“Não sobrou nada ao Copom a fazer exceto subir a Selic”, afirma ex-diretor do BC
Em entrevista ao podcast Touros e Ursos, Reinaldo Le Grazie afirmou que o BC deve promover pequeno ciclo de alta da Selic nas próximas reuniões

Enquanto a dúvida filosófica entre ser ou não ser era a grande questão para Hamlet — personagem-título de uma das principais peças de William Shakespeare —, subir ou não subir a taxa Selic é o dilema que enfrenta o Banco Central brasileiro.
Mas para Reinaldo Le Grazie, ex-diretor do BC e CEO da Panamby Capital, não há muito espaço para dilema neste momento. "Não sobrou nada ao Copom a fazer exceto subir os juros", afirmou em entrevista ao podcast Touros e Ursos, do Seu Dinheiro.
As perspectivas para os juros brasileiros ganharam ares de tragédia shakespeariana. Afinal, menos de dois meses após o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) interromper o ciclo de cortes, já há discussões sobre um potencial novo aperto na Selic.
- Analista recomenda títulos que podem render bem mais do que o IPCA e do que CDI. Baixe o relatório gratuito aqui.
O comunicado divulgado após o último encontro não deu muitas pistas sobre qual será a rota adotada por Roberto Campos Neto, presidente da instituição, e seus diretores na próxima reunião, marcada para setembro.
Por outro lado, o Copom incluiu mais um fator de risco para a inflação: a "taxa de câmbio persistentemente mais depreciada". O dólar já se valoriza mais de 12% frente ao real em 2024.
Além disso, a ata publicada no início deste mês reforçou o compromisso do comitê em fazer o que estiver a seu alcance para trazer o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao centro da meta de 3% ao ano estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Leia Também
Mas, poucos dias depois, a divulgação do IPCA de julho mostrou que a inflação voltou a acelerar e alcançou os 4,5% no acumulado de 12 meses, batendo no teto da meta.
Para Le Grazie, que participou do Copom entre 2016 e 2019, o BC deve promover um pequeno ciclo de alta da Selic nas próximas reuniões. "Não faz sentido subir [os juros] em uma reunião só", afirmou, na entrevista. Assista abaixo a íntegra do Touros e Ursos:
Ex-diretor do BC comenta o dilema da Selic e as perspectivas para os juros brasileiros
Vale relembrar que, enquanto o Brasil discute um possível aperto nos juros, as economias dos países desenvolvidos caminham na direção oposta.
No caso do Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos, a ampla maioria do mercado aposta em um corte na reunião de setembro. E, segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, essa é uma opção que está na mesa.
“A questão do corte dos juros agora é se a totalidade dos dados darão a confiança necessária para um afrouxamento no próximo encontro. Se os dados passarem nesse teste, a resposta virá em setembro. Hoje, posso dizer que ainda não chegamos nesse ponto”, afirmou Powell.
- IPCA+ 7,1%: ‘É isso que o investidor de renda fixa deveria procurar todo dia’, diz analista; veja 4 recomendações de títulos premium
A provável queda dos juros nos EUA ajuda o trabalho do Banco Central brasileiro. Mas isso não deve ser suficiente para evitar um aumento da Selic por aqui, de acordo com o CEO da Panamby Capital.
A dúvida Shakespeariana, portanto, recai mais na magnitude do que na alta da Selic em si, de acordo com Le Grazie.
Confira o bate-papo na íntegra, incluindo os eleitos como Touros e Ursos da semana, neste link no Spotify ou no tocador abaixo:
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas
Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)
O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano
Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street
No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)