‘Trade Tarcísio’ começa a ser cogitado pela Faria Lima
Ex-ministro de Bolsonaro e atual governador de SP pode entrar em pauta ano que vem e ofuscar a percepção de piora econômica; tema foi discutido ‘a portas fechadas’ no M3 Club, um grupo de investidores profissionais
Os membros do M3 Club (um grupo premium onde investidores profissionais se encontram), tiveram acesso a um super estudo da Truxt Investimentos através de um papo “a portas fechadas” com o economista-chefe da gestora, Arthur Carvalho, e o CIO, Bruno Garcia.
O documento, até então, havia sido liberado apenas para investidores institucionais e alocadores globais, mas, dada a boa relação do M3 Club com o mercado, conseguimos apresentá-lo aos membros.
No M3, é comum termos papos exclusivos com nomes relevantes do mercado e eventos fechados para investidores que querem se tornar a próxima geração vencedora da Bolsa. Para quem não é membro do M3 Club, vou deixar abaixo um resumo do que foi essa conversa de mais de 1h30min com o time da Truxt.
Mas, se quiser assistir ao papo completo gravado com a Truxt e outros nomes do mercado (CEOs, gestores, investidores institucionais etc), bem como participar dos futuros eventos, rodas de networking e afins do clube, é só entrar na lista de espera clicando aqui.
Abriremos novas vagas no M3 em 14 de agosto.
Dentre as tantas pautas da conversa, foi abordado:
- o trade Tarcísio para 2026, que pode entrar em pauta no ano que vem (sim, ainda é cedo para fazer previsões eleitorais, mas todos os cenários precisam entrar em pauta); e
- por que dá para ser bem remunerado para correr o risco de lagging de piora econômica.
Vamos lá:
Leia Também
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
RESUMO DA APRESENTAÇÃO DA TRUXT INVESTIMENTOS NO M3 CLUB
Intro do Bruno Garcia
Nem sempre os preços estão refletindo os fundamentos. Preço é a combinação do que está acontecendo agora somado com as expectativas. E as expectativas pioraram muito: as muitas dúvidas sobre o que vai acontecer com o Brasil fez ele performar abaixo dos outros mercados.
Eu estou no mercado desde 1998 e fazendo gestão desde 2003 e o valuation atual nos níveis que vimos em 2008-2009, quando parecia que o mundo ia acabar, e abaixo do que vimos em 2014-2016, quando tivemos nossa crise idiossincrática que culminou no impeachment da Dilma. Eram níveis muito extremos. A minha pergunta é: a economia está nos níveis daquela época? A resposta é não. Mas aí surge outra pergunta: nesse nível de valuation, estamos sendo bem remunerados para correr o risco do “lagging” de piora da política econômica? A resposta é sim.
(contexto: quando ele diz “lagging de piora da política econômica”, ele quer dizer a piora de condução do governo que, em algum momento no curto/médio prazo, vai atingir os fundamentos da economia. Em outras palavras, seria o “delay” entre a piora do discurso econômico e o impacto negativo de fato na economia).
Apresentação do Arthur Carvalho
Analisando a bolsa brasileira ex-commodities, vemos que estamos com o mesmo crescimento de lucro que a Índia, mas com um desconto gigantesco contra eles. Tudo bem, a Índia é o “darling” dos mercados emergentes e o Brasil já foi isso no passado, é normal ter um prêmio quando você tem uma narrativa muito boa. Mas quando você olha para os fundamentos, você tem um crescimento de lucro muito parecido, mas um desconto enorme entre os dois.
Para se ter uma ideia, atualizamos o modelo das empresas da nossa carteira de ações após os resultados do 1º trimestre e com isso o crescimento de lucros esperado subiu de 20% para 28%. Mesmo assim, as ações caíram de lá pra cá, reflexo dos barulhos institucionais, CDI alto, produtos isentos… ou seja, não é apenas a economia que está melhor do que nas outras épocas, mas as empresas também estão melhores.
O que joga contra o Brasil? O trade de “China ininvestível”. Nosso mercado sempre teve muita correlação ao que acontece na China. Além disso, em um mundo de juros mais altos, o Brasil tem se tornado menos relevante para investidores estrangeiros, tanto em ações quanto na renda fixa.
Sobre o CDI alto + produtos isentos: o estoque de dinheiro em CRIs, CRAs, LCIs e LCAs está em mais de R$ 1,2 trilhão em 2024! Isso vai virar um problema fiscal também, porque a base de ativos do mercado de capitais está migrando para um produto não tributado. Ou seja, desfizeram os fundos exclusivos que não eram tributados mas o dinheiro todo foi para produtos não tributados ou com tributação regressiva (IR menor quanto mais tempo você investe nele).
Por que não sentiremos tanto o “lagging” de piora econômica? Pois acreditamos que em 2026 estaremos conversando sobre uma eventual mudança de governo. Além disso, temos alguns guardrails que têm se mantido sólidos e podem nos dar um tempo extra para sentir o lagging, tais como: corte de gastos, reforma da previdência, lei das estatais e Banco Central independente.
- Leia também: Trump (quase) eleito nos EUA após atentado? Como fica o mercado caso o republicano volte ao poder
Inflação: em outras crises, a inflação teve uma espiral negativa (como foi em 2015 que foi pra 10%). Agora a nossa inflação está rodando em torno de 3,5%/3,7% não só no headline mas também no core. É uma das inflações mais saudáveis que já vi na carreira, apesar de não estar na meta. O dólar precisaria estar entre R$ 6,50 e R$ 7,00 para descambar a inflação.
O calcanhar de Aquiles do Brasil está aqui: o crescimento de pessoas com auxílio-doença para pessoas com deficiência está crescendo 46% ano a ano. É óbvio que não temos um crescimento no número de pessoas com deficiência nessa magnitude, isso tudo é flexibilização do governo ou coisa pior. Isso precisa ter um pente fino.
EUA: aumentou a chance de corte de juros. Trabalhamos com probabilidade de um corte em setembro e outro em dezembro.
Conclusão do Arthur Carvalho: Por isso tudo que achamos que o valuation não faz sentido nas condições atuais. Mesmo com a deterioração econômica, podemos ter em 2025 a narrativa de uma possível mudança de governo em 2026, o que iria se sobrepor à economia.
Conclusão do Bruno Garcia: Tecnicamente, o mercado está melhor lá fora (por conta da queda de juros) e melhor aqui (por conta do nível de alocação de ações na mínima histórica). E o “trade Tarcísio” pode começar a ser discutido no ano que vem, o que ofuscaria o “lagging” de piora econômica. Os riscos no Brasil são uma aceleração da piora institucional (apertar botões ruins na Petrobras, presidente do BC não seguir a cartilha técnica) ou se o mercado precificar uma chance muito grande do governo se reeleger. Lá fora, o risco é um possível “hard landing” nos EUA.
Pergunta ao Bruno: como tem sido a receptividade de cada um dos investidores que vocês têm apresentado esse estudo (estrangeiros, assessores, alocadores)? Como cada um deles tem recebido essas informações?
Bruno Garcia: estrangeiros veem o Brasil barato mas tem medo de ser value trap e, pelo peso ridículo do Brasil no portfólio, ele não precisa estar aqui. A verdade é que gringo vai atrás de crescimento e hoje ele não precisa vir pro Brasil pra ter isso. Pra você ter uma ideia: o peso do Brasil no MSCI é o mesmo da Samsung, ou seja, uma única empresa coreana tem o mesmo peso do Brasil inteiro.
No Brasil, vejo pouca alocação na margem: quem tem bolsa, já tem; quem não tem, não vê motivo pra entrar. Grandes alocadores continuam vendo resgate continuamente e estão morrendo de medo de colocar dinheiro em bolsa/multimercado.
Pode ser que todos entendam que a bolsa está barata mas todos têm medo de entrar. A verdade é que domesticamente vemos poucos gatilhos para se animar. Uma alta viria possivelmente do rotation externo, causado pela queda de juros do Fed. E quando a bolsa sobe sem ninguém ter na carteira, gera “FOMO” (Medo de Ficar de Fora, na sigla em inglês).
Ações investidas: 25% da carteira está em utilities e saneamento, com Sabesp e Equatorial sendo as maiores posições individuais. Ainda tem pouco mais de 20% de setor financeiro (Itaú/Itaúsa, Nubank, XP, BTG e B3). A carteira referente ao dia da apresentação está disponível para os membros do M3 Club.
>> Tenha a oportunidade de ser membro do M3 Club a partir de 14 de agosto clicando aqui.
Um forte abraço,
Thiago Salomão
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem