🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

10 de fevereiro de 2025
20:00 - atualizado às 16:23
Bandeira do Brasil, situação fiscal
Imagem: Canva Pro/Montagem Seu Dinheiro

Já há bastante tempo, Mario Henrique Simonsen identificou uma tendência brasileira ao princípio da contraindução: repetimos experimentos que deram errado na esperança de que possam dar certo. Se a epistemologia já percebia problemas com a validade do processo indutivo, o que dizer de sua inversão? Talvez seja uma das definições de loucura.

Depois de três tentativas fracassadas, vamos mais uma vez tentar reestabelecer a indústria naval. Após impedirmos o crescimento do setor de óleo & gás, propomos de novo exigências mínimas de conteúdo nacional no segmento. Os exemplos são variados.

Contraímos agora uma nova obsessão em formação reativa: invertemos a Lei de Say. O original preconizava: toda oferta cria sua própria demanda. A versão macunaíma estabelece: toda demanda cria sua própria oferta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Repetindo os mesmos erros

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. A demanda agregada se expande a ritmo superior à oferta. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

Por agregação, chegamos à mesma conclusão em níveis macroeconômicos. Estímulos de demanda num momento em que a economia cresce acima do potencial produzirão mais inflação e aumento das importações. Poderíamos aprender com o livro-texto ou, se for difícil, bastaria olhar para o governo Dilma. Deu no que deu.

Vendo a inflação acima da meta e desancoragem adicional das expectativas de inflação, o Banco Central tenta frear a demanda agregada, com intenso aperto monetário em curso. Caminhamos para um juro real ex-ante em torno de 9%, cujo propósito é justamente contrair a atividade e fazer a inflação convergir para a meta.

O freio de arrumação se faz necessário diante de expectativas de inflação convergindo para 6% neste ano (o dobro do centro da meta) e nenhum sinal de atendimento dos desejados 3% no horizonte — a mediana das estimativas para 2028 (sim, 2028!) aponta inflação oficial de 3,78%.

Conforme escrevi ao final do ano passado, um dos grandes riscos para 2025 seria a não-aceitação da necessária desaceleração da economia pelo poder Executivo.

Samuel Pessoa esculpiu coluna semanal com argumentação semelhante na Folha. Diz assim: “a maior fonte de risco para 2025 é a reação do presidente Lula aos impactos do ciclo monetário sobre a economia.

O presidente Lula irá apertar os botões, como Dilma fez nos anos de 2012 até 2014? O balão de ensaio do aumento do benefício do programa Bolsa Família sinaliza que há predisposição do presidente de apertar os botões.”

Se a proposta do ministro Wellington Dias foi prontamente negada pelo Ministério da Fazenda e pela Casa Civil, outros estímulos de demanda seguem no radar. O presidente Lula promete ampliação da oferta de crédito por meio dos bancos públicos. E lá vamos nós de novo…

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Também como já escrevi, não há um erro de comunicação no governo. Há um erro de diagnóstico. O entendimento do funcionamento das leis de mercado é errado, bem como a leitura do Zeitgeist global.

Enquanto o Banco Central aperta o torniquete monetário, os bancos públicos se preparam para abrir as torneiras do crédito. A consequência: entupiremos um pouco os canais de transmissão da política monetária, o que resultará em necessidade de juros ainda maiores para conter a inflação. Caímos num equilíbrio pior.

Abrir a caixa de ferramentas de uma suposta série de benesses em favor das classes mais baixas, num momento de inflação alta e economia crescendo acima do potencial, representa, na verdade, uma seleção de maldades justamente contra os desassistidos. Mais uma vez, o discurso do bem com resultados pragmáticos do mal.

Leia Também

Um novo Brasil

Falta entendimento do ciclo econômico e do momento da sociedade. Escrevi no último Palavra do Estrategista como há elementos suficientes para nos afastar de um cenário tão ruim quanto aquele de 2015. Embora a direção seja ruim, as condições materiais (expressão para agregar os marxistas de plantão, rsrs) sugerem um quadro diferente.

Algo escapa ao governo: do mesmo modo que não estamos em 2015, também não há paralelo crível com 1808. Há um novo Brasil nascendo, muito diferente daquele cujas bases se assentavam no entorno da corte. 

