A Selic pode varrer os lucros das varejistas? O que esperar de Mercado Livre (MELI34), Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) no 4T24
Em um cenário de juros altos e desafios econômicos, as varejistas enfrentaram um 4T24 decisivo e que pode ditar o desempenho dos resultados ao longo de 2025
O mercado está de olho nos resultados das varejistas no quarto trimestre de 2024. No ano passado, mesmo com desafios que vêm desde a pandemia e um cenário econômico complicado, as empresas conseguiram melhorar seus números e fortalecer o caixa.
No entanto, o fim de 2024 já trouxe um novo desafio: o aumento das taxas de juros. Agora, investidores e analistas querem entender como as varejistas fecharam o ano e, mais do que isso, saber o que esperar para 2025 em meio a um cenário ainda cheio de incertezas.
Quem abre a temporada de balanços do varejo é o gigante argentino do comércio eletrônico: o Mercado Livre (MELI34), que divulga seus resultados na noite desta quinta-feira (20).
Depois do Meli, no mês que vem será a vez de Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) publicarem o balanço trimestral, nos dias 12 e 13, respectivamente.
Atualmente, as varejistas brasileiras enfrentam a dificuldade de se ajustar aos custos de financiamento mais altos, melhorar o fluxo de caixa e ganhar eficiência operacional. Porém, os juros elevados ainda representam um obstáculo para novos investimentos e expansão.
Diante desse cenário, as empresas com baixa alavancagem e um bom momento operacional tendem a se destacar. E é justamente por isso que o Mercado Livre (MELI34) é a principal aposta de grandes bancos como o Bank of America (BofA) e o BTG Pactual.
Leia Também
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para o Mercado Livre no 4T24:
- Lucro líquido ajustado: US$ 410,1 milhões
- Receita líquida: US$ 5,9 bilhões
- Ebitda: US$ 791,9 milhões
- VEJA TAMBÉM: ‘No primeiro ano eu quintupliquei minha grana’: veja como fazer parte da fraternidade de investidores mais exclusiva do mercado
O que esperar do balanço do Mercado Livre (MELI34) no 4T24
Apesar dos juros e da inflação, que afetaram o consumo especialmente no Brasil, o Mercado Livre (MELI34) manteve sua presença forte no mercado de e-commerce na América Latina, com mais de 80% dos consumidores conectados utilizando a plataforma de compras.
Por aqui, a empresa anunciou novos planos de expansão da sua operação logística. Até o fim deste ano, serão mais 11 Centros de Distribuição Fulfillment (CDS).
Vale destacar que o Brasil representa hoje cerca de 53% das vendas do Mercado Livre.
De acordo com os analistas da Bloomberg, as vendas da gigante do e-commerce continuarão crescendo na casa dos dois dígitos, com a força da operação do marketplace no Brasil e no México se mantendo e o crescimento na Argentina acelerando. Já os ganhos do e-commerce digital devem continuar superando os da fintech, o Mercado Pago.
No cenário geral do varejo, o Bank of America vê perspectivas negativas para o curto prazo, com a renda fixa ainda “fazendo brilhar os olhos” dos investidores como alternativa ao mercado de ações. Além disso, a inflação dos alimentos e a queda do real ante do dólar estão afetando a confiança do consumidor, fazendo com que as pessoas gastem menos.
Na Argentina, por outro lado, a queda rápida da inflação pode facilitar novos cortes nas taxas de juros, o que pode dar um respiro para a expansão de crédito e do consumo.
Nesse cenário, o Mercado Livre pode ser o mais beneficiado, com grande potencial para expandir o crédito ao consumidor e explorar novos segmentos, como o setor de saúde.
“A escolha do MELI [como top pick] reflete nossa visão de um excelente potencial de lucro a médio prazo em diversos setores, mesmo com o ciclo de investimentos em crédito”, diz.
Os analistas do Santander esperam que o forte crescimento da receita do Mercado Livre no trimestre anterior seja mantido no quarto trimestre de 2024, impulsionado por um bom desempenho tanto nas divisões de e-commerce quanto da fintech Mercado Pago.
