Dividendos da Petrobras (PETR4) ameaçados? Por que uma proposta de mudança no estatuto faz as ações da estatal caírem quase 6% hoje na B3
O conselho da Petrobras propôs a criação de uma reserva de remuneração do capital e quer indicar executivos que já ocuparam cargos públicos

A lua de mel do mercado financeiro com a Petrobras (PETR4) pode estar ameaçada.
Após um período de otimismo com a estatal, algumas propostas de alterações no estatuto social da companhia, feitas pelo conselho de administração e publicadas nesta segunda-feira (23), acenderam um sinal amarelo.
O receio é que essas mudanças ameacem o volume do pagamento de dividendos e facilitem uma maior interferência do governo atual na gestão.
No pregão de hoje, as ações preferenciais (PETR4) e as ordinárias (PETR3) tinham forte queda refletindo as incertezas, com perdas de quase 6% por volta das 15h20.
Entre as alterações sugeridas - e que ainda precisam ser aprovadas por acionistas em assembleia a ser convocada - duas preocuparam mais os investidores:
- A criação de uma reserva de remuneração do capital;
- A exclusão de restrições para indicar administradores que tenham ocupado cargos públicos, como previsto na Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016).
Em relação à reserva, segundo a Petrobras, o objetivo é permitir que a administração avalie a “constituição de uma reserva para assegurar recursos para o pagamento de dividendos, juros sobre o capital próprio, suas antecipações, recompras de ações autorizadas por lei, absorção de prejuízos e, como finalidade remanescente, incorporação ao capital social”.
Leia Também
A petroleira ainda destacou que a possível criação dessa reserva não altera a política de pagamento de dividendos atual e só poderia ocorrer após o pagamento previsto na política.
“A ideia é dar flexibilidade à equipe gestora para decidir o que fazer com os recursos que excedem a atual política de distribuição de dividendos”, escreveram os analistas do BTG Pactual, em relatório.
Petrobras (PETR4): o que o mercado não gostou na proposta
Mas por que a mudança no estatuto da Petrobras é negativa? Por que introduz a possibilidade de não ser pago qualquer montante que exceda a política atual, acreditam os analistas do BTG.
Na mesma linha, o Goldman Sachs avaliou que a proposta de criação de uma reserva “aumenta as incertezas sobre o pagamento de um potencial dividendo extraordinário”.
“A medida abre uma brecha para flexibilizar o pagamento de dividendos e o mercado não gostou, além de ter sido pego de surpresa”, resumiu Rodrigo Moliterno, sócio fundador da Veedha Investimentos.
Atual política de dividendos da Petrobras
Vale destacar que a Petrobras ainda não deu detalhes sobre possíveis regras de criação dessa reserva, se haverá valores mínimos e/ou máximos a serem mantidos, por exemplo.
A atual política de remuneração aos acionistas prevê a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre da Petrobras, menos o capex (investimentos).
Além disso, os pagamentos volumosos de dividendos pela estatal são um dos motivos que têm sustentado a recente valorização das ações e uma série de recomendações de compra de bancos e casas de análise.
Proposta de indicação de executivos da Petrobras
Outro ponto que preocupa investidores é a proposta de que a indicação de executivos para a diretoria e conselho da Petrobras não precise levar em conta critérios como a passagem por cargos públicos.
Esse critério está previsto na Lei das Estatais. Porém, foi considerado inconstitucional devido a uma chamada Tutela Provisória Incidental de uma ação ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Isso mostra que o conselho de administração também quer ter mais flexibilidade para nomeações de executivos, pelo menos até que haja uma decisão final da Justiça sobre o assunto.
Na avaliação do BTG Pactual, entretanto, a medida é “desnecessária” e não está sendo bem vista pelo mercado.
“Acreditamos que o mercado irá questionar fortemente esta medida, uma vez que a limitação de nomeações serviu de base para uma gestão orientada para o retorno e focada no negócio principal da empresa no passado recente.”
