Os movimentos recentes das fabricantes de veículos elétricos alimentam as preocupações no mercado financeiro. Após a Tesla cortar preços de seus automóveis na China, a nova revisão de portfólio de Warren Buffett veio intensificar as rugas nas testas dos investidores.
A Berkshire Hathaway, holding chefiada pelo Oráculo de Omaha, vendeu cerca de 1,05 milhão de ações da montadora chinesa BYD, diminuindo outra vez sua participação na companhia asiática.
Com a nova redução, a fatia passa de 14,06% para 13,97% na rival da Tesla, de Elon Musk. Com a venda, a Berkshire embolsou cerca de US$ 25,9 milhões.
Warren Buffett e a BYD
Quando o conglomerado de Warren Buffett decidiu investir na montadora BYD, a holding pagou cerca de US$ 1 por ação, gastando cerca de US$ 232 milhões para comprar 225 milhões de ações em 2008.
A posição foi mantida até 12 de julho de 2022, segundo registros arquivados na SEC (a CVM dos Estados Unidos). Até setembro do ano passado, a Berkshire diminuiu a posição na BYD em 8%, permanecendo com 207 milhões de ações da asiática no portfólio.
De lá para cá, a participação da holding do megainvestidor na empresa asiática recuou de 18,87% para 13,97%.
As vendas de ações feitas pelo Oráculo de Omaha geraram questões, como “o CEO da Berkshire Hathaway desistiu de vez da competição com a empresa de Elon Musk?” e “a holding de Buffett ainda vai se desfazer de mais ações da montadora asiática?”.
Para o diretor de investimentos da Atlantis Investment, Yang Liu, o mercado pode ter que se preparar para novas vendas por parte de Buffett.
No ano passado, o analista da Daiwa Capital Markets Hong Kong, Kelvin Lau, também afirmou esperar mudanças ainda mais duras por parte da Berkshire Hathaway.
“Esperamos que a Berkshire Hathaway saia completamente de sua posição. Embora esperemos que os fundamentos da empresa permaneçam sólidos, acreditamos que a venda da participação da Berkshire possa impor pressão sobre o preço das ações no curto prazo”.
É o fim dos veículos elétricos?
A preocupação com os investimentos de Warren Buffett na empresa de veículos elétricos foi prenunciada por uma redução dos preços dos carros da Tesla.
Isso porque, no fim da última semana, a companhia de Elon Musk cortou outra vez o preço inicial de seus carros mais populares, o Model 3 e o Model Y, na China. Segundo cálculos da Reuters, a queda varia entre 6% e 13,5%.
O preço inicial do sedã Model 3 foi reduzido de 265.900 renminbis para 229.900 renminbis, equivalente a aproximadamente US$ 33,4 mil, uma queda de aproximadamente US$ 3 mil.
A empresa de Musk também anunciou cortes nos preços de seus veículos no Japão, na Coreia do Sul e na Austrália.
Trata-se da segunda redução dos valores dos automóveis em menos de três meses.
A diminuição dos preços dos veículos da Tesla eleva os temores de uma guerra de preços na indústria de carros elétricos, em meio à demanda mais fraca no maior mercado automotivo do mundo.
Segundo uma fonte informou à Reuters, os novos cortes fazem parte da estratégia da companhia para estimular a demanda por produção na fábrica da Tesla em Xangai, o maior centro de produção da empresa.
“Os ajustes de preços da Tesla são apoiados por inúmeras inovações de engenharia. [Eles] atendem ao chamado do governo para promover o desenvolvimento econômico e incentivar o consumo”, afirmou Grace Tao, vice-presidente de comunicações da Tesla na China.
*Com informações de Reuters