Na lucratividade, o banco vê um ciclo de investimentos mais equilibrado (como a abertura de novos centros de distribuição), o que deve levar a um aumento do Ebitda de cerca de 77% em relação ao ano anterior, com o lucro líquido crescendo mais do que o dobro.
Apesar das expectativas de forte crescimento e lucratividade, ainda existem riscos relacionados à plataforma: concorrência, cenário macro e desempenho do crédito.
Para o Itaú BBA, o Mercado Livre deve apresentar resultados semelhantes aos do terceiro trimestre de 2024, com crescimento de 12,5% no GMV (volume bruto de mercadorias), apesar de uma desaceleração.
Na Argentina, espera-se um crescimento mais rápido da companhia. A lucratividade pode ser impactada pela pressão na margem bruta, devido aos investimentos em logística, e a margem Ebitda da companhia deve aumentar, impulsionada pela alavancagem.
O lucro líquido do 4T24 estimado pelo banco é de US$ 465 milhões, contra US$ 165 milhões no 4T23.
O que esperar do balanço da Casas Bahia (BHIA3) no 4T24?
Desde 2023, a Casas Bahia vem tentando se reorganizar e recuperar sua presença no mercado em meio aos juros altos. Em abril de 2024, a varejista entrou em recuperação extrajudicial, firmando um acordo com credores para renegociar R$ 4,1 bilhões em dívidas.
Durante esse processo de reestruturação, a empresa optou por abandonar segmentos e canais não lucrativos, focando em áreas mais rentáveis, como móveis e eletrodomésticos.
No entanto, o impacto das altas taxas de juros continua a afetar negativamente o faturamento da gigante do varejo, uma vez que o crédito ficou mais caro e isso prejudica a compra de bens duráveis, que são essenciais para a nova estratégia da companhia.
Recentemente, a empresa lançou um fundo com foco na otimização do crediário. A meta é captar até R$ 500 milhões por meio de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) para financiar os clientes que realizam compras no carnê da rede de lojas.
Apesar dos esforços de otimização e crescimento da margem Ebitda, a Casas Bahia ainda enfrenta grandes desafios por conta da alta alavancagem e do cenário macro no país. Por conta disso, o Santander espera resultados negativos para a varejista no 4T24.
Somado a isso ainda existem a crescente concorrência com outras plataformas de e-commerce, problemas com ações judiciais e a dificuldade em monetizar créditos fiscais.
Para o banco, a varejista continuará se beneficiando dos ajustes operacionais, com um aumento significativo no Ebitda em comparação ao quarto trimestre de 2023. No entanto, devido à alta alavancagem de BHIA3, espera-se que o lucro líquido ainda seja negativo.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para a Casas Bahia no 4T24:
- Lucro líquido ajustado: prejuízo de R$ 312,7 milhões
- Receita líquida: R$ 7,7 bilhões
- Ebitda: R$ 604,3 milhões
O que esperar do balanço do Magazine Luiza (MGLU3) no 4T24?
Entre julho e setembro do ano passado, o Magazine Luiza (MGLU3) surpreendeu o mercado ao anunciar mais um balanço acima das expectativas dos analistas.
No terceiro trimestre, o Magalu registrou um lucro líquido de R$ 102,4 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 498,3 milhões vistos em igual intervalo de 2023.
À época, a empresa disse que se transformou em uma plataforma digital por meio da criação de um ecossistema com novas fontes de lucros e receitas, deixando a varejista da família Trajano cada vez menos exposta a oscilações macroeconômicas, como a Selic.
De acordo com os analistas, o Magazine Luiza deve enfrentar uma desaceleração no desempenho nos próximos trimestres — especialmente nas vendas nas mesmas lojas (SSS) nas lojas físicas, cujo crescimento deve cair mais do que nos trimestres anteriores.
Por outro lado, a margem bruta da varejista deve se manter estável, enquanto o crescimento dos negócios no segmento online deve continuar em dígitos baixos.
De acordo com as projeções do BTG Pactual, o GMV (volume bruto de mercadorias) online do Magazine Luiza deve crescer 4% na comparação anual, com o GMV consolidado subindo 5% e as vendas nas mesmas lojas (SSS) registrando um aumento de 10%.
O GMV do marketplace (3P) deve crescer 4%, assim como o GMV de vendas diretas (1P).
Em termos de rentabilidade, a margem Ebitda deve ser de 7,5%. Já o Itaú BBA estima uma margem Ebitda ajustada de 5,5%, impulsionado pela alavancagem operacional — ou seja, como a empresa consegue aumentar seus lucros sem aumentar significativamente seus custos fixos — e pelos bons resultados da Luizacred, o braço financeiro da varejista fruto de uma parceria com o Itaú Unibanco.
Já o Ebitda total pode chegar a R$ 609 milhões, alta de 11% em relação ao ano anterior.
As mudanças na economia, uma concorrência mais forte com outras varejistas e dificuldades na execução das estratégias são os fatores de risco para o Magazine Luiza.
Na visão do Santander, por exemplo, uma possível piora da economia pode fazer as vendas crescerem mais devagar e dificultar a recuperação das margens da companhia.
Além disso, a empresa depende muito de bens duráveis, como eletrônicos e eletrodomésticos, e a alta alavancagem também pode impactar suas despesas financeiras.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para o Magazine Luiza no 4T24:
- Lucro líquido ajustado: R$ 119,2 milhões
- Receita líquida: R$ 11,1 bilhões
- Ebitda: R$ 867,2 milhões
2026 será o ano do Banco do Brasil (BBAS3)? Safra diz o que esperar e o que fazer com as ações
O Safra estabeleceu preço-alvo de R$ 25 para as ações, o que representa um potencial de valorização de 17%
Hasta la vista! Itaú (ITUB4) vende ativos na Colômbia e no Panamá; entenda o plano por trás da decisão
Itaú transfere trilhões em ativos ao Banco de Bogotá e reforça foco em clientes corporativos; confira os detalhes da operação
Virada de jogo para a Cosan (CSAN3)? BTG vê espaço para ação dobrar de valor; entenda os motivos
Depois de um ano complicado, a holding entra em 2026 com portfólio diversificado e estrutura de capital equilibrada. Analistas do BTG Pactual apostam em alta de 93% para CSAN3
Atraso na entrega: empreendedores relatam impacto da greve dos Correios às vésperas do Natal
Comunicação clara com clientes e diversificação de meios de entregas são estratégias usadas pelos negócios
AUAU3: planos da Petz (PETZ3) para depois da fusão com a Cobasi incluem novo ticker; confira os detalhes
Operação será concluída em janeiro, com Paulo Nassar no comando e Sergio Zimerman na presidência do conselho
IPO no horizonte: Aegea protocola pedido para alterar registro na CVM; entenda a mudança
A gigante do saneamento solicitou a migração para a categoria A da CVM, passo que abre caminho para uma possível oferta pública inicial
Nelson Tanure cogita vender participação na Alliança (ALLR3) em meio a processo sancionador da CVM; ações disparam na B3
Empresa de saúde contratou assessor financeiro para estudar reorganização e possíveis mudanças no controle; o que está em discussão?
Pílula emagrecedora vem aí? Investidores esperam que sim e promovem milagre natalino em ações de farmacêutica
Papéis dispararam 9% em Nova York após agência reguladora aprovar a primeira pílula de GLP-1 da Novo Nordisk
AZUL4 dá adeus ao pregão da B3 e aérea passa ter novo ticker a partir de hoje; Azul lança oferta bilionária que troca dívidas por ações
Aérea pede registro de oferta que transforma dívida em capital e altera a negociação dos papéis na bolsa; veja o que muda
Hapvida (HAPV3) prepara ‘dança das cadeiras’ com saída de CEO após 24 anos para tentar reverter tombo de 56% nas ações em 2025
Mudanças estratégicas e plano de sucessão gerencial será implementado ao longo de 2026; veja quem assume o cargo de CEO
Magazine Luiza (MGLU3) vai dar ações de graça? Como ter direito ao “presente de Natal” da varejista
Acionistas com posição até 29 de dezembro terão direito a novas ações da varejista. Entenda como funciona a operação
Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?
A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca
Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses
Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações
Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais
Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa
Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana
Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