Moliterno, da Veedha, lembra que o estatuto social era visto por investidores como um mecanismo que resguardava a empresa de indicações que possam não ser técnicas, por exemplo.
Além disso, afirma que uma mudança nesse ponto lembra o passado da empresa e o receio de que a estatal seja “cabide de empregos” para o governo, que também poderia usar nomeações como moedas de troca políticas.
Resposta da Petrobras sobre a indicação de executivos
Na noite de segunda-feira (23), a Petrobras divulgou um comunicado para reforçar que a proposta de mudança dos critérios de indicação de membros da administração tem como objetivo apenas alinhar o estatuto social com o dispositivo com a lei.
"O objetivo é tão somente manter o Estatuto Social da Petrobras atualizado, quaisquer que venham a ser as decisões judiciais sobre o tema. Não há qualquer redução nas exigências em relação à Lei das Estatais, pois o Estatuto Social continua a fixar o cumprimento total da Lei das Estatais nas indicações, conforme estabelecido em seu artigo 21", explicou a estatal.
Novo índice de dividendos da B3 (IDIV) não é a melhor escolha para buscar renda extra mensal na bolsa; entenda
Medidas devem continuar impactando as ações da Petrobras?
Apesar de considerar as duas propostas de alteração do estatuto negativas, o BTG afirmou que ainda existem mecanismos em vigor que devem continuar a impedir que as decisões políticas tenham impacto nas operações cotidianas da Petrobras no curto prazo.
Uma delas é que diretores e membros do conselho podem ser pessoalmente responsabilizados por decisões.
Outra sugestão de alteração do estatuto, inclusive, é para explicitar a vedação de cobertura do seguro D&O para administradores da companhia nos casos de atos de dolo ou culpa grave. O seguro de D&O garante cobertura para processos judiciais, administrativos ou arbitrais que estejam relacionados com os atos de gestão de executivos.
Por isso e por outros motivos, o BTG afirmou que ainda recomenda compra das ações da Petrobras e aguarda mais detalhes, embora admita que “bandeiras amarelas estão sendo levantadas”.
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
CPFL (CPFE3), Taesa (TAEE11), Embraer (EMBR3) e SLC Agrícola (SLCE3) vão distribuir quase R$ 4 bilhões em dividendos
A maior fatia é da CPFL, que pagará R$ 3,2 bilhões em proventos adicionais ainda sem data definida para pingar na conta dos acionistas
Petrobras (PETR4): produção de petróleo fica estável em trimestre marcado pela queda de preços
A produção de petróleo da estatal foi de 2,214 milhões de barris por dia (bpd) entre janeiro e março, 0,1% menor do que no mesmo período do ano anterior, mas 5,5% maior na comparação trimestral
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam R$ 322 milhões em dividendos
Distribuição contempla ações ordinárias e ADRs; confira os detalhes
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Yudqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) vão distribuir R$ 270 milhões em dividendos; veja quem mais paga
A maior fatia dos proventos é da Yudqs, que pagará R$ 150 milhões em proventos adicionais no dia 8 de maio
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Engie (EGIE3) distribui mais R$ 715 milhões em dividendos e total pago no ano chega a R$ 1,8 bilhão; confira os prazos
O montante anunciado agora se junta aos R$ 1,2 bilhão previamente anunciados pela companhia de energia em 2024
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment
Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Copel (CPLE6) vai distribuir R$ 1,25 bilhão em dividendos; confira quando essa bolada vai pingar na conta e quem mais paga
A maior fatia dos proventos é da Copel, referentes a proventos adicionais, enquanto a Magazine Luiza distribui proventos referentes ao lucro de 2024
Dividendos extraordinários estão fora do horizonte da Petrobras (PETR4) com resultados de 2025, diz Bradesco BBI
Preço-alvo da ação da petroleira foi reduzido nas estimativas do banco, mas recomendação de compra foi mantida