Ações americanas, criptomoedas, ouro: o apetite ao risco continua vivo

Estamos chegando ao final do primeiro trimestre do ano e, por enquanto, não vemos nenhum sinal de alívio do pulso de liquidez que valorizou os mercados até aqui. O sincronismo nos discursos dos Bancos Centrais, agora focados no afrouxamento monetário, e os gastos “sem dó” da maior parte dos governos pelo mundo afora, tem mantido o fluxo de recursos para os ativos de risco.
Para as Bolsas globais, o movimento tem sido extremamente favorável.
Dentre as Bolsas mais importantes do mundo, destaque para as asiáticas, cujo avanço recente se deve à recuperação da narrativa em torno da situação chinesa e ao bom desempenho da economia japonesa.
Por aqui, o Ibovespa ainda patina ao sabor dos discursos desencontrados da direção da Petrobras acerca dos seus dividendos extraordinários, que levou o principal índice brasileiro para baixo dos 130 mil pontos.
Economia robusta e apetite a risco
Nas Bolsas americanas, o discurso em relação ao mundo da tecnologia ainda continua bastante quente. As breves realizações de lucros nas ações que mais avançaram no ano até aqui, se fez presente, mas não foi capaz de provocar a corrida para as colinas.
A verdade é que ninguém quer abandonar as ações da Nvidia antes do seu grande evento anual que ocorre na semana que vem. Foi nele que, no ano passado, Jensen Huang (CEO da companhia) começou a mostrar para o mundo os avanços e oportunidades que viriam pela frente com a popularização das ferramentas de IA.
Leia Também
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Ao final do trimestre, na próxima carta mensal, farei uma atualização do nosso panorama para 2024.
Até aqui, o comportamento dos preços dos ativos globais têm corroborado nossas expectativas.
Lá fora, o apetite pelo risco ainda é claro, movido por uma economia ainda robusta, dotada de novidades e extremamente veloz em se reinventar. Apesar da boa alta no ano, as ações americanas ainda guardam o melhor binômio risco-retorno da renda variável global.
- LEIA MAIS: Criptomoeda ligada a Inteligência Artificial tem potencial para disparar até 100x nos próximos 20 meses. Veja como investir no ativo aqui.
Ouro e criptomoedas seguem se valorizando
No âmbito da reserva de valor, a boa valorização do ouro e o excepcional desempenho do bitcoin se encontram extremamente alinhados ao nosso cenário. Enquanto o primeiro caminha para nosso alvo de US$ 2.500 a onça-libra — no fechamento de ontem, seu preço era de US$ 2.157 —, o segundo disparou e já negocia acima do nível que havíamos estimado no começo do ano (US$ 70 mil).
Os US$ 72 mil alcançados na segunda-feira (12), refletem o maior apreço dos investidores institucionais, além da retomada da confiança das pessoas físicas.
O fluxo de recursos desse segundo grupo em direção às criptomoedas ainda é bem menor do que aquele verificado no pico anterior em 2021, e, portanto, ele deve se fortalecer à medida que seus preços forem subindo.
Em síntese, o comportamento favorável à tomada de risco permanece vivo. Diante desse quadro, fizemos alguns ajustes nos fundos, adicionando algumas novas teses de investimento e calibrando algumas posições. Nas próximas linhas, vou abordar parte do racional por trás de uma posição recém inserida no Empiricus Deep Value Brasil FIA.
Por que é a hora do agronegócio
Chegou a hora de colocarmos um pé no agronegócio. Para isso, adicionamos as ações da SLC Agrícola à carteira do Deep Value no pregão seguinte à divulgação dos seus resultados. Nesses próximos parágrafos, darei uma breve visão sobre os vetores atuais que dão sustentação à tese de investimentos.
Se a safra de 2022/2023 bateu recordes de produtividade e de plantio, o mesmo não poderá ser dito neste ano.
A quebra da safra da soja 2023/2024 na região do Mato Grosso, provocada pelo efeito do El Niño, afetou o resultado dos agricultores da região. A soja “precoce” (jargão utilizado para designar os primeiros plantios da soja que acontecem em meados de setembro e outubro) sofreu com a estiagem e o calor excessivo provocado pelos eventos climáticos e maturaram muito antes do que deveriam, reduzindo brutalmente a produtividade da colheita. Por conta disso, o volume de soja disponível à venda neste começo de ano acabou frustrando.
Para a SLC, uma das líderes incontestáveis do setor, o efeito do El Niño foi negativo, mas não comprometeu os plantios espalhados pelas regiões norte e nordeste. Além disso, o bom planejamento e a leitura sobre as condições das áreas permitiu à companhia antecipar a semeadura do algodão, o que deve lhe dar algum benefício ao longo deste ano de 2024, dado que a venda do produto beneficiado se dá praticamente ao longo do ano inteiro.
Ainda na questão da soja, os preços baixos atuais permitirão à empresa arrendar marginalmente mais terras por preços oportunos, que deve beneficiá-la em 2025.
Além disso, de acordo com a administração da empresa, as previsões para o clima nos próximos trimestres do ano apontam para a formação do La Niña, responsável por chuvas em excesso no sul do Brasil e na Argentina.
Esse evento e, por sua vez, quebras de safras que podem provocar a recuperação dos preços das commodities, especialmente da soja.
Por fim, ainda existe a expectativa de normalização dos preços do milho, cerca de 30% mais baixos do que no ano anterior. A leitura é de que haverá algum reequilíbrio nas safras americanas, que pode levá-lo a preços maiores.
Diante desses aspectos, e dada a oportunidade aberta com a queda após a divulgação dos resultados trimestrais, decidimos alocar parte dos recursos do Deep Value na tese, caracterizada por uma empresa premium que negocia por um preço bastante atrativo. Até o final de março, divulgaremos a segunda edição da carta trimestral do fundo, na qual mostraremos o posicionamento do fundo e um maior detalhamento das teses. Não deixe de ler.
- LEIA TAMBÉM: Disney, Microsoft e outras 8 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui pra descobrir as melhores ações americanas selecionadas pela Empiricus Research.
Como andam os mercados em março e os ajustes nas carteiras
Até o fechamento do pregão de hoje (12), as Bolsas americanas continuavam no campo positivo no mês. O índice S&P 500 avançava 1,6% em dólares, enquanto o Nasdaq subia 1,1%. As bolsas chinesas continuam a se destacar: Hang Seng mostrava valorização de 3,5%, enquanto Shanghai subia 1,4%.
De fato, a narrativa em torno da possibilidade da recuperação (ou melhor, da estabilização) da economia do país asiático tem ganhado os corredores de Wall Street.
Por aqui, nada feito. Apesar do bom pregão de hoje (12), o Ibovespa ainda se encontra no campo negativo e cai 2,24%. O mau humor com as notícias advindas da Petrobras deram o tom nesses dias, enquanto o lado corporativo brasileiro ainda não conseguiu emplacar números mais positivos.
O resultado desse imbróglio é percebido pelo fluxo dos investidores estrangeiros, que continuam retirando recursos da Bolsa brasileira. De certa forma, aproveitamos a oportunidade com a queda exagerada das ações da Petrobras e aumentamos seu peso na carteira do Deep Value, cujo desempenho continua no campo positivo no mês — +0,93% até a última segunda-feira (11).
Do lado macroeconômico, a atenção se voltou para os índices de inflação divulgados tanto aqui quanto lá fora. Aqui no Brasil, o IPCA de fevereiro mostrou aceleração frente ao mês de janeiro (0,83% vs 0,42%) e acabou por levar a curva de juros para cima.
Apesar da piora na margem, continuamos construtivos no médio prazo e acreditamos que esse tipo de inflação ainda é suficiente para levar a Selic mais para baixo.
Já o CPI nos EUA reforçou a ideia de que o processo desinflacionário por lá ganhou contornos menos maleáveis.
Trazê-la de volta para os 2% ao ano neste momento parece algo mais distante do que há três meses e, por isso, os juros de longo prazo dos títulos públicos do país não cedem — a taxa dos títulos com vencimento em 10 anos se mantém acima de 4%, conforme esperado.
Nos fundos internacionais fizemos alguns ajustes pontuais, com o intuito de aproveitar o momento favorável para novas aquisições:
1. Empiricus Tech Select FIA: (i) adicionamos ações da Tesla — uma releitura do que eles estão fazendo com o FSD me deixou parcialmente entusiasmado com a tecnologia do self-driving (além da forte queda das ações no ano); (ii) aumentamos a posição em Oracle após seus resultados mostrarem o avanço no segmento de cloud computing — dentre as concorrentes, talvez detenha um dos binômios crescimento e preço mais interessantes da indústria.
2. Empiricus Money Bets FIA: (i) trouxemos de volta as ações de First Solar, a empresa ligada ao segmento de placas solares, dada a forte queda dos múltiplos e o bom desempenho operacional recente; (ii) adicionamos as ações da Block (antiga Square) sob a ótica do avanço do setor de meios de pagamento nos EUA e devido ao avanço das criptomoedas. Os destaques deste ano no fundo são as ações do InstaCart e AppLovin, que avançam 51,21% e 52,97%, respectivamente.
3. Empiricus Money Rider Ações Dinâmico FIA: (i) aumentamos a posição nas ações do Mercado Livre para 12% da carteira.
Continuo com uma visão positiva para os mercados. Em minha cabeça, o cenário para o restante do mês parece mais claro. Veremos na semana que vem como será a reação dos investidores frente à reunião do FOMC. E também o grau de empolgação após Jensen Huang, CEO da Nvidia, fazer o seu discurso inaugural no evento da empresa. O Bull Market está mais do que vivo.
Forte abraço,
João Piccioni
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad
Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje
Com demissão no Fed e ameaça de novas tarifas, Trump volta ao centro das atenções do mercado; por aqui, investidores acompanham também a prévia da inflação
Lady Tempestade e a era do absurdo
Os chineses passam a ser referência de respeito à propriedade privada e aos contratos, enquanto os EUA expropriam 10% da Intel — e não há razões para ficarmos enciumados: temos os absurdos para chamar de nossos
Quem quer ser um milionário? Como viver de renda em 2025, e o que move os mercados hoje
Investidores acompanham discursos de dirigentes do Fed e voltam a colocar a guerra na Ucrânia sob os holofotes
Da fila do telefone fixo à expansão do 5G: uma ação para ficar de olho, e o que esperar do mercado hoje
Investidores aguardam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande
Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin
Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas
A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?
A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas
Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil
Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank