Aumento de capital bilionário e aquisição de 4 usinas: o que isso significa para os acionistas da Eneva (ENEV3) e por que você deveria comprar as ações agora
Por 9x Valor da Firma/Ebitda, novos ativos entrando em operação e um cenário hidrológico que começou a ficar mais favorável, o papel é uma opção para a carteira
A Eneva (ENEV3) fez dois grandes anúncios ao mercado nesta semana. Primeiro um aumento de capital de R$ 3,2 bilhões de oferta-base, que poderá ser acrescido de mais R$ 1 bilhão (hot issue) a depender da demanda.
Para onde vai tanto dinheiro? A resposta para essa pergunta está no segundo anúncio: aquisição da totalidade de três termelétricas no Espírito Santo (Tevisa, Povoação e Linhares), além de 50% da Gera Maranhão, no Maranhão.
Mas o que isso significa para a companhia e por que isso será benéfico para os acionistas?
- Elétrica “mais barata entre os seus pares” é uma das recomendações da carteira de dividendos do analista Ruy Hungria; veja o portfólio completo gratuitamente
O curioso caso da aquisição que diminui o endividamento
Em linhas gerais, o principal mérito da operação é reduzir a alavancagem da Eneva no curto prazo, já que os ativos comprados além de gerarem bastante caixa e lucro, quase não têm dívidas.
O raciocínio é o seguinte: hoje a Eneva possui uma dívida líquida de R$ 17,5 bilhões e um Ebitda de R$ 4,2 bilhões – ou seja, uma relação entre dívida líquida e Ebitda de 4,1x.
Leia Também
As térmicas que serão adquiridas têm um endividamento líquido de R$ 220 milhões e um Ebitda de R$ 1,8 bilhão – alavancagem praticamente nula, de apenas 0,1x dívida líquida/Ebitda.
Combinando as duas e utilizando o dinheiro levantado no follow-on, o consolidado atingiria um Ebitda de R$ 6,1 bilhões, com uma dívida líquida de menos de R$ 16 bilhões.
A alavancagem, que hoje é de 4,1x, cairia para menos de 3x dívida líquida/Ebitda, um patamar de endividamento muito menos arriscado e que pode, inclusive, começar a atrair mais investidores.
Preços baixos, mas com uma pegadinha
Além da desalavancagem, há um outro mérito na operação: a Eneva pagará apenas 2,1x preço/lucro pelos ativos, muito abaixo do que ativos de geração costumam negociar.
Tudo bom demais para ser verdade? Onde está a pegadinha?
Parte da resposta para essas perguntas está no prazo de validade do Ebitda e do lucro dessas usinas. Elas têm contratos de fornecimento que se encerram até o fim de 2025 e dependerão de renovações a partir de então, o que é incerto dado o contexto de sobreoferta e preços baixos de energia que vivemos neste momento.
Ou seja, é bem provável que os resultados dessas quatro usinas piorem, e os múltiplos de longo prazo não sejam assim tão atrativos.
No entanto, isso não tira os méritos da operação. Para começar, os resultados fortes de curto prazo são certos, e mesmo que os contratos não sejam renovados, a Eneva possui outros ativos que começarão a entrar em operação nos próximos anos, substituindo essa fonte que pode estar prestes a secar.
Além disso, o valor pago pelas usinas (R$ 2,9 bilhões) considera tão somente os fluxos de caixa desses contratos ativos – novos contratos ou mesmo sinergias operacionais e fiscais capturadas são upsides não considerados no valuation. E, como veremos em seguida, há grandes potenciais de sinergias.
- Quer receber mais recomendações do Ruy Hungria? Libere agora seu acesso a mais de 100 relatórios gratuitos da Empiricus Research
Eneva: as sinergias prováveis
As três usinas compradas no Espírito Santo (Y no mapa abaixo) estão próximas do gasoduto de transporte da TAG (linha verde no mapa), assim como o Hub de Sergipe (B no mapa), operado pela própria Eneva.
Isso significa que a companhia poderá fornecer gás para as usinas compradas por ela, em um modelo que garante custos mais competitivos, além de confiabilidade no fornecimento da molécula.
No Maranhão, a Gera Maranhão (W no mapa acima) que é 100% a óleo poderá ser convertida a gás no futuro, e tem a enorme vantagem de estar próxima da Bacia do Parnaíba, onde se localiza a maior reserva de gás da Eneva (B no mapa acima).
Ou seja, em algum momento a Gera Maranhão poderá ter o benefício de ser abastecida com o gás produzido pela própria Eneva, o que certamente ajudaria a conquistar novos contratos bastante competitivos.
Vemos a operação como positiva para a companhia, mesmo com os prazos curtos dos contratos, já que ajuda a reduzir a alavancagem em um momento em que a Eneva ainda tem muitos ativos em construção, e também abre espaço para captura de sinergias e opcionalidades no futuro – mais importante, sinergias e renovações de contrato que não estão embutidas nos preços dessas aquisição.
Por 9x Valor da Firma/Ebitda, novos ativos entrando em operação nos próximos anos e um cenário hidrológico que começou a ficar mais favorável para despachos termelétricos após a recente redução do nível dos reservatórios e mudança tarifa para bandeira amarela, a Eneva é uma das ações recomendadas na série Oportunidades de Uma Vida.
Se quiser ter acesso gratuito a todas as ações por 30 dias, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap