O governo não vai cumprir a meta de déficit zero — e isso traz uma notícia boa e outra ruim, segundo economista-chefe do BTG Pactual
Para Mansueto Almeida, nem tudo ainda está perdido do lado fiscal. Ele também disse quando acredita que o Ibovespa pode voltar a subir

É quase consenso no mercado financeiro que o governo não será capaz de cumprir com a meta de déficit zero defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mas para Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, existe uma breve notícia boa e outra bastante ruim sobre a situação fiscal do Brasil.
“A boa notícia é que o mercado nunca acreditou nesses números e sempre trabalhou com a expectativa de que teríamos déficit todos os anos neste governo, até 2026”, disse Almeida, em painel durante o evento ABVCAP Experience.
É por isso, segundo o economista, que a revisão das metas fiscais em abril — que abandonou o superávit primário por um “zero-a-zero” em 2025 — não assustou os investidores. “As novas metas são ainda melhores do que a expectativa do mercado desde o ano passado.”
Mas se o “copo meio cheio” já não parecia lá muito animador, o lado negativo começa a preocupar. Mais. Para Mansueto, um dos principais riscos macroeconômicos do país é o impacto do crescimento da despesa obrigatória do governo federal.
A maior parte do gasto público é puxada pelas regras automáticas de aumento dessas despesas — como os benefícios previdenciários e assistenciais, que são ligados ao salário mínimo, ou o gasto com saúde e educação, vinculado à arrecadação.
“O problema não é o fato de a dívida no Brasil ser alta, mas sim quando ela vai parar de crescer, e ninguém no governo consegue responder essa pergunta.”
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
- As melhores recomendações da Empiricus na palma da sua mão: casa de análise liberou mais de 100 relatórios gratuitos; acesse aqui
O problema fiscal do Brasil
Na avaliação de Mansueto Almeida, o atual arcabouço fiscal não é consistente. “O governo não consegue mostrar com convicção que vai cumprir a regra que ele mesmo estipulou”, disse, em evento.
“O próprio Tesouro questionou como o governo pretende controlar o crescimento da despesa, e ninguém deu essa resposta. Dizem que vão tentar mudar as despesas, mas ninguém escutou da ala política do governo uma única mensagem de que teremos que ser mais cautelosos com o crescimento do gasto público porque temos uma regra fiscal a cumprir.”
- 850 mil brasileiros já estão recebendo, todos os dias, as atualizações mais relevantes do mercado financeiro. Você é um deles? Se a resposta for não, ainda dá tempo de “correr atrás do prejuízo”. Clique aqui para começar a receber gratuitamente.
Os temores com a crise fiscal do Brasil impactaram diretamente o desempenho do mercado, com uma queda acumulada de 9,34% do Ibovespa em 2024 e uma desvalorização da ordem de 10% do real desde janeiro.
Parte dos receios do mercado é que o governo deve anunciar uma nova mudança na regra fiscal. “Quando o governo tiver que elaborar o orçamento, ele simplesmente vai falar que o limite para crescimento do gasto vai ter que subir. Isso está impactando a expectativa de inflação, a taxa de juros longa de NTN-B, e está batendo no dólar.”
Caso essas expectativas se confirmem, o Brasil vivenciará um cenário ainda pior para inflação e com juros longos elevados, além de um momento “ruim” para a bolsa e para fusões e aquisições (M&As) no mercado doméstico, afirmou o executivo.
O desafio fiscal que Lula tem nas mãos
Entretanto, ainda é possível contornar esse cenário, de acordo com Almeida. Mas com uma condição: desde que venha um “sinal político de Brasília” com o compromisso de todos os poderes em controlar gastos — e que esse debate seja liderado pelo Executivo, representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Isso não vai resolver os nossos problemas fiscais. Se o governo simplesmente cumprir com o que está na regra fiscal, a gente vai terminar esse governo com dívida na casa de 82% do PIB, e vai estar na próxima eleição presidencial debatendo o ajuste fiscal”, disse.
“Infelizmente, até o final desse governo, vai ser muito difícil recuperar o grau de investimento pelo simples motivo de que não consegue responder hoje a partir de qual ano a dívida pública do país começará a cair”, acrescentou.
- No mercado financeiro, agir rápido é essencial para capturar as melhores oportunidades. E você pode receber as informações mais importantes do dia antes mesmo de a bolsa abrir. Basta clicar aqui para se inscrever gratuitamente em uma das newsletters mais lidas da Faria Lima.
Em vez de jogar a toalha, o economista do BTG Pactual afirma que é necessário que o governo mostre que está disposto a quebrar a vinculação dos gastos com o crescimento da receita — para que o mercado consiga começar a enxergar que, nos próximos anos, a dívida pública possa começar a cair.
“É fazer o ajuste fiscal e sair do déficit para o superávit”, destaca Mansueto. “Esse é o desafio, não dá para fazer com carga tributária, porque ela já é muito alta. A gente vai ter que olhar o controle da despesa, porque o Brasil gasta muito.”
Isso não significa que o sistema tributário não precise de ajustes, segundo o economista, mas sim que seja usado para controlar outras disfunções da economia brasileira.
“Pode melhorar sistema tributário, mas se tiver sucesso em aumentar a categoria de imposto de renda com a correção de algumas anomalias, aquela economia deveria ser usada para reduzir imposto indireto, que hoje onera o preço dos produtos.”
E a bolsa brasileira?
O economista do BTG ainda citou brevemente as perspectivas para a bolsa brasileira — que não estão lá muito otimistas.
“Enquanto a gente não tiver uma mensagem muito clara do governo — não do ministro da Fazenda, mas da ala política —, vai ser difícil o mercado melhorar”, afirma Mansueto.
Nas projeções de Almeida, eventualmente o mercado vai melhorar quando começar a queda de juros nos Estados Unidos.
“Mas estamos com um prêmio muito alto da NTN-B. Mesmo com juro tão alto, ninguém no mercado está tendo vida fácil no Brasil. A saída é o governo mostrar credibilidade de que vai cortar despesa, e essa mensagem não está sendo dada por Brasília.”
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio
Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda
Governo confirma 2ª edição do “Enem dos concursos” com mais de 3 mil vagas; inscrições acontecem em julho
O Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) amplia oferta de vagas federais com foco em democratização, inovação e fortalecimento da máquina pública
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quase metade dos apostadores de bets também são investidores — eles querem fazer dinheiro rápido ou levar uma bolada de uma vez
8ª edição do Raio-X do Investidor, da Anbima, mostra que investidores que diversificam suas aplicações também gostam de apostar em bets
14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência
8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório
Santander (SANB11), Weg (WEGE3), Kepler Weber (KEPL3) e mais 6 empresas divulgam resultados do 1T25 nesta semana – veja o que esperar, segundo o BTG Pactual
De olho na temporada de balanços do 1º trimestre, o BTG Pactual preparou um guia com suas expectativas para mais de 125 empresas listadas na bolsa; confira
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Haddad prepara investida para atrair investimentos em data centers no Brasil; confira as propostas
Parte crucial do processamento de dados, data centers são infraestruturas que concentram toda a tecnologia de computação em nuvem e o ministro da Fazenda quer colocar o Brasil no radar das empresas de tecnologias
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.