Acabou para Maduro? Venezuela vive dias “quentes” antes de eleição que será teste de fogo para o chavista
Faltando poucos para a eleição de domingo (28), o presidente venezuelano trabalha mais arduamente do que nunca para reforçar a lealdade das Forças Armadas

Desde que assumiu o poder em 2013, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não hesitou em enviar tropas para acabar com protestos, ao mesmo tempo que controlava indústrias-chave para o país e recompensava militares com empregos governamentais lucrativos.
Faltando poucos dias para a eleição presidencial de domingo (28), o chavista trabalha mais arduamente do que nunca para reforçar a lealdade das Forças Armadas — o árbitro das disputas políticas na Venezuela.
"Se quisermos evitar um banho de sangue ou uma guerra civil desencadeada pelos fascistas, então devemos garantir a maior vitória eleitoral de sempre", disse Maduro.
Nos últimos dias, o presidente venezuelano apareceu na TV estatal assistindo a uma cerimônia de formatura de 25 mil policiais, elogiando-os como a primeira linha de defesa contra o que chamou de tentativas da direita de provocar uma tragédia.
Ele também promoveu dezenas de oficiais e concedeu um novo título ao seu antigo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López: "General do Povo Soberano".
- VOCÊ JÁ DOLARIZOU SEU PATRIMÔNIO? A Empiricus Research está liberando uma carteira gratuita com 10 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui e acesse.
A história de Maduro com as forças armadas
Quando Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela, em 1998, ele expurgou oficiais que dizia terem sido doutrinados pelos EUA para combater o comunismo, colocou colegas em posições de liderança e usou a riqueza petrolífera do país para comprar aviões de combate e equipamento militar caro.
Leia Também
De lá para cá, o Exército tem sido parte fundamental do controle de Maduro na Venezuela. Mesmo sem o pedigree militar de Chávez, ele fortaleceu os aliados uniformizados, muitos dos quais enfrentam acusações de corrupção e violações dos direitos humanos.
Mas essa relação também desandou. O governo não hesitou em punir os soldados que saíssem da linha — atualmente, os membros das forças armadas representam cerca de metade dos 301 opositores de Maduro que estão presos.
“Embora ninguém esteja prevendo uma revolta nos quartéis, o descontentamento entre as bases é generalizado”, disse William Brownfield, ex-embaixador dos EUA na Venezuela e membro sênior do Wilson Center em Washington.
Venezuela: uma economia fora dos trilhos
A Venezuela assistiu ao rápido colapso da democracia e quase oito milhões fugiram do país. A inflação disparou e a escassez de alimentos espalhou-se à medida que o país sofria “o maior colapso econômico para um país sem conflitos em quase meio século”, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Entre 2012 e 2020, a economia venezuelana encolheu 71% e a inflação ultrapassou os 130.000% — com isso, os bônus e regalias em dinheiro concedidos às famílias dos militares perderam muito do brilho.
Ao mesmo tempo, o movimento de deserção ganhou força entre os cerca de 150 mil militares, à medida que muitos se juntaram aos milhões de venezuelanos que fugiram do país, em vez de defenderem um governo que já não apoiam.
"Os recrutas, o pessoal alistado e os oficiais de baixa patente não estão arrecadando dinheiro", disse Brownfield.
Quem é o homem que pode trair Maduro
Alguns acreditam que Maduro não pode confiar tanto em seus aliados e vêem Padrino como um militar que pode trair a confiança do presidente venezuelano.
O homem de 61 anos é um dos últimos oficiais treinados nos EUA — estudou operações psicológicas na Escola das Américas em Fort Benning, Geórgia — antes de Chávez mudar as alianças da Venezuela para a Rússia, China e Irã.
Em 2015, quando a oposição venceu as eleições parlamentares com uma vitória esmagadora, Padrino apareceu na televisão estatal, acompanhado pelo seu comando militar, reconhecendo os resultados antes mesmo de Maduro reconhecer a derrota.
Vale lembrar que os altos escalões da Venezuela já sofreram uma reviravolta antes, sobretudo em 1958, quando depuseram o presidente Marcos Perez Jimenez depois de terem sido cúmplices da ditadura durante anos.
- VEJA MAIS: Investimento em BDRs permite buscar lucros dolarizados com ações gringas, sem sair da bolsa brasileira – veja os 10 melhores papéis para comprar agora
Maduro pode mesmo perder essa eleição?
As eleições de domingo marcam uma rara oportunidade para os venezuelanos refazerem o país — se Maduro estiver disposto a renunciar ao controle em caso de derrota.
Mas o histórico de suposta interferência eleitoral do chavista sugere que é improvável que ele abandone o poder silenciosamente.
Em janeiro, a líder da oposição Maria Corina Machado foi impedida de ocupar cargos públicos durante 15 anos pelo Supremo Tribunal controlado por Maduro.
Os EUA disseram que a decisão vai contra a promessa de 2023 que o governo venezuelano fez de realizar eleições livres e justas.
Edmundo Gonzalez Urrutia foi nomeado candidato da oposição depois que a substituta designada por Machado, Corina Yoris, foi igualmente impedida de concorrer.
Maduro, entretanto, alega ter frustrado uma série de planos duvidosos apoiados pela oposição para sabotar infraestruturas públicas e interferir nas eleições.
O governo também foi acusado de tentar semear confusão antes do dia das eleições, inclusive renomeando cerca de 6.000 escolas, locais que normalmente funcionam como assembleias de voto.
