O que não mata, engorda o bolso: por que você deveria comprar ações de “empresas sobreviventes”
Em um país que conta com pelo menos uma crise a cada dez anos, uma companhia ter muitas décadas de vida significa que ela já passou por tantas dificuldades que não é uma recessãozinha ou uma Selic de 15% que vai matá-la

O que não mata te deixa mais forte – ou, na versão caipira, que é a minha preferida, “o que não mata engorrrda”. Não, essa não virou uma coluna de autoajuda, embora talvez esteja mais fácil ganhar uns trocados vendendo livros do que com a ações na bolsa brasileira ultimamente.
Brincadeiras à parte, a frase de Nietzsche é parte fundamental em meu processo de escolha de uma ação.
Toda vez que começo a analisar uma empresa, faço as seguintes perguntas: essa empresa já passou por dificuldades em sua história? Ela se saiu bem nesse desafio? Melhor do que as rivais?
É óbvio que o processo de análise é bem mais complexo que isso, mas eu garanto que só com essas perguntas você já conseguiria eliminar facilmente mais da metade das suas candidatas.
- VEJA MAIS: Onde investir em março? Analistas recomendam as melhores ações, fundos imobiliários, BDRs e criptomoedas para este mês
Longevidade é um bom sinal para as ações
Se você olhar para a carteira da série Vacas Leiteiras, verá algo em comum: todas as empresas ali possuem, no mínimo, décadas de história – algumas são centenárias, inclusive.
Em um país que conta com pelo menos uma crise a cada dez anos e onde a maioria das empresas não consegue passar dos cinco anos, uma companhia ter muitas décadas de vida significa que ela já passou por tantas dificuldades que não é uma recessãozinha ou uma Selic de 15% que vai matá-la.
Leia Também
17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Na verdade, o que costumamos ver nessas empresas é exatamente o contrário. Elas estão vivas porque têm disciplina e habilidade de identificar com antecedência os períodos de dificuldade, freando investimentos e protegendo o caixa.
Um exemplo recente é a Gerdau, que recebeu críticas de vários analistas nos últimos anos por distribuir menos dividendos do que poderia (aliás, escrevi sobre isso e você pode conferir aqui).
Dois anos depois, o setor siderúrgico vive uma de suas maiores crises por conta da importação do aço chinês, e se a companhia tivesse cedido aos interesses do mercado, provavelmente estaria em dificuldades financeiras agora.
Apenas como curiosidade, sabe quantos anos de história tem a Gerdau? Mais de 120!
ONDE INVESTIR EM MARÇO: Dividendos | Selic e perspectiva ruim do mercado podem afetar carteira?
Concorrência fragilizada: hora de aproveitar
Quando a crise passa e boa parte do setor está fragilizado, essas companhias tradicionais conseguem abocanhar uma parcela ainda maior do mercado, fazendo aquisições por múltiplos muito baixos que se traduzem em aumento do lucro para os seus acionistas. A SLC Agrícola usou exatamente essa mesma estratégia poucos dias atrás.
Os produtores brasileiros de grãos (soja, milho, algodão, etc) passaram por um ano muito difícil, com a sobreoferta jogando os preços para baixo enquanto quebras de safra afetaram a produção no Brasil.
Com muita experiência adquirida ao longo de sua história, a SLC segurou os investimentos e agora que a concorrência passa por dificuldades está indo às compras.
Ao longo de 2024, a companhia realizou várias pequenas aquisições, e na semana passada anunciou o maior M&A de sua história ao comprar a Sierentz.
Além de agregar 13% de área ao seu portfólio, o múltiplo do negócio ficou abaixo de 3x valor da firma/Ebitda, um preço excelente para as ações e que só foi possível por causa das dificuldades do setor.
Na verdade, esse foi o grande motivo pelo qual inserimos SLC na carteira, porque, historicamente, a empresa se aproveita muito bem dos períodos de baixa das commodities agrícolas para fazer aquisições baratas. E quando o ciclo melhora, ela consegue capturar tanto a alta dos preços como de volume.
Por menos de 5x valor da firma/Ebitda, e com o preço dos grãos próximos do fundo, a companhia está construindo um portfólio de terras robusto, que resultará em um ótimo crescimento de lucros e dividendos no futuro.
Para falar a verdade, com a melhora da produtividade da soja em 2025, já esperamos um avanço nos resultados deste ano. Mas quem tem paciência para esperar a melhora do preço dos grãos, tende a colher ótimos ganhos nessa posição.
É por isso que SLC também está na série Vacas Leiteiras, que você pode conferir aqui.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
Rodolfo Amstalden: Mais uma anomalia para chamar de sua
Eu sou um stock picker por natureza, mas nem precisaremos mergulhar tanto assim no intrínseco da Bolsa para encontrar oportunidade; basta apenas escapar de tudo o que é irritantemente óbvio
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana