‘Uma pequena dose de frustração’, diz analista sobre a indicação de Gabriel Galípolo: entenda o que está em jogo para a Bolsa brasileira e onde investir neste cenário
Sem surpresas, a indicação de Gabriel Galípolo ainda levanta dúvidas no mercado e analista aponta movimento que pode elevar a credibilidade do futuro banqueiro central
Agora é oficial: Gabriel Galípolo é o indicado do governo para ser o presidente do Banco Central a partir de 2025. O anúncio foi feito na última quarta-feira (28) pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na prática, o indicado ainda precisa passar pela sabatina para poder assumir de fato. A escolha antecipada, não foi uma grande surpresa e, de certa forma, foi bem recebida.
Entretanto, o nome de Gabriel Galípolo ainda não deixa o mercado 100% confiante. Embora ele tenha adotado um discurso mais hawkish nas últimas semanas, falando na possibilidade de voltar a subir os juros, o indicado do governo é conhecido por ter uma visão mais heterodoxa a respeito da política monetária.
Assim, a principal pergunta é se Galípolo manterá a postura adotada ao longo dos últimos dias.
Um misto de boa notícia com ‘uma pequena dose de frustração’
Em uma live nas redes sociais, o CEO da Empiricus, Felipe Miranda, apontou que a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central tem pontos positivos e negativos.
Do lado positivo, o analista avalia que a transação foi bem conduzida. Um dos motivos é que Galípolo já faz parte do BC e mostra bastante respeito à instituição. Além disso, Miranda destacou que o indicado “tem se apropriado de um discurso mais técnico, se afastando da heterodoxia”.
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Por outro lado, na visão de Felipe, a escolha trouxe “uma pequena dose de frustração”. Ele aponta que outros nomes que seriam mais apropriados para o cargo e mais alinhados com o mercado.
Além disso, o analista levantou a mesma dúvida que circula em boa parte do mercado:
Será que Galípolo vai manter a mesma postura das últimas semanas no longo prazo?
Segundo Miranda, embora as falas do futuro presidente do Banco Central estejam mais de acordo com o que o mercado acredita e com o tom da autoridade monetária, nos momentos de decisões difíceis Gabriel Galípolo acabou adotando uma postura mais dovish.
Vale lembrar do “5 a 4” no Copom de maio, quando Galípolo votou a favor de mais um corte na taxa básica de juros junto com outros três indicados do governo Lula.
Diante disso, Felipe Miranda aponta que uma das saídas para aumentar a credibilidade do futuro banqueiro central seria justamente subir a Selic no curto prazo. E, ao contrário do que parece, essa pode ser uma boa notícia para a Bolsa brasileira.
VEJA 10 AÇÕES QUE PODEM SE BENEFICIAR DA ALTA DA SELIC
Alta na Selic pode resolver dois ‘problemas’ de uma vez?
Segundo o analista, “embora a alta da Selic em si seja ruim para os ativos de risco, o que se ganha com credibilidade e compressão dos prêmios de risco ligados ao ‘kit brasil’ é maior [que o efeito da alta dos juros]”.
Em outras palavras, o mercado ainda teme que Gabriel Galípolo adote uma postura mais leniente às vontades do governo. Isto é, com corte juros de forma indiscriminada, o que levaria à perda da âncora monetária, disparada do dólar e das expectativas da inflação. Todo esse contexto seria negativo para a Bolsa brasileira.
Mas, por outro lado, uma decisão do Banco Central de elevar os juros, pode passar uma mensagem de compromisso em atingir as metas de inflação, aumentando assim a credibilidade da instituição.
Ou seja, no final das contas, o impacto da alta da Selic pode ser mais positivo do que negativo, já que pode reduzir os receios de interferência política nas decisões do BC no futuro mandato de Galípolo.
Miranda aponta que uma alta de 50 pontos-base na Selic, seguida de um corte de mesma magnitude, pode aliviar a expectativa de juros no longo prazo e beneficiar a Bolsa brasileira.
Nesse sentido, a Empiricus aposta em 10 ações que podem surfar a alta da bolsa, mediante a retomada de credibilidade do Banco Central.
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