Casas Bahia (BHIA3): uma luz no fim do túnel. Conversão da dívida ajuda a empresa, mas e os acionistas?
A Casas Bahia provavelmente vai ter um novo controlador depois de a Mapa Capital aceitar comprar a totalidade das debêntures conversíveis em ações. O que isso significa para a empresa e para o acionista?

“É melhor você ter participação menor em um negócio que pode caminhar para uma melhora do que ter uma fatia mais gorda de uma empresa semi-falida”. É assim que Carlos Honorato, professor da FIA Business School, define a situação do acionista de Casas Bahia (BHIA3) hoje.
Isso porque, como parte do processo de reestruturação da empresa, a Mapa Capital deve se tornar acionista majoritária e assumir o controle da varejista a partir de agosto, diluindo significativamente o restante dos sócios.
Fundada em 2013, a Mapa Capital é uma gestora de investimentos brasileira especializada na gestão de participações e soluções para empresas em dificuldade ou em processo de reestruturação.
A gestora acertou um acordo com o Bradesco e o Banco do Brasil para adquirir todas as debêntures de segunda série da décima emissão das Casas Bahia. Com isso, ela será dona de todo o estoque de títulos conversíveis em ações, estimado em R$ 1,6 bilhão.
A Mapa já comunicou que pretende realizar a conversão das debêntures em ações ordinárias logo depois da efetivação da transferência. Assim, a gestora se tornaria majoritária na Casas Bahia e provavelmente irá assumir o controle da varejista. A companhia não divulgou qual seria o tamanho da fatia da Mapa depois desse processo.
No entanto, de acordo com os cálculos da analista Larissa Quaresma, da Empiricus, a participação seria de pouco mais de 80% e a diluição dos acionistas atuais seria da mesma magnitude.
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“Basicamente, estão comprando a companhia por meio da dívida”, explica Honorato.
Com isso, surgem algumas perguntas: o que esse processo significa para a empresa? E para o acionista? Além disso: o que fazer com os papéis BHIA3?
Para responder, além dos especialistas citados acima, o Seu Dinheiro também conversou com: Iago Souza, da Genial Investimentos, Paola Mello, sócia da GTI Administração de Recursos, e Rafael Ragazi, sócio e analista da Nord Investimentos.
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O que isso significa para a Casas Bahia?
Na visão dos analistas, esse movimento era necessário à sobrevivência da varejista.
Isso porque, por mais que a empresa estivesse fazendo avanços no processo de reestruturação, abrindo espaço para uma melhora operacional — com avanço do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e redução da alavancagem nos últimos trimestres —, havia dúvidas sobre a sustentabilidade disso.
“Essa melhora operacional era muito boa para o curto prazo, mas não acreditávamos na sustentação disso porque o impulso estava vindo do crédito. A Casas Bahia estava fornecendo mais crédito e, consequentemente, conseguindo diluir mais despesas fixas e melhorando a margem operacional”, explica Souza, da Genial.
No entanto, isso era visto com certo ceticismo, dado o cenário macroeconômico do país, com a Selic em 15% ao ano. Cabe lembrar que os juros elevados afetam diretamente a capacidade de pagamento dos consumidores, o que pode aumentar a inadimplência — e esse era justamente o temor dos analistas.
“No entanto, a conversão da dívida mexe exatamente onde dói para a Casas Bahia: o resultado financeiro”, explica Souza. Isso porque, mesmo com a melhora operacional, a empresa dá prejuízo. Com uma dívida bruta tão grande, não teria como ser diferente, segundo os analistas.
No primeiro trimestre de 2025, a empresa reportou prejuízo líquido de R$ 408 milhões. No mesmo período, a dívida bruta ficou em R$ 4,3 bilhões e a varejista teve que pagar R$ 554 milhões em juros. O custo da dívida é atrelado ao CDI, com um adicional de 1,27% ao ano.
Quando a Mapa converter esse R$ 1,6 bilhão em debêntures para ações, cerca de um terço da dívida deixa de existir porque esse valor será convertido em ações BHIA3. Além da dívida cair, o montante de juros pagos será reduzido na mesma proporção, ajudando a desafogar o resultado financeiro da Casas Bahia.
“Quando pensamos a nível de DRE [Demonstração do Resultado do Exercício], o efeito é de mais de R$ 160 milhões no ano”, diz Souza.
A visão dos analistas é que isso melhora as coisas para a empresa. “Esse processo é praticamente uma recuperação judicial, sem ser judicial. É como se eles se antecipassem ao conseguir um sócio para equalizar a parte financeira”, afirma Honorato.
No entanto, isso não significa que os problemas acabaram. “Mesmo depois da conversão, a Casas Bahia segue como uma empresa bastante alavancada. Então, é um avanço no processo de reestruturação, mas ajustes adicionais podem ser necessários”, explica Quaresma.
“A conversão de 100% da dívida também não significa que a Casas Bahia vai voltar a dar lucro. Mas isso era necessário para que a varejista se tornasse sustentável a médio prazo, porque o mercado já estava pensando que a empresa poderia não ter futuro”, ressalta Souza.
Além disso, a grande dúvida é sobre o que a Mapa pretende fazer com a companhia. Cabe lembrar que a gestora se comprometeu com um lockup gradativo de 16 meses, com a possibilidade de vender até 10% da posição no primeiro trimestre, mais 15% no segundo e assim por diante.
Isso significa que só será possível vender as ações compradas depois desse período, cláusula comum em operações dessa ordem.
Basicamente, isso evita que seja despejada uma enxurrada de ações no mercado, o que poderia derrubar violentamente o preço delas.
Isso aponta para um compromisso da gestora com a reestruturação. Basicamente, ao aceitar essa cláusula, a gestora indica que não está entrando no negócio para uma operação rápida e, sim, para conduzir uma potencial melhora da empresa.
“Trata-se de um voto de confiança negociado, tanto com os credores quanto com o mercado, de que há um plano sendo levado a sério”, afirma Honorato. Assim, resta saber quais são os próximos passos para a companhia.
E os acionistas?
Nesse cenário, os acionistas atuais serão bastante diluídos. E, na visão dos analistas, esse movimento é super positivo para a empresa, mas nem tanto para o acionista.
Para ilustrar, quando a Casas Bahia anunciou a conversão das debêntures no começo de junho, foi indicado que, caso toda a dívida fosse convertida em ações naquele momento, seria necessário emitir cerca de 330 milhões de novas ações. Isto representa uma diluição da ordem dos 80%.
Ninguém quer ser diluído, por isso a ação está caindo tanto desde o anúncio da conversão, apontam os analistas. A ação BHIA3 caiu quase 22% desde a notícia sobre a conversão, sendo negociada a R$ 3,14 até o pregão da última terça-feira (1).
Mas a recomendação é: se você já tem o papel, não é hora de pular fora.
Segundo um comunicado da Mapa Capital, a intenção é converter esses títulos em ações no final de agosto. E isso deve dar um novo horizonte para a empresa.
“A partir daí, o mercado começa a precificar de fato quanto vale a Casas Bahia nesse cenário. O que está acontecendo agora não tem nada a ver com o operacional; é só o fato de que ninguém quer ser diluído mesmo. Nós estávamos vendidos na ação, mas, com esse gatilho de conversão, nossa recomendação passou a ser para manter”, explica Souza.
Contudo, para quem está de fora, não é hora de entrar. O restante dos analistas e especialistas com quem conversamos concordam.
“As contas da empresa não oferecem espaço para imprevistos. A Mapa vai ter que estancar uma hemorragia ali”, diz Mello, da GTI Administração.
No entanto, ela afirma que existe luz no fim do túnel — mesmo que seja quase impossível de enxergar. “Se o novo controlador fizer algo fora do radar para levantar dinheiro, como vender a Bartira [fábrica de móveis do grupo], por exemplo, uma empresa que está precificada como quebrada no mercado, pode mostrar uma valorização expressiva”.
Apesar disso, ela ainda recomenda que o investidor espere o decorrer dos próximos capítulos.
“Eu prefiro assistir de fora e ver como a história evolui aqui, torcendo para que eles consigam salvar a empresa, porque depois do evento Americanas, a última coisa que a gente precisa é ter mais uma empresa em dificuldade financeira, né?”, conclui Mello.
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