Desde o início da indústria de fundos de investimento independentes no Brasil, por volta dos anos 1990, inúmeras gestoras surgiram no mercado. Mas poucas conseguiram atingir tamanho sucesso quanto a Verde e a SPX, focadas em multimercados, e a Dynamo e Atmos, especialistas em fundos de ações.
O desempenho de várias delas ainda depende da figura do seu principal gestor. Um dos casos mais notórios é o da Verde Asset, de Luis Stuhlberger. Por isso, há anos o mercado especula quem pode ocupar o “trono” quando o lendário gestor decidir se aposentar.
Esse inclusive foi um dos temas abordados no episódio #31 do Market Makers, que reuniu alguns dos principais alocadores de recursos do mercado: os executivos do Credit Suisse Enio Shinohara, chefe de Funds Solutions, e Guilherme Zaczac, líder de Produtos Líquidos, como convidados.
Em conversa com os apresentadores Thiago Salomão e George (Jojo) Wachsmann, CEO da Empiricus Gestão, os diretores do Credit Suisse contaram suas projeções para o futuro das gestoras de fundos.
“Sucessão também é um business. Tem gestores que souberam ou vêm fazendo uma sucessão para que possam aproveitar esse sucesso. Tem outros que não sabem, e, no dia que o cara [gestor] decidir parar, é igual dentista: decidiu parar, fecha”, destaca Jojo.
Para conferir a conversa completa, é só dar play aqui:
Quem serão as novas gestoras Verde e SPX?
Mesmo sem garantia de sucessão de grandes gestores, como Stuhlberger na Verde ou Rogério Xavier na SPX, outras gestoras podem assumir os holofotes da indústria independente de fundos no futuro.
Enio Shinohara e Jojo Wachsmann, da Empiricus, destacaram, por exemplo, a Mar Asset Management. Com mais de R$ 1 bilhão em patrimônio e um único fundo, a gestora foi fundada a partir da combinação da escola de investimentos em Macro e Renda Rixa do BTG Pactual e de investimentos em ações da 3G Capital (que tem Jorge Paulo Lemann entre os fundadores), e do Opportunity. A Mar ainda tem Bruno Coutinho, ex-BTG Pactual, como CEO e gestor.
Shinohara ainda inclui a Vinland Capital, fundada por André Laport, ex-sócio do Goldman Sachs, e James Oliveira, antigo CEO do BTG Pactual Asset Management, com mais de R$ 8 bilhões sob gestão.
Já Guilherme Zaczac prevê a Genoa Capital — formada por ex-gestores do fundo Hedge Plus, do Itaú — e a Aster Capital — de Marcello Silva, Marcos Matsutani, Rodrigo Nasser e Marcelo Zago — como expoentes daqui para frente.
Existe sucessão em gestoras de fundos?
Na visão de Enio Shinohara, do Credit, não existe sucessão. “Existe uma figura, que normalmente é a do fundador, que é tão forte que, uma vez que essa pessoa deixa de estar no dia a dia, a cultura se esvai e a empresa acaba.”
Nesse caso, segundo Shinohara, exemplos de grandes gestoras do exterior mostram que ou a empresa se transforma em um family office, ou decide devolver o dinheiro aos investidores.
Afinal, para o diretor do Credit Suisse, como o gestor molda a cultura da companhia de acordo com os próprios princípios, a busca por um sucessor que esteja alinhado aos mesmos valores é um desafio.
Veja o podcast completo:
Apesar da descrença na linhagem de sucessão nas gestoras, Enio relembra de um caso de take-over que deu certo lá fora: Julian Robertson, fundador da Tiger Management e um dos gestores de fundos hedge mais bem sucedidos.
“Julian Robertson não só teve um enorme sucesso como hedge fund manager, como também em criar uma cultura empresarial e um processo de investimento. Então, se você olhar os Tiger Cubs, os filhotes do Tigre, você tem pelo menos um 15 hedge funds de extremo sucesso.”
Quer conferir todos os ensinamentos sobre fundos de investimento? Assista ao episódio completo no YouTube: