DeepSeek: quem é o fundador da maior concorrente da OpenAI, que transformou seu hobby num negócio capaz de abalar Wall Street
Liang Wenfeng, fundador da DeepSeek, lançou um modelo de inteligência artificial generativa (IAG) gratuito e código aberto que fez com que a Nasdaq desabasse nesta semana
Ele é um sujeito comum, nascido de uma família simples em uma cidade pequena, como todos nós, mas gênio suficiente para ameaçar os bilionários ocidentais. É assim que o nome do chinês Liang Wenfeng, fundador da DeepSeek, circula de maneira heroica e completamente fugaz na Sina Weibo, o popular microblogging da China, de acordo com jornais internacionais.
Até então desconhecido, Wenfeng é o principal responsável pela empresa chinesa de Inteligência Artificial que na segunda-feira derrubou o índice Nasdaq, que lista as grandes empresas de tecnologia, abalou o mercado de negociações de criptos e fez as ações da Nvidia despencarem.
Isso tudo logo após lançar um modelo de inteligência artificial generativa (IAG) gratuito e de código aberto, capaz de igualar ou superar, por uma fração do custo, os sistemas de raciocínio mais avançados da OpenAI, como o ChatGPT 4.0.
Uma mudança tão brusca de cenário para o futuro da tecnologia pode até parecer acidental, afinal, deste lado do mundo a maioria dos mortais nada sabia sobre uma IA com este poder de fogo sendo desenvolvida pelos chineses.
Mas é que por trás da invenção está um empreendedor discreto, de 40 anos, focado demais em criar uma IA boa o bastante sem alardes — uma contradição levando em conta o barulho alarmante que tal lançamento fez pelo mundo assim que descoberto.
“A IA da China não pode continuar sendo uma seguidora para sempre”, disse Liang em uma rara entrevista a um jornal estatal chinês, acrescentando que as empresas chinesas se “acostumaram a alavancar inovações tecnológicas desenvolvidas em outros lugares”.
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“A China deve fazer uma transição gradual de beneficiária para contribuinte, em vez de continuar a aproveitar os benefícios dos outros.”
DeepSeek: de hobby à “força misteriosa do Oriente”
Natural da cidade de Zhanjiang, na província de Guangdong, no sul da China, Liang estudou quase do outro lado do país, ao leste, na província de Zhejiang, cidade de origem da gigante Alibaba e de outras empresas de tecnologia. Formou-se engenheiro eletrônico e concluiu o mestrado em engenharia de informação e comunicação pela Universidade de Zhejiang.
Depois de formado, Liang teria se mudado para Chengdu, Sichuan, com o conhecimento e a empolgação suficientes para experimentar diferentes maneiras de aplicar IA em vários campos. Não teve sucesso até tentar unir o tema das finanças às suas iniciativas.
Foi aí que ele decidiu cofundar o fundo de hedge quantitativo High-Flyer em 2016, que rapidamente ganhou reconhecimento por seu uso inovador de estratégias de negociação orientadas por IA.
Em 2021, a High-Flyer havia integrado totalmente a IA em suas operações, usando modelos de aprendizado de máquina para prever tendências de mercado e tomar decisões de investimento orientadas por dados. Os recursos levantados com o negócio deram a ele liberdade para investir em outros projetos paralelos — e foi assim que surgiu a DeepSeek.
Fundada em maio de 2023, a DeepSeek era tida como uma espécie de hobby por Liang, uma startup com necessidade de pouco investimento inicial que poderia lhe render algum dinheiro a longo prazo, nada de imediato. Algo que o engenheiro melhorava movido pela sua profunda curiosidade e compromisso com as pesquisas de desenvolvimento em inteligência artificial.
Sobre esta época, Liang disse em uma entrevista em um canal chinês que teria a seguinte conclusão: "Se você precisa encontrar uma razão comercial, ela pode não existir porque não vale a pena. De uma perspectiva empresarial, a pesquisa básica tem um retorno de investimento muito baixo”.
E, como outras startups de IA, a sua lançou uma série de modelos ao longo do ano, mas sempre com a desconfiança de investidores de que aquelas ideias poderiam “parar de pé”, não só financeiramente, como em termos de restrições de uso de dados pelo governo chinês.
Ao Financial Times, um dos parceiros de negócios de Liang relembrou como foram os primeiros contatos com o investidor.
“Quando o conhecemos, ele era um cara muito nerd com um penteado horrível falando sobre construir um cluster de 10 mil chips para treinar seus próprios modelos. Não o levamos a sério”, disse na entrevista ao jornal. “Ele não conseguia articular sua visão além de dizer: ‘quero construir isso, e será uma mudança de jogo’. Achávamos que isso só seria possível com gigantes como ByteDance e Alibaba”, acrescentou.
Corta para anteontem, e imagine na dimensão que a coisa tomou: a DeepSeek está hoje sendo chamada pelos jornais chineses de a “força misteriosa do Oriente”. Todos querem entender o que está por trás da empresa — até mesmo os conterrâneos de Liang.
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IA por um custo seis vezes menor
O impacto que a invenção do fundador da DeepSeek causou no Vale do Silício e em Washington está relacionado ao crescente poder da IA na China. Aliado à simplicidade, economia e rapidez com que a solução foi desenvolvida.
O aplicativo oferece funcionalidade semelhante ao popular chatbot ChatGPT da OpenAI, gerando respostas e textos às perguntas e pedidos feitos pelos usuários. A diferença está na quantidade de chips e energia necessária para o funcionamento da DeepSeek que, por sinal, é desde ontem o aplicativo mais baixado da App Store.
Um sucesso que poderia até ser maior, se não fosse o fato de o app ter sido alvo de ataques cibernéticos depois de sua repentina popularidade mundial, o que o obrigou a limitar temporariamente os registros gerados gratuitamente pela IA.
Até 2022, a High-Flyer tinha acumulado um cluster de 10 mil chips de processador gráfico A100 de alto desempenho da Nvidia, sediada na Califórnia, que são usados para construir e executar sistemas de IA, de acordo com uma publicação na plataforma de mídia social chinesa WeChat. Os EUA logo depois restringiram as vendas desses chips para a China.
A DeepSeek afirma ter desenvolvido e treinado seu novo modelo de inteligência artificial sem acesso a semicondutores de alto desempenho e com um investimento de algo entre US$ 5 milhões e US$ 6 milhões (entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões), um valor baixíssimo para o setor.
“A empresa precifica seus modelos a valores entre 20 e 40 vezes mais baratos que os equivalentes da OpenAI”, informa a gestora Bernstein em nota divulgada a seus clientes no domingo (26).
No rescaldo do impacto, até o CEO da OpenAI, Sam Altman, qualificou a façanha da DeepSeek como “impressionante”, chamou de “revigorante” o surgimento de um concorrente e prometeu novos lançamentos no ChatGPT.
O que pensa e o que motiva o criador do DeepSeek
A genialidade de Liang, como o chamaram hoje os editores do Business Insider, está levando a CGTN (China Global Television Network), canal de notícias da China em inglês, a produzir uma série sobre IA para se aprofundar no poder da inovação e seu impacto global.
Uma reportagem deste mesmo canal reuniu algumas frases ditas pelo engenheiro nas poucas e raras entrevistas concedidas por ele. Algumas delas são citadas a seguir para mostrar um pouco da linha de raciocínio desse investidor que está do outro lado do mundo.
Sobre o processo de desenvolvimento de uma IA, a importância disso para o futuro da tecnologia e da humanidade, ele diz:
"A essência da inteligência humana pode ser a linguagem; o pensamento humano pode ser um processo linguístico. Você acha que está pensando, mas pode estar, na verdade, tecendo a linguagem em sua mente. Isso implica que a inteligência artificial semelhante à humana (AGI) pode emergir de grandes modelos de linguagem”.
Em relação à concorrência da IA chinesa em relação aos outros países, Liang pensa que os melhores talentos na China são subvalorizados, mas que é possível atrair os melhores talentos do mundo se “habilidades fundamentais, criatividade e paixão são mais importantes. Dessa perspectiva, há muitos candidatos adequados na China.”
O perfil do DeepSeek no LinkedIn mostra que a empresa tem uma equipe de menos de 10 pessoas. Um membro teria sido caçado por Lei Jun, da Xiaomi, para trabalhar no desenvolvimento de IA em dezembro de 2024.
“O que mais atrai os melhores talentos é a chance de resolver os desafios mais difíceis do mundo… ao trabalhar nos problemas mais difíceis, nos tornamos atraentes para eles."
Para o gênio chinês, o mais importante para a China em relação à estratégia sobre o desenvolvimento de IA precisa estar mais conectado, não a por que fazer (relacionado a dinheiro), mas a como (relacionado a propósito e utilidade real).
"A liderança da NVIDIA não é apenas o resultado dos esforços de uma empresa; é a conquista coletiva de toda a comunidade e indústria tecnológica ocidental. Eles podem ver a próxima geração de tendências tecnológicas e ter um roteiro. O desenvolvimento de IA da China precisa de um ecossistema semelhante. Muitos chips domésticos não conseguem se desenvolver porque não têm uma comunidade tecnológica de suporte e dependem de informações de segunda mão. É por isso que a China deve ter pessoas na vanguarda da tecnologia", defende.
Nessa mesma entrevista, dada bem antes do lançamento da DeepSeek, Liang expressa o que pensa sobre a OpenAI e sobre o que a China ainda precisa superar para bater de frente.
"A inovação é cara e ineficiente — às vezes até mesmo um desperdício. Somente quando uma economia atinge um certo nível de desenvolvimento a inovação pode prosperar. Quando os recursos são escassos ou em indústrias não impulsionadas pela inovação, custo e eficiência são críticos. Veja a OpenAI; ela queimou muito dinheiro para chegar onde está".
Liang acredita que a China não pode continuar sendo uma seguidora da IA para sempre. Nas entrevistas, ele enfatiza a necessidade de a China mudar da imitação para a originalidade e construir seu próprio ecossistema tecnológico.
"Vemos que a IA da China não pode permanecer em uma posição de seguidora para sempre. Costumamos dizer que há uma lacuna de um ou dois anos entre a China e os EUA, mas a lacuna real é entre originalidade e imitação. Se isso não mudar, a China sempre será uma seguidora. É por isso que alguma exploração é inevitável".
*Com informações de CGTN, WSJ, Fortune e CNN
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