Como ouvi recentemente de um gestor de recursos de que gosto muito (conto o milagre, mas não conto o santo), “a realidade do Brasil é muito maior que Lula. O que aconteceu no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e interior de SP está acontecendo agora no centro-oeste. Esse é o Brasil de 100 anos, de judeus, árabes, japoneses, italianos, alemães. Suzano, Weg, Três Tentos, etc, etc. Culturalmente, muito mais forte do que o Brasil do Rio de Janeiro de 215 anos atrás. Essa turma está fazendo um novo Brasil. Você já olhou os preços da praia Brava? Essa turma que vai assumir Brasília em breve. Já assumiram a pauta, inclusive, dominaram o Congresso. A cultura é muito mais forte do que qualquer outra coisa, gostando dela ou não.”

Ainda hoje, a Gavekal escreveu assim (tradução livre, e ruim, minha mesma): "o sucesso de Javier Milei na Argentina mudou a equação política na América Latina — e talvez no mundo todo? Ao longo do próximo um ano e meio, vários grandes países latino-americanos passarão por eleições presidenciais — Chile em novembro de 2025, Peru em abril de 2026, Colômbia em maio de 2026 e Brasil em outubro de 2026; e as chances de uma grande mudança em direção à direita estão crescendo. Em sendo o caso, investidores locais devem repatriar capital e o rali desde ano visto em moedas e títulos da América Latina (especialmente no Brasil) poderá ter pernas mais longas.”

Enquanto o mundo debate um novo paradigma para 2025 e uma mudança no “common sense”, tem gente interessada em reviver o segundo PND. A parte boa de que não há oferta que reaja instantaneamente a uma maior demanda é: vale para a macroeconomia, vale para o mercado de capitais. Nossa baixa liquidez e o escasso número de empresas listadas em Bolsa não mudariam se, de repente, a demanda pelo kit Brasil subisse. As consequências são devidamente conhecidas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor

13 de agosto de 2025 - 20:00

Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço

13 de agosto de 2025 - 8:52

Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo

12 de agosto de 2025 - 8:13

Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?

12 de agosto de 2025 - 6:18

Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente

11 de agosto de 2025 - 19:58

Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar

11 de agosto de 2025 - 8:08

Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim

VISÃO 360

O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?

10 de agosto de 2025 - 8:00

Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque

8 de agosto de 2025 - 8:22

Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin

SEXTOU COM O RUY

Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito

8 de agosto de 2025 - 7:01

Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras

7 de agosto de 2025 - 8:21

Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?

6 de agosto de 2025 - 19:59

A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília

6 de agosto de 2025 - 8:22

Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump

5 de agosto de 2025 - 8:31

Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump

5 de agosto de 2025 - 6:27

Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Em busca do heroísmo genuíno

4 de agosto de 2025 - 20:00

O “Império da Lei” e do respeito à regra, tão caro aos EUA e tão atrelado a eles desde Tocqueville e sua “Democracia na América”, vai dando lugar à necessidade de laços pessoais e lealdade individual, no que, inclusive, aproxima-os de uma caracterização tipicamente brasileira

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

No pain, no gain: Ibovespa e outras bolsas buscam recompensa depois do sacrifício do último pregão

4 de agosto de 2025 - 8:28

Ibovespa tenta acompanhar bolsas internacionais às vésperas da entra em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil

TRILHAS DE CARREIRA

Gen Z stare e o silêncio que diz (muito) mais do que parece

3 de agosto de 2025 - 8:30

Fomos treinados a reconhecer atenção por gestos claros: acenos, olho no olho, perguntas bem colocadas. Essa era a gramática da interação no trabalho. Mas e se os GenZs estiverem escrevendo com outra sintaxe?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sem trégua: Tarifaço de Trump desata maré vermelha nos mercados internacionais; Ibovespa também repercute Vale

1 de agosto de 2025 - 8:34

Donald Trump assinou na noite de ontem decreto com novas tarifas para mais de 90 países que fazem comércio com os EUA; sobretaxa de 50% ao Brasil ficou para a semana que vem

SEXTOU COM O RUY

A ação que caiu com as tarifas de Trump mas, diferente de Embraer (EMBR3), ainda não voltou — e segue barata

1 de agosto de 2025 - 6:08

Essas ações ainda estão bem abaixo dos níveis de 8 de julho, véspera do anúncio da taxação ao Brasil — o que para mim é uma oportunidade, já que negociam por apenas 4 vezes o Ebitda

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O amarelo, o laranja e o café: Ibovespa reage a tarifaço aguado e à temporada de balanços enquanto aguarda Vale

31 de julho de 2025 - 8:13

Rescaldo da guerra comercial e da Super Quarta competem com repercussão de balanços no Brasil e nos EUA

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar