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Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
A ESCALADA NO MAR VERMELHO

EUA derrotados? O líder rebelde que ousou desafiar a maior economia do mundo e fez Biden admitir fracasso

Os últimos eventos mostraram que as tensões só aumentam numa região vital para a economia global; veja a rara declaração do presidente norte-americano a resposta de Abdul-Malek al-Houthi

Carolina Gama
19 de janeiro de 2024
13:40 - atualizado às 13:23
O presidente dos EUA, Joe Biden, sentado e apoiado em uma mesa, com uma caneta na mão, pensativo
O presidente dos EUA, Joe Biden - Imagem: Flickr Casa Branca

Se tem uma coisa rara é os EUA admitirem uma derrota — mas foi exatamente o que aconteceu: o presidente norte-americano, Joe Biden, assumiu que a ofensiva contra os Houthi no Mar Vermelho não está dando resultado. 

“Quando você diz funcionando, que dizer se estão impedindo os Houthi?”, questionou Biden em conversa com repórteres em Washington. “Não. A ofensiva vai continuar? Sim", acrescentou. 

Os EUA realizaram o quinto ataque aéreo contra alvos Houthi no Iêmen na noite de quinta-feira (18), com jatos norte-americanos visando mísseis antinavio que o Comando Central dos EUA disse “estarem apontados para o sul do Mar Vermelho e preparados para serem lançados”.

As ações dos Houthi perturbaram o transporte e o comércio marítimo na região: as principais transportadoras suspenderam as atividades no Mar Vermelho e no Canal de Suez, optando por navegar ao redor do continente africano — criando atrasos significativos e gargalos de abastecimento e custando bilhões de dólares às empresas. 

O Seu Dinheiro contou em uma matéria especial como esse conflito pode afetar o seu bolso e os seus investimentos. 

Desafiando os EUA

Em uma espécie de validação da declaração de Biden, os Houthi lançaram em poucas horas dois mísseis balísticos antinavio contra uma embarcação dos EUA. 

O navio, um pequeno navio-tanque químico chamado Chem Ranger, não relatou ferimentos ou danos à embarcação.

É “uma grande honra e bênção confrontar diretamente os EUA”, disse o líder Houthi, Abdul-Malek al-Houthi, em um discurso desafiador de uma hora de duração, que se apoiou fortemente na retórica religiosa. 

Ele alegou que os ataques dos EUA e do Reino Unido ao Iêmen apenas aprimoraram a tecnologia das suas forças armadas e que provaram que a estratégia dos Houthi – que tinha como alvo os navios israelenses ou aqueles que vinham de ou para Israel – estava funcionando.

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Ataques a Biden

Al-Houthi também atacou pessoalmente o presidente norte-americano, zombando de Biden como “um homem idoso que tem dificuldade para subir as escadas de um avião, mas que viaja 14.500 quilômetros para atacar aqueles que queriam apoiar o povo oprimido de Gaza”.

A administração Biden, juntamente com o governo do Reino Unido, começou a lançar ataques retaliatórios contra os Houthi — que controlam a maior parte do Iêmen — em 12 de janeiro, depois de o grupo ter passado várias semanas realizando dezenas de ataques a navios que atravessavam o Mar Vermelho. 

Os rebeldes iemenitas dizem que a campanha é uma resposta ao bombardeio implacável de Israel na Faixa de Gaza e ao apoio dos EUA a Tel Aviv.

Leia também: A terceira guerra mundial bate na porta? As condições para o conflito global acontecer já estão sobre a mesa

EUA x Houthi: os riscos envolvidos

O grande problema de os EUA admitirem que a ofensiva no Mar Vermelho não está funcionando é que o conflito na região pode ganhar ainda mais escala — e perturbar a economia global.

Além de Biden ter admitido que não vai ceder e os ataques norte-americanos devem continuar, o  líder Houthi também prometeu avançar. 

Al-Houthi afirmou que as ações de seu grupo continuarão até que Israel levante o bloqueio a Gaza, dizendo que “nada – nem todas as ameaças, os mísseis, a pressão – mudará a nossa posição”.

A ofensiva de Israel contra Gaza começou depois de militantes do Hamas lançarem, em outubro do ano passado, um ataque terrorista no sul de Israel que matou cerca de 1.200 pessoas e fez outros 240 reféns, dos quais 136 pessoas permanecem em cativeiro.

*Com informações da CNBC e da BBC

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