3 mudanças que podem levar a América Latina a liderar a transição energética global, segundo o presidente do BID, Ilan Goldfajn
Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento e ex-presidente do Banco Central brasileiro defende integração regional, investimentos verdes e soluções concretas para a transição energética até a Conferência do Clima em Belém

A região da América Latina e o Caribe — em especial o Brasil — está diante de uma janela de oportunidades históricas para liderar a transição energética global. Essa foi a tônica da fala do ex-presidente do Banco Central e atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, no Summit Brazil-USA 2025, nesta quarta-feira (14).
Em sua fala, Goldfajn apresentou os principais desafios da região, mas reforçou o potencial de crescimento baseado em sustentabilidade, bioeconomia e integração regional — temas que estarão no centro das atenções durante a COP30, que será realizada em Belém do Pará em novembro deste ano.
- SAIBA MAIS: Deixou a declaração para última hora? Baixe o Guia do Imposto de Renda e veja como resolver isso de forma descomplicada
De região resiliente a protagonista global
Goldfajn iniciou sua fala reconhecendo que, apesar da histórica resiliência demonstrada por países da região — inclusive o Brasil — frente a crises como a pandemia da Covid-19 e a hiperinflação nos anos 80-90, esse desempenho ainda não se traduziu em crescimento econômico sustentável.
“A resiliência não é crescimento. Nossa região não cresce de forma significativa há décadas”, afirmou.
Entretanto, ele enfatizou que há sinais promissores.
O Brasil, por exemplo, surpreendeu positivamente em sua trajetória recente, com geração de empregos e investimentos puxados pela economia verde. Segundo o presidente do BID, a criação de 1,6 milhão de empregos ligados à energia renovável coloca o país atrás apenas de China, EUA e União Europeia nesse quesito.
Leia Também
Três mudanças estruturais como oportunidades
Goldfajn apontou três transformações estruturais no cenário global que podem ser convertidas em oportunidades estratégicas para a América Latina:
1. Realinhamento das cadeias produtivas globais
Com os conflitos geopolíticos e as incertezas econômicas, empresas e governos estão redesenhando suas cadeias de produção para torná-las mais seguras e resilientes.
Nesse contexto, a América Latina se destaca por ser uma região estável, com valores compartilhados com os grandes mercados, proximidade geográfica e fuso horário compatível.
“Essas condições favorecem a relocalização de cadeias produtivas para a região, especialmente nos setores ligados à transição energética”, explicou.
2. Recursos estratégicos e biodiversidade como ativos globais
De acordo com o presidente do BID, a região detém cerca de 60% das reservas globais de lítio e 40% das de cobre — minerais críticos para a descarbonização e para tecnologias de energia limpa.
Além disso, possui uma das maiores biodiversidades do planeta e desempenha um papel central na segurança alimentar mundial.
“Hoje, somos parte da solução e não do problema. Temos o que o mundo precisa: minerais críticos, biodiversidade e segurança alimentar”, afirmou.
3. Integração regional e conexão com mercados globais
A terceira oportunidade apontada por Goldfajn é a necessidade de avançar na integração comercial e física entre os países da América Latina, cujo comércio intra-regional representa apenas 15% do total — número bem abaixo dos 70% da União Europeia.
“Pense num mercado de quase US$ 7 trilhões, com 660 milhões de pessoas — essa é a América Latina”, destacou.
Além disso, Goldfajn defende ampliar a cooperação do Mercosul com outros blocos globais, como a União Europeia.
COP30: a conferência do palpável
O presidente do BID reforçou o protagonismo que o Brasil terá na COP30 e a necessidade de transformar intenções em ações concretas.
“A transição ecológica é sinônimo de emprego e crescimento. Mas, para atrair mais investimento, é preciso criar condições adequadas. A COP30 precisa ser a conferência do palpável”, declarou.
Segundo Goldfajn, o BID atuará como parceiro ativo da presidência da conferência, apoiando quatro eixos principais:
- Foco na Amazônia: com ações voltadas para proteção, desenvolvimento sustentável e bioeconomia;
- Inovações financeiras e estímulo ao setor privado: como o modelo do Eco Invest Brasil, programa do governo brasileiro que combina financiamento híbrido (blended finance), proteção cambial e liquidez para destravar capital verde. O primeiro leilão do programa atraiu R$ 44 bilhões para projetos sustentáveis, e o segundo — voltado à restauração de biomas como Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga — foi lançado em abril deste ano e pretende destravar até R$ 10 bilhões.
- Financiamento climático: com ênfase não apenas na mitigação, mas também na adaptação e resiliência a eventos extremos;
- Alinhamento de Belém: metas integradas para clima e natureza, reforçando o papel da COP30 como evento transformador.
Goldfajn adiantou que o BID prepara, para a COP30, o lançamento do terceiro leilão do Programa Eco Invest Brasil, voltado ao fortalecimento das cadeias da bioeconomia na Amazônia.
- E MAIS: Calendário de resultados desta semana inclui Banco do Brasil, BRF, Cosan e outras empresas; acompanhe a cobertura completa de balanços
Amazon Bonds e a nova bioeconomia
Entre os destaques da fala de Goldfajn está o anúncio dos Amazon Bonds, que devem ser lançados durante a COP30.
Os Amazon Bonds são títulos voltados especificamente para investimentos sustentáveis nos oito países que compartilham a região amazônica.
Segundo ele, a ideia é criar um ecossistema de financiamento que beneficie pequenos e médios produtores, impulsione cadeias produtivas sustentáveis e fortaleça a segurança alimentar, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente.
“Estamos trabalhando para apresentar resultados concretos e mostrar ao investidor global que o Brasil e a região oferecem oportunidades reais, escaláveis e financeiramente atrativas.”
O Brasil está fazendo o dever de casa?
Ao ser questionado sobre a preparação do país para aproveitar a visibilidade da COP30 e atrair investimentos para a transição energética e a bioeconomia, Goldfajn foi enfático:
“Estamos muito alinhados com a presidência da COP30 e com o Ministério da Fazenda. Precisamos, de um lado, trilhar o caminho para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão em investimentos globais; e, de outro, gerar entregas concretas. Estamos trabalhando para que Belém receba o melhor da organização brasileira no coração da Amazônia.”
A Ambipar (AMBP3) não vai parar de cair? Ações derretem quase 60% enquanto mercado tenta rastrear onde está o caixa da empresa
Enquanto tenta reestruturar as finanças em crise sem recorrer à recuperação judicial, a Ambipar enfrenta uma onda de desconfiança no mercado
Minerva (BEEF3) sob a lupa de BTG, XP e BofA: analistas avaliam “janela de oportunidade” descrita pelo CEO, mas mantêm cautela
Bancos citam expansão em novos mercados e potencial de desalavancagem, mas alertam para riscos para o fluxo de caixa livre
Alívio para o BRB (BSLI4): com polêmica compra do Master fora do jogo, Moody’s retira alerta de rebaixamento
Com o sinal vermelho do BC para a aquisição de ativos do Master pelo BRB, a Moody’s confirmou as notas de crédito e estabeleceu uma perspectiva estável para o Banco de Brasília
SLC Agrícola (SLCE3) divulga novo guidance e projeta forte expansão na produção — mas BTG não vê gatilhos no horizonte de curto prazo
Apesar do guidance não ter animado os analistas, o banco ainda mantém a recomendação de compra para os papéis
Ações da Santos Brasil (STBP3) dão adeus para a bolsa brasileira nesta sexta-feira (3)
A despedida das ações acontece após a conclusão de compra pela francesa CMA Terminals
