Embraer (EMBR3) não é a única a sofrer com as tarifas de Trump: as ações mais impactadas pela guerra comercial e o que esperar da bolsa agora
A guerra comercial chegou ao Brasil e promete mexer com os preços e a dinâmica de muitas empresas brasileiras; veja o que dizem os analistas

Enquanto boa parte da Faria Lima aproveitava uma pausa merecida na última quarta-feira (9), Donald Trump pegou os investidores de surpresa após o fechamento do pregão com o anúncio de novas tarifas. A guerra comercial, que até então parecia distante, chegou ao Brasil — e deve pesar sobre as ações locais nesta sessão.
A iminente sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros — a maior taxa aplicada a um país até o momento na atual rodada de tarifas — está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto e promete mexer com os preços e a dinâmica de muitas empresas brasileiras.
A expectativa é que os ativos brasileiros no geral sintam o peso da nova dinâmica e das incertezas inicialmente.
Porém, quem deve sofrer mesmo a longo prazo são as grandes exportadoras brasileiras. Isso inclui especialmente as gigantes de bens de capital, mas algumas petroleiras e frigoríficos também podem ser atingidos de raspão.
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Embraer (EMBR3): a mais afetada pelas tarifas de Trump
A Embraer (EMBR3), que possui 60% de seu faturamento nos Estados Unidos, é vista como a maior afetada pelas tarifas de Trump. Não à toa, as ações chegaram a cair mais de 7% na abertura do pregão antes de entrarem em leilão.
A fabricante de aeronaves pode sofrer impactos caso tenha que arcar integralmente com a sobretaxa de 50% sem conseguir repassar o aumento ao consumidor final.
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Para a XP Investimentos, o impacto potencial sobre o Ebitda da Embraer poderia ser significativo, com uma redução de 14% a 15% para cada aumento de 10% na tarifa, em virtude de sua operação de montagem final dos jatos executivos nos EUA.
Há também um potencial impacto indireto na demanda dos jatos E1 em meio a um ambiente inflacionário para as aeronaves, com riscos de adiamento de entregas caso as companhias aéreas tentem evitar tais sobretaxas.
“Embora vejamos o anúncio de Trump principalmente como uma potencial barganha, esperamos que a preocupação dos investidores permaneça alta, dado o impacto potencial significativo que uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros implicaria para a Embraer”, escreveram os analistas da XP.
A XP possui recomendação neutra para a Embraer, com potencial revisão negativa (downside) em relação às estimativas de consenso se as tarifas permanecerem mais altas em relação ao previsto.
Por sua vez, o UBS BB prevê impacto de aproximadamente US$ 70 milhões nos custos da Embraer e de 13% na margem financeira de 2026 para cada aumento de 10% na tarifa. Isso assumindo impacto apenas sobre jatos executivos, que têm 75% das vendas totais para os EUA.
Outras ações que podem sofrer com as tarifas de Trump
Outras empresas também devem ser atingidas pelas novas tarifas, embora com impactos menores.
A WEG (WEGE3), por exemplo, tem cerca de 25% de sua exposição voltada para os Estados Unidos.
Além disso, os EUA se tornaram uma fonte chave de crescimento e lucratividade da "fábrica de bilionários da B3" nos últimos anos, principalmente impulsionada pela expansão no setor de infraestrutura energética, incluindo transformadores.
A empresa, no entanto, tem uma produção bem distribuída entre o Brasil, EUA e México, o que pode ajudar a mitigar os impactos negativos.
Contudo, como grande parte de sua exportação envolve transformadores — com uma demanda global crescente —, o impacto deve ser mais limitado.
"Acreditamos que as tarifas e os riscos geopolíticos podem pesar nas ações da Embraer e da WEG no curto prazo, ou pelo menos trazer alguma clareza política à relação entre os dois países", escreveu o BTG Pactual.
O UBS BB aponta que a WEG poderia ter um impacto negativo de até 0,7 ponto percentual na sua margem.
Além de WEG e Embraer, outras empresas de bens de capital sofrem com a sobretaxa de Trump
Ainda no setor de bens de capital, o Itaú BBA prevê um impacto negativo de até 14% das receitas para a Tupy (TUPY3). Porém, a empresa poderia mitigar parte do efeito negativo ao transferir a produção para o México, onde já possui capacidade ociosa, além de repasses de preços em contratos.
A Mahle Metal Leve (LEVE3) também está na lista de potenciais prejudicadas, já que em torno de 10% da receita vem dos EUA, com produtos fabricados no Brasil. Nesse caso, porém, a empresa não possui flexibilidade para realocar produção, já que a fábrica na Argentina não produz os mesmos componentes.
Outras ações como Iochpe-Maxion (MYPK3) e Marcopolo (POMO4) teriam um impacto neutro, segundo os analistas. Isso porque, embora tenha exposição à América do Norte, a produção da companhia é, em grande parte, realizada no México e nos EUA, o que deve reduzir os efeitos da nova tarifa.
Qual o impacto para as ações de commodities?
De olho nas petroleiras e mineradoras
No caso das empresas de commodities, como as petroleiras, a reação pode ser menos significativa. Embora o Brasil dependa de importações dos EUA para derivados de petróleo e gás natural, muitos desses fluxos podem ser redirecionados para outros mercados.
É por isso que a Petrobras (PETR4) seria pouco afetada, uma vez que apenas 4% do petróleo exportado foi para os EUA no primeiro trimestre.
Já a Prio (PRIO3) possui uma exposição maior, com cerca de 13% da receita vinda dos EUA, segundo o Bradesco BBI. Mesmo assim, o banco destaca que a empresa tem capacidade de redirecionamento. Também não está claro se o petróleo cru está incluído nas novas tarifas.
No caso de empresas como a Braskem (BRKM5), a XP vê como oportunidade a alta no preço das resinas plásticas e sua maior participação no mercado nacional, diante de um cenário de tarifas elevadas e de retaliação pelo governo brasileiro, segundo a XP.
As empresas de aço já estavam sujeitas a uma tarifa setorial de 50% e provavelmente não serão mais afetadas pela nova medida. Isso limita impactos diretos nos lucros das siderúrgicas.
Uma lupa sobre o agronegócio
Já para a maioria das empresas do agronegócio, os produtos são menos relevantes nas importações dos EUA.
O BTG destaca a Jalles Machado (JALL3), que cerca de 50% das suas exportações de açúcar orgânico direcionadas para os EUA, correspondente a 5% da receita total.
No setor de alimentos, as exportações para os EUA representam apenas 2% e 5% das receitas da Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3), respectivamente. Enquanto isso, a BRF (BRFS3) e a JBS praticamente não têm exposição, o que mantém os impactos financeiros bem contidos.
Porém, uma tarifa de 50% tornaria as exportações de carne bovina do Brasil para os EUA praticamente inviáveis, de acordo com o BTG.
É por isso que a Minerva é vista pela XP como a mais diretamente impactada entre as gigantes das proteínas, uma vez que aproximadamente 15% de suas receitas brutas dos últimos 12 meses foram geradas por exportações para os EUA.
"Apesar de acreditarmos que a companhia será capaz de redirecionar volumes para outros mercados, isso provavelmente ocorrerá em detrimento das margens", escreveram os analistas.
A Minerva embarcou cerca de R$ 800 milhões em estoques para os EUA no 1T25, que podem se beneficiar de preços mais altos após a tarifa. Mas a XP avalia que provavelmente não o suficiente para compensar totalmente a possível queda de volume.
A Minerva afirmou nesta quinta-feira que a nova política tarifária do mercado norte-americano pode ter um impacto potencial máximo de cerca de 5% da receita líquida da companhia.
Ação da Suzano (SUZB3) sofre com novas tarifas
Segundo os analistas, o setor de celulose se destaca como um dos mais expostos às novas tarifas dos EUA. Porém, o impacto não é uniforme entre as empresas e há a possibilidade de redirecionamento dos fluxos.
A Klabin (KLBN11) parece estar em grande parte protegida, com menos de 5% de sua receita proveniente dos EUA, o que sugere um impacto mínimo. Já a Suzano (SUZB3) está mais exposta, com cerca de 15% de sua receita vinda dos Estados Unidos, segundo os analistas.
Para o Goldman Sachs, a Suzano é uma das maiores vítimas das tarifas anunciadas por Trump.
"Sua exposição relativamente alta aos EUA, com 19% das vendas líquidas totais, é grande demais para ser facilmente redirecionada para outras regiões e exigiria um esforço comercial e logístico significativo, além de potenciais pressões de preços no processo", escreveram os analistas.
Além disso, o banco avalia que a empresa também possui contratos de longo prazo com compradores importantes na região, o que dificulta potenciais modificações.
O Goldman avalia que, entre a cobertura de ações, a Suzano tem a maior exposição aos EUA, seguida pela CSN, Vale, Klabin, Gerdau e Dexco, embora as demais empresas tenham maior facilidade para redirecionar as vendas para outros mercados.
Enquanto isso, as ações citadas pelos analistas da XP Investimentos com potencial de sentir impacto das tarifas, mas menor exposição são: Suzano (SUZB3), CBA (CBAV3), Alpargatas (ALPA4), Minerva (BEEF3), Jalles (JALL3) e Tupy (TUPY3).
A guerra tarifária vai prejudicar a boa toada da bolsa brasileira?
Para Marcelo Inoue, head de Equities Research da Perfin Equities, o primeiro impacto será uma reação negativa do mercado, mas, a longo prazo, o efeito prolongado nos lucros das empresas brasileiras será limitado.
“O Brasil, na média, possui poucas empresas listadas com grande volume de produtos exportados para os Estados Unidos. Portanto, poucas linhas de negócio seriam muito vulneráveis à tarifação”, afirmou ao Seu Dinheiro.
De acordo com o BTG Pactual, os setores mais expostos aos EUA são:
- Produtos semiacabados de ferro e aço (71,8% das exportações vão para os EUA), que já estão sujeitos a tarifas setoriais (superando 50%) e não devem ser impactados pelo anúncio;
- Aeronaves (63,2%);
- Materiais de construção (57,9%); e
- Produtos de papel e celulose (43,2%).
Além disso, há a possibilidade de que essa tarifa gigantesca de 50% não se concretize totalmente, segundo Inoue.
“Considerando o histórico de anúncios de Trump, o que geralmente vemos são bravatas e declarações midiáticas, seguidas de um tempo até a poeira baixar. O ponto-chave agora é o que realmente vai acontecer no fim das contas, em termos do percentual de tarifas. Se esses 50% se concretizarem, o impacto será significativo. Mas a grande questão é se isso realmente vai se materializar ou não”, afirmou o gestor.
De toda forma, o impacto imediato nas tarifas também afeta diretamente a curva de juros de longo prazo, elevando o custo de financiamento no Brasil. Isso pode desacelerar ainda mais os investimentos e o apetite pela bolsa brasileira.
Diante desse cenário, a Perfin avalia que se abrirá uma janela de oportunidade para comprar ações a preços descontados em meio ao susto do mercado.
A gestora hoje prefere manter o portfólio alocado em ações do setor elétrico, commodities e no Itaú Unibanco (ITUB4).
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