Fome na colônia, fartura no Quilombo: Como era a economia de Palmares, da qual o líder Zumbi inspirou o Dia da Consciência Negra?
O Quilombo dos Palmares resistiu por quase um século graças à autossuficiência econômica da comunidade; entenda como funcionava a organização
Um dos significados de memória, segundo o dicionário Michaelis, é a “faculdade de lembrar e conservar experiências adquiridas no passado”. O feriado desta quinta-feira, 20 de novembro, faz justamente esse exercício. Não se trata de uma celebração, mas sim da preservação da memória de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão e cuja morte deu origem ao Dia da Consciência Negra.
Assassinado em 1695, Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares por 17 anos. E isso só foi possível graças a uma organização que atravessou quase um século e fez de Palmares o maior quilombo da América Latina.
Mas, afinal, como um movimento de resistência escravista conseguiu sobreviver por tanto tempo em meio ao Brasil colonial?
Um dos motivos está atrelado à autossuficiência de Palmares e ao desenvolvimento econômico do quilombo.
Para se ter uma ideia, enquanto boa parte da colônia portuguesa passava fome, o grupo vivia em abundância. Entenda como esse sistema funcionava a seguir.
Palmares chegou a abrigar 30 mil pessoas: como era a organização?
Para recapitular um pouco da história: o acampamento foi formado a partir de uma revolta de negros escravos de engenhos na capitania de Pernambuco, no final do século XVI.
Leia Também
Na época, os donos de engenhos do norte da colônia estavam ocupados lutando contra a invasão holandesa, o que enfraqueceu o controle português e abriu espaço para a fuga de escravizados para as regiões de mata.
Com essa brecha, vários grupos foragidos passaram a se estabelecer na região da Serra da Barriga, onde hoje está localizada a cidade alagoana União dos Palmares, e se fortaleceram ao passar dos anos.
Ao longo do tempo, o quilombo cresceu tanto que se tornou uma comunidade independente da lógica colonial.
Segundo os registros históricos, em um século de organização, Palmares chegou a abrigar uma população de 20 a 30 mil habitantes. Não se tratava somente de negros e negras, mas também de indígenas e pessoas brancas pobres, muitas consideradas “fora da lei” na época.
Não é à toa que o Quilombo dos Palmares chama a atenção dos estudiosos até hoje devido à grandiosidade e à prosperidade dos assentamentos.
Ao resistir por quase 100 anos, a comunidade se destacou devido a questões geográficas e, principalmente, pela autossuficiência econômica, o que ainda não existia no Brasil colônia.
LEIA TAMBÉM: Quer saber quais são as tendências de gastronomia, viagem e estilo de vida? Todos os sábados, o Lifestyle do Seu Dinheiro envia uma newsletter especial; cadastre-se
Por dentro de Palmares: como funcionava a geografia e economia do quilombo?
A localização do Quilombo dos Palmares foi um fator central para o fortalecimento do grupo ao longo dos anos.
Como os assentamentos ficavam em uma região serrana, com altos relevos, encostas íngremes, vales estreitos e mata fechada, havia dificuldade para os militares atacarem as comunidades quilombolas.
Mas além da proteção das pessoas que ali viviam, os fatores geográficos também foram essenciais para o desenvolvimento econômico de Palmares.
Os recursos naturais eram abundantes na região e favoreceram a atividade agrícola no quilombo. Entre os cultivos mais importantes estavam a mandioca, o feijão, a batata e o milho. Além disso, também extraíam frutas e palmito da mata.
Os quilombolas produziam melaço, tinham a prática da caça e da pesca e dominavam a atividade pecuária com a criação de porcos e galinhas. Essa diversidade garantia abundância de alimentos e a autossuficiência a Palmares.
Além disso, havia um ponto-chave para o fortalecimento da economia do quilombo: a produção de alimentos não era voltada somente para a subsistência dos moradores. Havia fartura. E essa fartura foi essencial para criar relações com outros grupos.
Todo o excedente agrícola era comercializado com comunidades vizinhas em troca de ferramentas, tecidos, armas e itens que não eram criados nem produzidos nos assentamentos.
Na prática, o Quilombo dos Palmares se tornou uma potência da região e essa combinação de desenvolvimento econômico, geografia favorável e trocas externas garantiu a sobrevivência do grupo por quase cem anos.
Colônia ia na contramão e passava fome
A parte mais curiosa dessa história é que, enquanto Palmares apresentava uma abundância de alimentos, a colônia portuguesa estava em um cenário totalmente contrário, que chegava à fome.
A produção agrícola colonial era muito focada na exportação da cana de açúcar, o que fazia com que a agricultura para a alimentação da população tivesse uma relação de subsistência e, muitas vezes, de escassez.
Outro problema da colônia era a forte dependência de Portugal. O Brasil colonial importava uma série de produtos de Lisboa e, sem as relações com a coroa portuguesa, o sistema entraria em colapso.
Por muitos anos, essas diferenças deram vantagem a Palmares. O quilombo sofreu mais de trinta tentativas de invasão ao longo de quase cem anos de existência, mas a autossuficiência funcionava como uma forma de escudo.
Isso porque o grupo era dividido em diferentes mocambos – nome dado aos assentamentos no quilombo. Cada um deles focava em uma atividade produtiva e, graças a essa diversidade econômica, quando um era atacado por militares, a economia não era afetada como um todo.
No entanto, foi em 1694 que Palmares começou a sucumbir. Após um século de resistência, um ataque ao principal centro político do quilombo, o Mocambo do Macaco, desestabilizou as estruturas do grupo.
Um ano depois, o líder Zumbi foi capturado e assassinado, o que mais de 300 anos depois deu origem ao feriado da Consciência Negra neste dia 20 de novembro.
Com informações do livro “Sociologia do negro brasileiro”, de Clóvis Moura.
A B3 também vai ‘feriadar’? Confira o que abre e o que fecha no Dia da Consciência Negra
Bolsa, bancos, Correios, rodízio em São Paulo… desvendamos o que funciona e o que não funciona no dia 20
Caixa paga Bolsa Família nesta quarta (19) para NIS final 4; veja quem recebe
A ordem de pagamento do benefício para famílias de baixa renda é definida pelo último número do NIS
CDBs do Will Bank e do Banco Master de Investimento também serão pagos pelo FGC?
Ambas são subsidiárias do Banco Master S.A., porém somente o braço de investimentos também foi liquidado. Will Bank segue operando
Qual o tamanho da conta do Banco Master que o FGC terá que pagar
Fundo Garantidor de Créditos pode se deparar com o maior ressarcimento da sua história ao ter que restituir os investidores dos CDBs do Banco Master
Liquidação do Banco Master é ‘presente de grego’ nos 30 anos do FGC; veja o histórico do fundo garantidor
Diante da liquidação extrajudicial do Banco Master, FGC fará sua 41ª intervenção em três décadas de existência
Investiu em CDBs do Banco Master? Veja o passo a passo para ser ressarcido pelo FGC
Com a liquidação do Banco Master decretada pelo Banco Central, veja como receber o ressarcimento pelo FGC
Debate sobre renovação da CNH de idosos pode baratear habilitação; veja o que muda
Projetos no Congresso podem mudar regras da renovação da CNH para idosos, reduzir taxas e ampliar prazos para motoristas acima de 60 anos
Loterias turbinadas: Bolas divididas na Lotofácil e na Lotomania acabam em 10 novos milionários
Prêmio principal da Lotofácil será dividido entre 14 apostadores, mas só 7 ficaram milionários; Lotomania teve 3 ganhadores, que ainda se deram ao luxo de deixar dinheiro na mesa
Banco Master recebe nova proposta de compra, desta vez de consórcio integrado por investidores dos Emirados Árabes Unidos
Transação está sujeita à aprovação do Banco Central e do Cade e envolveria a compra da totalidade das ações do fundador do Master, Daniel Vorcaro
Disparada do Ibovespa não é mérito do Brasil, mas tropeção dos EUA, diz Mansueto Almeida, do BTG
Economista-chefe do BTG acredita que o Brasil continua empacado com os mesmos problemas e potencial verdadeiro do Ibovespa só será destravado após melhora fiscal
Ibovespa sem freio: Morgan Stanley projeta índice aos 200 mil pontos no fim de 2026, mas há riscos no radar
Apesar da avaliação positiva, o Morgan Stanley vê o aumento das preocupações com o cenário fiscal no país como maior risco para o desempenho do Ibovespa
Black Friday da Samsung: celulares, TVs e eletrodomésticos com até 55% de desconto; veja os destaques
Ar-condicionado, TV, robô aspirador e celulares Galaxy entram na Black Friday da Samsung com descontos e condições especiais de pagamento
Quanto Pelé valeria hoje? A projeção do ChatGPT que supera Mbappé, Haaland e Neymar no mercado global
Simulação mostra o óbvio: o Rei do Futebol teria o maior valor de mercado da história — e poderia quebrar todos os tetos de transferência do futebol moderno.
Lotofácil ‘final zero’ promete R$ 12 milhões em premiações hoje
Além do concurso com ‘final zero’, a Lotofácil acumulou na última rodada. Enquanto isso, de todos as loterias com sorteios programados para a noite de hoje (17), somente uma promete prêmio inferior a R$ 1 milhão.
Feriado no Brasil, mas sem descanso para o mercado: Payroll, ata do Fomc, IBC-Br e balanço da Nvidia estão na agenda econômica
O calendário dos próximos dias ainda conta com discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), do Banco da Inglaterra (BoE) e do Banco Central Europeu (BCE)
Com Pix, empresas e consumidores brasileiros economizaram R$ 117 bilhões em cinco anos
Levantamento elaborado pelo Movimento Brasil Competitivo mostrou que somente entre janeiro e setembro de 2025, foram R$ 38,3 bilhões economizados
Isenção de 10% para café e carne é um alívio, mas sobretaxa de 40% continua a ser entrave com EUA
A medida beneficia diretamente 80 itens que o Brasil vende aos EUA, mas a sobretaxa continua a afetar a maior parte dos produtos brasileiros
Banco do Brasil (BBAS3) e mais um balanço ‘para se esquecer’, dificuldades da Cosan (CSAN3) e histórias da Praia do Cassino
Investidores estiveram atentos aos números do Banco do Brasil e também acompanharam a situação da Cosan nas mais lidas da última semana
COP30: Marcha Mundial pelo Clima reúne 70 mil pessoas nas ruas de Belém
Ativistas reivindicam acordos e soluções efetivas de governos na COP30
‘Pet 2.0’: clonagem animal vira serviço de R$ 263 mil; ricos e famosos já duplicam seus pets
Clonagem de animais começou nos anos 1990 com a ovelha Dolly e agora é usada para reproduzir pets falecidos, preservação de espécies e melhoramento de rebanho