OpenAI, dona do ChatGPT, atinge valor de US$ 500 bilhões após venda de ações para empresas conhecidas; veja quais
Funcionários antigos e atuais da dona do ChatGPT venderam quase US$ 6,6 bilhões em ações
Mercado Livre (MELI34) é o e-commerce favorito dos brasileiros, segundo UBS BB; Shopee supera Amazon (AMZO34) e fica em segundo lugar
Reputação e segurança, custos de frete, preços, velocidade de entrega e variedade de produtos foram os critérios avaliados pelos entrevistados
‘Novo Ozempic’ chega ao Brasil graças a parceira entre farmacêuticas
Novo Nordisk e Eurofarma se unem para lançar no Brasil o Poviztra e o Extensior, versões injetáveis da semaglutida voltadas ao tratamento da obesidade
Ambipar (AMBP3) volta a desabar e chega a cair mais de 65%; entenda o que está por trás da queda
Desde segunda-feira (29), a ação já perdeu quase 60% no valor. Com isso, o papel, uma das grandes estrelas em 2024, quando disparou mais de 1.000%, voltou ao patamar de um ano atrás
Banco do Brasil alerta para golpes em meio a notícias sobre possível concurso
Comunicado oficial alerta candidatos, mas expectativa por novo concurso cresce — mesmo sem previsão confirmada pelo banco
De São Paulo a Wall Street: Aura Minerals (AURA33) anuncia programa de conversão de BDRs em ações na Nasdaq
Segundo a empresa, o programa faz parte da estratégia de consolidar e aumentar a negociação de suas ações na bolsa de Nova York
Oncoclínicas (ONCO3) traça planos para restaurar caixa e sair da crise financeira. Mercado vai dar novo voto de confiança?
Oncoclínicas divulgou prévias e projeções financeiras para os próximos anos. Veja o que esperar da rede de tratamentos oncológicos
Mais uma derrota para a Oi (OIBR3): Justiça nega encerrar Chapter 15 nos EUA. O que isso significa para a tele?
Para a juíza responsável pelo caso, o encerramento do processo “não maximizará necessariamente o valor nem facilitará o resgate da companhia”; entenda a situação
Oi (OIBR3) falha na tentativa de reverter intervenção na alta gestão, mas Justiça abre ‘brecha’ para transição
A decisão judicial confirma afastamento de diretores da empresa de telecomunicações, mas abre espaço para ajustes estratégico
Retorno da Petrobras (PETR3, PETR4) à distribuição é ‘volta a passado não glorioso’ e melhor saída é a privatização, defende Adriano Pires
Especialista no setor de energia que quase assumiu o comando da petroleira na gestão Bolsonaro critica demora para explorar a Margem Equatorial e as MPs editadas pelo governo para tentar atrair data centers ao país
Diretora revela os planos do Bradesco (BBDC4) para atingir 1 milhão de clientes de alta renda no Principal até 2026
Ao Seu Dinheiro, Daniela de Castro, diretora do Principal, detalhou os pilares da estratégia de crescimento do banco no segmento de alta renda
WEG (WEGE3) vive momento sombrio, com queda de 32% em 2025 e descrença de analistas; é hora de vender?
Valorização do real, tarifas de Trump e baixa demanda levam bancos a cortarem preços-alvos das ações da WEG
A Oi (OIBR3) vai falir? Decisão inédita no Brasil pôs a tele de cara com a falência, mas é bastante polêmica; a empresa recorreu
A decisão que afastou a diretoria da empresa e a colocou prestes a falir é inédita no Brasil e tem como base atualização na Lei das Falências; a Oi já recorreu
Azul (AZUL4) apresenta números mais fracos em agosto, com queda na receita líquida e no resultado operacional; entenda o que aconteceu
A companhia aérea, que enfrenta uma recuperação judicial nos Estados Unidos, encerrou agosto com R$ 1,671 bilhão no caixa
Dasa (DASA3) se desfaz de operações ‘prejudiciais à saúde’ e dispara até 10% na bolsa; o que avaliam os analistas?
Ações da rede ficaram entre as maiores altas da B3 após o anúncio da venda das suas operações na Argentina por mais de R$ 700 milhões