Insurreição, eco trumpista e neofascismo: Veja o que a imprensa estrangeira está falando dos ataques bolsonaristas em Brasília
Ontem, centenas de bolsonaristas invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a Praça dos Três Poderes, demandando intervenção federal
Os acontecimentos da tarde do último domingo (08) cravaram lugar na memória brasileira. Seja no cenário doméstico ou nas manchetes de jornais ao redor do mundo inteiro, a frase que prevaleceu ao discorrer sobre os ataques em Brasília de ontem foi apenas uma: o ataque à democracia no Brasil por apoiadores extremistas de Jair Bolsonaro.
Ontem, milhares de bolsonaristas invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação demandou uma intervenção federal para coibir a depredação de patrimônio público, a destruição de obras de valor inestimável, o vandalismo e a violência.
Quase em um flashback do ataque ao Capitólio, nos EUA, em 2021, o Congresso viu-se quebrado. Nas janelas que não foram destruídas, foram inscritos os pedidos “Intervenção já” e “Abolição dos Três Poderes”.
Nos textos produzidos pela imprensa estrangeira, a palavra “insurreição” garantiu lugar de destaque na editoria “Brasil”.
Os ataques pró-Bolsonaro em Brasília
Na terra do Tio Sam, os grandes veículos da mídia iniciaram o dia com os ataques em Brasília estampados nos jornais do país.
Na tarde de domingo, milhares de manifestantes pró-Bolsonaro invadiram o congresso após semanas acampados em frente a bases do exército.
Leia Também
“Milhares de extremistas pró-Bolsonaro se recusaram a aceitar a vitória apertada de Lula nas eleições de outubro, passando as últimas semanas acampados do lado de fora das bases do exército em todo o país e pedindo um golpe militar”, relata o britânico The Guardian.
Ontem, os grupos de radicais se dividiram entre subir as rampas do prédio do Congresso até o teto e entrar no prédio por um andar inferior.
Outros extremistas tomaram rumos diversos. Enquanto um grupo invadiu o Palácio do Planalto — sede da presidência —, outra parcela dirigiu-se ao prédio que sedia o Supremo Tribunal Federal (STF).
“O grupo de manifestantes ultraconservadores, que defendem teses golpistas, ultrapassou uma barreira policial e subiu a rampa que dá acesso à cobertura dos prédios da Câmara dos Deputados e do Senado”, relatou o jornal argentino Clarín.
“Os seguidores mais radicais do ex-presidente de extrema direita destruíram barreiras de proteção e, armados com paus, enfrentaram os agentes.”
Em atos que, de pacíficos, não tiveram nada, os bolsonaristas quebraram janelas, viraram móveis, destruíram obras de arte e roubaram itens de propriedade do governo.
“O cenário era caótico”, disse o The New York Times, em matéria publicada nesta manhã.
Segundo os vídeos publicados nas redes sociais, os grupos afirmavam que estavam tomando o país de volta.
Redes sociais e os atos pró-Bolsonaro em Brasília
O jornal norte-americano The Washington Post destacou a influência das redes sociais na organização das manifestações bolsonaristas de domingo.
“Influenciadores digitais que negam os resultados das eleições presidenciais usaram uma frase particular para convocar patriotas para a ‘Festa da Selma’”.
Segundo os repórteres, os radicais trocaram uma letra da palavra “selva” — termo utilizado por militares brasileiros — para confundir as buscas por “atos antidemocráticos” e evitar que as autoridades detectassem a iniciativa.
- Leia também: Meta, dona do Facebook, remove conteúdo de apoio às invasões em Brasília após ataque aos Três Poderes
O bolsonarismo e o apoio trumpista
Não passou impercebida pelos jornalistas gringos, ainda, a forte identificação de apoiadores de Trump com o quebra-quebra em Brasília.
“Lula roubou as eleições… Os brasileiros sabem…”, escreveu o aliado do ex-presidente Donald Trump, Steve Bannon, na rede social de extrema-direita Gettr, após a invasão de bolsonaristas ao Parlamento.
Bannon foi condenado à prisão ao final de outubro após se negar a cooperar nas investigações do Congresso dos EUA sobre o ataque ao Capitólio, em 2021, e tornou-se conselheiro político de Jair Bolsonaro.
Para a imprensa internacional, as semelhanças do ataque ao Capitólio por extremistas trumpistas com as cenas de terrorismo e violência vistas ontem são notáveis.
O jornal francês Le Monde destacou a janela de oportunidade encontrada pelos trumpistas para difundir seus ideais críticos às eleições norte-americanas de 2020, que consagraram Joe Biden como presidente dos Estados Unidos.
A estratégia inclui um nacionalismo conservador e protecionista, questionamentos sobre o sistema eleitoral, a urgência de levar o povo às ruas para protestar e ataques à Justiça. Te lembra algo?
“Lastimoso, Bolsonaro chama a perda de injusta, condena a violência, voa para a Flórida. E, em ambos os casos, a mídia social desempenhou um papel na mobilização dos manifestantes para a ação”, disse o jornal dos EUA, The Washington Post.
“Por trás do que aconteceu está não apenas a incapacidade de Bolsonaro de aceitar a derrota, mas o veneno de uma extrema-direita vociferante que, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil e em outros países, não é capaz de aceitar as regras do jogo democrático e busca por todos os meios, inclusive pela força bruta, a tomada do poder”, escreveu o espanhol El País.
A reverberação do silêncio de Bolsonaro
Enquanto os extremistas faziam-se ouvir nos prédios do governo, o silêncio de seu líder Jair Bolsonaro reverberava nas ruas de Brasília.
Para os jornalistas do The Washington Post, uma das flamas do incêndio bolsonarista foi justamente a falta de condenação dos atos radicais pelo ex-presidente.
Hospedado na Flórida, nos Estados Unidos, desde o final de dezembro, Bolsonaro manteve-se em silêncio acerca das manifestações de seus apoiadores.
Isso porque grupos bolsonaristas decidiram montar acampamentos em frente a bases militares ao redor do Brasil como forma de pressionar o Exército a “intervir” e manter o ex-presidente no poder.
“Tem sido um absurdo, justamente, os acampamentos armados em frente aos quartéis exigirem um golpe militar porque não concordaram com o resultado da eleição. Ou porque compraram a versão, igualmente absurda, que Bolsonaro espalhou sobre uma suposta fraude”, noticiou a imprensa argentina Clarín.
O jornal Washington Post ainda destaca como a presidência de Jair Bolsonaro — e, agora, a não-chefia do político — colocou em prova a democracia brasileira.
“Seu silêncio foi a grande faísca que acendeu os protestos que estão acontecendo agora”, disse o cientista político da FGV, Jairo Nicolau, ao jornal norte-americano.
Na tarde de ontem, a única manifestação do ex-chefe de Estado foi um tweet. “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, escreveu.
Derrota para o governo: Câmara arquiva MP 1.303 e livra investimentos de aumento de imposto de renda — bets também saem ilesas
Deputados retiraram a votação do texto da pauta e, com isso, a medida provisória perde a validade nesta quarta-feira (8)
Pesquisa Genial/Quaest mostra popularidade de Lula no maior patamar do ano após crise com EUA
Aprovação sobe a 48%, impulsionada por percepção positiva da postura do governo diante de tarifas impostas por Trump
Imposto de renda sobre CDB, Tesouro Direto, JCP e fundos ficará em 18% após avaliação por comissão do Congresso Nacional
Medida provisória 1.303/25 é aprovada por comissão mista do Congresso e agora segue para ser votada nos plenários da Câmara e do Senado
Lula e Trump finalmente se falam: troca de afagos, pedidos e a promessa de um encontro; entenda o que está em jogo
Telefonema de 30 minutos nesta segunda-feira (6) é o primeiro contato direto entre os líderes depois do tarifaço e aumenta expectativa sobre negociações
Lula e Trump: a “química excelente” que pode mudar a relação entre o Brasil e os EUA
Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec, analisa os efeitos políticos e econômicos de um possível encontro entre os dois presidentes
Com Tarcísio de Freitas cotado para a corrida presidencial, uma outra figura surge na disputa pelo governo de SP
Cenário nacional dificulta a nomeação de candidatos para as eleições de 2026, com impasse de Bolsonaro ainda no radar
Comissão do Senado se antecipa e aprova projeto de isenção de IR até R$ 5 mil; texto agora depende dos deputados
Proposta de isenção de IR aprovada não é a do governo Lula, mas também cria imposto mínimo para altas rendas, programa de renegociação de dívidas e prevê compensação a estados e municípios
Senado vota regulamentação dos novos impostos sobre consumo, IBS e CBS, nesta quarta-feira (24)
Proposta define regras para o novo comitê gestor do IBS e da CBS, tributos que vão substituir impostos atuais a partir de 2027
O que Lula vai dizer na ONU? Soberania e um recado sutil a Trump estão no radar
A expectativa é que o discurso seja calibrado para o público global, evitando foco excessivo em disputas políticas internas
Câncer de Bolsonaro: o que é o carcinoma de pele encontrado em duas lesões removidas
Ex-presidente recebeu alta após internação por queda de pressão, vômitos e tontura; quadro exige acompanhamento médico periódico
LCI e LCA correm o risco de terem rendimentos tributados, mas debêntures incentivadas sairão ilesas após negociações no Congresso
Relator da MP que muda a tributação dos investimentos diz que ainda está em fase de negociação com líderes partidários
“Careca do INSS”: quem é o empresário preso pela PF por esquema que desviou bilhões
Empresário é apontado como “epicentro” de fraudes que desviaram bilhões de aposentadorias
STF condena Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão; saiba quais opções restam ao ex-presidente
Placar final foi 4 a 1 para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado
Aprovação de Lula sobe para 33% e chega ao maior nível desde dezembro de 2024, diz Datafolha
O índice de reprovação do petista ainda é um dos maiores entre presidentes desde a redemocratização a esta altura do mandato, mas, na comparação direta, Bolsonaro sai perdendo
Debêntures incentivadas devem continuar isentas de IR, mas LCI e LCA seguem na mira da MP que muda a tributação dos investimentos, diz jornal
Texto deve manter mudanças na alíquota única de IR para ativos tributáveis e na compensação de créditos tributários, pontos que despertam preocupação no mercado
Governo Trump sobe o tom contra o Brasil, e Itamaraty condena ameaças dos EUA de usar “poder militar”
O documento do Itamaraty foi publicado após a porta-voz da Casa Branca ser questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro
Bolsonaro era líder de organização criminosa que tentou golpe de Estado, diz Moraes — Dino acompanha o relator e vota por condenação
Ministros destacaram provas de uma trama articulada desde 2021 e pediram condenação dos sete réus. Dino, entretanto, vê diferentes níveis de culpa
O julgamento de Bolsonaro e o xadrez eleitoral com Lula e Tarcísio: qual é o futuro do Brasil?
O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, analisa o impacto da condenação de Jair Bolsonaro, a estratégia de Tarcísio de Freitas e as dificuldades de Lula em chegar com força para as eleições de 2026
Pedimos para a inteligência artificial da Meta produzir imagens de Lula, Trump, Bolsonaro, Alexandre de Moraes e outros — e o resultado vai te surpreender (ou não)
A inteligência artificial da Meta entregou resultados corretos em apenas duas das seis consultas feitas pela redação do Seu Dinheiro
STF encerra primeira semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados; confira os principais pontos do segundo dia
A sessão será retomada na próxima terça-feira (9), às 9 horas, com o voto do relator e ministro do STF, Alexandre de Moraes