Além disso, criou impedimentos significativos para os venezuelanos que deixaram o país votarem, incluindo requisitos de passaporte e residência amplamente inatingíveis.
Existem mais de 21 milhões de eleitores registrados na Venezuela — desses, 17 milhões vivem no país.
Um grupo limitado de observadores eleitorais, incluindo uma equipe do The Carter Center – uma organização sem fins lucrativos criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter – estará no país para monitorar a votação.
*Com informações da Associated Press e da CNN Internacional
A culpa é de Trump? Powell usa o maior evento dos BCs no mundo para dizer por que não cortou os juros ainda
O evento organizado pelo BCE reuniu os chefes dos principais bancos centrais do mundo — e todos eles têm um inimigo em comum
Agência vai na contramão de Trump e afirma que Irã pode voltar a enriquecer urânio nos próximos meses; confira a resposta de Teerã
Em meio a pronunciamentos dos governos iraniano e norte-americano neste fim de semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou retorno do Irã à mesa de negociações
G7 blinda empresas dos EUA de impostos mínimos globais após pressão de Trump
O acordo para a tributação das companhias norte-americanas foi firmado em meio a uma decisão do governo Trump no megaprojeto de gastos
Trump tem vitória no Senado com avanço de megaprojeto de gastos, e Elon Musk solta o verbo: “Completamente insano”
Apesar da vitória, a votação não foi fácil. O projeto vem sendo criticado pela oposição e também por aliados, incluindo o CEO da Tesla
Recebendo currículos, Trump diz o que o candidato precisa ter para ser escolhido presidente do Fed
O mandato do atual chefe do banco central norte-americana acaba em maio do ano que vem e o republicano já está em busca de nomes para a sucessão
Será que deu ruim? Titãs de Wall Street passam por teste de estresse; confira se algum dos grandes bancos EUA foi reprovado
A avaliação considerou uma recessão global severa, com desemprego em 10% e queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) real de 7,8%
A guerra dos EUA com a China acabou? O sinal de Trump que pode colocar fim à disputa entre as duas maiores economias do mundo
Um ponto crucial para as tarifas serem suspensas teria sido acordado nesta semana, segundo fontes da Casa Branca
A guerra acabou, decreta Trump sobre Israel e Irã — mas nem ele mesmo tem certeza disso
Presidente norte-americano deu declarações conflituosas sobre o status do conflito entre os dois inimigos no Oriente Médio, que mantêm um cessar-fogo frágil
Trump dá aval para Powell subir juros, mas impõe uma condição para isso acontecer nos EUA
O presidente do banco central norte-americano participou do segundo dia de depoimentos semestrais no Congresso; já o republicano usou os holofotes da Otan para falar da política monetária norte-americana
A Europa corre perigo? Otan sobe meta de gastos para 5% em mudança histórica e Trump manda recado duro para um membro
A medida mais decisiva da aliança em mais de uma década ocorre em meio à escalada de tensões no Oriente Médio e ao conflito entre Ucrânia e Rússia — mas um país europeu ainda resiste
Trump falhou: peças centrais do programa nuclear do Irã seguem intactas, diz inteligência dos EUA
Enquanto a Casa Branca nega as informações, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, promete atacar novamente se Teerã retomar seu programa nuclear
Após cessar-fogo entre Irã e Israel, Donald Trump é indicado ao Nobel da Paz (de novo)
Mais que prestígio, a indicação ao prêmio entra no jogo político da Casa Branca — e no xadrez internacional
Israel e Irã podem mexer com a política de juros nos EUA? Powell responde
O presidente do Federal Reserve presta depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e fala dos reflexos da instabilidade no Oriente Médio nas decisões do banco central norte-americano
Powell diz o que pensa na guerra pelo corte de juros após ser chamado de burro por Trump
O presidente do Federal Reserve presta depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e fala o que vai acontecer com os juros, o que pensa sobre as tarifas e sobre a guerra entre Israel e Irã
A guerra não acabou: Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã — mas tem o maior dos desafios pela frente
Mais cedo, Teerã respondeu à ofensiva norte-americana contra instalações nucleares com um ataque com mísseis à Base Aérea de Al Udeid, no Catar
Brasil na guerra: governo se posiciona sobre ataque dos EUA ao Irã; veja o que diz o Itamaraty
Ministério das Relações Exteriores emite nota oficial sobre a escalada do conflito no Oriente Médio; mais cedo o ex-chanceler e agora assessor especial Celso Amorim havia se manifestado sobre os confrontos
Empresas começam a suspender atividades com escalada da guerra entre Israel e Irã
Do setor marítimo ao setor aéreo, as primeiras companhias começam a anunciar uma paralisação temporária das operações na esteira dos ataques dos EUA às instalações nucleares iranianas
Apagando fogo com gasolina: a oferta da Rússia ao Irã que pode desencadear uma guerra nuclear
Um dos homens fortes do governo de Putin questiona sucesso do ofensiva norte-americana, que atacou três instalações nucleares iranianas, afirmando que uma futura produção de armas atômicas segue sobre a mesa
O Estreito de Ormuz na berlinda: Irã se prepara para fechar a passagem marítima mais importante do mundo
Embora tenha ameaçado diversas vezes, o governo iraniano nunca fechou, de fato, a via, mas, agora, o parlamento começa a dar passos nessa direção
Da China a Europa: a reação internacional ao ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã
Na noite de sábado (21), o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma operação classificada por ele como bem-sucedida contra três usinas nucleares iranianas