No futebol, no vôlei, no tênis, no basquete — é difícil imaginar um esporte que não tenha um juiz em campo ou em quadra. E no governo também tem sido assim. De um lado, o time político joga com a bola da popularidade. Do outro, o time econômico quer garantir o placar com um crescimento sustentável e responsabilidade fiscal. O árbitro dessa partida: Luiz Inácio Lula da Silva.
Na terça-feira (28), Lula entrou em campo e decidiu em favor da equipe econômica, com a volta da cobrança dos impostos federais sobre os combustíveis — que passaram a valer hoje. O time político não queria a taxação temendo que a medida impopular prejudicasse a imagem do governo, do próprio presidente e alimentasse uma polarização feroz no país.
"O importante é que ela [Gleisi Hoffmann, presidente do PT] defendeu a decisão do presidente Lula, que era o que eu esperava da parte dela, que é uma pessoa que tem opiniões fortes, mas que sabe que quem arbitra os conflitos dentro e fora do governo é o presidente da República", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao UOL.
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A vitória do capitão da Fazenda
Graças à decisão de Lula, Haddad conseguiu uma vitória — que ajudou o ministro a minimizar hoje a tese de que vinha enfrentando um processo de fritura pela ala política do governo.
De acordo com ele, o ministro da Fazenda "não ganha todas, perde a maioria".
Haddad lembrou ainda que em 2003, por exemplo, a bancada do PT fez abaixo-assinado pedindo a substituição do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
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Haddad no lugar de Lula?
Se em campo é normal a substituição de jogadores, quando se trata do árbitro — pelo menos no esporte — não é assim. E ao que parece, também não será no governo.
Haddad também afirmou não pensar em sucessão presidencial e disse estar 100% imerso nos problemas da pasta econômica. Ele destacou que não tem comportamento de candidato e tampouco sabe se disputará o cargo de chefe do Executivo em 2026.
O ministro minimizou a discussão sobre as disputas internas no PT e disse estar focado em fazer com que o governo Lula dê certo.
"No Brasil, quatro anos são quatro séculos, acontece tudo no Brasil", disse Haddad aos jornalistas.
Ele avaliou que apego a dinheiro e a poder não combina com boa política e que é preciso desprendimento e paixão para a coisa dar certo.
De acordo com o ministro, fazer conta para almejar o principal cargo do País é patologia. "Normal é tentar fazer um bom trabalho onde você está", emendou.