Enquanto atentado impulsiona o ‘Trump trade’, democratas ainda precisam decidir quem vai perder a eleição
Atentado do último fim de semana fez aumentarem substancialmente as chances de vitória de Donald Trump em novembro

A imagem de Donald Trump, ensanguentado e com os punhos cerrados sob um céu azul e uma bandeira americana, rapidamente se tornou um símbolo histórico.
A tentativa de assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos, ocorrida durante um comício no sábado, intensificou ainda mais a já volátil e imprevisível campanha eleitoral, caracterizada por discursos polarizados e opiniões extremadas.
Este evento parece ter mudado irreversivelmente o cenário político, favorecendo Trump nas eleições de novembro.
Atentados contra presidentes ou ex-presidentes não são incomuns na história americana e, muitas vezes, resultam em um aumento de popularidade para as figuras envolvidas.
Trump, que sobreviveu ao disparo que apenas roçou sua orelha, viu a narrativa de perseguição que construiu ao longo dos anos ser validada.
- As melhores recomendações do analista Matheus Spiess na palma da sua mão: newsletter especial revela uma recomendação por dia; acesse aqui.
Como resultado, as expectativas de sua vitória nas próximas eleições aumentaram substancialmente.
Leia Também
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Fonte: Bloomberg.
Atentado atraiu solidariedade a Trump
O atentado na Pensilvânia levantou sérias preocupações sobre o estado das democracias ocidentais, que esperam do líder do mundo livre uma figura de ordem e clareza.
Enquanto isso, os democratas estão desorientados enquanto o presidente Joe Biden, aos 81 anos, enfrenta críticas crescentes sobre sua capacidade mental e física, com apelos frequentes para que se retire da política ativa.
O incidente também atraiu um amplo espectro de solidariedade global para Donald Trump, incluindo líderes mundiais e figuras proeminentes do setor empresarial norte-americano, como Elon Musk, Bill Ackman, Jeff Bezos e Tim Cook.
Esse apoio se intensificou quando Trump foi oficialmente nomeado candidato presidencial republicano durante a Convenção Nacional Republicana, em um ambiente eletrizado pelo forte culto à sua personalidade.
As implicações do retorno de Trump para os mercados
Analisando o contexto histórico, como o atentado contra Ronald Reagan em 1981, observa-se que tais eventos podem fortalecer a moeda nacional e elevar as taxas de juros.
Esta situação sugere um possível reforço da posição de Trump para um retorno ao poder, com implicações substanciais para os mercados e a economia.
O desempenho robusto do dólar americano este ano, que viu um fortalecimento de cerca de 13% desde 2021, deve-se em grande parte às políticas do Federal Reserve.
Contudo, a continuação dessa trajetória pode ser politicamente influenciada, especialmente se Trump vencer as eleições de novembro.
Ele tem proposto políticas que poderiam inflacionar ainda mais a economia, como a imposição de tarifas adicionais sobre todas as importações, potencialmente contrariando os cortes de juros esperados.
Trump e o déficit
A expansão dos cortes fiscais implementados em 2017 e a proposta de novas reduções tributárias sob uma administração Trump aumentariam significativamente os déficits fiscais, fortalecendo o dólar, mas também elevando preocupações fiscais duradouras.
De acordo com a Comissão de Orçamento, os déficits estão projetados para crescer em US$ 400 bilhões apenas este ano, com uma projeção de aumento da dívida de até US$ 23,6 trilhões na próxima década.
Para enfrentar esses desafios fiscais, o governo teria que escolher entre aumentar a arrecadação através de novos impostos ou cortar despesas significativas, particularmente em programas como Medicare e previdência.
Contudo, dado o histórico de Trump favorável a cortes de impostos, sua administração poderia optar por uma estratégia fiscal arriscada.
Não espere responsabilidade fiscal
Portanto, aqueles que esperam responsabilidade fiscal de Trump devem reconsiderar essa expectativa, visto que tanto ele quanto Biden têm mostrado uma propensão a aumentar a dívida pública.
Fontes: Market Makers, CBO e XP.
Desconsiderando os impactos da Covid-19, a gestão de Trump aumentou a relação dívida/PIB dos EUA em 2,2 pontos percentuais (em grande parte, por conta do corte de impostos).
Em um possível segundo mandato, ele pretende renovar os cortes de impostos de 2017, que totalizam US$ 1,7 trilhão e expiram em 2027.
Para compensar a perda de receita, sua equipe propõe taxar importações, uma medida que, além de ser inflacionária, parece insuficiente para conter o aumento da dívida. Afinal, para reduzir a dívida pública dos EUA, seria necessário um ajuste fiscal de 4,9% do PIB.
No entanto, é improvável que qualquer ajuste significativo seja implementado; na verdade, espera-se que os gastos governamentais aumentem, independentemente de quem esteja no poder.
Indicadores como taxas de juros mais altas, desaceleração do crescimento econômico e aumento do déficit primário apontam para um crescimento na proporção dívida/PIB. Assim, os rendimentos das treasuries devem aumentar, pois o mercado exigirá juros mais altos devido ao nível elevado de endividamento.
Além disso, uma economia americana robusta tende a valorizar o dólar, tornando as exportações dos EUA mais caras e diminuindo os lucros das empresas americanas que operam no exterior ao converter esses resultados para dólares. Um dólar forte também aumenta a concorrência das importações mais baratas.
Trump trade
Em suma, portanto, a percepção de que o atentado fortalece a candidatura de Trump impulsionou o chamado "Trump Trade", associado a uma maior inclinação da curva de juros (estresse fiscal), fortalecimento do dólar contra moedas emergentes (protecionismo), alta nas criptomoedas e valorização das bolsas americanas.
Espera-se que o setor de defesa receba mais investimentos e incentivos. A maior militarização beneficiaria indústrias como aço e minério de ferro, ao menos marginalmente.
O setor de petróleo também ficaria mais bem posicionado, enquanto a desregulamentação poderia favorecer o setor financeiro (fintechs e criptos).
Além disso, a intensificação das tensões sociais e políticas atua como catalisador para investimentos em ativos tradicionalmente considerados seguros, como ouro e outros ativos físicos, além do bitcoin, que está cada vez mais sendo visto como uma espécie de "ouro digital".
Serão vetores bem-vindos enquanto o mundo se prepara para o segundo mandato Trump. Já vimos esse filme: serão tempos voláteis.
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível
Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)
Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep
Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)
Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts
Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado
A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027
Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas
Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros
B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)
Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo
Pequenas notáveis, saudade do que não vivemos e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (26)
EUA aguardam divulgação do índice de inflação preferido do Fed, enquanto Trump volta a anunciar mais tarifas
A microcap que garimpa oportunidades fora da bolsa e vem sendo recompensada por isso
Há ótimas empresas fora da bolsa, mas não conseguimos nos tornar sócios delas; mas esta pequena empresa negociada na B3, sim
Mais água no feijão e o que sobra para os acionistas minoritários, e o que mexe com os mercados nesta quinta (25)
Por aqui temos prévia da inflação e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN); nos EUA, PIB do segundo trimestre e mais falas de dirigentes do Fed