Mercado aposta em corte da Selic em janeiro, mas sinais do Copom indicam outra direção, diz Marilia Fontes, da Nord
Para a sócia da Nord, o BC deve manter a postura cautelosa e dar sinais mais claros antes de fazer qualquer ajuste
O consenso do mercado é claro: não haverá corte nos juros em dezembro. No entanto, a história muda quando se olha para as expectativas em relação a taxa Selic em janeiro de 2026.
A curva de juros — que reflete as expectativas do mercado em relação às taxas futuras de juros — já precifica uma probabilidade de quase 80% para um corte de 0,25 ponto percentual na Selic na reunião de janeiro.
Na prática, isso significa que a maior parte do mercado espera que o Banco Central inicie os cortes nos juros logo no início do ano, com um primeiro ajuste mais suave. Mas, para Marilia Fontes, especialista em renda fixa e sócia da Nord Research, essa expectativa não tem fundamento.
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Em análise publicada nesta quinta-feira (4), Fontes afirma que “quando analisamos com atenção o comunicado do Copom, o comportamento das expectativas de inflação e o estágio atual da economia brasileira, a história contada pelos dados é bem diferente da contada pelos preços da curva [de juros].”
Banco Central está dizendo, mas mercado não está ouvindo
A analista afirma que o comunicado do Copom, após reunião de novembro, foi bastante claro ao não incluir qualquer sinalização de corte futuro. Para ela, isso significa que o BC está “mais preocupado em observar do que em agir”.
Quando os diretores sinalizam que a estratégia adequada no momento é manter a Selic estável por “período prolongado”, não é falta de estratégia, “é uma sinalização clara de que não estão pensando em cortar os juros”, afirma Fontes.
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Para a sócia da Nord, se houvesse qualquer intenção de cortar os juros em janeiro, uma primeira porta já teria sido aberta na reunião de novembro. Mas não foi.
“Quando olho para janeiro, não vejo espaço para corte. O Copom avisou, não com um recado explícito, mas com o silêncio. E, às vezes, silêncio é a comunicação mais clara de todas”, disse Fontes.
Inflação e atividade no radar
E há motivos para o Copom não cortar os juros ainda, na opinião da analista.
O primeiro ponto de atenção, que precisa continuar sendo monitorado pelo BC é a desancoragem das expectativas de inflação. São palavras difíceis para denominar as projeções de inflação para os próximos anos, que continuam fora da meta.
Atualmente, a meta de inflação é de 3% ao ano.
No Boletim Focus — relatório semanal do BC que apresenta as estimativas de economistas de mercado para os próximos anos — mais recente, a inflação de 2025 está em 4,43%, muito acima da meta.
Mas o problema é que para os próximos anos as projeções também estão acima da meta: 4,17% em 2026, 3,80% em 2027 e 3,50% em 2028.
Para Fontes, só haverá espaço para cortar os juros quando a projeção de 2028 chegar pelo menos na meta. “Isso importa, porque expectativas influenciam a inflação futura. Salários, contratos, preços administrados, tudo começa a embutir um ‘seguro anti-inflação’ quando as expectativas estão altas”, diz.
Além disso, tem a questão da economia aquecida. Para Fontes, desaceleração da economia não é sinônimo de fraqueza.
Recentemente, dados mais fracos de atividade econômica têm sido usados para justificar os cortes na Selic. No entanto, a analista pondera que diminuir a velocidade não significa parar.
“A taxa de desemprego está em 5,4%, a menor da série histórica. A massa salarial segue crescendo com ganhos acima da inflação, impulsionada por um emprego formal resiliente. Se as pessoas estão empregadas e consumindo, o BC não tem pressa para cortar juros”, diz Fontes.
Melhor tarde do que cedo
Fontes destaca que, mais do que uma ferramenta monetária, juros “são uma mensagem”.
“Quando o Banco Central corta cedo demais, corre o risco de passar ao mercado a impressão de que está negociando com a política fiscal, ou de que está mais preocupado com o crescimento de curto prazo do que com a estabilidade de preços — que é seu mandato”, diz.
Por isso, o momento certo é importante. A analista diz que cortes antecipados já custaram a retomada da inflação no passado, com a necessidade de subir os juros de novo.
Segundo Fontes, o mercado precificar cortes “é do jogo”. No entanto, o BC não é um jogador, é o árbitro, diz a analista. “E o árbitro, quando muda de postura, costuma avisar.”
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