Ata do Copom mantém tom duro e amplia apostas de que BC vai acelerar alta da Selic
Embora o Copom não tenha indicado claramente qual será seu próximo passo, a expectativa é de que alta dos juros seja acelerada na próxima reunião, marcada para o início de novembro

Inexiste na natureza material mais duro que o diamante. Há outros elementos duros, porém — dentro e fora da natureza. Um deles é a ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
O documento veio em tom parecido com o do comunicado que acompanhou a decisão de política monetária da última quarta-feira, quando o Copom elevou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, levando os juros básicos a 10,75% ao ano.
“Isso significa que o BC não suavizou a mensagem exposta imediatamente após a reunião, ampliando as apostas de que o ciclo será agressivo”, afirmou o economista-chefe da Ativa Investimento, Étore Sanchez.
Embora a ata não tenha a dureza de um diamante, o tom mais conservador do documento reluz nos mercados.
Juros futuros em queda
Logo nos primeiros movimentos da sessão desta terça-feira (24), as taxas projetadas dos juros começaram a recuar, acompanhando a queda do dólar. A moeda norte-americana caía mais de 1%, oscilando entre R$ 5,46 e R$ 5,47.
Pode parecer contraintuitivo, mas a sinalização de que o BC vai acelerar a alta da Selic acaba tendo efeito oposto nos juros futuros.
Leia Também
Isso porque o mercado entende que um aperto monetário mais duro reduz a necessidade de as taxas se manterem em patamares elevados por muito tempo.
Além da ata do Copom, os investidores repercutem comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em evento promovido pelo banco J. Safra, Campos Neto reforçou que a inflação no Brasil "incomoda" e ressaltou que o hiato do produto é positivo e a economia cresce mais que o esperado.
- LEIA TAMBÉM: Simulador de investimentos recomenda carteira ideal para ‘turbinar’ o patrimônio; faça sua simulação gratuita
Ecos da ata
O comentário de Campos Neto ecoa passagem da ata na qual o Copom enfatiza que “a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do colegiado”.
O Copom adverte ainda que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.
Tal situação traria "impactos deletérios" sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.
Além disso, as crescentes incertezas externas e os movimentos abruptos do dólar exigem uma condução mais cautelosa em termos de política monetária.
Juros vão subir antes de cair?
Assim como ocorreu no comunicado, o Copom optou por não se comprometer na ata com o próximo passo. Qualquer decisão dependerá dos dados analisados pelos diretores do BC para embasar a decisão.
Para Étore Sanchez, no entanto, o Copom “parece ter colocado a barra para o ciclo em um nível extremamente elevado”. Isso indica, segundo ele, que os juros podem vir a subir mais do que se projetava anteriormente.
Nesse sentido, a reação dos investidores é um tanto contraintuitiva. Isso porque a alta dos juros e comentários mais duros por parte do Copom costumam prejudicar os ativos de risco.
A explicação para isso talvez esteja no 21º parágrafo da ata. Dele consta a explicação sobre por que houve unanimidade na opção por um início gradual do ciclo de aperto monetário.
Textualmente, o Copom informa ter julgado que “o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar”.
Na avaliação de Sanchez, “a autoridade parece se justificar por ter começado o ciclo gradativamente, como se os motivos anteriormente expostos na ata ensejassem uma alta mais agressiva”.
Ao mesmo tempo, afirma ele, “o Banco Central quis causar o aumento da inclinação da curva para viabilizar que o canal mais veloz, o das expectativas, já atue no combate à inflação”.
Na ata, o Copom reiterou que os próximos ajustes na Selic e a magnitude total do ciclo de aumento dos juros serão determinados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, embora o Copom não tenha deixado uma indicação explícita de seu próximo passo, a expectativa é de que o ritmo do aperto seja acelerado para 0,50 ponto porcentual na próxima reunião, marcada para o início de novembro.
