacam que a Raízen precisa acelerar o processo de desalavancagem. O custo da dívida líquida foi de R$ 1,6 bilhão no trimestre (R$ 6,2 bilhões anualizado).

“Ajustar o capex, reduzir o negócio de trading e se desfazer de ativos não essenciais são passos positivos, mas provavelmente não suficientes. Por isso, vemos de forma positiva a mensagem no comunicado afirmando que a companhia avalia um aumento de capital”, escreveram os analistas do BTG.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E aí, a Raízen tem jeito?

“Se a Raízen voltar a ter foco no negócio que dá resultado, eles certamente voltarão a aparecer. O problema é que a empresa se distraiu e gastou demais com E2G e agora tem o problema da reestruturação. Mesmo com tudo isso, a operação vem melhorando”, disse um analista.

Para ele, o melhor caminho seria focar no negócio que dá mais certo: o de distribuição. “É daí que vem a parte mais relevante do Ebitda dela.”

Outro analista avalia que, nesse segmento, o negócio também é difícil, uma vez que as empresas estão às voltas com competição predatória, inclusive pela presença do crime organizado. A Raízen tem o licenciamento da marca Shell para atuar no Brasil, Argentina e Paraguai.

Um gestor alerta que, como não se sabe ainda o tamanho e as condições do aumento do provável aumento de capital, antes de pensar em investir em Raízen, é melhor ter mais clareza no cenário da operação e da reestruturação da empresa. “Hoje, para mim, é um ativo estressado”. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RISCO DE CRÉDITO

Alívio para o BRB (BSLI4): com polêmica compra do Master fora do jogo, Moody’s retira alerta de rebaixamento

3 de outubro de 2025 - 11:50

Com o sinal vermelho do BC para a aquisição de ativos do Master pelo BRB, a Moody’s confirmou as notas de crédito e estabeleceu uma perspectiva estável para o Banco de Brasília

AGRO É POP, AGRO É CASH?

SLC Agrícola (SLCE3) divulga novo guidance e projeta forte expansão na produção — mas BTG não vê gatilhos no horizonte de curto prazo

3 de outubro de 2025 - 11:20

Apesar do guidance não ter animado os analistas, o banco ainda mantém a recomendação de compra para os papéis

DESPEDIDA DA B3

Ações da Santos Brasil (STBP3) dão adeus para a bolsa brasileira nesta sexta-feira (3)

3 de outubro de 2025 - 9:11

A despedida das ações acontece após a conclusão de compra pela francesa CMA Terminals

SUPER SALTO

OpenAI, dona do ChatGPT, atinge valor de US$ 500 bilhões após venda de ações para empresas conhecidas; veja quais

2 de outubro de 2025 - 19:04

Funcionários antigos e atuais da dona do ChatGPT venderam quase US$ 6,6 bilhões em ações

COMPRINHAS

Mercado Livre (MELI34) é o e-commerce favorito dos brasileiros, segundo UBS BB; Shopee supera Amazon (AMZO34) e fica em segundo lugar

2 de outubro de 2025 - 18:43

Reputação e segurança, custos de frete, preços, velocidade de entrega e variedade de produtos foram os critérios avaliados pelos entrevistados

NOVA CANETA NA PRAÇA

‘Novo Ozempic’ chega ao Brasil graças a parceira entre farmacêuticas

2 de outubro de 2025 - 15:23

Novo Nordisk e Eurofarma se unem para lançar no Brasil o Poviztra e o Extensior, versões injetáveis da semaglutida voltadas ao tratamento da obesidade

QUEDA LIVRE

Ambipar (AMBP3) volta a desabar e chega a cair mais de 65%; entenda o que está por trás da queda

2 de outubro de 2025 - 14:58

Desde segunda-feira (29), a ação já perdeu quase 60% no valor. Com isso, o papel, uma das grandes estrelas em 2024, quando disparou mais de 1.000%, voltou ao patamar de um ano atrás

ALERTA BB

Banco do Brasil alerta para golpes em meio a notícias sobre possível concurso

2 de outubro de 2025 - 13:13

Comunicado oficial alerta candidatos, mas expectativa por novo concurso cresce — mesmo sem previsão confirmada pelo banco

ESTRATÉGIA EM FOCO

De São Paulo a Wall Street: Aura Minerals (AURA33) anuncia programa de conversão de BDRs em ações na Nasdaq

2 de outubro de 2025 - 11:29

Segundo a empresa, o programa faz parte da estratégia de consolidar e aumentar a negociação de suas ações na bolsa de Nova York

NOVO GUIDANCE

Oncoclínicas (ONCO3) traça planos para restaurar caixa e sair da crise financeira. Mercado vai dar novo voto de confiança?

