O Ibovespa acaba de estabelecer um novo recorde — e isto é o que precisa acontecer para a bolsa alçar voos ainda mais altos
Correções são esperadas, mas a perspectiva para o Ibovespa permanece otimista, com potencial para ultrapassar os 140 mil pontos em breve
O entusiasmo que estamos vendo no mercado de ativos brasileiros é impressionante e confirma a visão que compartilhei anteriormente, de que o segundo semestre teria um comportamento marcadamente diferente do primeiro. Ontem, o Ibovespa, principal índice de ações do Brasil, atingiu um novo recorde histórico, encerrando o dia acima dos 135 mil pontos.
Como discutimos anteriormente, o mercado global passou por um período de intenso pânico no início de agosto, seguido por uma recuperação significativa.
Esse pânico foi desencadeado por três fatores principais:
- A desmontagem das operações de carry trade no iene, impulsionada pelo aumento das taxas de juros pelo banco central do Japão.
- O temor de uma recessão iminente nos Estados Unidos.
- O desejo dos investidores de realizarem lucros após um primeiro semestre forte, motivado por valuations já elevados, uma temporada de resultados empresariais que desapontou em parte, e a rotação de ações de crescimento (growth) para ações de valor (value).
No entanto, no cenário global, ao menos dois desses fatores foram recentemente atenuados.
A desmontagem do carry trade do iene
Em primeiro lugar, após a intensa venda de ativos japoneses, declarações mais suaves (dovish) por parte do Banco do Japão ajudaram a estabilizar os mercados.
Essa abordagem mais cautelosa reduziu a probabilidade de novas desmontagens abruptas de operações de carry trade, como as que vimos anteriormente.
Para esclarecer, a estratégia de carry trade com o iene envolve investidores tomando empréstimos em ienes, a moeda japonesa, a taxas de juros extremamente baixas, e convertendo esse capital para moedas de países com taxas de juros mais altas. Esse capital é então investido para lucrar com a diferença entre as taxas de juros.
Leia Também
Por exemplo, quando as taxas de juros no Japão são significativamente mais baixas do que nos Estados Unidos, um investidor pode tirar proveito disso ao tomar empréstimos em ienes, converter o valor em dólares americanos e investir em ativos nos EUA que ofereçam retornos mais elevados.
O lucro dessa operação vem da diferença nas taxas de juros entre os dois países, desde que a variação cambial não seja desfavorável ao investidor. Essa estratégia é comumente usada para aproveitar oportunidades promissoras, como no setor de tecnologia, tanto no Japão quanto nos Estados Unidos.
No entanto, essa abordagem não está isenta de riscos. Se o iene se valorizar em relação à moeda para a qual foi convertida, o investidor pode sofrer perdas ao tentar pagar o empréstimo original, como foi observado em situações recentes.
A desaceleração da economia dos EUA
Sobre o segundo ponto, em relação à possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, os dados mais recentes indicam uma desaceleração no crescimento econômico, mas ainda não apontam para uma recessão iminente.
Esse contexto cria uma situação quase ideal para os mercados, muitas vezes chamada de cenário "Goldilocks".
Esse termo, inspirado no conto "Cachinhos Dourados", descreve uma condição econômica em que o arrefecimento ocorre de forma gradual e controlada, sem grandes surpresas.
Quase como um ponto de equilíbrio moderado. Assim como na história, onde a personagem escolhe a sopa que está no ponto ideal e a cadeira do tamanho certo, esse raro equilíbrio é favorável para ativos de maior risco.
Cenário internacional é favorável ao Ibovespa
No Brasil, o cenário internacional de curto prazo, na ausência de uma recessão, é amplamente favorável.
As condições globais, combinadas com avaliações de mercado atrativas e o desinteresse de muitos investidores pelo mercado local, criaram uma janela significativa de oportunidades para os ativos brasileiros.
Nesse contexto, a rotação setorial, que discutimos antes, tem grande potencial para beneficiar o país.
Se os recursos forem redirecionados de setores já valorizados e caros, como os ligados a crescimento e tecnologia, para aqueles que ficaram para trás, com preços baixos e associados a investimentos de valor (value), os ativos brasileiros se alinham perfeitamente a essa tendência.
- As vencedoras do 2T24: estas duas ações são as favoritas para investir após os resultados (uma delas é um ‘bancão’ e outra uma varejista).
A situação interna também melhorou
Além disso, os esforços recentes para reduzir os ruídos fiscais e monetários, por meio de discursos mais ortodoxos, são fundamentais para a estabilização dos ativos brasileiros.
A manutenção de uma postura conservadora pelo Banco Central é crucial para ancorar as expectativas, mesmo que isso implique em um aumento da taxa Selic, como é provável neste semestre.
O Brasil continua a apresentar crescimento econômico e as empresas brasileiras estão reportando resultados trimestrais robustos, o que aumenta o interesse dos investidores estrangeiros pelo mercado brasileiro. Esse interesse tende a crescer ainda mais com a possível queda das taxas de juros nos Estados Unidos.
Claro, ainda enfrentamos desafios persistentes, como o risco de uma recessão global, desafios fiscais no Brasil e tensões geopolíticas. O caminho não será fácil. Apesar disso, o ambiente se tornou mais favorável para os ativos locais.
Correções são esperadas, como a que ocorreu na última sexta-feira. Ainda assim, a perspectiva para o mercado permanece otimista, com potencial para ultrapassar os 140 mil pontos em breve.
Para que isso aconteça, é necessário que as taxas de juros internacionais caiam, que o governo anuncie mais cortes de gastos e que o Banco Central mantenha sua postura conservadora.
SELIC AOS 12%? POR QUE OS JUROS DEVEM VOLTAR A SUBIR AINDA ESTE ANO, SEGUNDO EX-BC
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região