A volta do Carnaval foi mais uma vez marcada pelo noticiário de saúde pública. Se há três anos o país voltou da quarta-feira de cinzas com a confirmação do primeiro caso de covid-19, desta vez o susto veio com a descoberta de um caso da doença da vaca louca. Mas as semelhanças param por aí.
O Ministério da Agricultura confirmou na noite de quarta-feira a ocorrência de um caso do mal da vaca louca no município de Marabá, no Pará. O animal infectado era criado em pasto, sem ração, e foi abatido.
Mas isso não põe fim ao caso. Seguindo o protocolo sanitário oficial, o governo brasileiro suspendeu as exportações de carne bovina. Além disso, as amostras foram para o laboratório referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) no Canadá.
Tudo indica que se trata de um caso atípico, ou seja, que surge espontaneamente na natureza. De todo modo, trata-se de uma doença grave e ainda sem tratamento. Confira a seguir algumas perguntas e respostas sobre o mal da vaca louca.
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1 - O que é a doença da vaca louca?
Com o nome científico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), o mal da vaca louca é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso de animais.
Além de bois e vacas, búfalos, ovelhas e cabras podem contrair a doença, que teve o primeiro diagnóstico no Reino Unido, ainda nos anos 1980.
O nome popular da doença veio dos sintomas dos animais que contraem o mal, que incluem a dificuldade de locomoção e inquietação.
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2 - Como ocorre a contaminação?
Existem duas formas de contaminação: espontaneamente na natureza, como se suspeita no caso descoberto no Pará, e pela ingestão de ração animal contaminada.
O diagnóstico do mal da vaca louca ocorre a partir do comportamento dos animais em áreas onde há suspeita de contaminação.
Ainda não existe tratamento para a doença. Isso significa que a única forma de conter um surto é por meio do abate dos animais.
3 - Seres humanos podem contrair a doença?
Sim, a ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados provoca a encefalopatia espongiforme transmissível em seres humanos.
Quando ocorre a contaminação em humanos, a doença recebe o nome de variante de Creutzfeldt–Jakob (DCJ), que provoca demência, problemas musculares e pode levar à morte.
No fim dos anos 1990, inclusive, houve um surto de casos de mal da vaca louca em humanos na Grã-Bretanha. Para combater o mal, o governo suspendeu o consumo de carne bovina no país por vários meses.
Na época, a doença foi transmitida aos seres humanos por meio da carne de bois que foram alimentados com ração animal contaminada.
4 - O Brasil já teve casos de vaca louca?
Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.
Até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca, provocado pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados.
5 - O que se sabe do caso descoberto no Pará?
O caso da doença da vaca louca ocorreu em um animal macho de nove anos em uma propriedade com 160 cabeças de gado que fica no município de Marabá, no sudeste do Pará.
A propriedade já foi isolada, inspecionada e interditada preventivamente, de acordo com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará).
As consequências até o momento são apenas econômicas, com a suspensão das exportações pelo governo. Na B3, as ações de frigoríficos como o Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) fecharam em forte queda na quarta-feira.
Mas caso se confirme que o caso foi atípico, os riscos de embargo às exportações de carne brasileira diminuem.
*Com informações da Agência Brasil