Semana de decisão: Postura do Fed sobre juros e inflação nos EUA vão definir rumo dos mercados no curto prazo
A quarta-feira será crucial para a narrativa macroeconômica global — e países emergentes como o Brasil podem estar prestes a receber uma má notícia

Esta quarta-feira será crucial para a narrativa macroeconômica que tem moldado os mercados globais ao longo do ano. Hoje (11) se inicia a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, que se encerrará amanhã (12).
Complementarmente, na manhã de quarta-feira, antes da decisão do Fed durante a tarde, serão divulgados os dados de inflação de maio nos EUA.
As previsões indicam um aumento mensal de 0,1% no índice de preços ao consumidor, resultando em uma taxa anual de 3,4%, estável em relação ao mês anterior.
Excluindo alimentos e energia, o núcleo do índice deve registrar um aumento de 0,3% no mês, resultando em um avanço anual de 3,5%.
Embora esse valor represente uma ligeira redução em relação a abril, ainda está significativamente acima da meta informal de 2% de inflação anual do Fed.
Os dados de inflação de quarta-feira pela manhã devem confirmar a persistência dos índices inflacionários observados em 2024, ponto central na reunião do FOMC.
Leia Também
O que Powell vai dizer?
Embora os mercados esperem que não haja mudanças nas taxas de juros, a grande expectativa está na coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente do Fed, após a reunião.
Desde o robusto relatório de empregos da semana passada, que superou as expectativas, as chances de um corte de juros em julho foram eliminadas e as de um corte em setembro foram reduzidas.
O surpreendentemente forte relatório de empregos, que relatou a criação de 272 mil empregos não agrícolas em maio, muito acima da previsão consensual de 180 mil, causou quedas nas principais bolsas de valores e destacou as dificuldades atuais em fazer projeções precisas.
Observou-se também no mês um aumento de 0,4% no salário médio por hora, excedendo a expectativa de 0,3%, enquanto a taxa de desemprego aumentou para 4%, acima dos 3,9% registrados em abril.
Esse contexto fez com que a probabilidade de manutenção das taxas de juros antes das eleições de 2024 subisse para mais de 50%, um salto significativo em relação aos cerca de 30% anteriores a esses dados.
Ainda tem o dot plot
Por fim, na mesma quarta-feira, será divulgada a atualização das Projeções Econômicas (SEP) pelo Federal Reserve, mais conhecida como Dot Plot.
Essa compilação trimestral de previsões, que abrange a economia, inflação, mercado de trabalho e taxas de juros, é elaborada pelos sete governadores do Fed e pelos 12 presidentes de seus bancos regionais.
As projeções de março indicavam três reduções na taxa dos fundos federais de 0,25% cada até o final de 2024.
Entretanto, dada a persistência inflacionária e a resiliência do mercado de trabalho, ajustes nessas previsões são esperados.
Se o comitê concluir na reunião de junho que apenas um corte de 25 pontos-base é justificável para 2024, provavelmente em dezembro, os mercados podem reagir negativamente.
- LEIA TAMBÉM: O problema dos 3%: como a desancoragem das expectativas atrapalha a queda dos juros no Brasil
Juros mais altos em décadas
Um dos maiores desafios para o Fed atualmente é avaliar o quão restritiva é sua política monetária.
Jerome Powell já reiterou que a taxa de referência atual, a mais alta em mais de duas décadas, é restritiva o suficiente para eventualmente reverter a inflação para a meta de 2%.
Contudo, existe um ceticismo considerável, tanto dentro quanto fora do Fed, sobre se a política atual é eficaz, dado o robusto desempenho da economia e do sistema financeiro.
A nível global, a inflação segue acima das metas estabelecidas pelos bancos centrais, levando alguns, como o BCE e o Banco do Canadá, a cortarem os juros, enquanto outros, como o Banco da Inglaterra e o Fed, sinalizam possíveis cortes futuros, embora o Fed pareça mais hesitante.
O BCE já adiantou que os cortes não necessariamente seguirão uma trajetória linear descendente.
Apesar de não se esperar cortes de taxas esta semana, antecipa-se que mais diretrizes serão fornecidas para orientar as decisões ao longo do ano. Todas elas provavelmente duras.
Este panorama é desfavorável para o mercado de títulos, com os juros em alta nos EUA, e particularmente prejudicial para o mercado de ações, especialmente nos mercados emergentes como o Brasil.
O curto prazo segue desafiador.
- É hora de “tirar o pé” do mercado de ações? Não dá pra negar que o cenário é desafiador – mas é possível buscar proteção e multiplicação de capital investindo em ações resilientes. Clique AQUI e confira gratuitamente a carteira completa recomendada pela Empiricus Research.
Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança
Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.
É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA
Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã
Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell
Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa
Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar
Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?
Felipe Miranda: Precisamos (re)conversar sobre Méliuz (CASH3)
Depois de ter queimado a largada quase literalmente, Méliuz pode vir a ser uma opção, sobretudo àqueles interessados em uma alternativa para se expor a criptomoedas
Nem todo mundo em pânico: Ibovespa busca recuperação em meio a reação morna dos investidores a ataque dos EUA ao Irã
Por ordem de Trump, EUA bombardearam instalações nucleares do Irã na passagem do sábado para o domingo
É tempo de festa junina para os FIIs
Alguns elementos clássicos das festas juninas se encaixam perfeitamente na dinâmica dos FIIs, com paralelos divertidos (e úteis) entre as brincadeiras e a realidade do mercado
Tambores da guerra: Ibovespa volta do feriado repercutindo alta dos juros e temores de que Trump ordene ataques ao Irã
Enquanto Trump avalia a possibilidade de envolver diretamente os EUA na guerra, investidores reagem à alta da taxa de juros a 15% ao ano no Brasil
Conflito entre Israel e Irã abre oportunidade para mais dividendos da Petrobras (PETR4) — e ainda dá tempo de pegar carona nos ganhos
É claro que a alta do petróleo é positiva para a Petrobras, afinal isso implica em aumento das receitas. Mas há um outro detalhe ainda mais importante nesse movimento recente.
Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã
Investidores terão um dia inteiro para digerir as decisões de juros da Super Quarta devido a feriados que mantêm as bolsas fechadas no Brasil e nos Estados Unidos
Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar
Vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!). E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual? E qual deveria ser?
Olhando para cima: Ibovespa busca recuperação, mas Trump e Super Quarta limitam o fôlego
Enquanto Copom e Fed preparam nova decisão de juros, Trump cogita envolver os EUA diretamente na guerra
Do alçapão ao sótão: Ibovespa repercute andamento da guerra aérea entre Israel e Irã e disputa sobre o IOF
Um dia depois de subir 1,49%, Ibovespa se prepara para queimar a gordura depois de Trump abandonar antecipadamente o G-7
Acima do teto tem um sótão? Copom chega para mais uma Super Quarta mirando fim do ciclo de alta dos juros
Maioria dos participantes do mercado financeiro espera uma alta residual da taxa de juros pelo Copom na quarta-feira, mas início de cortes pode vir antes do que se imagina
Felipe Miranda: O fim do Dollar Smile?
Agora o ouro, e não mais o dólar ou os Treasuries, representa o ativo livre de risco no imaginário das pessoas
17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar
Desdobramentos do conflito que começou na sexta-feira (13) segue ditando o humor dos mercados, em semana de Super Quarta
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Mercados globais operam em queda, com ouro e petróleo em alta com aumento da aversão ao risco
Labubu x Vale (VALE3): quem sai de moda primeiro?
Se fosse para colocar o meu suado dinheirinho na fabricante do Labubu ou na mineradora, escolho aquela cujas ações, no longo prazo, acompanham o fundamento da empresa
Novo pacote, velhos vícios: arrecadar, arrecadar, arrecadar
O episódio do IOF não é a raiz do problema, mas apenas mais uma manifestação dos sintomas de uma doença crônica
Bradesco acerta na hora de virar o disco, governo insiste no aumento de impostos e o que mais embala o ritmo dos mercados hoje
Investidores avaliam as medidas econômicas publicadas pelo governo na noite de quarta e aguardam detalhes do acordo entre EUA e China