O Copom “errou a mão” nas decisões de juros? Diretor do Banco Central revela perspectivas sobre Selic, inflação e intervenções no câmbio
Segundo Diogo Guillen, a visão do Copom não mudou em relação a fazer o que for necessário para convergir a inflação à meta de 3% ao ano
Em meio a expectativas sobre um futuro aperto dos juros no Brasil, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta quinta-feira (5) que não acredita que o Copom tenha errado a mão nas decisões passadas sobre a taxa Selic — e sim adequou a política monetária aos processos de desinflação.
"Nós temos dito que a inflação tem desacelerado, mas precisamos levar a inflação à meta. Esse é o nosso mandato", disse, em palestra por videoconferência no Global Emerging Markets One-on-One Conference, organizado pelo UBS/UBS BB.
- Leia mais: entenda por que a alta da Selic em 2024 pode não ser “má notícia” para o mercado brasileiro.
Segundo Guillen, a visão do Copom não mudou em relação a fazer o que for necessário para convergir a inflação à meta da autoridade, de 3% ao ano.
"Há forte compromisso da política monetária para atingir a meta da inflação. Faça o que tiver de ser feito e a credibilidade vem", disse o diretor do BC, ao ser questionado se as ações da autarquia no ciclo atual visam a gerar uma maior credibilidade junto ao mercado.
Ele continuou lembrando que a cúpula do BC deixou claro que, se precisasse, estava em aberto a possibilidade de subir a Selic.
"Eu acho que sem um guidance, a decisão de ser dependente de dados foi uma decisão importante do comitê. Não é uma falta de decisão. Era uma visão do comitê de deixar os dados falarem."
Leia Também
Inflação e taxa real de juros
Segundo ele, o Copom toma decisões dos juros com base nas dinâmicas do cenário e também considerando os movimentos necessários para atingir a meta da inflação.
"A nossa visão não mudou. O foco é fazer o que precisar para convergir inflação à meta.”
O diretor do BC destacou ainda que a ancoragem das expectativas permite menores custos para o processo de desinflação.
- Veja mais: o que está em jogo para a Bolsa brasileira com Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central?
No entanto, a história principal continua a ser a mesma, de acordo com o diretor: dar mais ênfase à condução da política monetária para levar as expectativas de inflação de volta à meta — porque isso reduziria os custos dessa inflação — do que tentar encontrar os motivos que levaram à elevação das expectativas.
Na avaliação de Guillen, não há sentido em mudar a taxa real de juros neutra, mas é possível atualizá-la se achar necessário.
“Nós não estamos vendo isso. Nós atualizamos a taxa neutra em junho e penso que estamos confortáveis com o número", concluiu.
Vale lembrar que, no último movimento, a autoridade monetária aumentou a estimativa de juro neutro de 4,5% para 4,75%.
Por trás das intervenções no câmbio
O diretor de Política Econômica do Banco Central ainda destacou que a decisão da instituição de intervir recentemente no mercado cambial não teve qualquer relação com a defesa de nível ou outro motivo similar.
"Estamos em um regime de câmbio flutuante livre, meta de inflação, arcabouço, nada mudou", disse. "Ambas [as intervenções] foram relacionadas a pontos muito concretos, pontuais. Decidimos prover liquidez".
Na avaliação do diretor, houve alguma confusão no mercado com a atuação, mas nada foi alterado em relação ao papel de intervenção do BC.
"Foi realmente para evitar qualquer disfuncionalidade no mercado, como é sempre o caso."
De olho no exterior
Em relação ao cenário externo, Guillen disse que há ainda muitas incertezas em relação à ação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e agora o BC também está incorporando o debate sobre os impactos de suas políticas.
O diretor citou a importância de monitorar o ritmo de desaceleração da economia mundial, dando ênfase ao mercado de trabalho.
- Leia também: Eleições primeiro, Banco Central depois: indicação de Galípolo será votada no Senado em 8 de outubro, anuncia Pacheco
Para Guillen, o cenário indica que haverá um pouso suave da economia global, com uma desaceleração gradual do crescimento. "Um cenário de soft landing ganhou probabilidade. Então você vê desaceleração, mas uma desaceleração em forma organizada, você vê o mercado de trabalho reduzindo um pouco, mas com o Fed também sugerindo que haverá um ciclo de baixa (dos juros).”
"Em algum sentido, eu acho que o cenário externo está um pouco mais benigno com esse pouso suave."
No entanto, a política fiscal em muitos países continua a ser uma questão no radar, especialmente em meio à incerteza sobre as eleições nos EUA.
"A incerteza tem sido reduzida, mas alguns desafios ainda estão aí, como a questão do fisco nos Estados Unidos, a China, como vai ser a forma dessa desaceleração nos Estados Unidos. E para se adicionar a isso, ainda no cenário externo, acho que a política monetária não é tão correlata como era um ano e meio atrás", comparou.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
Dólar cai e se aproxima dos R$ 5,50 mesmo com ‘puxadinho’ de Flávio Dino no Orçamento — e a ‘culpa’ é dos EUA
Real tira proveito da queda do dólar nos mercados internacionais diante da expectativa de corte de juros pelo Fed
‘Crise de depreciação’ do real tem dois ‘vilões’, segundo o BIS – mas a moeda brasileira não é a única a perder para o dólar
O ‘banco central dos bancos centrais’ defende que as incertezas na economia dos Estados Unidos impactaram os ativos financeiros de países emergentes nos últimos meses
Embraer (EMBR3) vai receber US$ 150 milhões da Boeing após acordo em processo de arbitragem – mas pagamento é menor do que o esperado e ações brasileira recuam
O acordo entre as empresas de aviação põe fim a um processo de arbitragem movido pela Embraer após desistência da Boeing em negócio que visava a criação de joint venture no Brasil
Ouro nas máximas históricas: tem espaço para mais? Goldman Sachs dá a resposta e diz até onde metal deve ir
“Nossos analistas veem uma alta potencial de cerca de 15% nos preços do ouro com o aumento das sanções norte-americanas, igual àquele visto desde 2021”, destaca o relatório
Não tem como fugir da Super Quarta: bolsas internacionais sentem baixa liquidez com feriados na Ásia e perspectiva de juros em grandes economias
Enquanto as decisões monetárias da semana não saem, as bolsas internacionais operam sem um único sinal
Agenda econômica: Decisões de juros no Brasil e nos EUA são destaque em “Super Semana” de decisões de política monetária
Além das decisões dos juros das principais economias globais, a agenda econômica também aguarda índices de inflação no Reino Unido, Zona do Euro e Japão
Fazenda atualiza estimativas e eleva previsão para inflação em 2024; veja quais são os ‘vilões’ do IPCA
Segundo o boletim macrofiscal, a expectativa da Fazenda é de que a inflação volte a cair no acumulado em doze meses após outubro
Como Lula pretende usar uma parte do dinheiro esquecido pelos brasileiros nos bancos para fechar a conta do problema fiscal em 2024
Uma das medidas da proposta da reoneração gradual da folha de pagamentos autoriza que o governo direcione para os cofres públicos o dinheiro depositado em contas bancárias que os correntistas se esqueceram de sacar
O que pode (ou não) levar para o Rock in Rio 2024? Saiba tudo o que você precisa para o festival, como chegar à Cidade do Rock e o line-up completo
O Seu Dinheiro foi atrás de todas as informações que você precisa antes de ir para o Rock in Rio 2024. Confira o “manual de sobrevivência” do festival
O tamanho que importa: Ibovespa acompanha prévia do PIB do Brasil, enquanto mercados internacionais elevam expectativas para corte de juros nos EUA
O IBC-Br será divulgado às 9h e pode surpreender investidores locais; lá fora, o CME Group registrou aumento nas chances de um alívio maior nas taxas de juros norte-americanas
O Ibovespa vai voltar a bater recordes em 2024? Na contramão, gestora com R$ 7 bi em ativos vê escalada da bolsa a 145 mil pontos e dólar a R$ 5,30
Ao Seu Dinheiro, os gestores Matheus Tarzia e Mario Schalch revelaram as perspectivas para a bolsa, juros e dólar — e os principais riscos para a economia brasileira
‘O BC falou muito grosso e, ao meu ver, ajoelhou tem que rezar’: economista diz que Copom não tem escapatória e deve elevar a Selic para 11% ao ano
O aumento de 50 pontos serviria para fazer jus a posicionamentos recentes de dirigentes do Banco Central
Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) podem ser afetadas? Europa suspende importação de carne do Brasil; analistas explicam os impactos no setor
A Europa alega que o Brasil utiliza hormônio nas carnes bovinas de gado fêmea e suspendeu as importação da proteína na região
Itaú revisa projeção para Selic e agora vê juros a 12% em janeiro de 2025, mas espera dólar (um pouco) mais barato
Relatório do banco aponta ciclo de alta da Selic até atingir certa desaceleração da economia, podendo voltar a cair no final do ano que vem
Disclaimer nas bolsas: Wall Street ganha uma ajudinha da inteligência artificial, enquanto mercado aguarda corte de juros na Europa
Durante o pregão regular de ontem (11), a Nvidia, joia da coroa do setor, chegou a saltar mais de 8% e animou os índices internacionais nesta quinta-feira
Rodolfo Amstalden: A afirmação seguinte é verdadeira, e a anterior é falsa
No início da semana, o Focus – que andava dormente em relação à Selic – trouxe um salto repentino de 10,50% para 11,25% ao final de 2024
Horário de verão pode voltar como ‘arma’ contra crise energética: uma ‘boa alternativa’, diz Alckmin
A afirmação veio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e foi endossada pelo vice-presidente da República na manhã de hoje (11)
‘Efeito Kamala’ faz bitcoin (BTC) cair após debate com Donald Trump, mas dado de inflação salva criptomoedas hoje
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos avançou 0,2% em agosto, em linha com as previsões
CEO da Raízen (RAIZ4): Brasil tem condição única para vencer transição energética — mas união entre agro e setor elétrico é essencial
Na avaliação de Mussa, o etanol será fundamental para a transição — e o Brasil é o “lugar certo” para um hub de produção de combustível sustentável de aviação (SAF)
Kamala Harris domina debate, e Donald Trump demonstra pouco preparo, afirma analista Nate Silver – mas ele ainda enxerga disputa acirrada pela Casa Branca
O bom desempenho de Kamala Harris durante o debate contra Donald Trump abre oportunidades para novos eventos. Democratas ainda enfrentam obstáculos na corrida eleitoral pela presidência dos EUA