Quanto custa um pacote de arroz? No Japão, o cargo de ministro da Agricultura
Ministro da Agricultura do Japão renunciou depois de causar furor por desconhecer o preço do arroz — mas o porquê de ele não saber piorou ainda mais a situação
Impacto do clima nos negócios de bancos e instituições financeiras mais que dobra, aponta pesquisa do BC
Levantamento mostra que os principais canais de transmissão dos riscos climáticos são impactos em ativos, produção e renda, o que afeta crédito e inadimplência
Só pra contrariar: Ibovespa parte dos 140 mil pontos pela primeira vez na história em dia de petróleo e minério de ferro em alta
Agenda vazia deixa o Ibovespa a reboque do noticiário, mas existe espaço para a bolsa subir ainda mais?
Uma questão de contexto: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca depois de corte de juros na China
Investidores repercutem avanço da Petrobras à última etapa prevista no processo de licenciamento da Margem Equatorial
Felipe Miranda: A bifurcação de 2026
Há uma clara bifurcação em 2026, independentemente de quem for eleito. Se fizermos o ajuste fiscal, então será o cenário bom. E se não fizermos o ajuste nos gastos, o Brasil quebra
Agenda econômica: IBC-Br e CMN no Brasil, ata do BCE na Europa; veja o que movimenta a semana
Semana não traz novos balanços, mas segue movimentada com decisão de juros na China e indicadores econômicos relevantes ao redor do mundo
O novo normal durou pouco: Ibovespa se debate com balanços, PIB da zona do euro e dados dos EUA
Investidores também monitoram a primeira fala pública do presidente do Fed depois da trégua na guerra comercial de Trump contra a China
Brasil vai escapar da recessão, mas não da inflação: duas previsões do JP Morgan e um alerta
O banco também fez uma estimativa para a economia dos EUA depois da trégua de 90 dias com a China na guerra comercial; confira
Petrobras (PETR4) atualiza primeira parcela de dividendos bilionários; confira quem tem direito a receber a bolada
O montante a ser pago pela estatal se refere ao último balanço de 2024 e será feito em duas parcelas iguais
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Dinheiro esquecido: R$ 9,13 bilhões ainda estão dando sopa e esperando para serem resgatados
Dados do BC revelam que 42,1 milhões de pessoas físicas ainda não reivindicaram os valores deixados nos bancos
Ibovespa dispara quase 3 mil pontos com duplo recorde; dólar cai mais de 1% e fecha no menor patamar em sete meses, a R$ 5,60
A moeda norte-americana recuou 1,32% e terminou a terça-feira (13) cotada a R$ 5,6087, enquanto o Ibovespa subiu 1,74% e encerrou o dia aos 138.963 pontos; minério de ferro avançou na China e CPI dos EUA veio em linha com projetado
FGC avalia empréstimo de ‘curtíssimo prazo’ ao Banco Master enquanto negócio com BRB não sai, segundo jornal
Segundo pessoas próximas ao Fundo Garantidor de Créditos, esses recursos seriam suficientes para ajudar no pagamento de dívidas de dois a três meses
Ibovespa renova máxima histórica e busca os 139 mil pontos nesta terça-feira (13); entenda o que impulsiona o índice
“Última” máxima intradiária do Ibovespa aconteceu em 8 de maio, quando o índice registrou 137.634,57 pontos
Ata do Copom: Juros podem até parar de subir, mas Galípolo e diretores do BC jogam água fria sobre momento da queda da Selic
Copom volta a sinalizar que o fim do atual ciclo de aperto monetário está perto do fim, mas uma alta residual da taxa de juros ainda segue na mesa
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Hoje, anestesiados por um longo ciclo ruim dos mercados brasileiros, cujo início poderia ser marcado em 2010, e por mais uma década perdida, parecemos nos esquecer das virtudes brasileiras
Retorno recorde nos títulos IPCA+ de um lado, spreads baixos e RJs do outro: o que é de fato risco e oportunidade na renda fixa privada hoje?
Em carta a investidores, gestora de renda fixa Sparta elenca os pontos positivos e negativos do mercado de crédito privado hoje
É o ano dos FIIs de papel? Fundos imobiliários do segmento renderam 4,4% em 2025, mas FIIs de tijolo cresceram no último mês
Na relação de preço pelo valor patrimonial dos fundos imobiliários, os dois setores seguem negociados com desconto neste ano
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana