Paul Krugman vê no Pix o que as criptomoedas prometeram e não entregaram
Ganhador do prêmio Nobel de Economia destaca como o sistema de pagamentos brasileiro se tornou referência global e avalia as barreiras para sua adoção nos EUA

O economista, professor e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2008, Paul Krugman, saiu em defesa do Pix — e do Brasil — na esteira dos recentes ataques do governo do presidente norte-americano, Donald Trump, ao sistema brasileiro.
Em um de seus posts diários no Substack, Krugman analisou o Pix, comparando-o aos sistemas de pagamentos dos Estados Unidos.
No artigo intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro? – E isso algum dia chegará à América?”, o professor apontou o sistema de pagamento eletrônico desenvolvido pelo Banco Central (BC) brasileiro como referências globais em inovação no setor, enquanto descreveu os EUA como presos a um sistema ineficiente.
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Outras nações podem muito bem aprender com o sucesso do Brasil no desenvolvimento de um sistema de pagamentos digitais. Mas, segundo Krugman, os Estados Unidos provavelmente continuarão atados a uma combinação de interesses estabelecidos e fantasias cripto.
As postagens em que Krugman menciona o Brasil ganharam força após o anúncio da taxação de 50% sobre produtos brasileiros por parte de Trump. Na ocasião, o economista publicou outro artigo intitulado “A tarifa de Trump contra o Brasil é flagrantemente ilegal”.
Nele, Krugman foi direto: “Trump não está ‘testando os limites de sua autoridade’, nem qualquer outro eufemismo. Ele está quebrando a lei. Ponto final”.
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Um posicionamento político
Nos seus posts, o economista adota um tom ácido e crítico ao rumo da economia norte-americana.
Krugman observou que “a maioria das pessoas provavelmente não vê o Brasil como líder em inovação financeira. Mas a economia política do Brasil é, claramente, muito diferente da nossa — por exemplo, eles realmente colocam ex-presidentes que tentam reverter eleições em julgamento”.
Particularmente crítico ao governo Trump, Krugman contrapôs o modelo do Pix aos novos desenvolvimentos na regulação das stablecoins nos EUA, citando a aprovação recente do Genius Act e o avanço de um projeto de lei no Congresso que proíbe o Federal Reserve (Fed) de criar uma moeda digital de banco central (CBDC) — ou até mesmo de estudar a ideia.
Para o economista, o que está em jogo é simples: “o que os republicanos realmente temem, com razão, é a probabilidade de que muitas pessoas prefiram uma CBDC a contas em bancos privados, especialmente, mas não apenas, às stablecoins. E, de forma geral, qualquer tentativa de criar uma CBDC completa enfrentaria forte oposição da indústria financeira”.
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Pix vs criptomoedas: o futuro do dinheiro
Na contramão do modelo atual dos EUA, o economista vê no Pix uma solução prática — e já em funcionamento.
“Sabemos que é possível porque o Brasil já fez isso”, afirma Krugman.
Ele explica que o Pix é comparável ao Zelle, sistema operado por um consórcio de bancos privados norte-americanos, mas com uma diferença crucial: “o Pix é muito mais fácil de usar. E enquanto o Zelle é grande, o Pix se tornou enorme, usado por impressionantes 93% dos adultos brasileiros”.
Krugman cita dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) para reforçar a eficiência do sistema brasileiro.
“As transações com Pix ocorrem quase instantaneamente. Um pagamento é liquidado em três segundos, em média, contra dois dias para cartões de débito e 28 dias para cartões de crédito. E o custo para empresas é de apenas 0,33% do valor, muito menor que os 1,13% nos débitos e 2,34% nos cartões de crédito”.
Para ele, o Pix entrega o que o universo cripto prometeu e nunca conseguiu. “O Pix está realmente alcançando o que os defensores das criptomoedas afirmaram, falsamente, que poderiam oferecer com o blockchain — baixos custos de transação e inclusão financeira”, afirmou.
A comparação é direta: “93% dos brasileiros usam Pix, contra apenas 2% dos norte-americanos que usaram criptomoedas para pagar algo em 2024”.
Krugman ainda alfineta: “E usar o Pix não cria um incentivo para sequestrar pessoas e torturá-las até que entreguem suas chaves de criptomoeda”.
Apesar dos avanços no Brasil, ele é cético quanto a mudanças nos EUA. “Não teremos um sistema tipo Pix nos Estados Unidos — pelo menos não tão cedo”, prevê Krugman.
Para ele, dois obstáculos impedem isso. O primeiro é o poder do setor financeiro norte-americano. “A indústria financeira tem influência demais para permitir que um sistema público concorra com seus produtos — especialmente quando o sistema público é melhor”.
O segundo entrave é ideológico: “A direita norte-americana é completamente comprometida com a visão de que o governo é sempre o problema, nunca a solução. Os republicanos jamais admitirão que um sistema de pagamentos operado pelo governo possa ser superior ao das empresas privadas”.
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