Ações americanas, criptomoedas, ouro: o apetite ao risco continua vivo

Estamos chegando ao final do primeiro trimestre do ano e, por enquanto, não vemos nenhum sinal de alívio do pulso de liquidez que valorizou os mercados até aqui. O sincronismo nos discursos dos Bancos Centrais, agora focados no afrouxamento monetário, e os gastos “sem dó” da maior parte dos governos pelo mundo afora, tem mantido o fluxo de recursos para os ativos de risco.
Para as Bolsas globais, o movimento tem sido extremamente favorável.
Dentre as Bolsas mais importantes do mundo, destaque para as asiáticas, cujo avanço recente se deve à recuperação da narrativa em torno da situação chinesa e ao bom desempenho da economia japonesa.
Por aqui, o Ibovespa ainda patina ao sabor dos discursos desencontrados da direção da Petrobras acerca dos seus dividendos extraordinários, que levou o principal índice brasileiro para baixo dos 130 mil pontos.
Economia robusta e apetite a risco
Nas Bolsas americanas, o discurso em relação ao mundo da tecnologia ainda continua bastante quente. As breves realizações de lucros nas ações que mais avançaram no ano até aqui, se fez presente, mas não foi capaz de provocar a corrida para as colinas.
A verdade é que ninguém quer abandonar as ações da Nvidia antes do seu grande evento anual que ocorre na semana que vem. Foi nele que, no ano passado, Jensen Huang (CEO da companhia) começou a mostrar para o mundo os avanços e oportunidades que viriam pela frente com a popularização das ferramentas de IA.
Leia Também
O melhor aluno da sala fazendo bonito na bolsa, e o que esperar dos mercados nesta quinta-feira (18)
Rodolfo Amstalden: A falácia da “falácia da narrativa”
Ao final do trimestre, na próxima carta mensal, farei uma atualização do nosso panorama para 2024.
Até aqui, o comportamento dos preços dos ativos globais têm corroborado nossas expectativas.
Lá fora, o apetite pelo risco ainda é claro, movido por uma economia ainda robusta, dotada de novidades e extremamente veloz em se reinventar. Apesar da boa alta no ano, as ações americanas ainda guardam o melhor binômio risco-retorno da renda variável global.
- LEIA MAIS: Criptomoeda ligada a Inteligência Artificial tem potencial para disparar até 100x nos próximos 20 meses. Veja como investir no ativo aqui.
Ouro e criptomoedas seguem se valorizando
No âmbito da reserva de valor, a boa valorização do ouro e o excepcional desempenho do bitcoin se encontram extremamente alinhados ao nosso cenário. Enquanto o primeiro caminha para nosso alvo de US$ 2.500 a onça-libra — no fechamento de ontem, seu preço era de US$ 2.157 —, o segundo disparou e já negocia acima do nível que havíamos estimado no começo do ano (US$ 70 mil).
Os US$ 72 mil alcançados na segunda-feira (12), refletem o maior apreço dos investidores institucionais, além da retomada da confiança das pessoas físicas.
O fluxo de recursos desse segundo grupo em direção às criptomoedas ainda é bem menor do que aquele verificado no pico anterior em 2021, e, portanto, ele deve se fortalecer à medida que seus preços forem subindo.
Em síntese, o comportamento favorável à tomada de risco permanece vivo. Diante desse quadro, fizemos alguns ajustes nos fundos, adicionando algumas novas teses de investimento e calibrando algumas posições. Nas próximas linhas, vou abordar parte do racional por trás de uma posição recém inserida no Empiricus Deep Value Brasil FIA.
Por que é a hora do agronegócio
Chegou a hora de colocarmos um pé no agronegócio. Para isso, adicionamos as ações da SLC Agrícola à carteira do Deep Value no pregão seguinte à divulgação dos seus resultados. Nesses próximos parágrafos, darei uma breve visão sobre os vetores atuais que dão sustentação à tese de investimentos.
Se a safra de 2022/2023 bateu recordes de produtividade e de plantio, o mesmo não poderá ser dito neste ano.
A quebra da safra da soja 2023/2024 na região do Mato Grosso, provocada pelo efeito do El Niño, afetou o resultado dos agricultores da região. A soja “precoce” (jargão utilizado para designar os primeiros plantios da soja que acontecem em meados de setembro e outubro) sofreu com a estiagem e o calor excessivo provocado pelos eventos climáticos e maturaram muito antes do que deveriam, reduzindo brutalmente a produtividade da colheita. Por conta disso, o volume de soja disponível à venda neste começo de ano acabou frustrando.
Para a SLC, uma das líderes incontestáveis do setor, o efeito do El Niño foi negativo, mas não comprometeu os plantios espalhados pelas regiões norte e nordeste. Além disso, o bom planejamento e a leitura sobre as condições das áreas permitiu à companhia antecipar a semeadura do algodão, o que deve lhe dar algum benefício ao longo deste ano de 2024, dado que a venda do produto beneficiado se dá praticamente ao longo do ano inteiro.
Ainda na questão da soja, os preços baixos atuais permitirão à empresa arrendar marginalmente mais terras por preços oportunos, que deve beneficiá-la em 2025.
Além disso, de acordo com a administração da empresa, as previsões para o clima nos próximos trimestres do ano apontam para a formação do La Niña, responsável por chuvas em excesso no sul do Brasil e na Argentina.
Esse evento e, por sua vez, quebras de safras que podem provocar a recuperação dos preços das commodities, especialmente da soja.
Por fim, ainda existe a expectativa de normalização dos preços do milho, cerca de 30% mais baixos do que no ano anterior. A leitura é de que haverá algum reequilíbrio nas safras americanas, que pode levá-lo a preços maiores.
Diante desses aspectos, e dada a oportunidade aberta com a queda após a divulgação dos resultados trimestrais, decidimos alocar parte dos recursos do Deep Value na tese, caracterizada por uma empresa premium que negocia por um preço bastante atrativo. Até o final de março, divulgaremos a segunda edição da carta trimestral do fundo, na qual mostraremos o posicionamento do fundo e um maior detalhamento das teses. Não deixe de ler.
- LEIA TAMBÉM: Disney, Microsoft e outras 8 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui pra descobrir as melhores ações americanas selecionadas pela Empiricus Research.
Como andam os mercados em março e os ajustes nas carteiras
Até o fechamento do pregão de hoje (12), as Bolsas americanas continuavam no campo positivo no mês. O índice S&P 500 avançava 1,6% em dólares, enquanto o Nasdaq subia 1,1%. As bolsas chinesas continuam a se destacar: Hang Seng mostrava valorização de 3,5%, enquanto Shanghai subia 1,4%.
De fato, a narrativa em torno da possibilidade da recuperação (ou melhor, da estabilização) da economia do país asiático tem ganhado os corredores de Wall Street.
Por aqui, nada feito. Apesar do bom pregão de hoje (12), o Ibovespa ainda se encontra no campo negativo e cai 2,24%. O mau humor com as notícias advindas da Petrobras deram o tom nesses dias, enquanto o lado corporativo brasileiro ainda não conseguiu emplacar números mais positivos.
O resultado desse imbróglio é percebido pelo fluxo dos investidores estrangeiros, que continuam retirando recursos da Bolsa brasileira. De certa forma, aproveitamos a oportunidade com a queda exagerada das ações da Petrobras e aumentamos seu peso na carteira do Deep Value, cujo desempenho continua no campo positivo no mês — +0,93% até a última segunda-feira (11).
Do lado macroeconômico, a atenção se voltou para os índices de inflação divulgados tanto aqui quanto lá fora. Aqui no Brasil, o IPCA de fevereiro mostrou aceleração frente ao mês de janeiro (0,83% vs 0,42%) e acabou por levar a curva de juros para cima.
Apesar da piora na margem, continuamos construtivos no médio prazo e acreditamos que esse tipo de inflação ainda é suficiente para levar a Selic mais para baixo.
Já o CPI nos EUA reforçou a ideia de que o processo desinflacionário por lá ganhou contornos menos maleáveis.
Trazê-la de volta para os 2% ao ano neste momento parece algo mais distante do que há três meses e, por isso, os juros de longo prazo dos títulos públicos do país não cedem — a taxa dos títulos com vencimento em 10 anos se mantém acima de 4%, conforme esperado.
Nos fundos internacionais fizemos alguns ajustes pontuais, com o intuito de aproveitar o momento favorável para novas aquisições:
1. Empiricus Tech Select FIA: (i) adicionamos ações da Tesla — uma releitura do que eles estão fazendo com o FSD me deixou parcialmente entusiasmado com a tecnologia do self-driving (além da forte queda das ações no ano); (ii) aumentamos a posição em Oracle após seus resultados mostrarem o avanço no segmento de cloud computing — dentre as concorrentes, talvez detenha um dos binômios crescimento e preço mais interessantes da indústria.
2. Empiricus Money Bets FIA: (i) trouxemos de volta as ações de First Solar, a empresa ligada ao segmento de placas solares, dada a forte queda dos múltiplos e o bom desempenho operacional recente; (ii) adicionamos as ações da Block (antiga Square) sob a ótica do avanço do setor de meios de pagamento nos EUA e devido ao avanço das criptomoedas. Os destaques deste ano no fundo são as ações do InstaCart e AppLovin, que avançam 51,21% e 52,97%, respectivamente.
3. Empiricus Money Rider Ações Dinâmico FIA: (i) aumentamos a posição nas ações do Mercado Livre para 12% da carteira.
Continuo com uma visão positiva para os mercados. Em minha cabeça, o cenário para o restante do mês parece mais claro. Veremos na semana que vem como será a reação dos investidores frente à reunião do FOMC. E também o grau de empolgação após Jensen Huang, CEO da Nvidia, fazer o seu discurso inaugural no evento da empresa. O Bull Market está mais do que vivo.
Forte abraço,
João Piccioni
O que a inteligência artificial vai falar da sua marca? Saiba mais sobre ‘AI Awareness’, a estratégia do Mercado Livre e os ‘bandidos’ das bets
A obsessão por dados permanece, mas parece que, finalmente, os CMOs (chief marketing officer) entenderam que a conversão é um processo muito mais complexo do que é possível medir com links rastreáveis
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
O Itaú mostrou que não é preciso esperar que as crises cheguem para agir: empresas longevas têm em seu DNA uma capacidade de antecipação e adaptação que as diferenciam de empresas comuns
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)