Lucros e dividendos das seguradoras estão em risco após as enchentes? Não para a minha preferida do setor
Não espero grande redução do lucro por conta da catástrofe nos resultados dessa companhia que, além de um histórico operacional muito resiliente, negocia por múltiplos interessantes
Em maior ou menor grau, muitas empresas da bolsa brasileira devem ser afetadas pela catástrofe que impactou, e segue impactando, o Rio Grande do Sul.
Obviamente, as empresas com foco na Região Sul serão as mais afetadas, como é o caso do Banrisul, por exemplo, que já cai quase -15% desde o fim de abril.
Mas uma curiosidade especial reside sobre as seguradoras, especialmente as de veículos, depois de inúmeras imagens mostrando milhares de automóveis boiando nas enchentes.
Para tentar mensurar os impactos nos resultados, pegamos o exemplo da Porto Seguro (PSSA3), cujo foco é justamente o seguro automotivo.
- Quer receber mais recomendações de Ruy Hungria? Libere agora seu acesso a mais de 100 relatórios gratuitos da Empiricus Research
Frota afetada pelas enchentes
Segundo a própria companhia, existiam entre 30 mil e 60 mil veículos nas regiões afetadas pelas enchentes. Apenas para que você tenha uma ideia melhor do que isso representa, estamos falando de 0,5% a 1% da frota nacional da Porto. De cara, não é um número que assusta, mas a conta não para por aí.
Precisamos tentar entender qual a porcentagem desses veículos expostos que sofreram danos. Em catástrofes relativamente parecidas no Brasil e outros países, a frequência de sinistros não costuma ultrapassar 15% dos veículos na região afetada.
Leia Também
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
Considerando o intervalo de 30 mil — 60 mil veículos e adotando uma premissa de 10% — 15% de frequência de sinistros, chegamos a um número que vai de 3 mil (menor impacto) a 9 mil (maior impacto) veículos danificados.
Elaboração: Seu Dinheiro
Agora precisamos tentar entender o valor médio dos veículos segurados para mensurar o valor a ser desembolsado em ressarcimentos. De maneira geral, os prêmios costumam representar entre 4% a 5% do valor total dos veículos, e como o prêmio da Porto é de R$ 2,6 mil em média, chegamos a um valor médio por carro de R$ 52 mil até R$ 65 mil.
Elaboração: Seu Dinheiro
Ou seja, no menor impacto teríamos 3 mil carros de R$ 52 mil afetados — impacto negativo de R$ 156 milhões. No topo da faixa, teríamos 9 mil carros de R$ 65 mil afetados — impacto negativo de R$ 585 milhões.
Elaboração: Seu Dinheiro
Mas esse ainda não é o impacto no lucro, porque as seguradoras podem recuperar uma boa parte do valor dos veículos sinistrados vendendo peças, leiloando, etc. Estimamos entre 40% de recuperação no melhor cenário e apenas 35% no pior. E também podemos descontar a alíquota de imposto de 40%.
Com isso, chegamos a um impacto líquido nos resultados de 2024 que vai de R$ 56 milhões no melhor cenário, até R$ 228 milhões no pior cenário.
Elaboração: Seu Dinheiro
Como o lucro esperado para a Porto Seguro em 2024, antes das enchentes, era de R$ 2,45 bilhões, estamos falando de um evento que deve impactar entre 2% e 9% o resultado da companhia no ano.
No entanto, considerando que utilizamos premissas exageradas para o maior impacto, a maior probabilidade é que os impactos fiquem mais próximos de 2% do que de 9%.
Além disso, não estamos considerando efeitos positivos que podem surgir desse evento, como por exemplo uma precificação mais racional da indústria e uma maior procura dos brasileiros por seguros para se proteger de eventos parecidos no futuro.
- Ruy Hungria recomenda investir em uma seguradora. Quer saber mais sobre a tese por trás da recomendação do analista? Assista à edição de junho do Onde Investir:
Ainda uma ótima Vaca Leiteira
Obviamente, não é o tipo de Sextou que amo escrever. Mas faz parte da rotina do analista entender e calcular os impactos dos eventos negativos também.
Como você pôde perceber, não esperamos grande redução do lucro por conta das enchentes nos resultados da Porto Seguro que, além de um histórico operacional muito resiliente, negocia por múltiplos interessantes, e possui um modelo de negócio que não é tão afetado pelo cenário de juros mais altos no Brasil.
Além disso, ela paga ótimos dividendos e por isso faz parte da série Vacas Leiteiras. Se quiser conferir toda a carteira, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento