Bradesco (BBDC4) salta 15% com balanço mais forte que o esperado, mas CEO não vê ‘surpresas arrebatadoras’ pela frente. Vale a pena comprar as ações?
Além da surpresa com rentabilidade e lucro, o principal destaque positivo do balanço veio da margem líquida — em especial, o resultado com clientes. É hora de colocar BBDC4 na carteira?

O Bradesco (BBDC4) começou o ano com o pé direito, entregando um balanço acima das expectativas do mercado, com lucratividade forte, aumento de receitas e crescimento considerável de rentabilidade — tudo isso com inadimplência e provisões praticamente estáveis ano contra ano.
“Nós estamos olhando para frente. Estamos perseguindo rentabilidades crescentes, lucro líquido crescente de maneira gradual, step by step. Estamos com o pé no chão, mas com aumento de rentabilidade”, disse Marcelo Noronha, CEO do banco, em coletiva com jornalistas.
- VEJA MAIS: A temporada de balanços do 1T25 começou – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
Não à toa, as ações do bancão operam em forte alta na bolsa brasileira no pregão desta quinta-feira (8). Por volta das 11h10, os papéis BBDC4 avançavam 15,11%, negociados a R$ 15,87. Desde o início do ano, a valorização chega a 36%.
Veja as principais linhas do balanço do Bradesco (BBDC4) no 1T25:
Indicador | Resultado 1T25 | Projeções - Bloomberg | Variação (a/a) | Evolução (t/t) |
---|---|---|---|---|
Lucro Líquido | R$ 5,9 bilhões | R$ 5,308 bilhões | +39,3% | +8,6% |
ROAE | 14,4% | — | +4,2 p.p. | +1,7 p.p. |
Margem financeira líquida | R$ 17,2 bilhões | — | +13,7% | +1,4% |
Carteira de crédito ampliada | R$ 1 trilhão | — | +12,9% | +2,4% |
Os destaques do balanço forte no 1T25
Para o BTG Pactual, o balanço do Bradesco (BDC4) no primeiro trimestre de 2025 fornece uma imagem mais favorável para o banco desde o início do ciclo de reestruturação da empresa.
Segundo os analistas, além da surpresa com o ROAE e o lucro líquido, o principal destaque positivo do resultado foi a margem líquida ajustada ao risco, que veio acima do esperado.
O resultado da tesouraria também veio melhor que o esperado no trimestre — apesar de ter apresentado queda de 26,7% na base anual. Para Noronha, a justificativa da performance é o trabalho realizado na gestão de ativos e passivos (ALM).
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“Essa margem com o mercado até foi uma surpresa, porque, com a taxa de juro muito alta, no primeiro momento o resultado com gestão de ativos e passivos (ALM) é mais pressionado. Mas a nossa equipe de tesouraria é muito boa. Em um mercado que tem uma volatilidade elevada como o brasileiro, sempre tem a oportunidade de fazer posição não só com o trading, mas também com ALM”, disse Noronha, em conversa com a imprensa.
“Como esperado, a alta da Selic pressionou os resultados de gestão de ativos e passivos, mas menos do que o previsto”, avaliou o BTG Pactual.
Na avaliação do JP Morgan, a surpresa com o lucro foi justamente impulsionada pela melhora da margem líquida e por tendências positivas de despesas gerais.
“Apesar de o ROE ainda estar abaixo do custo de capital e da visibilidade limitada sobre os impactos da nova resolução 4.966 em diversas linhas do balanço, a maioria das tendências foi melhor que o esperado”, avaliou o banco norte-americano.
Para o JP Morgan, o único ponto negativo do balanço foi o funding, especialmente a queda de 1,3% nos depósitos de clientes em relação ao trimestre anterior, com crescimento de apenas 3,9% na base anual — bem abaixo da evolução da carteira de crédito.
Enquanto isso, o BB Investimentos (BB-BI) avalia que "o Bradesco não tomou conhecimento do contexto sazonalmente mais fraco tradicional dos primeiros trimestres no setor e apresentou um conjunto de avanços mais sólido do que o esperado".
"O salto quantitativo do Bradesco neste trimestre marca uma virada mais contundente para o banco", escreveram os analistas, que preveem uma retomada mais visível da rentabilidade com despesas controladas.
No entanto, o BB-BI alerta para um cenário de potencial elevação da inadimplência no setor. "Ainda que nenhum banco sinalize nada próximo de uma possível crise, a palavra de ordem é cautela."
Sem grandes surpresas no Bradesco daqui para frente
A XP Investimentos também foi pega de surpresa com o balanço mais forte que o previsto do Bradesco (BBDC4), que acelerou a trajetória de recuperação, com melhoria da lucratividade por meio da margem líquida com clientes.
A melhora no indicador é reflexo de uma originação de empréstimos mais forte com um mix mais saudável e custos de financiamento mais baixos, segundo analistas.
“Embora o banco transmita uma mensagem de cautela, priorizando o crescimento lucrativo em um ritmo mais lento, ele destacou neste trimestre que as receitas estão crescendo mais rápido do que as despesas, a carteira de crédito está se expandindo com segurança, resultando em taxas de inadimplência e custos de crédito controlados, e o plano de transformação está sendo executado em um ritmo acelerado”, avaliou a XP.
O próprio CEO do Bradesco deixa claro que não haverá nenhuma surpresa gigantesca ou saltos ornamentais nos próximos trimestres.
“Não se trabalha com a expectativa de surpresas arrebatadoras. A perspectiva é de um crescimento gradual, com expectativa de um resultado superior ao cenário intermediário”, afirmou.
No entanto, Noronha destaca que o sentimento é de otimismo, apesar das condições macroeconômicas adversas. Na noite passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, a 14,75%.
“O trabalho será conduzido de forma dinâmica para alcançar esses objetivos. Portanto, não há expectativa de saltos abruptos. Será importante acompanhar o comportamento da margem com o mercado trimestre a trimestre.”
Na avaliação dos analistas do BTG, ainda que o Bradesco tenha mantido o guidance (projeção) para 2025, o banco parece caminhar para o topo das estimativas.
Segundo os analistas do BB-BI, visto que o guidance do banco sugere desaceleração, "o Bradesco se coloca em uma atípica situação de estar entrando na curva com o pé embaixo, colocando os espectadores de pé na arquibancada diante do movimento cujo ímpeto há tempos não era visto".
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Apesar dos bons números, o BTG Pactual segue com recomendação neutra para as ações do Bradesco.
Os analistas da XP também seguem com visão cautelosa em relação ao Bradesco, mesmo com a melhora significativa apresentada no primeiro trimestre
A tese mais conservadora deve-se à profundidade do plano de reestruturação em andamento, que provavelmente não seguirá uma trajetória linear no ritmo de evolução dos resultados do banco.
Na avaliação da XP, por mais que o Bradesco tenha começado o ano em alta, com várias linhas de resultado acima das faixas do guidance, a manutenção das projeções pode sugerir alguma acomodação nos próximos trimestres.
Os analistas afirmam que, embora o cenário macroeconômico ainda possa ser visto como um obstáculo para o objetivo do Bradesco de manter o crescimento da margem líquida ajustada ao risco, a atual taxa de expansão sugere que o banco está em posição de atingir esse marco de crescimento previsto no plano de reestruturação.
Já o BB Investimentos elevou a recomendação para o Bradesco, de neutra para compra.
A visão mais otimista considera uma "assimetria favorável" para o banco neste momento, o que justificaria "dar o benefício da dúvida da qualidade de execução", mesmo considerando os riscos que uma eventual desaceleração setorial deve trazer.
*Com informações do Money Times.
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