2 de outubro de 2025 - 10:44

Oncoclínicas divulgou prévias e projeções financeiras para os próximos anos. Veja o que esperar da rede de tratamentos oncológicos

NOVO REVÉS

Mais uma derrota para a Oi (OIBR3): Justiça nega encerrar Chapter 15 nos EUA. O que isso significa para a tele?

2 de outubro de 2025 - 9:40

Para a juíza responsável pelo caso, o encerramento do processo “não maximizará necessariamente o valor nem facilitará o resgate da companhia”; entenda a situação

INSTABILIDADE NA TELE

Oi (OIBR3) falha na tentativa de reverter intervenção na alta gestão, mas Justiça abre ‘brecha’ para transição

2 de outubro de 2025 - 8:44

A decisão judicial confirma afastamento de diretores da empresa de telecomunicações, mas abre espaço para ajustes estratégico

SD ENTREVISTA

Retorno da Petrobras (PETR3, PETR4) à distribuição é ‘volta a passado não glorioso’ e melhor saída é a privatização, defende Adriano Pires

2 de outubro de 2025 - 6:05

Especialista no setor de energia que quase assumiu o comando da petroleira na gestão Bolsonaro critica demora para explorar a Margem Equatorial e as MPs editadas pelo governo para tentar atrair data centers ao país

SD ENTREVISTA

Diretora revela os planos do Bradesco (BBDC4) para atingir 1 milhão de clientes de alta renda no Principal até 2026

1 de outubro de 2025 - 19:46

Ao Seu Dinheiro, Daniela de Castro, diretora do Principal, detalhou os pilares da estratégia de crescimento do banco no segmento de alta renda

HISTÓRIA DE TERROR

WEG (WEGE3) vive momento sombrio, com queda de 32% em 2025 e descrença de analistas; é hora de vender?

1 de outubro de 2025 - 19:20

Valorização do real, tarifas de Trump e baixa demanda levam bancos a cortarem preços-alvos das ações da WEG

REPORTAGEM ESPECIAL

A Oi (OIBR3) vai falir? Decisão inédita no Brasil pôs a tele de cara com a falência, mas é bastante polêmica; a empresa recorreu

1 de outubro de 2025 - 18:55

A decisão que afastou a diretoria da empresa e a colocou prestes a falir é inédita no Brasil e tem como base atualização na Lei das Falências; a Oi já recorreu

ATERRISSANDO?

Azul (AZUL4) apresenta números mais fracos em agosto, com queda na receita líquida e no resultado operacional; entenda o que aconteceu

1 de outubro de 2025 - 17:37

A companhia aérea, que enfrenta uma recuperação judicial nos Estados Unidos, encerrou agosto com R$ 1,671 bilhão no caixa

EXAME POSITIVO

Dasa (DASA3) se desfaz de operações ‘prejudiciais à saúde’ e dispara até 10% na bolsa; o que avaliam os analistas?

1 de outubro de 2025 - 15:39

Ações da rede ficaram entre as maiores altas da B3 após o anúncio da venda das suas operações na Argentina por mais de R$ 700 milhões

SANGRIA NA BOLSA

Ambipar (AMBP3) tem pregão amargo após contratar BR Partners (BRBI11) para tentar sair da crise sem recuperação judicial

1 de outubro de 2025 - 13:01

A contratação da assessoria vem na esteira de dias difíceis para a Ambipar, que precisou recorrer à Justiça para evitar cobranças de credores. O que fazer com as ações agora?

NEGÓCIO FECHADO

Americanas (AMER3) fecha acordo para venda da Uni.Co à BandUP! por R$ 152,9 milhões

1 de outubro de 2025 - 12:08

Operação prevê pagamento inicial de R$ 20 milhões e parcelas anuais corrigidas pelo CDI

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar