Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se concentra no arcabouço fiscal e coloca o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para costurar um acordo com parlamentares que contemple a ala política e o mercado financeiro, a oposição se articula no Congresso para dificultar a vida do petista — e de quem trabalha com ele.
Em uma demonstração de falha da base governista, os deputados da oposição aprovaram com facilidade os pedidos de esclarecimentos aos ministros da Justiça, Flávio Dino; do Meio Ambiente, Marina Silva; da Previdência, Carlos Lupi; e da Agricultura, Carlos Fávaro.
A audiência da comissão, comandada por Bia Kicis (PL-DF), acontece em abril e a justificativa para a convocação toca em pautas caras ao bolsonarismo.
Dino, por exemplo, deve esclarecer a ida ao Complexo da Maré, favela no Rio de Janeiro, local que, argumenta o autor de um dos três requerimentos apresentados na comissão, é "dominado por facção criminosa".
Já Fávaro terá que explicar as denúncias de invasões de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), enquanto Marina Silva prestar contas sobre a declaração de que 120 milhões de brasileiros passam fome e o recorde de desmatamento da Amazônia em fevereiro de 2023.
Lupi, por sua vez, explicará os descontos desautorizados na folha de pagamento dos aposentados em benefício de entidades sindicais.
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Lula: a polarização no controle das comissões
A oposição a Lula promete fazer muito mais barulho do que fez o PT no governo de Jair Bolsonaro — e devem seguir na estratégia de usar o colegiado para convocar ministros a prestar esclarecimentos.
Para se ter uma ideia, deputados que fazem parte da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado submeteram mais de 20 requerimentos para convocar Dino.
Não é à toa que o PT e o PL polarizam a disputa pelo controle das 30 comissões temáticas da Câmara.