Sem caminho do meio: Xi Jinping só enxerga duas rotas possíveis para as relações entre EUA e China; veja quais são elas
Depois de reunir-se com Joe Biden, Xi Jinping discursou durante jantar em São Francisco em sua primeira passagem pelos EUA desde 2017

O chamado “caminho do meio” costuma ser apontado como um pilar da busca por acordos e da manutenção das relações de boa vizinhança. No entanto, talvez não exista um caminho do meio para as relações entre os Estados Unidos e a China. Pelo menos é essa percepção que parece pautar o presidente chinês, Xi Jinping, nos contatos com seu homólogo norte-americano, Joe Biden.
Em discurso a empresários norte-americanos durante um jantar na cidade de São Francisco no fim da noite de quarta-feira (15), o líder chinês advertiu que a China e os Estados Unidos precisam escolher se serão adversários ou parceiros.
Trata-se de um chamado a Biden em um momento delicado das relações sino-americanas.
Depois de colocar panos quentes sobre a guerra comercial travada por Donald Trump, o presidente Joe Biden resgatou a doutrina da “competição estratégica”, por meio da qual Washington restringe exportações de tecnologia avançada ao mesmo tempo em que tenta identificar áreas de cooperação com Pequim.
Encontro com Biden
O comentário de Xi Jinping veio à tona horas depois de uma reunião de cúpula com Biden às margens da reunião da Apec, sigla pela qual é conhecida a organização de cooperação econômica dos países da Ásia e do Pacífico.
No encontro de quatro horas de duração — o primeiro em exatamente um ano —, Biden e Xi expuseram suas já conhecidas divergências, especialmente em relação a Taiwan, mas também falaram em cooperação.
Leia Também
Eles concordaram em abrir uma linha direta presidencial (uma espécie de telefone vermelho), retomar as comunicações entre militares dos dois países e trabalhar para reduzir a produção de fentanil.
As comunicações entre militares estavam cortadas desde agosto de 2022, quando a então presidente da Câmara Nancy Pelosi protagonizou uma visita a Taiwan.
O que disse Xi Jinping no jantar
Para que a declaração de Xi Jinping no jantar fique devidamente contextualizada, é preciso recuperar o raciocínio que levou o presidente da segunda maior economia do mundo ao comentário.
“Ando com uma dúvida constante”, disse Xi em sua primeira visita aos EUA desde 2017. “Como conduzir o gigantesco navio das relações entre China e Estados Unidos sem bater nas pedras nem trombar com cardumes? Como navegar através das tempestades e das ondas sem perder a direção e a velocidade e sem bater?”, prosseguiu ele, segundo a tradução simultânea de seu discurso, proferido em mandarim.
“Com relação a isso, a questão primordial para nós é a seguinte: somos adversários ou somos parceiros?”, prosseguiu o líder chinês.
“A lógica é bastante simples. Se considerarmos o outro lado apenas como um concorrente, como o desafio geopolítico mais importante e como uma ameaça crescente, isso conduzirá somente a políticas elaboradas com base em informações erradas, a ações equivocadas e a resultados indesejados”, disse Xi.
“A China está pronta para ser parceira e amiga dos Estados Unidos”, disse ele então. “Os princípios fundamentais que seguimos nas relações entre China e Estados Unidos são o respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação ganha-ganha.”
Deixa que eu deixo
Ao longo dos cerca de 30 minutos de discurso, Xi Jinping abriu as portas para receber 50 mil estudantes norte-americanos que tenham interesse em estudar na China no decorrer dos próximos cinco anos.
Também afirmou que o governo chinês voltará a alugar seus ursos pandas gigantes para exposição em zoológicos norte-americanos, embora não tenha dito quando.
Mas foram apenas distrações antes de retornar à essência de sua fala.
Xi enfatizou o compromisso da China com o desenvolvimento pacífico e disse ser errado enxergar seu país como uma ameaça.
“A China nunca aposta contra os Estados Unidos nem jamais interfere em seus assuntos internos,” disse ele.
“A China não tem intenção de desafiar os Estados Unidos nem de destroná-los. Em vez disso, ficaremos felizes em ver os Estados Unidos confiantes, abertos, em constante crescimento e prósperos”, prosseguiu Xi Jinping.
Ele então avisou: “Da mesma forma, os Estados Unidos não deveriam apostar contra a China nem interferir nos assuntos internos da China. Em vez disso, deveriam acolher uma China pacífica, estável e próspera”.
Quem estava no jantar para Xi Jinping
Quase 400 líderes empresariais, funcionários do governo, cidadãos e acadêmicos norte-americanos participaram da recepção a Xi Jinping, organizada pela Câmara de Comércio EUA-China e pelo Comitê Nacional de Relações EUA-China.
Entre os empresários, destaque para a presença de Tim Cook, CEO da Apple. A secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, falou ao público antes do discurso de Xi.
Embora não enxergue um caminho do meio nas relações Washington e Pequim, o presidente chinês deixou claro qual solução prefere.
Ao destacar as iniciativas internacionais conduzidas pela China, Xi afirmou que projetos como as Novas Rotas da Seda estão abertos à participação dos EUA.
Do mesmo modo, declarou que a China está aberta a participar das iniciativas de cooperação multilateral propostas pelos EUA.
“Não importa como evolua o cenário global, a tendência histórica de coexistência pacífica entre a China e os Estados Unidos não mudará”, disse Xi.
*Com informações da CNBC e da Reuters.
Vão voltar às boas? A nova declaração de Elon Musk que pode mudar os rumos da briga pública com Donald Trump
Há quem diga que um deles pode retomar a amizade depois de declarar arrependimento das declarações recentes
Trump anuncia conclusão de acordo entre EUA e China: ‘O relacionamento está excelente!’
Tarifas, no entanto, permanecem; veja o que disse o presidente americano na sua rede social, Truth Social
Sem prazo para acabar, mas com estratégia sem precedentes: os bastidores das negociações entre EUA e China em Londres
As negociações entre os representantes dos dois países acontecem depois que Trump manteve uma longa conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping
Elon Musk que se cuide! No hall da fama da WWE: a saga de Donald Trump nos ringues
O bilionário sul-africano talvez não saiba, mas a briga que ele está puxando é com uma verdadeira lenda certificada dos ringues
Bastidores revelados: o que Trump e Xi conversaram por mais de uma hora em meio à guerra de tarifas
Após meses sem contato direto, presidentes da China e dos EUA conversam por telefone sobre comércio entre as duas potências — mas não foi só isso
Presidente dos EUA quebra o silêncio e Musk dispara: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”
Briga entre Elon Musk e Donald Trump esquenta nesta quinta-feira (5); acusações envolvem subsídios para veículos elétricos, comando da Nasa e suposta “ingratidão” presidencial
A nova tacada de Milei para os argentinos tirarem o dólar debaixo do colchão
A grana guardada não é pouca: o Instituto Nacional de Estatística e Censo estima que US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário do país
Em clima de guerra: Elon Musk se junta à oposição e intensifica ataques ao plano econômico de Donald Trump
Após deixar o governo, Musk amplia críticas ao pacote orçamentário de Trump; bilionário fala em “escravidão por dívidas” e confronta presidente dos Estados Unidos
‘Abominação repugnante’ — Elon Musk e Donald Trump, do ‘match’ político à lavação pública de roupa suja
Elon Musk detona projeto de Donald Trump menos de uma semana após deixar governo dos Estados Unidos
Instabilidade no verão europeu: é seguro viajar para Itália, Turquia e Grécia após erupção do vulcão Etna e terremoto?
Fenômenos naturais atingiram alguns dos destinos mais populares para as férias de julho
Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal
Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento
Rússia lança maior ataque com drones contra a Ucrânia desde o início da guerra — e tensão no Leste Europeu volta a subir
Segundo a Força Aérea Ucraniana, Moscou lançou 472 drones contra o território ucraniano
Trump dobra tarifas sobre aço e irrita aliados — UE ameaça retaliação, Canadá e Austrália reagem
A decisão norte-americana entra em vigor no dia 4 de junho e reacende as tensões com parceiros comerciais. Veja as reações
Trump encerra a semana com mais um anúncio polêmico: aumento das taxas sobre importações de aço de 25% para 50%
A afirmação foi feita durante um comício para trabalhadores da siderúrgica U.S. Steel em Pittsburgh, na Pensilvânia.
Casa Branca leva a melhor: justiça dos EUA suspende decisão que barrava tarifas de Trump; governo ganha tempo para reverter sentença
Corte de Apelações suspende liminar que derrubava tarifas impostas por Trump; ações são unificadas e prazo para novas manifestações jurídicas vai até 9 de junho
Bolsas se animam com decisão de tribunal americano que barrou tarifas de Trump; governo já recorreu
Tribunal de Comércio Internacional suspendeu tarifas fixa de 10%, taxas elevadas e recíprocas e as relacionadas ao fentanil. Tarifas relacionadas a alumínio, aço e automóveis foram mantidas
Na dúvida, fica como está: ata do Fed indica preocupação com as possíveis consequências das tarifas de Trump
A decisão pela manutenção das taxas de juros passou pelo dilema entre derrubar a atividade econômica e o risco de aumento de inflação pelas tarifas
“Estou decepcionado”: Elon Musk reclama de projeto de Trump sobre impostos e gastos nos EUA
O bilionário soltou o verbo em relação a um importante projeto de lei do presidente norte-americano, que pode dar fôlego à política de deportações
Trump volta atrás de tarifa de 50% contra a UE; bolsas europeias recuperam fôlego com morde-assopra
Vale lembrar que, até então, as tarifas anunciadas para a UE incluíam apenas impostos de 20% sobre as importações do bloco
A aposentadoria de Warren Buffett: ‘não vou ficar em casa vendo novela’, diz o megainvestidor
Bilionário anunciou a saída do cargo de CEO no começo deste mês; em entrevista à jornal americano, ele falou mais sobre os planos futuros